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Resumo Patologias da Cavidade Oral EDUARDA CAROLINE GOSTINSKI 2021 PATOLOGIA ESPECIAL I AULA TEÓRICA 6 - 02/08 Cavidade Oral É formada pela boca e mucosa oral, dentes e glândulas salivares. As bactérias da microbiota normal, são microrganismos que vivem em harmonia, mas quando o animal apresenta uma desarmonia, como um ferimento na cavidade oral, essas bactérias podem ser inoculadas e causar doenças. Lisozimas, o pH da saliva e os folículos linfóides são os primeiros mecanismos imunes. Quando o animal apresenta alguma patologia, essas barreiras foram ultrapassadas. Anomalias de Desenvolvimento São anomalias congênitas, a maioria idiopática e algumas com componente hereditário comprovado, interferem na mastigação e na respiração do animal, sendo algumas incompatíveis com a vida e que devem ser corrigidas cirurgicamente. Bragnatia superior: encurtamento do maxilar; Bragnatia inferior: encurtamento da mandíbula; Prognatismo: prolongamento da mandíbula; Agnatismo: quando o animal nasce sem a mandíbula; Aglossia: quando o animal nasce sem a língua, sendo normalmente incompatível com a vida (animal não consegue se alimentar); Polidontia: quando o animal nasce com mais dentes que o normal, é necessária a remoção desses dentes; Fendas: Palatina/Palatosquise: é a falha na fusão do processo palatino, resulta em comunicação entre a cavidade oral e a nasal, possibilitando a entrada de comida na cavidade nasal o animal pode desenvolver rinite, sinusite ou pneumonia aspirativa, necessitando de correção cirúrgica. Labial/Queilosquise/Lábio Leporino: é a falha na fusão do lábio superior ao longo da linha média ou sulco nasolabial, normalmente acompanha a fenda palatina. Corpo Estranho ou Traumatismo É importante lembrar que jamais deve-se manipular a cavidade oral de um animal sem estar devidamente protegido, como por exemplo no caso da raiva, que é disseminada pela glândula salivar. A presença de alimento na cavidade oral é anormal e deve ser diferenciada de post mortem, já que no timpanismo e com a movimentação do cadáver, o conteúdo estomacal pode voltar a cavidade. O uso do aparelho de dosificar, pode causar lesão na cavidade oral se utilizado com muita força. Lesões por mordeduras são ocasionadas pelas alterações na anatomia. Corpos estranhos na alimentação grosseira, como espinhos e ossos de galinha, alimentos mal triturados ou consumidos com muita avidez como tubérculos, ou até mesmo bolas de borracha, podem ficar retidos na entrada da laringe e causar salivação, dificuldade alimentar, sepse, asfixia e morte. É importante sempre fazer o diferencial para doenças do SNC, onde ocorre interferência direta na Eduarda Gostinski | Resumo Patologias da Cavidade Oral 2021 Patologias da Cavidade Oral Estomatites Estomatites Virais Estomatites Vesiculares É a formação de bolhas ou vesículas no epitélio oral que se desenvolve no curso de doenças como: febre aftosa; estomatite vesicular (é idêntica a febre aftosa, afeta equinos, se faz diagnóstico diferencial); doença vesicular do suíno. Sinais clínicos: aftas; vesículas que ficam maiores até se juntarem e formarem bolhas, essa bolha se rompe (desprendimento do epitélio), formando áreas ulceradas em carne viva na língua e lábio; salivação; manqueira; febre e anorexia. Macro: pequenas vesículas claras, cheias de líquido na mucosa oral e língua que formam bolhas e depois úlceras. Lesões podem ser encontradas também no esôfago, rúmen, mucosa nasal, nas fendas interdigitais, rodete, etc. Micro: epitélio com degeneração das células, edema intercelular, vesículas com sangue e neutrófilos, úlceras recobertas de exsudato fibrinopurulento e tecido de granulação na base. Febre Aftosa É altamente contagiosa, acomete animais biungulados (animais de casco fendido, por isso não acomete equinos), é causada pelo vírus do gênero aphthovirus. Sua principal via de infecção é a respiratória e em animais jovens a via oral. Os animais não apresentar sinais, mas disseminam o vírus. Micro: miocardite com infiltração de células mononucleares, lesões idênticas à estomatite vesicular. As lesões mais recentes são as melhores para fazer a