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Esquizofrenia: Sintomas e Diagnóstico

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Esquizofrenia
⇒ Tratada como uma única doença, porém engloba um grupo de transtornos com
etiologia heterogênea.
⇒ Prevalência estimada ao longo da vida de 1 %, mas apenas metade são
tratados adequadamente.
⇒ Igualmente prevalente em ambos os sexos, porem início e curso da doença
são diferentes.
⇒ Nos homens costuma ter início entre 10 e 25 anos.
⇒ Nas mulheres o início costuma ser entre 25 a 35 anos ou então após os
40 (início tardio). Mulheres geralmente apresentam menos sintomas “negativos”.
⇒ Há correlação entre esquizofrenia e uso de substâncias (drogas ilegais).
⇒ Forte influência genética (concordância de 50% em gêmeos monozigóticos).
⇒ Ocorrem alterações bioquímicas ( excesso de dopamina) e neurológicas ( anormalidades
neuropatológicas no córtex cerebral, tálamo e tronco cerebral).
#Ocorre alargamento dos ventrículos cerebrais e redução da simetria em lobos temporal, occipital e
frontal.
Manifestação clínica
⇒ Não há sinal ou sintoma patognomônico da esquizofrenia, apresentação clínica bastante diversa e os
sintomas podem mudar conforme evolução da doença.
⇒ Os traços mais característicos são retraimento social, emocional , introversão, tendência ao isolamento e
comportamento desconfiado ou excêntrico.
# Aparência, em geral, é desleixada, com ausência de cuidados próprios.
# É comum embotamento, apropriação de afeto e instabilidade afetiva.
# Qualquer dos sentidos podem ser afetados por experiências alucinatórias (+ comum é ouvir vozes).
# Na linguagem costuma ocorrer neologismo, ecolalia, mutismo ou mussitação.
# São comuns delírios, pensamentos persecutórios, autorreferentes, religiosos ou grandiosos. Ocorre
incoerência e tangencialidade de pensamentos.
DIAGNÓSTICO de Esquizofrenia
⇒ O transtorno é diagnosticado como esquizofrenia quando o paciente exibe dois dos sintomas listados em 1
a 5 do Critério A
⇒ O Critério B requer que o funcionamento comprometido, embora não as deteriorações, esteja presente
durante a fase ativa da doença.
⇒ Os sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, e não deve haver um diagnóstico de transtorno
esquizoafetivo ou transtorno do humor.
######### Cinco subtipos de esquizofrenia foram descritos com base predominantemente na
apresentação clínica: paranóide, desorganizado, catatônico, indiferenciado e residual. O DSM-5 não usa
mais esses subtipos, mas eles são listados na 10a revisão da Classificação internacional de doenças e
problemas relacionados à saúde (CID-10).
⇒ Tipo paranóide ⇒ caracteriza-se pela preocupação com um ou mais delírios ou alucinações auditivas
frequentes.
⇒ É marcado sobretudo pela presença de delírios de perseguição ou grandeza.
⇒ Esses pacientes costumam ter seu primeiro episódio da doença em idade mais avançada do
que aqueles com os tipos catatônico ou desorganizado. Pacientes nos quais a esquizofrenia ocorre no fim
da segunda ou terceira décadas de vida em geral já estabeleceram uma vida social que pode ajudá-los a
enfrentar a doença, e seus recursos de ego tendem a ser maiores do que os de afetados por esquizofrenia
catatônica e desorganizada.
⇒ Demonstram menos regressão de suas faculdades mentais, de respostas emocionais e de
comportamento do que em outros tipos de transtorno.
⇒ Indivíduos com esquizofrenia paranoide tendem a ser tensos, desconfiados, cautelosos,
reservados e, às vezes, hostis ou agressivos, mas também ocasionalmente capazes de se comportar de
forma adequada em algumas situações sociais.
⇒ Tipo desorganizado ⇒ é caracterizado por regressão acentuada para um comportamento primitivo,
desinibido e desordenado e pela ausência de sintomas que satisfaçam os critérios para o tipo catatônico.
O início desse subtipo costuma ser precoce, ocorrendo antes dos 25 anos de idade.
⇒ Os pacientes desorganizados em geral são ativos, mas de uma forma não construtiva,
sem objetivo.
⇒ Seu transtorno do pensamento é pronunciado, e o contato com a realidade é pobre.
⇒ Sua aparência pessoal é desleixada, e o comportamento social e as respostas
emocionais são inadequadas, com frequência explodindo em risos sem nenhuma razão aparente.
⇒ Sorrisos e caretas incongruentes também são comuns nesses pacientes, cujo
comportamento pode ser mais bem descrito como tolo ou insensato.
⇒ Tipo catatônico⇒ Sua característica clássica é um distúrbio acentuado da função motora, que pode
envolver estupor, negativismo, rigidez, excitação ou posturas bizarras.
⇒ Por vezes, o paciente exibe alternância rápida entre extremos de excitação e estupor.
⇒ O mutismo é particularmente comum.
⇒ Tipo residual ⇒ O tipo residual da esquizofrenia caracteriza-se por evidências contínuas do transtorno
na ausência de um conjunto completo de sintomas ativos ou de sintomas suficientes para satisfazer o
diagnóstico de outro tipo de esquizofrenia.
⇒ Embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento
ilógico e frouxidão leve das associações são comuns nesse tipo.
⇒ Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são proeminentes nem acompanhados de
reações afetivas significativas.
