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SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL FUNDAÇÃO DE ENSINO E PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Estudo de caso Diabetes Mellitus Gestacional Júlia Vieira Juliana Duó Docente: Kelly Identificação Mariana Alves Costa, 32 anos, união estável, doméstica, renda familiar de 3 salários mínimos, natural de Goiás, procedente do Recanto das Emas, ensino fundamental completo, evangélica, mora com o companheiro em casa própria de alvenaria e com saneamento básico. Consulta realizada no dia 26/05/2020 Histórico de Enfermagem Histórico Familiar Refere histórico familiar de hipertensão (mãe). Histórico de Saúde Nega doenças preexistentes e alergias alimentares e medicamentosas, etilismo e tabagismo, doenças sexualmente transmissíveis e cirurgias ginecológicas. Relata último exame preventivo em janeiro de 2016, resultado sem alterações. Faz uso de sulfato e ácido fólico. A análise do cartão revelou esquema vacinal completo para hepatite B e dT. Histórico obstétrico G3PN2A0, informa ter certeza da DUM em 04/01/2020. Hábitos de vida Parceiro fixo, faz uso de preservativo, atividade sexual duas vezes por semana. Diz estar se alimentando bem e ser boa a ingesta hídrica. Gravidez atual/Queixas Refere gravidez não planejada. Nega perdas transvaginais. Informa ter realizado os exames do primeiro trimestre. Relata que não está tendo queixas, só está ansiosa para saber os resultados dos exames. Afirma que os resultados demoram a ficar prontos, no laboratório a informaram que os resultados iriam para o sistema, mas na última consulta disseram que o sistema não estava funcionando. Exame físico IG: 20 semanas e 3 dias, DPP: 11/10/2020 Sinais Vitais e medidas antropométricas. T: 36,2°C, FR: 18 irpm, FC: 78 bpm, PA: 100X60 mmHg. Peso: 70 Kg, altura: 1,66 m, IMC: 25,40. Exame físico geral e gineco-obstétrico BEG, pele e mucosas normocoradas e hidratadas. Tórax: ACV: BNF, RCR em 2 tempos sem sopros, mamas flácidas, íntegras e mamilos protusos, AR: murmúrios vesiculares fisiológicos, sem ruídos adventícios. Abdômen: Abdome gravídico, AU: 22 cm, BCF: 145 bpm, rítmico, sem desacelerações à ausculta prolongada; dorso fetal à esquerda. Genitália: Perdas transvaginais não visualizadas. MMII: Ausência de edemas, sinal de Godet negativo, perfusão periférica preservada, sinais de TVP: Homans, Bancroft e Bandeira negativos. Curva de AU sem alterações, curva nutricional com peso adequado e níveis pressóricos sem alterações até o momento. Exames Laboratoriais Sorologias: Testes rápidos para HIV, Sífilis NR Hepatites B e C NR Toxoplasmose IgG e IgM negativos Chagas NR, HTLV NR Citomegalovírus IgG+ e IgM- ABO-RH A+ Glicemia de jejum 100mg/dl Hemograma: 13g/dl, Hematócrito 38%, TSH normal, Hemoglobina S normal EPF normal, EAS normal USG em 06/04/2020: Peso fetal 55g, BCF 155 bpm, placenta grau 0, LAN, IG 13 semanas. *Glicose em jejum está acima do adequado, sendo rastreamento positivo para Diabetes Mellitus Gestacional. Diabetes Mellitus Gestacional Definição: hiperglicemia detectada pela primeira vez na gestação, não se considerando gravidade ou evolução futura. É habitualmente diagnosticado no fim do segundo ou no início do terceiro trimestre de gestação, quando se acentua a resistência à insulina. Fisiopatologia Estado de resistência à insulina Metabolismo da glicose alterado Produção de hormônios placentários (lactogênio placentário, cortisol e prolactina) Parasitismo verdadeiro Hiperinsulinismo pós-prandial Diagnóstico O Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) é solicitado quando a glicemia em jejum é entre 85 e 125 mg/dl, como no caso de Mariana. Nesse exame, é feita a coleta de sangue para medir a glicose em jejum após um período de jejum de 8-14h e, depois da ingestão de 75g de glicose anidra em 250-300 ml de água, a glicemia é medida após 1 e 2 horas. Paramêtros: ≥95 mg/dL (jejum); 180 mg/dL (1h); 155 mg/dL (2h). Dois valores acima do normal diagnosticam Diabetes Mellitus Gestacional. Complicações Aumenta a incidência de pré-eclâmpsia na gravidez atual, além de aumentar a chance de desenvolver diabetes e tolerância diminuída a carboidratos no futuro. No feto, a DMG está associada às possíveis morbidades decorrentes da macrossomia (como a ocorrência de distócia durante o parto) e, no bebê, está associada à hipoglicemia, à icterícia, ao sofrimento respiratório, à policitemia e à hipocalcemia Tratamento Dieta IMC normal: a ingestão calórica diária deve ser estimada na base de 30–35Kcal/Kg Sobrepeso ou obesas: pequenas reduções na ingestão calórica (dietas com 24kcal/Kg/dia não parecem induzir efeitos adversos ao feto) A dieta deve ser fracionada em cinco a seis refeições diárias. Evitar carboidratos de absorção rápida Prática de atividade física 20 minutos por dia, evitando os de alto impacto Controle glicêmico Glicemias de jejum e pós-prandiais semanais O controle também pode ser realizado com avaliações de ponta de dedo. Avaliação De acordo com a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE): - Hiperglicemia - Processo do Sistema Regulatório, Prejudicado - Condição nutricional, Positiva - Potencial para risco de hipertensão - Conhecimento sobre contraceptivo moderado - Adesão ao regime medicamentoso eficaz Plano Exames do 2º Trimestre Orientação sobre alimentação Explicar os métodos contraceptivos Exame preventivo Vacinação Suplementação de ferro e ácido fólico Orientações para o 2º trimestre Elogiar Pré-Natal do parceiro Marcar retorno Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Caderno de Atenção Básica nº 32. Brasília, 2012. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Atenção Primária: Atenção à Saúde da Mulher no Pré-natal, Puerpério e Cuidados ao Recém-nascido - Fluxogramas (Vigência: 30/06/2017 à 30/06/2019). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolo de atenção à saúde: Atenção à saúde da mulher no Pré-Natal, Puerpério e Cuidados ao Recém-nascido (Vigência: 30/06/2017 à 30/06/2019). GARCIA, T. R. (Org.). Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE)®: versão 2017. Porto alegre: Artmed, 2018. BULECHEK G.M., BUTCHER H.K., DOCHTERMAN J.M. Classificação das Intervenções de Enfermagem - NIC. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e de mama. Cadernos de Atenção Básica, n. 13. Brasília, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Coordenação Nacional de Saúde do Homem. Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde. Rio de Janeiro, 2016. BRASIL. 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