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Anamnese Ginecologica

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Camyla Bringel 
Anamnese ginecológica 
 
Todos os itens da anamnese citados abaixo sa ̃o 
importantes e devem ser pesquisadas com atenc ̧ão. 
• Identificac ̧ão: devemos obtê-la através dos 
dados da idade, cor, estado civil, profissa ̃o, 
enderec ̧o, local de origem, nível sócio-
econômico. 
• Queixa principal e histo ́ria da doenc ̧a atual: 
serão investigadas em profundidade, 
procurando saber seu início, duração e 
principais caracteri ́sticas a ela relacionadas. 
• Antecedentes gineco-obste ́tricos: 
desenvolvimento dos caracteres sexuais 
secunda ́rios, coitarca (primeira relação 
sexual), menarca, ciclo menstrual (detalhar 
alterac ̧ões se tiver, se não, se é regular, 
quantos dias e como é o fluxo), data da 
u ́ltima menstruac ̧ão, presença ou não de 
dismenorréia e tensão pré-menstrual, 
número de gestações e paridades com suas 
complicac ̧ões, atividade sexual e métodos de 
anticoncepção, cirurgias, traumatismos, 
doenças, DST e Aids, se a paciente tiver 
mais que 40 lembrar de indagar sobre os 
sintomas de climaterios 
• Histo ́ria pessoal ou antecedentes: investigar 
quais as doenc ̧as apresentadas pela paciente 
durante sua existência – passado e presente. 
• Histo ́ria familiar: antecedentes de neoplasia 
ginecolo ́gica (mama, u ́tero, ova ́rio) ou TGI; 
antecedentes de osteoporose; em algumas 
situac ̧ões idade da menarca e menopausa 
materna e de irmãs. 
• Revisa ̃o de sistemas: problemas intestinais, 
urina ́rios, endo ́crinos e em outros sistemas. 
ü EXAME FI ́SICO 
A. EXAME FI ́SICO GERAL: Embora o exame 
ginecolo ́gico seja dirigido naturalmente para a mama 
e o ́rga ̃os pe ́lvicos e abdominais, ele deve incluir uma 
observac ̧ão geral do organismo. 
EXAME DO ABDO ̂MEN: 
A importa ̂ncia de se examinar o abdômen se explica 
pela repercussão que muitas patologias dos órgãos 
genitais internos exercem sobre o peritônio seroso 
e alguns dos o ́rga ̃os viscerais. O abdo ̂men deve ser 
examinado obrigatoriamente, pela inspeção e 
palpação, e, eventualmente, pela percussão e 
ausculta. 
B. EXAME DAS MAMAS: Inspec ̧ão (estática e 
dinâmica) e palpação. 
INSPEC ̧ÃO: 
• As mamas devem ser inspecionadas com a 
paciente sentada, com os brac ̧os pendentes 
ao lado do corpo (inspeção estática) e com a 
paciente realizando os seguintes movimentos 
(inspeção dinâmica): elevação dos membros 
superiores acima da cabeça, pressão sobre 
os quadris, inclinac ̧ão do tronco para frente. 
• O examinador deve observar a cor do tecido 
mama ́rio; quaisquer erupc ̧ões cutâneas 
incomuns ou descamação; assimetria; 
evidência de peau d’orange (“pele em casca 
de laranja“); proeminência venosa; massas 
visi ́veis; retrac ̧ões; ou pequenas depressões. 
• A inspec ̧ão deve também incluir a procura de 
alterações na aréola (tamanho, forma e 
simetria); alterações na orientação dos 
mamilos (desvio da direção em que os 
mamilos apontam), achatamento ou inversa ̃o; 
ou evide ̂ncia de secreção mamilar, como 
crostas em torno do mamilo. 
• O examinador deve relatar a presenc ̧a de 
cicatrizes cirúrgicas prévias, nevos 
cutâneos, marcas congênitas e tatuagens. 
PALPAC ̧ÃO: 
• A palpac ̧ão das mamas abrange o 
exame dos linfonodos das cadeias 
axilares, supra e infraclaviculares, 
que deve ser realizado com a 
paciente na posic ̧ão sentada. 
