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Aula 05 Biodisponibilidade de nutrientes Ítalo – Nutrição e Dietética DEFINIÇÃO Para a nutrição, a definição mais utilizada que explica a biodisponibilidade, se refere à fração do nutriente ingerido que é capaz de suprir as demandas fisiológicas absorvidas e utilizadas pelo organismo. Ou seja, corresponde a proporção do nutriente que realmente é utilizada pelo organismo. EXPLICAÇÃO SOBRE O TERMO BIODISPONIBILIDADE NA NUTRIÇÃO: Na década de 1980, o termo biodisponibilidade começou a ser utilizada pela nutrição, pelo fato de que um simples nutriente presente em um alimento ao ser ingerido, não garantia a utilização do mesmo pelo organismo, para que isso ocorra, deve haver alguns fatores como: a forma química do nutriente ocorrendo naturalmente no alimento, da quantidade ingerida e a presença de agentes ligantes e de outros nutrientes nos alimentos que são ingeridos ao mesmo tempo. Portando, esse fato de determinado nutr iente ao ser ingerido através de um alimento, não garantir sua ut il ização pelo organismo por não se adequar aos fatores c itados, passou a ser tema da nutr ição de suma importânc ia. Em um planejamento dietético, devemos ficar atentos desde o primeiro contato com o paciente a todos os dados coletados, pois em um ou outra coleta, poderá haver situações que se tenha deficiência de absorção de determinado nutriente, e a partir disso, se fazer um estudo para que se tenha um planejamento adequado a todas as situações, seja elas, inibidoras ou nutricionais. Tudo isso, para que se tenha uma melhora na absorção e até mesmo na biodisponibilidade dos nutrientes, feito, através de pequenos ajustes, não como um todo, mas para que supra a deficiência ao qual o paciente esteja submetido. E quando nos submetemos a elaborar um planejamento, caso o nutriente possua pequenos aportes nos alimentos, o ideal é que varie o consumo de alimentos que possua tal nutriente, até que atinja a adequação de seu consumo. RESUMIDAMENTE: 1. Devemos avaliar a necessidade do paciente e corrigir os inibidores pela alimentação; 2. Se o nutriente for de baixa variabilidade disponível nos alimentos, devemos pensar numa estratégia de alimentos fortificados; 3. E se necessário ainda, trabalhar em uma suplementação alimentar, para o tratamento da deficiência nutricional, caso o indivíduo esteja submetido. Ao conhecermos todos os fatores que o interferem na biodisponibilidade dos nutrientes e até mesmo conhecer o conceito da biodisponibilidade de nutrientes, isso nos ajudará como profissional, a propor as melhores interações entre os nutrientes (principalmente vitaminas e minerais), evitando, assim, perdas indesejáveis. E, também, utilizar de técnicas dietéticas para atenuar os efeitos antinutricionais de alguns alimentos. Ou seja, todo esse entendimento equivale a: Um melhor planejamento; Uma melhor orientação a população ou indivíduos. Portanto, quando se traçadas as recomendações nutricionais em um planejamento, devemos focar principalmente nas orientações que reduzem a absorção de nutrientes (inibidores), assim como também, devemos estimular que seja realizada situações que facilitem a absorção e aumento da biodisponibilidade dos nutrientes. ‘‘A biodisponibilidade de um nutriente não deve ser confundida com o conteúdo do nutriente presente no alimento .’’ Isso porque, um alimento processado pode ter perdas de parte do conteúdo de nutrientes de acordo com suas características de estabilidade, sem, no entanto, alterar a biodisponibilidade da quantidade restante. Assim, faz-se necessário entender que a biodisponibilidade, a quantidade e a estabilidade de nutrientes, são conceitos distintos. Vejamos cada um deles: Biodisponibilidade dos nutrientes: Está relacionada a absorção e distribuição de nutrientes para os tecidos. Porém, nem tudo o que consumimos é realmente utilizado, pois existem interações entre os próprios nutrientes ou outras substâncias que podem interferir ou ajudar nesse processo. Quantidade de nutrientes: Cada nutriente fornece diferentes quantidades de energia (caloria). Quanto maior for a variedade de nutrientes que um alimento tiver, maior será o seu valor nutricional (deve-se então existir