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REVISÃO HEMATOLOGIA ANEMIAS ANEMIA FERROPRIVA FERRO 75% -nas hemácias, ligado ao grupo heme da hemoglobina. 25% -ligado a ferritina e hemossiderina (armazenamentos) -Células intestinais, baço e medula óssea. 2% -no plasma com a transferrina CICLO DO FERRO Ingestão: heme (origem animal) e não heme (origem vegetal) Absorção: na mucosa intestinal -Pode ser incorporado a ferritina presente na mucosa ou ser transportado através da célula por um transportador de membrana (ferroportina) -e se liga a transferrina - O ferro só se liga à transferrina se tiver necessidade corpórea. - Hepcidina: hormônio que inibe o transporte de ferro pela transferrina Ligado a transferrina o ferro chega nos tecidos do corpo Na medula óssea: a transferrina + ferro atinge receptores nas hemácias e são internalizados. Se dissociam. A transferrina é exocitada para ser aproveitada novamente. Ferro pode ser armazenado pela ferritina ou formar uma molécula de hemoglobina Quando as hemácias são fagocitadas (120 dias): hemoglobina -globina e heme (quebrado pela heme-oxigenase) -ferro e biliverdina. Pode ser armazenado ou transportado e novamente captado pela medula óssea. ANEMIA FERROPRIVA ETIOLOGIAS - Defeitos na absorção: gastrectomia - Ingestão insuficiente - Perdas sanguíneas crônicas: CA, hipermenorreia, doença de Chron - Parasitoses - Internação com retirada frequente de sangue - Doação frequente ANEMIA FERROPRIVA CLÍNICA Assintomáticos ou sintomas arrastados Fadiga, insônia, cefaleia Glossite (ardência e língua despapilada) Queilite angular Perversão do apetite: paroxia (desejo de comer alimentos de baixo valor nutricional como terra). Exame físico: palidez cutâneo mucosa e sopro pancardíaco ANEMIA FERROPRIVA EXAMES: ● Ferro sérico: baixo ● Ferritina sérica: Primeiro exame a se alterar. <15 é típico de anemia ferropriva. >60 praticamente afasta. ● Hemograma: primeiro normocrômica e normocítica. Depois microcítica e hipocrômica. Anisocitose (diferencia da talassemia que tem RDW normal) ● TIBC (250-360): Dosa a transferrina sérica. TIBC aumenta na anemia ferropriva, pois começa a ser produzida mais transferrina para compensar. ● Saturação de transferrina: Ferro sérico/TIBC. Diminui na anemia ferropriva. ANEMIA FERROPRIVA EVOLUÇÃO: 1. Depleção dos estoques de ferro: situação de balanço negativo de ferro (sai mais do que entra). Os estoques começam a ser mobilizados até o esgotamento. Ferro sérico ainda está normal. Saturação de transferrina e TIBC normais. Ferritina é a primeira a baixar. 2. Eritropoiese deficiente de ferro: começa quando os estoques acabam. Ausência de ferro na medula óssea. Ferro sérico diminui. Ferritina tá muito baixa. TIBC aumenta. Saturação de transferrina cai. 3. Anemia ferropriva: Ferritina persistentemente baixa. Queda mais acentuada do ferro sérico. Saturação de transferrina ainda mais baixa. Alterações morfológicas nas hemácias -Microcitose e hipocromia. Anisocitose. ANEMIA FERROPRIVA TRATAMENTO: 60 mg de ferro elementar (ou 300 mg de sulfato ferroso) 3-4x por dia. Em jejum 1-2 horas antes das refeições, associado a vitamina C. - Em casos de náuseas, vômitos, desconforto epigástrico, diarreia -Dá junto com a refeição Ferro parenteral (EV): ferro-dextran, gluconato férrico de sódio e ferro-sucrose. noripurum. - Síndromes de má absorção duodenojejunal (doença celíaca); - Intolerância às preparações orais; - Anemia ferropriva refratária à terapia oral, apesar da adesão terapêutica; - Necessidade de reposição imediata dos estoques de ferro, quando utilizamos, por exemplo, a eritropoietina recombinante humana em pacientes com insuficiência renal crônica em tratamento dialítico. ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA Anemia moderada em pacientes com condições geralmente inflamatórias ou neoplásicas quando estão presentes a mais de 20-60 dias. CLÍNICA Geralmente é assintomática, exceto pela doença de base. Ou pode ter sintomas gerais de anemia. ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA FISIOPATOLOGIA Os estados inflamatórios e neoplásicos liberam citocinas (IL-1, IL-6, TNF-alfa, interferon gama) que: - Reduzem a vida da hemácia (80 dias) - Reduzem a produção renal de eritropoietina - Aprisionam o ferro em seus locais de depósito IL-6 estimula a produção de Hepcidina (impede a ligação do ferro com a transferrina) IL-1 estimula a produção de lactoferrina (semelhante a transferrina e compete pelo ferro) ANEMIA DA DOENÇA CRÔNICA EXAMES: ● Ferro sérico: baixo ● Ferritina: normal ou alto (aprisionamento nos locais de armazenamento) ● TIBC: normal ou baixo ● Saturação de transferrina: levemente baixa ● Hemograma: Normocítica-hipocrômica ou microcítica-hipocrômica ou normocítica-normocrômica TRATAMENTO: Tratar a doença base Em casos de anemia grave: tratar com eritropoietina recombinante ANEMIA MEGALOBLÁSTICA Bloqueio na síntese de DNA Os megaloblastos são reconhecidos como células defeituosas pelos macrófagos da medula óssea e são destruídos no interior da própria medula (eritropoiese ineficaz). Geralmente causada pela deficiência de B12 ou ácido fólico ou medicamentos que interferem nos ciclos ou na síntese de DNA ANEMIA MEGALOBLÁSTICA ÁCIDO FÓLICO Principal fonte: vegetais verdes. É absorvido pelo duodeno e jejuno proximal -As enzimas carboxipeptidases convertem o poliglutamato em mono ou diglutamato e permitem a pronta absorção Circula no plasma como Metiltetraidrofolato como monoglutamato Quando penetra nas células -Grupamento metil é retirado por uma enzima que depende da B12 -libera no citopasma o Tetraidrofolato (poliglutamato) -Forma ativa A maior parte fica armazenada no fígado -É secretada pela bile para ser absorvida no jejuno. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA VITAMINA B12 Ingestão por componentes de origem animal: carnes, ovos, laticínios Vem ligada a proteínas alimentares -Sofre ação do ácido gástrico e da pepsina para se desprender -Se liga a glicoproteína (ligante R) -No duodeno a ligação é quebrada por proteases B12 é liberada e captada pelo fator intrínseco Prossegue para o íleo distal -Possui receptores na mucosa que possibilitam a absorção da vitamina No interior da mucosa se liga a uma proteína transportadora (transcobalamina II) e é transportada para o plasma. Se desprende e passa a ser transportada pela TC I e TC III - Anemia perniciosa: causa mais comum de Deficiência de B12. 45-65 anos. Mais comum em mulheres. Desenvolvimento de auto anticorpos que atacam células gástrica -Reduzem a produção de pepsina, ácido e fator intrínseco -Anemia megaloblástica por má absorção de B12. ANEMIA MEGALOBÁSTICA ANEMIA MEGALOBLÁSTICA B12 Hematológico: queixas referentes a anemia (palpitações, fraqueza, cefaléia, irritabilidade, fadiga) Digestivas: diarreia e perda ponderal Neurológicas: parestesia em extremidades (polineuropatia), diminuição da sensibilidade profunda, desequilíbrio, fraqueza, déficits cognitivos, demência - Só respondem ao tratamento nos primeiros 6 meses ÁCIDO FÓLICO Não ocorre manifestações neurológicas Achados digestivos mais exuberantes Pacientes mais desnutridos Hiperpigmentação da pele ou de pregas cutâneas ANEMIA MEGALOBLÁSTICA EXAMES ● Hemograma: VCM aumentado. Anisocitose. Pode ter pancitopenia