• Ao examinar a axila, e ́ importante 
que os mu ́sculos peitorais fiquem 
relaxados para que seja feito um 
exame completo da axila. Mu ́sculos 
contrai ́dos podem obscurecer 
discretamente linfonodos 
aumentados de volume. 
• Para examinar os linfonodos axilares 
direitos o examinador deve suspender o 
brac ̧o direito da paciente, utilizando o seu 
brac ̧o direito; deve então fazer uma concha 
com os dedos da mão esquerda, penetrando 
o mais alto possível em direção ao ápice da 
axila. A seguir, trazer os dedos para baixo 
pressionando contra a parede torácica. O 
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mesmo procedimento deve ser realizado na 
axila contralateral. O examinador deve 
observar o nu ́mero de linfonodos palpados, 
bem como seu tamanho, consiste ̂ncia e 
mobilidade. 
• As fossas supraclaviculares sa ̃o examinadas 
pela frente da paciente ou por abordagem 
posterior. 
• A melhor posic ̧ão para examinar as mamas é 
com a paciente em decúbito dorsal, em mesa 
firme. Pede-se para a paciente elevar o 
membro superior ipsilateral acima da cabeça 
para tencionar os músculos peitorais e 
fornecer uma superfície mais plana para o 
exame. O examinador deve colocar-se no 
lado a ser palpado. Inicia- se o exame com 
uma palpac ̧ão mais superficial, utilizando as 
polpas digitais em movimentos circulares no 
sentido horário, abrangendo todos os 
quadrantes mamários. Repete-se a mesma 
manobra, pore ́m com maior pressa ̃o (na ̃o 
esquecer de palpar o prolongamento axilar 
mama ́rio e a regia ̃o areolar). Apo ́s examinar 
toda a mama, o mamilo deve ser espremido 
delicadamente para determinar se existe 
alguma secrec ̧ão. 
• Devem ser relatadas as seguintes 
alterac ̧ões: presença de nódulos, 
adensamentos, secreções mamilares ou 
areolares, entre outras. 
OBS.: existem pacientes que merecem um 
exame mais minucioso: gestantes, pue ́rperas 
em lactac ̧ão, portadoras de implantes 
protéticos e aquelas com histo ́ria pregressa 
de ca ̂ncer mamário. 
Nas mulheres submetidas à mastectomia, 
deve-se examinar minuciosamente a cicatriz 
cirúrgica e toda a parede torácica 
(plastrão). 
v ME ́TODOS DE REGISTRO DO 
EXAME FI ́SICO: 
O melhor me ́todo para registrar os achados do 
exame fi ́sico mama ́rio e ́ uma combinac ̧ão de 
descrição por escrito com um esquema gráfico 
mamário. 
Tumores e outros achados físicos devem ser 
descritos pelas seguintes características: 
1. Localizac ̧ão, por quadrante ou método do relógio; 
2. Tamanho em centi ́metros; 
3. Forma (redonda, oval); 
4. Delimitac ̧ão em relac ̧ão aos tecidos adjacentes 
(bem circunscritos, irregulares); 
5. Consiste ̂ncia (amolecida, elástica, firme, dura); 
6. Mobilidade, com refere ̂ncia a pele e aos tecidos 
subjacentes; 
7. Dor a ̀ palpac ̧ão focal; 
8. Aspecto das erupc ̧ões, eritemas, outras 
alterac ̧ões cutâneas ou achados visi ́veis 
(retrac ̧ão, depressão, nevos, tatuagens). 
C. EXAME GINECOLO ́GICO: 
O exame satisfato ́rio dos o ́rga ̃os genitais depende 
da colaborac ̧ão da paciente e do cuidado do me ́dico 
em demonstrar seguranc ̧a em sua abordagem no 
exame. Todos os passos do exame deverão ser 
comunicados previamente, em linguagem acessível ao 
paciente. 
