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Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares FÁBULA DO REGULADOR PID E DA CAIXA D'ÁGUA PARA A ALDEIA Era uma vez uma pequena cidade que não tinha água encanada. Um belo dia, o prefeito mandou construir uma caixa d’água na serra e ligou-a a uma rede de distribuição. A ligação da caixa com o rio foi feita por meio de um tubo. Neste tubo colocou-se uma válvula para restringir ou aumentar a vazão. Enfim, foi empregado um senhor, sem quaisquer conhecimentos técnicos más, apesar disso, executou o seu serviço durante muitos anos, limitando-se a manter o nível d’água na caixa tão constante como podia, alterando a vazão sempre que necessário. Quando o velho alcançou a idade de aposentadoria, seus três filhos, Isidoro, Pedro e Demétrio ofereceram-se para substituir o pai. Trata-se de uma fábula contada pela primeira vez aos professores da Universidade Técnica de Bruxelas. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Assim, no começo do dia, Isidoro, o filho mais velho, encontra-se no lugar do pai. É um rapaz simples,mas metódico. Quando nota que o nível d’água está 10cm abaixo do nível desejado, pensa: “o consumo aumenta”. Por isso, começa a abrir a válvula lentamente e de maneira contínua, constatando ao mesmo tempo que, pouco a pouco, o nível baixa mais devagar; depois se estabiliza e enfim começa a subir. No entanto, Isidoro abre mais a válvula até que alcance o nível anterior. Pouco depois, Isidoro percebe que a água continua a subir, estando já acima do nível desejado. Por isso, só com a metade da velocidade, Isidoro começa a fechar a válvula, restabelecendo pouco a pouco o nível exato, más a água continua baixando. Assim, Isidoro vê-se forçado a repetir sua manobra ainda algumas vezes sem que a água se mantenha no nível desejado. Isidoro é a própria imagem integral de controle, cuja velocidade de ação é proporcional ao desvio. Isidoro acionará a válvula enquanto este existir, sem nunca alcançar estabilidade por ter a zona de regulagem também um comportamento integral. Em termos matemáticos pode-se dizer que para um desvio “X” do valor regulado, a ação integral é uma manobra do órgão de controle que pode ser representado pela fórmula: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares FIGURA 1) COMPORTAMENTO INTEGRAL Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Ao meio dia, Pedro substitui seu irmão Isidoro. Pedro possui o costume de calcular tudo o que faz. Ele percebe logo que quando o nível d’água encontra-se 10cm abaixo do nível desejado, deve dar 5 voltas ao volante da válvula no sentido de abertura para eliminar o desvio. Por outro lado, Pedro não se preocupa muito em voltar ao nível original, contentando-se em estabilizar o mesmo. Pensa consigo que este voltará a marca certa assim que diminuir o consumo na aldeia. Pedro descansa até constatar que o nível efetivo encontra-se 5cm acima do desejado. Conforme seu cálculo, Pedro aciona o volante da válvula 2,5 voltas em sentido de fechamento, estabilizando assim o nível novamente. Sua manobra é segura e rápida más, quanto a exatidão, Pedro diz que somente é preciso conservar “aproximadamente” a pressão d’água para satisfazer as necessidades de sua cidade. Pedro é a própria imagem da ação de controle proporcional que pode ser representada pela fórmula: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares COMPORTAMENTO PROPORCIONAL Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Ao fim do dia, Demétrio toma conta do serviço. Demétrio é o mais sofisticado dos três irmão. Não se preocupa somente com o valor do desvio más, também com a velocidade com a qual este se altera. Caso a água desça rapidamente 10cm abaixo do nível desejado Demétrio dá, de uma só vez, 10 voltas ao volante da válvula em sentido de abertura. Vendo depois que a água sobe devagar, fecha, também devagar, a válvula e, mais devagar quanto menor for a velocidade de aumento de nível até chegar progressivamente à abertura inicial. Caso a água ultrapasse o nível desejado por 5cm, Demétrio executa a mesma manobra de antes porém, em sentido contrário e, além disso, 50% menos acentuado. Demétrio é a própria imagem da ação diferencial cujo valor é diretamente proporcional ao grau do desvio e inversamente proporcional à duração podendo ser representada pela fórmula: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares COMPORTAMENTO DIFERENCIAL Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares O prefeito encontrou-se diante de uma decisão difícil; a qual dos candidatos deveria dar o emprego definitivo? Isidoro, a imagem do comportamento integral, demorou bastante tempo para restituir o