moderada. ● Esfregaço: macroovalócitos (eritrócitos grandes e ovais completamente hemoglobinizados). neutrófilos segmentados. ● Mielograma: hipercelular. ● B12 sérica (200-900): menor que 200 é deficiência ● Ácido fólico sérico (2,5-20): diminuído ● LDH e bilirrubina indireta aumentas: indicativo de hemólise. ● Ácido metilmalônico: elevado na deficiência de B12. ● Anticorpo anti fator intrínseco: Para investigar anemia perniciosa. ANEMIA MEGALOBLÁSTICA B12 Cianocobalamina ou hidroxicobalamina via parenteral. IM dose de 1000 unidades ÁCIDO FÓLICO 1-5 mg/dia VO até 15 mg/dia se for problema de absorção. Pode usar parenteral, mas é raro A anemia começa a melhorar após dez dias da reposição e regride completamente após 1-2 meses. Aumento dos reticulócitos com um pico reticulocitário dentro de 5-7 dias.O quadro neurológico melhora após 4-6 semanas. ANEMIA SIDEROBLÁSTICA Anemia com depósito de ferro nas mitocôndrias das hemácias FISIOPATOLOGIA Distúrbio na síntese do heme (por mutação, de forma idiopática ou por substâncias como etanol) - Prejuízo a síntese de hemoglobina (hipocromia e anemia) - Acúmulo de ferro na mitocôndria A formação do heme inibe a captação de ferro pela hemácia. Com distúrbio na síntese muito ferro se acumula dentro -Formação de SIDEROBLASTOS EM ANEL Destruição da hemácia Diminuição de heme + eritropoiese ineficaz = Aumento da absorção de ferro > Pode ter sobrecarga ANEMIA SIDEROBLÁSTICA EXAMES ● Hemograma: microcitose e hipocromia. Anisocitose. ● Ferro sérico: alto ● Ferritina sérica: normal ou alta ● TIBC: normal ● Saturação de transferrina: alta ● Mielograma: Sideroblastos em anel >15% ANEMIA SIDEROBLÁSTICA 1. HEREDITÁRIA: Mais comum em homens. Microcítica e hipocrômica com anisocitose. Lesões orgânicas da hemossiderose (cardiomiopatia, cirrose, hiperpigmentação, DM secundária) 2. ADQUIRIDA IDIOPÁTICA: Adultos de meia idade ou idosos. Anemia leve a moderada, progressiva até estabilização. Hemocromatose. Anemia normocítica ou levemente macrocítica. 3. ADQUIRIDA REVERSÍVEL: Alcoolismo. Geralmente macrocítica. TRATAMENTO Piridoxina (vit B6) 100-200 mg/dia por 3 meses. TALASSEMIAS Desordens hereditárias que possuem deficiência na síntese das cadeias de globina BETATALASSEMIA 1. MAIOR: Quadro de extrema letalidade -Depende de hipertransfusão. Anemia grave e icterícia. Deformidades ósseas. Hepatoesplenomegalia de grande monta. Anemia microcítica e hipocrômica. Aumento da bilirrubina indireta e LDH. Reticulocitose. 2. INTERMEDIA: Produção intermediária de cadeias beta. Mais brando. Adolescentes ou adultos. Anemia crônica mais moderada. Deformidades ósseas, icterícia, litíase biliar e esplenomegalia moderada. 3. MINOR: Assintomáticos. Anemia discreta microcítica e hipocrômica. Não precisa de tratamento ELETROFOSERE DE HEMOGLOBINA: Confirma betatalassemia. ANEMIA HEMOLÍTICA Hemólise: destruição prematura das hemácias na periferia. - Meia vida <20 dias: ANEMIA - Meia vida reduzida, mas ainda >20, há apenas hemólise compensada. ● Extravascular: Hemácias são destruídas no tecido reticuloendotelial. Alterações hereditárias ou adquiridas afetam os eritrócitos e dificultam sua passagem pelas fendas sinusoidais -Aumentam o contato das hemácias com os macrófagos ● Intravascular: Hemácias são destruídas na própria circulação, geralmente causada por anormalidades adquiridas (trauma mecânico, destruição imunológica ou fatores tóxicos) ANEMIA HEMOLÍTICA CONSEQUÊNCIAS 1. Resposta medular: A destruição estimula a produção de eritropoetina pelo rim. Estimula a maturação de eritroblastos -Reticulócitos 2. Bilirrubina indireta: A hemácia libera seu conteúdo quando é destruída. Os