POSICIONAMENTO DA PACIENTE: 
A posic ̧ão ginecológica ou de litotomia é a preferida 
para a realizac ̧ão do exame ginecológico. Coloca-se a 
paciente em decúbito dorsal, com as nádegas na 
borda da mesa, as pernas fletidas sobre as coxas e, 
estas, sobre o abdômen, amplamente abduzidas. 
O exame dos o ́rga ̃os genitais deve ser feito numa 
sequ ̈ência lógica: a) órgãos genitais externos- vulva 
b) órgãos genitais internos- vagina, útero, trompas e 
ovários 
C.1. EXAME DOS O ́RGA ̃OS GENITAIS EXTERNOS: 
Pelo risco de contaminac ̧ão do examinador e da 
paciente sugerimos que este exame seja efetuado 
com luvas (preferentemente as este ́reis, 
descarta ́veis e siliconizadas). Estas deverão ser 
mantidas durante todo o exame e trocadas quando 
da realizac ̧ão do exame especular e toque vaginal. 
A inspeção dos órgãos genitais externos é realizada 
observando-se a forma do peri ́neo, a disposic ̧ão dos 
pêlos e a conformação externa da vulva (grandes 
lábios). Realizada esta etapa, afastam-se os grandes 
lábios para inspeção do intróito vaginal. Com o 
polegar e o indicador prendem-se as bordas dos dois 
la ́bios, que devera ̃o ser afastadas e puxadas 
ligeiramente para a frente. Desta forma 
visualizamos a face interna dos grandes lábios e o 
vesti ́bulo, hi ́men ou caru ́nculas himenais, pequenos 
la ́bios, clito ́ris, meato uretral, gla ̂ndulas de Skene e 
a fu ́rcula vaginal. 
Deve-se palpar a regia ̃o das gla ̂ndulas de Bartholin; 
e palpar o períneo, para avaliação da integridade 
perineal. 
Poderá ser realizadamanobra de Valsalva para 
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melhor identificar eventuais prolapsos genitais e 
incontinência urina ́ria. 
Todas as alterac ̧ões deverão ser descritas e, em 
alguns casos, a normalidade também. 
C.2. EXAME DOS O ́RGA ̃OS GENITAIS 
INTERNOS: 
C.2.1. EXAME ESPECULAR: 
E ́ realizado atrave ́s de um instrumento denominado 
espe ́culo. Os espe ́culos sa ̃o constitui ́dos de duas 
valvas iguais; quando fechados, as valvas se 
justapo ̃em, apresentando-se como uma pec ̧a única. 
Os espéculos articulados são os mais utilizados, 
podendo ser metálicos ou de pla ́stico, descarta ́veis, 
apresentando quatro tamanhos: mi ́nimo (espe ́culo de 
virgem), pequeno (no 1), me ́dio (no 2) ou grande (no 
3). Deve-se escolher sempre o menor espe ́culo que 
possibilite o exame adequado, de forma a na ̃o 
provocar desconforto na paciente. O material e ́ 
inicialmente disposto sobre o segundo degrau da 
escadinha (colocada em frente a ̀ mesa de exame). 
Ao abrir o campo este ́ril, o qual conte ́m o espe ́culo e 
a pinc ̧a Cheron, se procedera ́ a ̀ disposic ̧ão 
organizada do material sobre o campo. O espaço é, 
então, dividido em três partes distintas conforme 
figura abaixo. Esta divisa ̃o permitira ́ menor risco de 
contaminac ̧ão dos materiais. Após a disposiça ̃o do 
material, e antes de iniciar o exame especular 
propriamente dito, o examinador calc ̧ará uma luva na 
mão esquerda (preferentemente estéril, descartável 
e siliconizada). Para a introdução do espéculo, 
considerando um indivíduo destro, o examinador 
afastara ́ os grandes e pequenos la ́bios com o polegar 
e o 3o dedo da ma ̃o esquerda para que o espe ́culo 
possa ser introduzido suavemente na vagina. A ma ̃o 
direita, que introduzira ́ o espe ́culo, devera ́ pega ́-lo 
pelo cabo e borboleta. 
