Prévia do material em texto
GEDUC/TAE SENAC EAD Texto Midiateca Curso Tecnologia em Logística Disciplina Sistemas de Distribuição – Caso Usina Itamarati Professor(a) Conteudista Fátima Guarda Sardeiro Aula 6: CASO – Usina Itamarati QUANDO O RIO É A ÚNICA VIA - TECNOLOGÍSTICA. Revista do segmento de Logística e Transportes da empresa Publicare Editora Ltda, ano XVIII, número 204, novembro/2012, pág. 56- 57. Quando o rio é a única via. Sônia Monfil Cardona. Quase a metade da produção de açúcar da Usina Itamarati é escoada para a região Norte do país por via fluvial. Ali, os rios Madeira e Amazonas são protagonistas na distribuição dos produtos, seja para os centros de distribuição da empresa como para seus clientes. Sediada em nova Olímpia, interior de Mato Grosso (a 200 km da capital, Cuiabá), a Usina Itamarati comercializa açúcar para cerca de seis mil clientes (indústrias e varejo), localizadas nos estados de Mato Grosso, Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima. Atualmente, do total de açúcar produzido pela empresa, que é de 5,5 milhões de sacas de 50 kg (safra 2012-2013), 43% são escoados por transporte multimodal: rodoviário e fluvial. Para Rondônia, Acre e Mato Grosso, as cargas da Itamarati são transportadas apenas por rodovia, volume que representa cerca de 28% do açúcar produzido. As entregas para o Mato Grosso e parte das destinadas ao Acre e à Rondônia são realizadas pela frota própria da empresa – 21 caminhões, entre bitrens, carretas e trucks -, sendo o restante transportado por empresas contratadas. Hoje, são em torno de oito transportadoras que prestam serviço para a Itamarati. Já para as demais localidades não existe qualquer alternativa de acesso sem passar pelos rios Madeira e Amazonas nesse caso, o açúcar Itamarati é transportado por caminhão da unidade industrial, em Mato Grosso até o porto do rio Madeira, em Porto Velho, onde é embarcado em balsas que seguem até a confluência com o rio Amazonas e de lá sobem o rio em direção ao porto de Manaus ou descem para os portos de Santarém (PA), Belém e Macapá. Desses portos, as cargas são transferidas para os caminhões que levarão o açúcar para os centros de distribuição da empresas ou para seus clientes. GEDUC/TAE SENAC EAD Texto EVOLUÇÃO DOS NEGÓCIOS NA REGIÃO Segundo Paulo Cesar Leite, gerente geral de vendas da empresa, quando a Itamarati iniciou a produção de açúcar em 1994, o foco era atender o mercado de Mato Grosso, mas à medida que a capacidade de produção foi crescendo, ela pôde expandir a comercialização e distribuição para a regi8ão Norte, considerando como um mercado mais promissor para seus negócios. “Como sabíamos que não éramos competitivos para levar o açúcar para o Sudeste do país, começamos no mercado interno e fomos escalonando o crescimento e ampliando a estrutura logística em direção ao Norte”. No início, só contávamos com o centro de distribuição na unidade industrial em Nova Olímpia; depois, abrimos o de Várzea Grande para atender a capital, Cuiabá, e a região próxima, e na sequência criamos outro na cidade de Sinop. Com esses três CDs, conseguimos atender todo o mercado de Mato Grosso e chegamos até a algumas regiões do Pará. Como a empresa seguiu crescendo, abrimos dois CDs em Rondônia, um em Porto Velho e outro em Ji-Paraná, para atender a esse estado e também ao Acre. E, logo adiante, com novo aumento no mercado do Amazonas – abrimos um CD em Manaus – e do Pará, com CDs em Santarém e Belém. “Hoje, com essas oito unidades, temos total condição de escoar nossa produção de açúcar, dentro dessa região que chamamos de mercado vocacional” explica Leite. Foi a partir do momento que a empresa expandiu os negócios no estado do Pará e chegou ao amazonas, que foi dado início a operações de transporte Multimodal. “Para Manaus, não há acesso por modal rodoviário. Em Santarém também, porque embora exista a rodovia Cuiabá- Santarém, ela ainda não está em boas condições de tráfego. Durante a seca ainda é possível chegar de caminhão, mas no período das chuvas já se torna mais difícil. Além disso, a operação fluvial para Belém e Santarém acaba sendo um pouco mais em conta do que o modal rodoviário; economizamos em torno de 10% no frete”, conta o gerente geral de Vendas. Para iniciar a operação pelo modal fluvial, segundo ele, a empresa foi buscar no mercado de navegação local quais seriam os operadores mais adequados para o transporte de açúcar e definiu por três empresas, entre as quase 30 que transportam cargas nos rios Madeira