identificação viral. Eduarda Gostinski | Resumo Patologias da Cavidade Oral 2021 deglutição. Obstruções e Distúrbios Funcionais da Glândula Salivar As glândulas salivares são encontradas em diferentes regiões da cabeça e do pescoço, com número e localização que variam de acordo com a espécie. Mucocele salivar: é o acúmulo de saliva em tecidos próximos aos ductos da glândula saliva. Rânula é a mucocele da glândula sublingual. Ptialismo: é o excesso de produção de saliva. Pseudocisto por traumatismo: quando a saliva penetra a submucosa, é vista como um corpo estranho, e assim ocorre uma reação inflamatória, e pela continuação da comunicação e a continuação da entrada de saliva, forma-se um pseudocisto, uma estrutura circular grande, preenchida por líquido e de consistência macia, é considerado pseudo devido a sua cápsula ser de tecido de granulação, que permite o seu crescimento. Pode ser aspirado e ter recidiva, precisando de remoção cirúrgica. Sialolitíase: é a formação de compostos mineralizados nas glândulas salivares, ocorre em bovinos, equinos, caninos, primatas e humanos. Inflamações da Cavidade Oral Língua: Glossite; Toda a mucosa/assoalho oral: Estomatite; Faringe: Faringite; Gengiva: Gengivite; Lábios: Queilite; Palato Mole: Palatite. Eduarda Gostinski | Resumo Patologias da Cavidade Oral 2021 Causa reflexos econômicos graves. O diagnóstico é clínico, com notificação à ADAPAR que fará o diagnóstico laboratorial (ELISA, vírus neutralização), as lesões devem ser coletadas e enviadas em refrigeração em líquido de Vallée ou gelo, podendo também ser soro. Ectima Contagioso dos Pequenos Ruminantes Causado pelo Parapoxvirus, pode também afetar humanos, possui alta morbidade (disseminação) e mortalidade baixa em casos não complicados. Frequentemente afeta animais jovens, recém desmamados e ovelha em aleitamento, a transmissão ocorre por contato direto ou indireto. Sinais Clínicos: as lesões são proliferativas, crostosas, pápulas, pústulas, crostas que quando arrancadas revelam tecido de granulação. As lesões são encontradas nas junções mucocutâneas como gengiva, palato, língua, esôfago, membros. De modo geral causa queda de produção, o animal pode vir a óbito em decorrência de infecções secundárias. Micro: degeneração hidrópica + corpuscúlos de inclusão eosinofílico citoplasmático + neutrófilos polimorfonucleares + tecido fibrovascular; hiperplasia da epiderme com projeções pseudo- epiteliomatosa para a derme. O diagnóstico é feito pelos sinais, lesões, dados epidemiológicos, exame histopatológico e microscopia eletrônica, ou por inoculação. Estomatites Bacterianas Necrobacilose Oral É causada pelo Fusobacterium necrophorum (laringite/ faringite/ difteria necrótica). É comum em gado confinado ou afetado por outras doenças. A bactéria normalmente está inativa no animal, mas quando este apresenta fatores predisponentes como estresse, essas bactérias causam lesões e atingem a corrente sanguínea, causam a morte do animal pela toxemia severa ou por fusobacteriemia fulminante. Sinais Clínicos: bochechas inchadas; anorexia; halitose (odor fétido); febre; focos cinza a marrom de necrose ao longo dos dentes, mucosa oral, faringe; amolecimentos dos dentes. Macro: lesões largas, bem demarcadas, cinza-amareladas, áreas secas de necrose rodeadas por halo hiperêmico. Micro: necrose de coagulação cercada por tecido de granulação e hiperemia. Actinobacilose É causada pelo Actinobacillus lignieressi, é uma doença infecciosa, não contagiosa, piogranulomatosa, essa bactéria é comensal do trato gastrointestinal de bovinos, que é um invasor oportunista de tecido lingual danificado, precisa de uma ferida penetrante para que seja inoculada no tecido, causando glossite e sendo conhecida como "língua de pau". Por afetar os tecidos moles, os linfonodos também podem ficar aumentados de volume (aumento grande, podendo causar asfixia no animal).Sinais clínicos: glossite difusa; salivação intensa; dificuldade de se alimentar; dor; emagrecimento; Eduarda Gostinski | Resumo Patologias da Cavidade Oral 2021 linfonodos aumentados e duros; abscedação, ulceração e nódulos. As vezes, com antibioticoterapia e drenagem do