O espe ́culo e ́ introduzido fechado. Apo ́ia-se o 
espe ́culo sobre a fu ́rcula, ligeiramente obli ́quo (para 
evitar lesa ̃o uretral), e faz-se sua introduc ̧ão 
lentamente; antes de ser completamente colocado 
na vagina, quando estiver em meio caminho, deve ser 
rodado, ficando as valvas paralelas a ̀s paredes 
anteriores e porterior; posic ̧ão que ocupará no 
exame. A extremidade do aparelho será orientada 
para baixo e para trás, na direção do cóccix, 
enquanto é aberto. Na abertura do espéculo, a mão 
esquerda segura e firma a valva anterior do mesmo, 
para que a ma ̃o direita possa, girando a borboleta 
para o sentido hora ́rio, abri-lo e expor o colo 
uterino. Observa-se, enta ̃o, se o colo ja ́ se 
apresenta entre as valvas, devendo o mesmo ser 
completamente exposto. Nem sempre o colo 
localiza-se na posic ̧ão descrita anteriormente; 
nestes casos deve ser localizado através de 
movimentaça ̃o delicada do espe ́culo semi-aberto. 
Executada esta etapa, a luva da ma ̃o esquerda que 
afastou os la ́bios vaginais e firmou a valva anterior 
do espe ́culo para exposic ̧ão do colo, encontra-se 
contaminada por secreções da paciente; assim, 
deverá ser retirada e executar o restante do exame 
sem luvas (desta etapa em diante não haverá 
contato com a pele ou mucosas da paciente, apenas 
com instrumentais) tendo o extremo cuidado para 
evitar contaminac ̧ão. 
O colo e ́ enta ̃o inspecionado; pacientes nuli ́paras 
geralmente te ̂m o orifício externo puntiforme ao 
passo que nas que já tiveram parto vaginal este 
apresenta-se em forma de fenda; mulheres na po ́s- 
menopausa tem o colo atro ́fico, e nas mais idosas 
pode ser difi ́cil identifica ́-lo. A inspec ̧ão deve avaliar 
presença de “manchas”, lesões vegetantes, 
lacerações, etc. 
A seguir e ́ coletado material para o exame da 
secrec ̧ão vaginal, para o exame citopatolo ́gico, e ́ 
realizado o teste de Schiller, e colposcopia e 
bio ́psia, estas u ́ltimas quando se aplicarem. OBS.: 
Atenc ̧ão muito grande deve ser dada para evitar a 
contaminação de materiais com as secrec ̧ões da 
paciente. Da mesma forma, na ̃o expo ̂-la a 
contaminações por atitudes negligentes. 
A retirada do espéculo é efetuada em manobra 
inversa à da sua colocação; durante sua retirada, 
deve-se examinar as paredes vaginais anterior e 
posterior. 
O excesso de secrec ̧ão que se acumula no intro ́ito 
vaginal e vulva, apo ́s o exame especular, deve ser 
secado com a pinc ̧a Cheron e gaze. Após o uso, o 
espéculo e a pinça Cheron devem ser colocados no 
balde coletor para sua posterior lavagem e 
esterilização. 
Apo ́s o exame especular e ́ realizado o exame de 
toque vaginal. 
OBS: deve haver extremo cuidado com o manuseio 
do material de sala (almotolias, la ̂mpada, gavetas, 
bancos, mesas, instrumentos, etc...) de forma que 
não haja contaminação com as luvas usadas no exame 
físico. 
Camyla Bringel 
- Coleta de material para exame direto do conteu ́do 
vaginal: 
E ́ efetuado coletando com uma espa ́tula um raspado 
do fundo de saco vaginal que sera ́ dilui ́do em la ̂mina 
previamente preparada com uma gota de soro 
fisiológico, KOH a 10% ou outros corantes. 