e Amazonas: A F.H. de Oliveira Navegação, A Sanave – responsável pelas entregas no Amazonas e Santarém – e a J.F. Lobo Navegação, que opera as cargas destinadas à Belém e Macapá. Essas empresas fazem o transporte multimodal para a Usina Itamarati, operação chamada de porto a porta. “Esses operadores começam suas atividades em Porto Velho, carregando as balsas com o açúcar para os portos de destino; dali transferem a carga para o caminhão, utilizando o modal rodoviário para levar o produto do porto para a porta do cliente ou para o nosso CD”, informa Leite, acrescentando que, para as cargas que vão para os clientes, o transporte rodoviário da Itamarati até o porto de Porto Velho pode ser contratado tanto diretamente pelo cliente como pela própria Itamarati. A movimentação de cargas da unidade produtora para Porto Velho é diária. O açúcar sai da empresa como venda, quando é destinada às indústrias clientes, ou como transferência, para abastecer os CDs da Itamarati em Manaus, Santarém e Belém, de onde as cargas serão consolidadas e distribuídas para os clientes do varejo. Para as indústrias clientes que contratam o frete diretamente, a Itamarati fornece, todo final de mês, as informações de seus operadores multimodais sobre a programação de saída das balsas de Porto Velho e as respectivas capacidades disponíveis – cada balsa pode transportar até 2.300 toneladas. “ A partir da resposta de cada cliente sobre as datas e quantidades que necessitam, montamos a programação de escoamento compondo as cargas que compartilhamos em cada balsa, uma parte do volume para nossos CDs e outra que vai diretamente para os clientes”, explica o gerente geral de vendas. No porto, as cargas – formadas por big bags de 50 kgs cada – são separadas conforme a programação das balsas, de modo que tanto podem ir diretamente do caminhão para a embarcação, como serem armazenadas no depósito do operador para aguardas o momento da chegada da balsa, permanecendo ali não mais do que uma semana. GEDUC/TAE SENAC EAD Texto A Usinas Itamarati também utiliza o transporte multimodal nas operações de exportação para o Peru. “Nesse caso, efetuamos a comercialização e, na medida em que o cliente faz a programação da balsa, o produto sai de Nova Olimpia e vai diretamente para o porto alfandegado de Porto Velho, que possui capacidade para descarregamento de 200 a 220 toneladas/dia. Os caminhões chegam e vão transferindo a carga diretamente para a balsa. Quando o carregamento é concluído, atingindo a capacidade da balsa que pode ser de 2500 a 3000 t, o que leva alguns dias, dependendo do volume comercializado, o açúcar segue para o porto alfandegado de Iquitos, no Peru”, detalha Leite, complementado que o processo de exportação tem início na Receita Federal de Porto Velho e termina em Tabatinga no Amazonas (divisa do Brasil com o Peru). Atualmente o volume mensalmente de açúcar destinado ao mercado peruano é de 12 mil t, o que corresponde a 4% do volume comercializado pela empresa. Em relação ao tempo de trajeto, entre a Usina Itamarati e o destino final, ele destaca que há uma variável imposta pelo fluxo do rio, que ao longo do ano sofre variações no volume de águas. “Depende da natureza. No período de seca, em função do calado, de Porto Velho à Manaus pode levar oito a dez dias; já na época da cheia dos rios o fluxo é mais tranquilo, então normalmente, levamos de quatro a cinco dias.” PECULIARIDADES DA OPERAÇÃOFLUVIAL Driblar as dificuldades de navegação no período de seca do rio Madeira, que começa em junho e vai até outubro, é o maior desafio para operadores e embarcadores da região. No período mais crítico, entre os meses de agosto a setembro, o nível do rio sofre uma redução substancial, passando de 12 metros para dois metros, enquanto o tráfego se mantém intenso, pois o rio é a única via para abastecer um número considerável de localidades com todo tipo de produtos, de grãos a petróleo. José Freire Lobo, da J.F. Lobo Navegação, conta que para superar a dificuldade com a baixa do rio é preciso diminuir o volume de carga por balsa, de modo a deixar a embarcação mais alta e, assim, permitir sua movimentação num calado reduzido. Isso implica em ter de colocar mais balsas na operação, pelo menos em parte do trajeto. “No período mais crítico, estamos movimentando a capacidade que seria de uma balsa em duas e, ao longo do rio, onde o nível permite navegar com tranquilidade, fazemos o transbordo de duas balsas para uma.” (...) (TECNOLOGÍSTICA, nº 204, pág. 56-57).