macrófagos metabolizam a hemoglobina e separam Ferro e biliverdina. A biliverdina é convertida em bilirrubina indireta 3. Formação de cálculos biliares: Aumento da produção de bilirrubina. ANEMIA HEMOLÍTICA ANEMIA HEMOLÍTICA CLÍNICA ● Sinais e sintomas de anemia (fraqueza, cansaço, palidez, etc) ● Icterícia: Geralmente leve ● História familiar de anemia ● Uso de medicamentos: fármacos que possam causar hemólise ● Urina avermelhada ou marrom (hemoglobinúria): hemólise intravascular ANEMIA HEMOLÍTICA EXAMES ● Desidrogenase lática (<240): aumentada ● Haptoglobina: diminui ou fica indetectável ● Hemograma: anemia normocítica e normocrômica. ● Hemoglobinemia ● Hemoglobinúria ● Hemopexina: reduz ● Metemalbumina: aumenta Sinais de hemólise intravascular ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE Mais importante anemia hemolítica adquirida. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA Deficiência de proteínas do citoesqueleto da hemácia -Perde seu formato bicôncavo e se transforma em um esferócito. São destruídas na passagem pelo baço. ● Anemia geralmente moderada micro ou normocítica -hipercrômica. ● Criança ou adulto jovem ● Esplenomegalia, icterícia, anemia leve a moderada, litíase biliar. ● Diagnóstico: anemia hemolítica crônica. Reticulócitos e microesferócitos no sangue periférico. Ausência de coombs direto positivo. ● Tratamento: Esplenectomia DEFICIÊNCIA DE G6PD Deficiência da enzima Glicose-6-Fosfato Desidrogenase. Herança recessiva ligada ao X. Sexo masculino. Adulto jovem. - A enzima protege a hemoglobina e a membrana da hemácia de radicais livres de O2. Crises hemolíticas precipitadas por algum estresse oxidativo (infecções, drogas) Hemólise intravascular aguda (febre, lombalgia, palidez, icterícia) 2-4 dias após o fator precipitante. ● Diagnóstico: Sangue periférico com células mordidas ou bolhosas. Corpos de Heinz. Dosar atividade da G6PD ● Tratamento: não específico. Hemotransfusão e suporte clínico. ANEMIA FALCIFORME Ocorrência de hemácias falcizadas devido a mutação no gene da globina -Hemólise, oclusão microvascular e inflamação sistêmica. Sexo masculino e negros. ● Sintomas: geralmente após alguns meses de vida. Aguda: crise vaso-oclusiva, infarto pulmonar, anemia aguda. Órgãos alvo -baço, ossos, rins, cérebro, pulmões, pele e coração. Aborto. ● Diagnóstico: Aumento da BI, hiperplasia medular e elevação dos reticulócitos, diminuição da haptoglobina. Macrocítica. Leucócitos e plaquetas aumentadas. Proteína C aumentada na fase aguda. Análise da hemoglobina por cromatografia líquida de alta eficiência. Eletroforese de hemoglobina. Análise genética. ● Teste do pezinho (2-30 dias de vida) HEMOSTASIA HEMOSTASIA Processo fisiológico encarregado de parar o sangramento 1. PRIMÁRIA: estanca o sangramento e forma o trombo. - Adesão plaquetária -Quando ocorre lesão do vaso -Endotélio é rompido e expõe a matriz subendotelial onde tem colágeno. Proteína GP6 da plaqueta se liga ao colágeno. Ela rola sobre a área lesada. Quem faz o tampão permanecer agarrado é o fator de Von Willebrand (se não existisse as plaquetas seriam arrastadas para longe do colágeno). - Ativação plaquetária: Estimuladas pelos agonistas plaquetários (colágeno, epinefrina e trombina). Induz a síntese de tromboxano pela COX 1. - Agregação plaquetária HEMOSTASIA 2. SECUNDÁRIA - VIA INTRÍNSECA Lesão vascular - vaso libera fatores tissulares (colágeno) -ativam o fator 12 (fator 12-ativado) -ativa fator 11 - fator 11 ativado na presença do cálcio ativa o fator 9 - fator 9 ativado na presença de cálcio e fator 8 ativa o fator 10 -10 ativado na presença de cálcio e fator 5 -ativa o fator 2 (protrombina) -ativado (trombina) -ativa o fator 1 (fibrinogênio) -fator 1 ativado (fibrina). Estanca de forma mais permanente o sangramento. - VIA EXTRÍNSECA fatores tissulares (tromboplastina) -ativa o fator 7 -ativa o fator 10 -VIA COMUM (igual a intrínseca). HEMOSTASIA EXAMES ● Contagem de plaquetas (150.000-450.000) ● Tempo de sangramento: 3-7 minutos. Se tiver alterado ● Tempo de coagulação: tempo para coagular num tubo na temperatura corporal ● TTPA: secundária. avalia intrínseca ● TP: secundária. avalia na extrínseca ● Tempo de trombina ● Dosagem do fibrinogênio DOENÇA DE VON WILLEBRAND Desordem hemorrágica mais comum. O fator é responsável pela adesividade plaquetária ao colágeno nos sítios de lesão endotelial. Funciona também como proteína de transporte do fator 8. - Tipo 1: 80% dos casos. Redução leve a moderada nos níveis plasmáticos. - Tipo 2: níveis plasmáticos são normais. Mas há um defeito qualitativo. - Tipo 3: Ausência quase total do fator. Quadro mais grave. Atividade do fator 8 muito baixa. EXAMES: tempo de sangramento prolongado. PTTA pode ta alargado pela deficiência secundária de fator 8. Medida da atividade do fator (Teste de Ristocetina). Dosar o fator 8. Medida do antígeno do fator por ELISA. TRATAMENTO: Desmopressina IV 0,3 microg/kg em 50 ml de SF em 20 min ou subcutânea ou nasal (150 microg spray em cada narina): para profilaxia. Reposição de concentrados ricos no fator em casos de sangramentograve, refratários. Antifibrinolíticos: profilaxia em pacientes brandos. EACA 6g VO 6/6 horas por 3-4 dias após o procedimento HEMOFILIAS Distúrbios da coagulação de caráter hereditário. Quase exclusivos do sexo masculino. Atividade muito baixa do fator 8 (hemofilia A) ou do fator 9 (hemofilia B). CLÍNICA 2-4 anos quando a criança começa a andar sem ajuda dos pais. Aparecimento de hemartroses (monoartrite de grandes articulações). Articulação inflamada, semi fletida, com eritema e difícil mobilização. Hematomas intramusculares, retroperitoneais, sangramento GI e geniturinário. Hemorragia intracraniana. EXAMES PTTa alargado TAP alargado Ensaio específico para os fatores 8 e 9 TRATAMENTO A: fator 8 purificado ou fator 8 recombinante. Desmopressina. Antifibrinolíticos. B: reposição de fator 9 purificado ou fator 9 recombinante. APLASIA MEDULAR Doença rara causada por uma disfunção da medula óssea que se torna incapaz de produzir células sanguíneas. Evolui de maneira grave. Pode ser por fármacos, agrotóxico, radiação, quimioterápicos, infecções e idiopática. Provavelmente de natureza imune dependente de linfócitos T CLÍNICA anemia (fadiga, inapetência, palidez mucosa), plaquetopenia (petéquias, equimoses, hemorragia de mucosas, neutropenia (febre e risco de infecções) DIAGNÓSTICO ● Hemograma: pancitopenia. Anemia moderada ou grave, normocítica ou macrocítica. ● Reticulócitos baixos. Medula hipoproliferativa. ● Biópsia de medula: hipocelularidade e lipossubstituição APLASIA MEDULAR TRATAMENTO ATB de amplo espectro -Cefepime Reposição de hemácias se Hb <7 Transplante de medula óssea Imunossupressão: Globulina antitimócito IV em infusão lenta. 40 mg/kg/dia por 5 dias. Ciclosporina 6 mg/kg/dia VO por mais ou menos 6 meses - Se não tratada: 25% evolui de forma agressiva e fulminante com sobrevida de 4 meses. 10% tem evolução favorável com recuperação completa ou parcial da função medular. O resto evolui para óbito. PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA Plaquetas são destruídas prematuramente pela existência de anticorpos que se ligam a sua superfície. São opsonizadas por anticorpos IgG e reconhecidas e destruídas no baço e fígado. Sem causa específica Vida média que antes era 7-10 dias passa a ser horas. Medula tenta compensar a destruição -Libera muitas plaquetas imaturas ● Infantil (aguda): <3 meses. 