- Coleta de material para citopatologia 
cervicovaginal: 
O exame citolo ́gico de amostras cervicovaginais 
(citopatolo ́gico, preventivo, exame de Papanicolau, 
pap test) e ́ fundamental para prevenc ̧ão e detecção 
do câncer de colo de útero. O esfregaço ideal é o 
que contém numero suficiente de células epiteliais 
colhidas sob a visão direta e refletindo os 
componentes endo e ectocervicais, ja ́ que a maioria 
dos processos neopla ́sicos se inicia na zona de 
transformac ̧ão (junção escamocolunar - JEC). Para 
isso a coleta será efetuada em duas lâminas. A 
primeira utilizará a espátula de Ayre com sua 
extremidade fenestrada, que sera ́ adaptada ao 
orifi ́cio cervical externo, fazendo uma rotac ̧ão de 
360o, possibilitando o raspado sobre a JEC na maior 
parte das vezes, principalmente na paciente pré-
menopáusica. A seguir, será utilizada uma escova 
endocervical, que sera ́ introduzida nos primeiros 2 
cm do canal, rotando va ́rias vezes no canal cervical; 
esta coleta e ́ imprescindi ́vel na mulher po ́s-
menopa ́usica que tem a JEC interiorizada no canal 
endocervical. 
Nas duas modalidades de coleta, o material devera ́ 
ser colocado sobre a la ̂mina de forma tênue e 
continuada em toda sua extensão, sendo 
imediatamente fixado com “fixador citológico” 
(polietilenoglicol). OBS: Cuidar para na ̃o dar jatos 
com fixador, o que pode determinar uma lavagem da 
la ̂mina ao invés de fixac ̧ão das células. 
OBS: Deve ser dada atenc ̧ão integral à técnica de 
coleta pois as falhas de amostragem são, 
provavelmente, a causa mais importante de falsos 
diagnósticos. A causa mais aceita para diagnósticos 
falso- negativos seria a falha na coleta, onde com 
uma amostragem insuficiente na ̃o evidenciaria as 
ce ́lulas alteradas. 
- Teste de Schiller: 
E ́ feita atrave ́s da deposic ̧ão da solução de Lugol 
(iodo-iodetada) no colo uterino, que provoca uma 
coloração marron acaju nas células que conte ̂m 
glicogênio, como é o caso das células das camadas 
superficiais do epitélio que recobre o colo e a 
vagina. A intensidade da coloração é proporcional à 
quantidade de glicogênio contido nas células. Assim, 
o iodo cora fracamente as regiões de epite ́lio 
atro ́fico e na ̃o cora a mucosa glandular que na ̃o 
conte ́m glicoge ̂nio. As zonas que apresentam 
modificac ̧ões patológicas na ̃o adquirem colorac ̧ão, 
sendo chamadas iodo-negativas ou Teste de Schiller 
positivo. Ao contrário, quando o colo se apresenta 
totalmente corado pelo iodo teremos colo iodo 
positivo ou Teste de Schiller negativo. 
Antes da colocac ̧ão da solução de Lugol deve-se 
retirar secrec ̧ões que eventualmente recubram o 
colo, as quais provocariam falsos resultados iodo 
negativos ou Schiller positivo. 
- Colposcopia: 
A colposcopia pode ser definida como me ́todo 
complementar, com o qual e ́ possi ́vel reconhecer, 
delimitar e diagnosticar os diferentes aspectos 
normais e anormais da ectoce ́rvice e da vagina, com 
aumentos de 12 a 29 vezes, conforme o instrumento 
utilizado. Dois reativos devem ser obrigatoriamente 
utilizados no curso da colposcopiapara mostrar a 
diferenc ̧a de estrutura e de composição química do 
epitélio pavimentoso normal. 
O primeiro, o ácido acético – utilizado no colo 
uterino a 2% - tem como principal efeito o de 
coagular as proteínas citoplasmáticas e nucleares do 
epitélio pavimentoso e de torna ́-las brancas. Apo ́s a 
aplicac ̧ão do ácido acético, o epitélio pavimentoso 
anormalmente carregado em proteínas, torna-se 
branco progressivamente. Entre 10 a 30 segundos 
teremos a imagem colposcópica das lesões matrizes. 
Estas serão, então, na maior parte das vezes 
biopsiadas. O segundo reativo, o iodo ou soluc ̧ão de 
Lugol já foi comentado anteriormente. Quando da 
necessidade da realização da vulvoscopia utiliza-se o 
ácido acético a 5% para evidenciar as lesões 
matrizes, e corantes como o azul de Toluidina. 