um equilíbrio entre qualidade e quantidade). Estabilidade de um nutriente: Como já foi explicado, a biodisponibilidade de um nutriente não deve ser confundida com o conteúdo de vitamina presente no alimento. Por exemplo, um alimento processado pode ter perdas de parte do conteúdo de vitaminas sensíveis Aula 05 Biodisponibilidade de nutrientes Ítalo – Nutrição e Dietética ao calor, de acordo com suas características de estabilidade. Contudo, a biodisponibilidade da quantidade restante pode ou não ser alterada. Assim, a estabilidade do nutriente e a biodisponibilidade são claramente distintas. Bioconversão É a proporção do nutriente ingerido que estará biodisponível para conversão em sua forma ativa; Ex.: quanto de pró-vitamina A, carotenóides da dieta, estará disponível para ser convertido em retinol. Bioeficácia Eficiência com a qual os nutrientes ingeridos são absorvidos e convertidos à forma ativa do nutriente; Ex.: quanto de pró-vitamina A, carotenóides da dieta será absorvida e convertida em retinol. Bioeficiência É a proporção da forma ativa convertida do nutriente absorvido que atingirá o tecido alvo; Ex.: correlação inversa entre o risco de o feto apresentar um defeito no tubo neural e o EN em relação ao folato em eritrócitos maternos. RESUMIDAMENTE SOBRE ESSES 3 ASPECTOS: Com esses aspectos, podemos estabelecer as relações entre, os nutrientes que facilitam sua absorção e conversão ou as combinações quando comemos que devem ser evitadas, pois dificultam sua utilização. Quantitativa: Relativa a utilização do nutriente pelo teor da fonte na dieta. Qualitativa: Relativa à extensão de utilização do nutriente em função da capacidade bioquímica e estrutural do organismo. Natureza química do componente (se o nutriente se encontra na forma livre ou combinada), ex.: Ferro heme e ferro não heme; Matriz alimentar, ex.: vitaminas e minerais; Estrutura molecular do componente, ex.: cálcio do leite de vaca x cálcio do leite de soja; Quantidades ofertadas na refeição; Presença de outros nutrientes na mesma refeição/alimento, pois pode ocorrer uma competição de 2 ou mais elementos pelo mesmo sítio de ação ou mecanismo de absorção, ex.: cálcio e ferro; Tratamento prévio do alimento (ex.: processamento, cozimento). O estado nutricional e o estilo de vida do indivíduo também influenciam na biodisponibilidade, uma vez que poderá acontecer uma regulação adaptativa no metabolismo. Podemos citar como exemplos: Fumantes e vegetarianos. A FORMA DOS MINERAIS NOS ALIMENTOS: Os minerais podem estar nos alimentos na forma livre ou combinada, necessitando ou não de digestão para serem absorvidos. O organismo tenta manter sua homeostase fazendo a absorção de mais nutrientes quando as reservas estão diminuídas e absorvendo menos quando estão em condições adequadas, ou seja, em excesso. CÁLCIO CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES → O cálcio corresponde cerca de 2% de nosso peso corporal com 99% armazenado nos dentes; → É fundamental para a manutenção do equilíbrio orgânico; → Funções: atuar na regulação metabólica, contração muscular, ritmo cardíaco, permeabilidade celular e na regulação da pressão. Aula 05 Biodisponibilidade de nutrientes Ítalo – Nutrição e Dietética IMPORTANCIA DO CÁLCIO PARA AS MULHERES Para as mulheres principalmente na menopausa com a diminuição do hormônio estrogênio, ocorre aceleração da massa óssea, podendo a mulher neste período perder3% de massa óssea por ano. Portanto o baixo consumo de cálcio pode acarretar para o desenvolvimento da osteoporose. FONTES DE CÁLCIO Produtos lácteos apresentam maior disponibilidade de cálcio, por conta da presença de lactose, vitamina D e da relação densidade calórica e volume. Alimentos verdes escuros, Bróculis, couve... Leguminosas como feijões... ATENÇÃO AOS ALIMENTOS VEGETAIS FONTES DE CÁLCIO E AS LEGUMINOSAS: As fontes de origem vegetal possuem ácido fítico e oxalato; Leguminosas (Feijões) com a presença de oxalato. Essa atenção se deve, pelo fato dessas substâncias (ácido fítico e oxalato), eles diminuem a absorção do cálcio. FATORES QUE INTERFEREM O CÁLCIO NO ALIMENTO A presença de cálcio está relacionada à presença de oxalatos e fitatos nos alimentos, quanto maior a