1-4 anos. Muitos casos ocorrem 1-4 semanas após infecção viral, exantemática ou vacinação. Manifestações hemorrágicas raras. ● Adulta (crônica): >12 meses. Sexo feminino. 20-40 anos. Geralmente sem antecedentes de infecção. Curso flutuantes com episódios de sangramento durando dias a semanas. Remissão espontânea rara. PTI MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Petéquias. Equimoses em região dorsal e coxas. Sangramentos gengivais. Epistaxe. <10.000 plaquetas: sangramentos com risco de vida como hemorragia cerebral. DIAGNÓSTICO: Exclusão. Pacientes com trombocitopenia <50.000. Esfregaço periférico com diminuição do número de plaquetas. Plaquetopenia e mais nada. Plaquetas aumentadas de volume (MPV >12) e anisocitose plaquetária. Tempo de sangramento aumentado. PTI TRATAMENTO ● Assintomáticos ou sangramentos pouco expressivos: tratamento conservador. Observar evolução e evitar esportes de contato e medicamentos antiplaquetários e anticoagulantes. ● Glicocorticoide: Predinisona 1-2 mg/kg/dia por 2-4 semanas. ● Imunoglobulina humana IV 0,8-1 g/kg/dia por 1-2 dias. ● Imunoglobulina anti-D apenas quando Coombs direto for negativo: 50-75 mcg/kg DU ● Transfusão de plaquetas contraindicada: anticorpos vão se ligar as plaquetas transfundidas e causar destruição ainda maior. Só faz em hemorragia muito grave. ● Pacientes refratários: Rituximab ou agonistas do receptor de trombopoietina. Esplenectomia. Adulto: - Assintomáticos com plaquetas >30.000: acompanhar a evolução. - Plaquetas <30.000 ou >30.000 e sintomas hemorrágicos: trata. Glicocorticóides em monoterapia (prednisona 1 mg/kg/dia) - Se plaquetopenia <30.000 persistir ou voltar após o final do tratamento: esplenectomia, rituximab, imunoglobulina humana intravenosa PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA Oclusão trombótica disseminada da microcirculação Mais comum em mulheres 20-40 anos. - Deficiência de ADAMST-13: proteína responsável por clivar o fator de von willebrand. Se não cliva, ele fica em excesso e estimula a agregação plaquetária. Ocorre a formação de microtrombos formados por plaquetas, fvw e um pouco de fibirna. Causam isquemia de múltiplos órgãos, lise de hemácias e consumo de plaquetas CLÍNICA Pêntade: anemia hemolítica, trombocitopenia, sintomas neurológicos, febre e insuficiência renal Mal estar, fraqueza, quadro neurológico (cefaléia, paralisia de pares cranianos, confusão mental, convulsões, etc). Púrpuras. Mucosas descoradas e ligeiramente ictéricas. PTT EXAMES ● Anemia hemolítica (aumento da BI, reticulocitose acentuada, aumento do LDH) ● Trombocitopenia ● Esfregaço: ESQUIZÓCITOS ● TP e TTPa normais. TRATAMENTO Plasmaférese: retira-se diariamente todo o plasma do paciente e troca por unidades de plasma fresco Prednisona 2 mg/kg/dia - Transfusão de plaquetas é CONTRAINDICADA pelo risco da formação de microtrombos. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA Grave desordem adquirida relacionada a estresses (sepse, complicações obstétricas, neoplasias, politrauma, queimaduras, etc) Liberação do fator tecidual -Coagulação exacerbada -Consome plaquetas (trombocitopenia), destrói hemácias, consome fatores de coagulação e obstrui pequenos vasos. Trombos constituídos principalmente de fibrina. - Aguda: relacionada a sepse, trauma, complicações obstétricas, queimaduras. O consumo dos fatores de coagulação não consegue ser compensado pela produção hepática e medular. Muito mais