nível desejado na caixa d’água. Verdade é que ele acertou todas as vezes o nível exato; seu método porém resultou numa instabilidade absoluta porque, devido a sua atividade contínua, diversas vezes o nível oscilou fortemente. Seu único recurso contra este inconveniente foi acionar a válvula lentamente más, na proporção que a manobra era lentamente executada aumentou-se o tempo que a população deveria esperar até receber água mesmo nos bairros mais elevados. Pedro, a imagem do comportamento proporcional, obteve um resultado diametralmente oposto. Seu método não resultou em oscilações do nível nem em desvios consideráveis más, também não foi capaz de assegurar o nível exato. Demétrio, a imagem do comportamento diferencial, trabalhou com energia demais. Abrindo ou fechando abruptamente a válvula, deu praticamente uma chicotada à vazão. Por causa desta atitude brusca, provocava fortes variações de pressão na rede não conseguindo também estabelecer o nível exato. Assim, apesar de todos seu esforços, os habitantes da cidade acharam seu serviço o menos satisfatório. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Diante destes resultados o prefeito decidiu combinar o trabalho dos três candidatos para verificar o efeito. Para este fim, mandou colocar dois tubos de ligação a mais entre o rio e a caixa d’água. Demétrio porém, encontrava-se impedido, sendo que Pedro e Isidoro trabalharam em conjunto manobrando cada um uma válvula diferente de acordo com seu próprio método. Quando o nível d’água encontrava-se 10cm abaixo do nível desejado, Pedro abriu a válvula dando cinco voltas ao volante acabando assim a queda d’água. Isidoro, por sua parte, executa seu trabalho lenta e continuamente até reconduzir o nível d’água ao valor desejado. Desta vez ele não precisa preocupar-se com a variação de consumo na cidade; é suficiente que ele corrija a inexatidão do serviço de Pedro. Assim, sua manobra é restrita e não provoca mais, por aberturas exageradas da válvula, a instabilidade. O método conjunto de Pedro e Isidoro é a própria imagem da ação proporcional-integral, caracterizada pela estabilização instantânea do nível desejado e por excelente exatidão graças a ação integral de Isidoro. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares COMPORTAMENTO PROPORCIONAL - INTEGRAL Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares No dia seguinte é Isidoro que encontra-se impedido. Pedro e Demétrio vão trabalhar. DESVIO DE NÍVEL DE 10cm ABAIXO Pedro, como sempre, estabiliza imediatamente por uma ação proporcional (abertura de 5 voltas). Demétrio abre sua válvula de 10 voltas de uma vez (ação diferencial) exagerando a alimentação, prevê a inércia da subida e fecha as dez voltas num tempo proporcional a inércia estimada por ele. Ele sabe que Pedro já fez o trabalho principal e que a sua própria chicotada serve apenas para restabelecer mais rapidamente o nível exato. Ele confia mais na sua estimativa do que na marca de nível e, como Pedro, não lê o desvio residual após sua manobra. Pedro parou a queda por uma ação medida e imediata. Demétrio acrescentou uma manobra enérgica más esporádica,que exagera a ação momentaneamente, acelera o restabelecimento e diminui o desvio. Mesmo assim, o nível prescrito não está ainda exatamente restabelecido. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares A ação PROPORCIONAL-DIFERENCIAL é caracterizada por uma estabilização imediata no momento em que o desvio acontece; um exagero da ação para obter uma absorção do desvio más também, infelizmente, uma certa imprecisão final do resultado. COMPORTAMENTO PROPORCIONAL - DIFERENCIAL Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares No dia seguinte, finalmente os três trabalharam juntos e, cada um a seu modo. Para uma queda de 10cm, Pedro abre 5 voltas; Demétrio exagera a ação (diferencial) até 10 voltas para depois cancelar a manobra num tempo que é em função da inércia do aumento de nível . Isidoro, como de costume, não tem pressa e abre a válvula devagar (integraliza) até o momento em que ele constata que o nível prescrito é atingido más, desta vez, sua manobra é bem menor porque, antes dele, seus irmãos já fizeram o principal. Pedro efetuou a compensação da perturbação, Demétrio, o exagero que eliminou energicamente o desvio e Isidoro que determinou a precisão final da operação, tomando cuidado para que nenhum desvio residual subsistisse. A ação PROPORCIONA-DIFERENCIAL-INTEGRAL é a combinação perfeita que reúne: * compensação imediata da perturbação * exagero necessário para combater a inércia de mudança de nível * volta exata ao valor prescrito Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares COMPORTAMENTO PROPORCIONAL - DIFERENCIAL - INTEGRAL Como recompensa pela eficiência, a prefeitura contrata os três como encarregados do chafariz para contento geral da aldeia. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Controlador PID (Proporcional-Integral-Derivativo) Os controladores PID são controladores com feedback muito utilizados em automação industrial. Esses controladores calculam um erro entre o valor medido na saída e o valor desejado no processo. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Assim o controlador tenta diminuir o erro que foi gerado pela saída, ajustando suas entradas. O cálculo do controlador PID envolve três parâmetros: Proporcional, Integral e Derivativo. A fórmula do PID é dado por: Onde: u(t) é a saída em relação ao tempo e(t) é a entrada menos o erro em relação ao tempo Kp é a constante proporcional Ki é a constante integral Kd é a constante derivativa Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Função Proporcional: Essa função do controlador PID produz um valor na saída proporcional ao erro obtido na Realimentação. A resposta proporcional pode ser ajustada a partir da constante de ganho Kp. Quanto maior a constante Kp, maior será o ganho do erro e mais instável será o sistema. Mas se a constante Kp for muito pequeno, menor será o seu tempo de resposta. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares A figura abaixo mostra um gráfico com uma entrada (linha azul) e as saídas com Kp de vários valores: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Função Integral: A função integral soma todos os erros instantâneos e a somatória é multiplicada pela constante Ki. A função integral do controlador PID acelera o movimento do processo até o ponto desejado e elimina o erro que ocorre na função anterior. Como a função soma dados instantâneos, o resultado do processo pode ultrapassar o ponto desejado. Essa consequência se chama "overshoot". Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares A figura abaixo mostra um gráfico com uma entrada (linha azul) e as saídas com Ki de vários valores: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Função Derivativa: A função derivativa retarda a taxa de variação de saída do controlador. Essa função diminui o "overshoot" da função anterior e melhora a estabilidade do controlador. Por outro lado, a função derivativa causa um retardo na resposta e é muito suscetível à ruídos. Isto acontece porque essa função amplifica o ruído e caso o ruído e o ganho Kd forem muito grandes, podem causar instabilidade no controlador. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares A figura abaixo mostra um gráfico com uma entrada (linha azul) e as saída geradas pela função: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Portanto para uma melhor estabilidade no sistema usamos o controlador PID que contém as três funções e dependendo das constantes podem melhorar ou piorar a estabilidade do sistema a ser controlado Algumas definições de siglas e termos utilizados: PV: Process Variable ou variável de processo. Variável que é controlada no processo, como temperatura, pressão, umidade, etc. SV ou SP: Setpoint. Valor desejado para a variável de processo. MV: Variável Manipulada. Variável sobre a qual o controlador atua para controlar o processo, como posição de uma válvula, tensão aplicada a uma resistência de aquecimento, etc. Erro ou Desvio: Diferença entre SV e PV. SV-PV para ação reversa e PV-SV para ação direta. Ação de controle: Pode ser reversa ou direta. Define genericamente a atuação aplicada à MV na ocorrência de variações da PV. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares A técnica de controle PID consiste em calcular um valor de atuação sobre o processo a partir das informações do valor desejado e do valor atual da variável do processo. Este valor de atuação sobre o processo é transformado em um sinal adequado ao atuador utilizado (válvula, motor, relê) e deve garantir um controle estável e preciso. De uma maneira bem simples, o PID é a composição de 3 ações quase intuitivas, conforme Resumimos a seguir: P - CORREÇÃO PROPORCIONAL AO ERRO A correção a ser aplicada ao processo deve crescer na proporção que cresce o erro entre o valor real e o desejado. I - CORREÇÃO PROPORCIONAL AO PRODUTO ERRO x TEMPO Erros pequenos mas que existem há muito tempo requerem correção mais intensa. D - CORREÇÃO PROPORCIONAL À TAXA DE VARIAÇÃO DO ERRO Se o erro está variando muito rápido, esta taxa de variação deve ser reduzida para evitar oscilações. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Um pouco de matemática A equação mais usual do PID é apresentada a seguir: Onde Kp, Ki e Kd são os ganhos das parcelas P, I e D, e definem a intensidade de cada ação. Equipamentos PID de diferentes fabricantes implementam esta equação de diferentes maneiras. É usual a adoção do conceito de “Banda Proporcional” em substituição a Kp, “Tempo derivativo” em substituição a Kd e “Taxa Integral” ou “Reset” em substituição a Ki, ficando a equação da seguinte forma. Onde Pb, Ir e Dt estão relacionados a Kp, Ki e Kd e serão individualmente abordados ao longo deste texto. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares CONTROLE PROPORCIONAL No controle Proporcional, o valor de MV é proporcional ao valor do desvio (SV-PV, para ação reversa de controle), ou seja, para desvio zero (SV=PV), MV=0; à medida que o desvio cresce, MV aumenta até o máximo de 100%. O valor de desvio que provoca MV=100% define a Banda Proporcional (Pb). Com Pb alta, a saída MV só irá assumir um valor alto para corrigir o processo se o desvio for alto. Com Pb baixa, a saída MV assume valores altos de correção para o processo mesmo para pequenos desvios. Em resumo, quanto menor o valor de Pb, mais forte é a ação proporcional de controle. A figura a seguir ilustra o efeito da variação de Pb no controle de um processo. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Em (1.A), com a banda proporcional grande, o processo estabiliza, porém muito abaixo do setpoint. Com a diminuição da banda proporcional (1.B), a estabilização ocorre mais próximo do setpoint, mas uma redução excessivada banda proporcional (1.C) pode levar o processo à instabilidade (oscilação). O ajuste da banda proporcional faz parte do processo chamado de Sintonia do controle. Quando a condição desejada (PV=SV) é atingida, o termo proporcional resulta em MV=0, ou seja, nenhuma energia é entregue ao processo, o que faz com que volte a surgir desvio. Por causa disto, um controle proporcional puro nunca consegue estabilizar com PV=SV. Muitos controladores que operam apenas no modo Proporcional, adicionam um valor constante à saída de MV para garantir que na condição PV=SV alguma energia seja entregue ao sistema, tipicamente 50%. Este valor constante é denominado Bias (polarização), e quando ajustável permite que se obtenha uma estabilização de PV mais próxima a SV. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares INCLUINDO O CONTROLE INTEGRAL - PI O integral não é, isoladamente, uma técnica de controle, pois não pode ser empregado separado de uma ação proporcional. A ação integral consiste em uma resposta na saída do controlador (MV) que é proporcional à amplitude e duração do desvio. A ação integral tem o efeito de eliminar o desvio característico de um controle puramente proporcional. Para compreender melhor, imagine um processo estabilizado com controle P, conforme apresentado na figura 2.A. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Em 2.A, PV e MV atingem uma condição de equilíbrio em que a quantidade de energia entregue ao sistema (MV), é a necessária para manter PV no valor em que ela está. O processo irá permanecer estável nesta condição se nenhuma perturbação ocorrer. Apesar de estável, o processo não atingiu o setpoint (SV), existindo o chamado Erro em Regime Permanente. Agora observe a figura 2.B, onde no instante assinalado, foi incluída a ação integral. Observe a gradual elevação do valor de MV e a conseqüente eliminação do erro em regime permanente. Com a inclusão da ação integral, o valor de MV é alterado progressivamente no sentido de eliminar o erro de PV, até que PV e MV alcancem um novo equilíbrio, mas agora com PV=SV. A ação integral funciona da seguinte maneira: A intervalos regulares, a ação integral corrige o valor de MV, somando a esta o valor do desvio SV-PV. Este intervalo de atuação se chama Tempo Integral, que pode também ser expresso por seu inverso, chamado Taxa Integral (Ir). O aumento da Taxa Integral – Ir – aumenta a atuação do Integral no controle do processo. A ação integral tem como único objetivo eliminar o erro em regime permanente, e a adoção de um termo integral excessivamente atuante pode levar o processo à instabilidade. A adoção de um integral pouco atuante, retarda em demasia a estabilização PV=SV. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares INCLUINDO O CONTROLE DERIVATIVO - PD O derivativo não é, isoladamente, uma técnica de controle, pois não pode ser empregado separado de uma ação proporcional. A ação derivativa consiste em uma resposta na saída do controlador (MV) que é proporcional à velocidade de variação do desvio. A ação derivativa tem o efeito de reduzir a velocidade das variações de PV, evitando que se eleve ou reduza muito rapidamente. O derivativo só atua quando há variação no erro. Se o processo está estável, seu efeito é nulo. Durante perturbações ou na partida do processo, quando o erro está variando, o derivativo sempre atua no sentido de atenuar as variações, sendo portanto sua principal função melhorar o desempenho do processo durante os transitórios. A figura 3 compara respostas hipotéticas de um processo com controle P (A) e PD (B): Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares No controle P (figura 3.A), se a banda proporcional é pequena, é bem provável que ocorra ‘overshoot’, onde PV ultrapassa SV antes de estabilizar. Isto ocorre pelo longo tempo em que MV esteve no seu valor máximo e por ter sua redução iniciada já muito próximo de SV, quando Já é tarde para impedor o overshoot. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Uma solução seria aumentar a banda proporcional, mas isto aumentaria o erro em regime permanente. Outra solução é incluir o controle derivativo (figura 3.B), que reduz o valor de MV se PV está crescendo muito rápido. Ao antecipar a variação de PV, a ação derivativa reduz ou elimina o overshoot e as oscilações no período transitório do processo. Matematicamente, a contribuição do derivativo no controle é calculada da seguinte maneira: A intervalos regulares, o controlador calcula a variação do desvio do processo, somando à MV o valor desta variação. Se PV está aumentando, o desvio está reduzindo, resultando em uma variação negativa, que reduz o valor de MV e conseqüentemente retarda a elevação de PV. A intensidade da ação derivativa é ajustada variando-se o intervalo de cálculo da diferença, sendo este parâmetro chamado Tempo Derivativo – Dt. O aumento do valor de Dt aumenta a ação derivativa, reduzindo a velocidade de variação de PV. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares CONTROLE PID Ao unir as 3 técnicas conseguimos unir o controle básico do P com a eliminação do erro do I e com a redução de oscilações do D, mas se cria a dificuldade de ajustar a intensidade da cada um dos termos, processo chamado de sintonia do PID. SINTONIA DO CONTROLE PID A bibliografia de controle apresenta diversas técnicas para sintonia, tanto operando o processo em manual (malha aberta) quanto em automático (malha fechada). Foge ao objetivo deste artigo apresentar estas técnicas. A grande maioria dos controladores PID industriais incorporam recursos de “Auto Tune”, em que o controlador aplica um ensaio ao processo e obtém o conjunto de parâmetros do PID (Pb, Ir e Dt). Para a maior parte dos processos, este cálculo é adequado, mas em muitos casos, é necessária a correção manual para atingir um desempenho de controle mais satisfatório (menos overshoot, estabilização mais rápida, etc.). Para efetuar manualmente esta correção, é fundamental a compreensão dos princípios de funcionamento aqui expostos. A seguir são apresentadas diretrizes para otimização manual do desempenho de um controlador PID. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares Corrigindo manualmente o PID Em muitos casos é necessário ajuste da sintonia após a conclusão do Auto Tune. Este ajuste é manual e deve ser feito por tentativa e erro, aplicando uma alteração nos parâmetros PID e verificando o desempenho do processo, até que o desempenho desejado seja obtido. Para isso é necessário conhecimento do efeito de cada parâmetro do PID sobre o desempenho do controle, além de experiência em diferentes processos. As definições de um bom desempenho de controle são também bastante variadas, e muitas vezes o usuário espera de seu sistema uma resposta que ele não tem capacidade de atingir, independente do controlador utilizado. É comum o operador reclamar que a temperatura do forno demora muito a subir, mas o controlador está com MV sempre a 100%, ou seja, não tem mais o que fazer para acelerar. Também às vezes o operador quer velocidade mas não quer overshoot, o que muitas vezes é conflitante. Na avaliação do desempenho do controlador, é importante analisar o comportamento da PV e MV, e verificar se o controlador está atuando sobre MV nos momentos adequados. Coloque-se no lugar do controlador e imagine o que você faria com a MV, e compare com a ação tomada pelo controlador. À medida que se adquire experiência, este tipo de julgamento passa a ser bastante eficiente. Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares A tabela 1 a seguir resume o efeito de cada um dos parâmetros sobre o desempenho do processo: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares A tabela 2 a seguir apresenta sugestões de alteração nos parâmetros PID baseadas no comportamento do processo,visando sua melhoria: Controle e Servomecanismos I Professor : Paulo Soares