⇒ Tipo indiferenciado ⇒ Pacientes com esquizofrenia e que não se encaixam nos outros tipos.
####### ⇒ Outra classificação diagnóstica muito utilizada nas últimas décadas baseia-se na
diferenciação da esquizofrenia em quadros caracterizados predominantemente por sintomas negativos (tipo I)
ou sintomas positivos (tipo II).
⇒ Os sintomas negativos são definidos pela perda de funções psíquicas e por um empobrecimento
global da vida psíquica e social do indivíduo. Os principais sintomas negativos são:
1. Embotamento afetivo: perda da capacidade de sintonizar afetivamente com as pessoas, de demonstrar
ressonância afetiva no contato interpessoal. Corresponde ao que Bleuler chama de autismo;
2. Retração social: o paciente vai se isolando progressivamente do convívio social;
3. Empobrecimento da linguagem e do pensamento;
4. Diminuição da fluência verbal;
5. Diminuição da vontade e apragmatismo, ou seja, dificuldade ou incapacidade de realizar tarefas ou ações
que exijam um mínimo de iniciativa e persistência;
6. Autonegligência: falta de higiene e cuidado consigo mesmo, desinteresse pela própria aparência etc.;
7. Lentificação psicomotora.
Os sintomas positivos são definidos por manifestações produtivas do processo esquizofrênico. Os principais
sintomas são:
1. Alucinações auditivas (mais frequentes), visuais, ou de outros tipos;
2. Ideias delirantes paranoides, autorreferentes, de influência, ou de outra natureza;
3. Comportamento bizarro e atos impulsivos;
4. Agitação psicomotora;
5. Ideias bizarras, não necessariamente delirantes;
6. Produções linguísticas como neologismos.
Diagnóstico Diferencial
⇒ Para o estabelecimento do diagnóstico de esquizofrenia é necessário antes excluir outros
quadros psiquiátricos cuja sintomatologia é muito semelhante à da esquizofrenia.
⇒ Três grupos de transtornos devem ser considerados: transtornos cujos critérios se assemelham ao da
esquizofrenia; transtornos geograficamente distintos da esquizofrenia; e quadros orgânicos com
manifestação esquizofreniforme.
⇒ Transtornos relacionados à esquizofrenia:
⇒ No transtorno esquizotípico, ocorrem comportamentos excêntricos, alterações no
pensamento e no afeto semelhantes aos da esquizofrenia, sem que os sintomas característicos da
esquizofrenia estejam presentes.
⇒ Os transtornos delirantes incluem quadros em que há delírios persistentes, sistematizados,
de longa duração, na ausência de alucinações proeminentes ou outros sintomas esquizofrênicos.
⇒ No transtorno esquizofreniforme, os sintomas podem ser idênticos aos da esquizofrenia, mas
duram menos que seis meses.
⇒ Os transtornos psicóticos agudos e transitórios são caracterizados por início abrupto, estão
claramente associados a uma situação de estresse, duram menos que um mês, e o quadro é polimórfico.
⇒ No transtorno esquizoafetivo, os sintomas
afetivos desenvolvem-se simultaneamente aos sintomas
da esquizofrenia, mas os delírios e alucinações devem
estar presentes por duas semanas na ausência desintomas proeminentes do humor durante alguma fase da
doença.
⇒ Transtornos nosograficamente distintos da
esquizofrenia:
⇒ Episódios maníacos quanto episódios
depressivos maiores podem manifestar sintomas
psicóticos. Nos transtornos do humor, no entanto, se as
alucinações e delírios estão presentes, seu
desenvolvimento ocorre após a perturbação do humor e
não persistem.
⇒ Outros fatores que ajudam no diagnóstico
diferencial incluem história familiar, história pré-mórbida e
resposta ao tratamento.
⇒ Em certos transtornos de personalidade
podem ocorrer sintomas que se assemelham ao da
esquizofrenia, como transtornos de personalidade
paranoide e borderline. Geralmente, se ocorrem sintomas
psicóticos, estes são transitórios e não proeminentes.
⇒ Os quadros de retardo mental podem
apresentar distúrbios de comportamento e de humor que
sugerem esquizofrenia. Contudo, o retardo mental não
envolve sintomas claramente psicóticos e apresentam
nível constante de funcionamento em vez de deterioração.
⇒ Quadros ansiosos e dissociativos devem,
também, ser lembrados no diagnóstico diferencial da
esquizofrenia.
Tratamento da esquizofrenia
⇒ Se faz necessário intervenções psicossociais ( psicoterapia e apoio familiar) em conjunto com
farmacoterapia.
⇒ A hospitalização é indicada para fins diagnósticos, estabilização de medicamentos e segurança do
paciente (geralmente ocorre em casos de surtos).
⇒ Os antipsicóticos diminuem sintomas e a taxa de recaída. +- 70% dos pacientes tratados conseguem a
“remissão” dos sintomas.
⇒ TTO da psicose aguda ( paciente agitado, em com delírios, alucinações) ⇒ Pode ser usado
Antipsicóticos + benzodiazepínicos (para sedar o paciente).
⇒ TTO de manutenção (fase estável) ⇒ Uso de antipsicótico por tempo indeterminado (4 anos pra mais).
# Caso não use o medicamento, de 55 a 72 % dos pacientes vão ter recaída (novo surto).
# 40 - 50% dos pacientes deixam de usar o medicamento por conta própria em 1 a 2 anos.

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