sangramentos - Crônica: Neoplasias. Resposta compensatória hepática e medular. Manifestações principais são tromboses. CIVD EXAMES ● Hipofibinogenemia (<70-100) ● Aumento dos produtos de degradação da fibrina: D-dímero ● Alargamento TTPa, TP, TT e INR ● Trombocitopenia ● Anemia hemolítica com esquizócitos TRATAMENTO Reposição de plaquetas se <50.000, plasma fresco e crioprecipitado. Heparina para eventos trombóticos. SÍNDROME HEMOLÍTICA URÊMICA Crianças até 5 anos Etiologia relacionada a infecção pela toxina Shiga -Causa lesão vascular renal -Liberação de substâncias vasoativas e agregantes plaquetários -Edema e microtrombos. Os eritrócitos não conseguem passar pelos glomérulos e são destruídos (anemia microangiopática) CLÍNICA Tríade: IRA, anemia microangiopática e trombocitopenia. Palidez, formação de petéquias e hematomas. Gastrenterite e diarreia sanguinolenta. Febre e sintomas neurológicos são mais raros EXAMES Anemia hemolítica: BI aumentada, LDH aumentado. Função renal alterada Identificação da bactéria por coprocultura ou pesquisa de anticorpos Anti-LPS EVENTOS TROMBOEMBÓLICOS EVENTOS TROMBOEMBÓLICOS GENÉTICOS - Mutação do fator V de Leiden, que causa resistência à proteína C ativada (APC) - Mutação do gene 20210 de protrombina - Deficiência de proteína C - Deficiência de proteína S - Deficiência de proteína Z - Deficiência de antitrombina - Hiper-homocisteinemia EVENTOS TROMBOEMBÓLICOS ADQUIRIDOS - Aterosclerose: aumenta o risco de trombos arteriais. Quando a placa se rompe, libera fator tecidual, ativa a coagulação e inicia a agregação plaquetária no local - CA: Secreta uma protease ativadora do fator 10, expressa o fator tecidual, ativa a coagulação. - Infecção grave: aumenta a expressão do fator tecidual e inicia a coagulação. risco de trombose venosa. - ACO com estrógeno - Induzida por heparina - Lesão tecidual: trauma ou cirurgia - Estase venosa: cirurgia, imobilização, IC, gestação, obesidade. EVENTOS TROMBOEMBÓLICOS CLÍNICA ● Precordialgia e dispneia: possível embolia pulmonar ● Calor, rubor e edema nos membros inferiores: trombose venosa profunda (TVP) ● Fraqueza/parestesia em um dimídio, problemas de fala e problemas de equilíbrio e caminhar:possível acidente vascular encefálico isquêmico ● Dor abdominal: possível isquemia mesentérica EVENTOS TROMBOEMBÓLICOS SAAF Condição adquirida, sistêmica, auto imune, caracterizada por tromboses recorrentes. Pode ser primária ou secundária (lúpus, infecções, fármacos e outros) EPIDEMIOLOGIA Mais comum no sexo feminino Jovens ou adultos de meia idade SAAF CLÍNICA - Trombose arterial ou venosa: qualquer parte do corpo. Veias renais, retinianas e hepáticas. Artérias do coração, olhos, rins e periféricas. - Complicações obstétricas: abortos (principalmente no final do primeiro trimestre), morte fetal, pre eclâmpsia, síndrome hellp, retardo de crescimento intrauterino Perda fetal depois das 10 primeiras semanas é característico, contrastando com a população geral, onde os abortos são mais frequentes antes - Manifestações cutâneas: livedo reticular (lesões vasculares purpúricas e mosqueadas). Úlceras cutâneas, tromboflebites, púrpuras, equimoses SAAF DIAGNÓSTICO1 critério clínico + 1 critério laboratorial SAAF TRATAMENTO ● PROFILAXIA: Anticorpos positivos, mas sem histórico de trombose. Fatores de risco devem ser eliminados. Hidroxicloroquina, aspirina (mulheres com abortos de repetição), heparinização profilática 25.000 a 40.000 U/dia em cirurgias e imobilizações prolongadas ● COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS Heparina (enoxaparina 40 mg/dia OU dalteparina 5.000 U/dia) associada a baixas doses