presença destes, menor a absorção de cálcio. EFEITOS ADVERSOS DEVIDO O CONSUMO EXCESSIVO DE CÁLCIO Ocorrência de cálculo/litíase renal; Hipercalcemia e insuficiência renal; Constipação intestinal; Interferência na biodisponibilidade de zinco, ferro, fosforo e magnésio. CONDIÇÕES QUE ALTERAM A ABSORÇÃO DO CÁLCIO: PODENDO AUMENTAR A ABSORÇÃO OU DIMINUIR SUA ABSORÇÃO : Condições que aumentam a absorção de cálcio: Fase de crescimento; Gestação; Lactação; Hiperparatireoidismo. Condições que diminuem a absorção de cálcio: Idade, quando mais avançada for menor será a absorção; Insuficiência renal crônica; Hipertireoidismo. FERRO O Ferro é responsável pelo transporte de oxigênio para as células, atuando no funcionamento do músculo esquelético e dos sistemas cognitivo e imune; É distribuído tanto na forma orgânica como inorgânica, totalizando de 3,5 a 4,5g em um indivíduo adulto; Ele está distribuído na hemoglobina, mioglobina e em enzimas intracelulares, ou ainda, armazenado nas reservas orgânicas, na forma de ferritina e hemossiderina. FERRO HEME E NÃO HEME O ferro proveniente da dieta quando no organismo, se subdivide em dois grupos: Ferro heme e não heme. O ferro heme está presente em alimentos de origem animal, como carne bovina, de frango e peixe... Já o ferro não heme além de ser encontrado na carne vermelha, é encontrado também em cereais e outros vegetais. A forma Heme ou não heme o qual se apresenta, afeta diretamente a maneira com que este nutriente será absorvido. O ferro heme é solúvel nas condições do intestino delgado, sendo facilmente absorvido pela mucosa intestinal, sem interferência de fatores químicos e/ou alimentares. Por esta razão, o ferro heme é altamente absorvido: cerca de 15% do ferro heme ingerido pelo indivíduo normal, e 35% naquele com baixa reserva de ferro. Já a absorção do ferro não heme é bem menor, cerca de 1 a 5%, e varia de acordo com a presença de fatores químicos e alimentares, como é o caso das vitaminas C (frutas cítricas) e vitamina A (vegetais amarelos e alaranjados), estas facilitam sua absorção. Já os inibidores de ferro como os fitatos (encontrados em cereais e grãos), as fibras, os taninos encontrados em chás (mate, preto ou verde), o café e o cálcio → dificultam sua absorção. FERRO NO CARDÁPIO COMO PODEMOS ORGANIZAR Ao organizar um cardápio, podemos pensar em associar as fontes de ferro não heme com as de vitamina C. A dica para isso, é incluir frutas cítricas como tempero para as saladas ou carnes, ou mesmo sobremesa, além de evitar alimentos fonte de cálcio (iogurte e queijo), também utilizados no preparo de sobremesas. SÓDIO O sódio é um nutriente que exige do nutricionista atenção especial, pois, atualmente, a população tem consumido valores excessivos com ingestão de muitos alimentos ultraprocessados em seu dia a dia. FUNÇÕES BÁSICAS DO SÓDIO O sódio, entre suas funções básicas no organismo, podemos citar o equilíbrio ácido-base, equilíbrio de água no organismo, contração muscular, impulsos nervosos e ritmo cardíaco. É interessante salientar que, o sal de cozinha é diferente de sódio (íon Na+). Cada 100mg de sal de cozinha contém Aula 05 Biodisponibilidade de nutrientes Ítalo – Nutrição e Dietética aproximadamente 40mg de sódio, além de outros micronutrientes, como o potássio (íon K+) e o cálcio (íon Ca2+). RECOMENDAÇÕES Segundo o Institute of medicine (IOM), a recomendação diária ideal para a ingestão de sódio pode variar de 1 a 1,5g, tendo como limite superior 2,3g, de acordo com suas faixas etárias. O consumo excessivo pode ocasionar o aumento da pressão arterial sistêmica, da retenção hídrica e a sobrecarga renal. Portanto, sugere-se evitar ingerir alimentos industrializados e/ou nas versões light, pois, pela via de regra, apresenta altas concentrações de sódio em suas composições. PERDAS SIGNIFICATIVAS DE SÓDIO A perda significativa dos níveis de sódio no sangue pode desencadear um processo denominado de hiponatremia, que é a diminuição anormal na concentração sanguínea deste nutriente (<135mmol/L), tendo como consequência: confusões, queda do rendimento, vômitos, distúrbios gastrointestinais e, em casos mais severos, até a morte.
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