linfonodo, pode ter sucesso na regressão do caso, mas apenas em quadros iniciais. Macro: exsudato branco-amarelado com grânulos amarelados semelhantes a grânulos de enxofre. Micro: presença de inflamação piogranulomatosa, que em seu centro apresentam rosetas/drusas, que são reações antígeno-anticorpo, pode apresentar mineralização. Presença de células inflamatórias mononucleares mistas incluindo as células gigantes de Langerhans que circundam os foco, isso é chamado de fenômeno de Splendore-Hoeppli. O diagnóstico é clínico, fácil, por exame direto e esfregaço do pus, histopatologia, cultura e isolamento bacteriano. O ideal é fazer o antibiograma e ver qual antimicrobiano é melhor para a situação. Actinomicose Causado pelo Actinomyces bovis, que é uma bactéria gram +. Possui o mesmo padrão de lesão da Actinobacilose, mas acomete tecidos duros, como os ossos. Essa bactéria pode infectar os ossos por diversas vias, como defeitos genéticos, lesão dental ou feridas penetrantes. Depois da penetração a bactéria pode chegar ao periósteo e ao osso. Sinais Clínicos: tumefação dura no molares e pré-molares, ulcerações de pele, afrouxamento e perda dos dentes, dificuldade de mastigação, emagrecimento e emaciação (emagrecimento patológico, o animal consumiu todas as reservas de gordura). Macro: osteomielite proliferativa com focos purulentos, podendo afetar linfonodos. Micro: osteomielite piogranulomatosa com proliferação de tecido fibroso, com rosetas e projeções em formas de clavas. Diagnóstico: clínico, esfregaço de pus, histopatologia, isolamento, importante fazer o diferencial para neoplasias e tumores. Outras Patologias da Cavidade Oral Granuloma Eosinofílico Oral De modo geral acomete animais jovens, felinos e caninos, são placas/nódulos firmes, ulceradas, cobertas por exsudato marrom- amarelado, lesão ulcerativa superficial crônica de junção mucocutânea, sugestivo para hipersensibilidade. Micro: focos de lise no colágeno, rodeados por granuloma histiocítico, com células gigantes. Necrose de epitélio escamoso se estendendo para a lâmina própria com infiltrado de macrófagos, linfócitos, plasmócitos e eosinófilos, nas margens há neutrófilos. Estomatite Necrosante Uremia em decorrência de insuficiência renal, assim o acúmulo de ureia acaba sendo transformada em amônia, que é tóxica para os tecidos endoteliais, e causa estomatites ulcerativas, que evoluem para necrose. Sinais Clínicos: inchaço nas bochechas, inapetência (ausência de apetite, anorexia), pirexia (temperatura elevada) e halitose. Macro: foco arredondado amarelo- acinzentado circundado por halo hiperêmico na cavidade oral, laringe, faringe ou língua. Eduarda Gostinski | Resumo Patologias da Cavidade Oral 2021 Hiperplasia gengival: ocorre por crescimento excessivo do estroma da submucosa gengival; Papilomatose oral: neoplasia benigna transmissível, induzida pela infecção por papilomavírus, caracterizada pelo crescimento verrucoso, elevações papilares lisas e solitárias passando a múltiplos, firmes branco- acinzentados e semelhantes à couve-flor, nas junções mucocutâneas principalmente; Carcinoma de células escamosas: Tumor maligno, extremamente invasivo, destrutivo e de crescimento rápido, apresenta-se como uma massa branco- acinzentada, espraiada (espalhada), de superfície irregular e ulcerada; Melanoma: de alta malignidade e prognóstico desfavorável, são massas nodulares de superfície lisa podendo ser pigmentado (melanótico) e não pigmentado (amelanótico), seu crescimento é rápido, comum fazer áreas de necrose e ulceração; Fibrossarcoma: maligna, caracterizam-se por massas únicas e unilaterais, firmes, branco-acinzentadas a róseas, de superfície lisa e sésseis (não se deslocam); Micro: foco bem delimitado de necrose de coagulação, ao redor encontra-se um halo de leucócitos e hiperemia. Neoplasias Estudos mostram que mais de 50% das neoplasias do sistema digestório estão na cavidade oral e na orofaringe. Entre elas estão: Plasmocitoma: benigna, de crescimento lento, caracterizados como massas lobuladas e avermelhadas, principalmente nos lábios ou gengiva, mas também podem acometer a língua.
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