C.2.2. TOQUE GENITAL: 
Define-se toque como sendo a manobra para avaliar 
os o ́rga ̃os genitais internos, que pode ser vaginal ou 
retal, dependendo da situac ̧ão da paciente (virgem 
ou não) ou da patologia. 
O toque genital deve ser sistema ́tico no decorrer do 
exame fi ́sico ginecolo ́gico, sempre apo ́s o exame dos 
o ́rga ̃os genitais externos e do exame especular. 
Devera ́, sempre, ser realizado com uma luva nova e 
com cuidados de assepsia. Caso seja necessa ́rio o 
toque retal a luva devera ́ ser trocada novamente. 
A ma ̃o que efetua o toque e ́ calc ̧ada com uma luva 
estéril e umedecesse com gel lubrificante os dois 
dedos que penetrarão na cúpula vaginal (2o e 3o 
dedos). OBS: a almotolia não deve tocar na luva. 
O examinador deve apoiar o pé ipsilateral a ̀ ma ̃o que 
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realiza o exame em um no segundo degrau da 
escadinha, e o brac ̧o deve ficar apoiado sobre o 
joelho para não transferir seu peso para a vagina. O 
polegar, o 4o e 5o dedos da mão examinadora farão 
o afastamento dos grandes e pequenos la ́bios da 
vulva, dando a abertura suficiente para que o 2o e 
3o dedos entrem na vagina sem carregar 
contaminac ̧ão (em algumas situações, por questão de 
conforto da paciente utiliza-se só o indicador), os 
quais devem dirigir-se ao fundo de saco e 
identificar o colo. Este deve ser mobilizado la ́tero- 
lateralmente, a ̂ntero-posteriormente e 
superiormente, buscando avaliar a mobilidade do 
útero e, principalmente, se estas manobrar 
provocam dor. O examinador procede ao exame de 
toque dos fundos de saco posterior e anterior, 
deslizando tambe ́m nas porc ̧ões mais superiores e 
laterais da vagina. Ali, busca por nódulos, retrações, 
espessamentos ou tumorações. A seguir passa-se ao 
toque bimanual, no qual a utiliza-se a palpação 
associada da pelve. Com os dois dedos tocando a 
ce ́rvice, o examinador eleva o u ́tero em direc ̧ão a 
parede abdominal, onde a mão livre é suavemente 
colocada sobre o abdômen e vai deslizando de cima 
para baixo até que o útero se ponha entre as duas 
mãos e possa ser palpado. Na palpac ̧ão observar o 
tamanho, consistência, regularidade e mobilidade do 
órgão e as dores que, eventualmente, podem surgir. 
Feito isso, os dedos são dirigidos para as laterais do 
fundo de saco anterior na busca da palpação dos 
ova ́rios, sendo feita a mesma manobra descrita para 
o u ́tero, pore ́m, agora, a ma ̃o livre e ́ dirigida para 
cada zona de projec ̧ão dos ovários. 
Ao retirar os dedos da vagina o movimento deve ser 
suave. No te ́rmino do exame, a vulva, lambuzada por 
gel e secrec ̧ões, é limpa com auxi ́lio de gazes ou 
folhas de papel absorvente. 
Para o toque retal, introduz-se o dedo indicador no 
a ̂nus. Este exame comumente é reservado para as 
pacientes que nunca tiveram relações sexuais ou 
como complementar do exame vaginal (avaliação de 
parame ́trio, por exemplo). 
Explicar para a paciente que o exame terminou e 
gentilmente auxilia-la a sair do leito, oferecendo a 
ma ̃o para apoio. 
**Atenc ̧ão: Se julgar necessa ́rio, o examinador 
executara ́ todos os passos aqui descritos para o 
exame especular e de toque vaginal calc ̧ando 
previamente um par de luvas de la ́tex (luva de 
procedimento) para seguranc ̧a adicional. A seqüência 
do exame ou sua dinâmica não deverá ser mudada em 
nada.

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