de aspirina (81 mg/dia) ● APÓS O EVENTO TROMBÓTICO Heparina não fracionada ou de baixo peso molecular, seguida por Warfarin MIELOMA MÚLTIPLO MIELOMA MÚLTIPLO Doença neoplásica hematológica pelo acúmulo de plasmócitos clonais na medula óssea com produção de imunoglobulina monoclonal e associada a disfunções orgânicas. Pode ser IgG, IgA, IgM, IgD, IgE. A maioria é IgG, seguido por IgA. Sem etiologia bem estabelecida: exposição a pesticidas e benzeno, grupos familiares EPIDEMIOLOGIA 1% de todos os tipos de CA Sexo masculino 65-70 anos. 95% dos casos acima dos 40 anos. 2 vezes mais frequente em negros Segundo CA onco-hematológico mais frequente no mundo, atrás apenas dos linfomas MIELOMA MÚLTIPLO CLÍNICA ● Dor óssea persistente: Geralmente na pelve, coluna, arcos costais, fêmur, úmero e crânio. Substituição óssea de plasmocitomas que se expandem ou por citocinas secretadas pelos plasmócitos malignos -Ativam osteoclastos (tiram cálcio do osso) e inibem os osteoclastos (reparação óssea). Aumento dessa perda óssea leva a HIPERCALCEMIA. ● Anemia: fraqueza, letargia. Plasmócitos ocupando a medula óssea. ● Infecções recorrentes: Produção insuficiente de anticorpos. Plasmócitos malignos não produzem imunoglobulinas normais. Risco de bactérias encapsuladas. Causa de mortalidade. ● Sangramentos: A proteína produzida pelos plasmócitos pode interferir na função das plaquetas e dos fatores de coagulação. Na doença mais avançada pode ter trombocitopenia. MIELOMA MÚLTIPLO ● Insuficiência renal: Decorre de depósitos proteináceos da proteína. Polidipsia, poliúria, anorexia, constipação e transtornos mentais. Podem desenvolver anemia pela doença renal. A hipercalcemia também pode ajudar na lesão renal. ● Amiloidose: 5% dos casos. Macroglossia, síndrome do túnel do carpo e diarreia. ● Síndrome de hiperviscosidade: 2% dos casos. Púrpuras, hemorragias, perda de visão, sintomas neurológicos centrais, neuropatias periféricas, insuficiência cardíaca. MIELOMA MÚLTIPLO DIAGNÓSTICO ● Proteína monoclonal no soro ou na urina por eletroforese de proteínas ● Aumento de plasmócitos na medula ● Dano recorrente a tecidos ou órgãos (CRAB): Hipercalcemia >10, insuficiência renal, anemia <10, 1 ou mais lesões ósseas. EXAMES - Níveis de imunoglobulinas sérica reduzidos - Urina contém proteínas de Bence-Jones - Anemia normocrômica e normocítica (ou levemente macrocítica). Formação de ROULEAUX. Pode ter neutropenia e trombocitopenia - VHS aumentado - Cálcio sérico aumentado -Radiografia para lesões ósseas - Ureia e creatinina aumentadas - Albumina diminuída -Beta-2-microglobulina aumentada MIELOMA MÚLTIPLO ESTADIAMENTO *Existem duas categorias para o estádio II: beta-2-microglobulina sérica < 3,5 mg/L mas albumina sérica < 3,5 g/dL; ou beta-2-microglobulina sérica de 3,5 a < 5,5 mg/L independentemente do nível de albumina sérica. GMSI GAMOPATIA MONOCLONAL DE SIGNIFICADO INDETERMINADO Maior chance de desenvolver o mieloma múltiplo ● Proteína monoclonal <3 ● Células na medula óssea <10% ● Sem lesão de órgãos (Sem CRAB) MIELOMA ASSINTOMÁTICO Chance de 10% ao ano para os casos se tornarem clinicamente ativos Maior risco tiver >60% de plasmócitos na medula óssea Tratamento inicia se >60% de plasmócitos na medula OU RM mostrando lesões na coluna vertebral ● Achados laboratoriais compatíveis ● Sem dano a órgãos ou tecidos (CRAB) PLASMOCITOMA SOLITÁRIO Tumor único composto por plasmócitos Crescimento extramedular Podem levar a síndromes compressivas. ● Não tem aumento dos plasmócitos na medula óssea, apenas no local ● Não tem produção de proteína monoclonal
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