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Raquel da Silva Rogaciano Ferreira – Medicina Unime SONDAGEM VESICAL E CISTOTOMIA A sondagem vesical é um procedimento estéril que consiste na introdução de uma sonda até a bexiga, através da uretra, com a finalidade de facilitar a drenagem da urina ou inserir medicação ou líquido, com tempo de permanência longo (pode variar de dias a meses), determinado pelo médico. É utilizado um dispositivo de látex ou silicone para introdução pela via urinária até a bexiga, retirando a urina. Este procedimento pode ser de alívio onde o paciente passa pelo procedimento e não fica com nenhum dispositivo fixado ou intermitente (demora), onde é fixado no paciente a sonda com uma bolsa coletora que chamamos de sistema fechado, assim o esvaziamento da bexiga segue de maneira contínua. A cistotomia é um procedimento para retirada da urina, porém por meio de uma incisão cirúrgica realizada na pelve (região abaixo da cicatriz umbilical, e acima da genitália) onde é fixada a sonda com uma bolsa coletora para o esvaziamento da bexiga intermitente. Pode ser realizada de duas maneiras: a céu aberto ou por punção suprapúbica. São procedimentos realizados por Enfermeiros e Médicos capacitados. Sondagem vesical : 1. Materiais utilizados : a. Um kit de sondagem vesical: Inclui sonda tipo “Folley” e coletor de urina de sistema fechado; b. Bandeja estéril para o procedimento com cubas e pinças; c. Tamanho das sondas: Neonatal 4-6 French; pediátricas 6-10 French; Adulto 12-24 French; Biombo; d. Campo estéril e um campo fenestrado; e. Um par de luvas estéreis; f. Um par de luvas de procedimento; g. Compressas ou luvas de banho; h. Água e sabão neutro; i. Clorexidina degermante; j. Clorexidina aquosa 2%; k. Uma sonda vesical, duas ou três vias de calibre adequado; l. Xilocaína geleia 2%; m. Dois a três pacotes de gaze; n. Uma seringa de 5 ml (se paciente pediátrico) ou 20 ml (se paciente adulto) – deve ter ponta luer slip, simples – que encaixe no dispositivo de preenchimento do balonete da sonda; o. 5 a 15 ml de água destilada (depende se pediátrico ou adulto); p. Fita adesiva microporosa hipoalergênica; q. Uma agulha de aspiração (40×12). 2. Passo a passo do procedimento a. Lavar as mãos. b. Reunir o material e levar até a paciente c. Promover ambiente iluminado e privativo. d. Explicar o procedimento ao paciente ou acompanhantes, se for o caso. e. Calçar luvas de procedimento. f. Verificar as condições de higiene do pênis tendo o cuidado de expôr a glande para higienização eficaz, se necessário, higienize com água e sabão. g. Posicionar a paciente em decúbito dorsal. Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 h. Retirar as luvas de procedimento. i. Higienizar as mãos. j. Organizar o material sobre uma mesa ou local disponível. k. Abrir o pacote de sondagem, acrescentando quantidade suficiente de antisséptico na cuba rim, pacotes de gaze sobre o campo estéril, seringas e agulha para aspiração. l. Calçar as luvas estéreis. m. Aspire a água destilada na seringa (com auxílio de um colega para segurar a ampola). n. Teste o cuff e a válvula da sonda instilando a água destilada. o. Conecte a sonda no coletor de urina sistema fechado, feche o clamp de drenagem que fica no final da bolsa e certifique-se que o clamp do circuito próximo da sonda esteja aberto. p. Dobrar, aproximadamente, sete folhas de gaze e colocar na cuba com a clorexidina degermante. q. Coloque lubrificante anestésico (Pediátrico: 3-5 mL. Adulto: 10-15 mL) na seringa, com a ajuda de um colega para apertar o tubo. Em Recém-nascidos, coloque uma porção do lubrificante anestésico (após descartar o primeiro jato) sobre o campo e/ou sobre a extremidade da sonda. r. Proceder à higiene do pênis com as gazes que foram embebidas na clorexidina no sentido anteroposterior e lateral-medial com o auxílio das pinças. s. Posicione o pênis do paciente perpendicularmente ao corpo. t. Colocar o campo fenestrado. u. Com a mão não dominante segurar o pênis. Injete lentamente o lubrificante anestésico no orifício uretral e aguarde de 3 a 5 min para o efeito anestésico do gel. v. Com a mão não dominante segurar o pênis, em seguida, com a mão dominante, introduzir a sonda até retornar urina no intermediário da bolsa coletora, sendo seguro introduzir mais uma porção a fim de evitar inflar o balonete no canal uretral, pois o equipamento deve ser inflado no interior da bexiga urinária. w. Inflar o balonete com água destilada e tracionar a sonda para verificar se está fixa na bexiga. x. Retirar o campo fenestrado. y. Remover o antisséptico da pele do paciente com auxílio de uma compressa úmida, secando em seguida. z. Posicione o pênis sobre a região supra púbica e fixe a sonda com adesivo hipoalergênico, tendo o cuidado de não deixá-la tracionada. aa. Pendurar a bolsa coletora em suporte localizado abaixo do leito (e não nas grades). bb. Auxilie o paciente a se vestir e/ou coloque a fralda descartável. cc. Deixe o paciente confortável. dd. Recolher o material, providenciando o descarte e armazenamento adequado. ee. Lavar as mãos novamente, retornar e identificar a bolsa coletora com nome do paciente, data, turno e nome do enfermeiro responsável pelo procedimento. ff. Registrar o procedimento no prontuário e/ou folha de observação complementar do paciente, atentando para as características e volume urinário CISTOTOMIA Neste tipo de derivação vesical o catéter é colocado no interior da cavidade vesical sob visão direta havendo necessidade da exposição da parede anterior da bexiga. Indicações A- obstrução do colo vesica B- estenose de uretra C- trauma vesical D- trauma uretral E- pós uretroplastia F- pós cistoplastias A cistostomia é indicada em diversas situações clínicas: retenção urinária aguda secundária a obstrução do colo vesical ou estenose de uretra (intransponíveis ao cateterismo vesical); pode ser indicada em certos tipos de traumas vesicais ou uretrais; após uretroplastias (para manter a uretra livre de urina ou cateteres); em Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 cistoplastias. O uso da cistostomia, como derivação vesical por longo tempo, nos casos de bexiga neurogênica, está atualmente suplantada por medidas farmacológicas e ou pelo auto cateterismo. A cistostomia a céu aberto não deve ser realizada se o paciente é portador, ou mesmo na suspeita, de tumores malignos da bexiga (possibilidade de disseminar células tumorais ou formação de fístulas vésico- cutâneas). Não é recomendável a realização desta cirurgia nos pacientes com acentuada redução da capacidade vesical. Passo a Passo: a. Anestesia: depende da condição do paciente, podendo ser utilizado raquianestesia, bloqueio peridural, anestesia geral, anestesia local b. Assepsia e colocação dos campos cirúrgicos c. Incisão na pele. Pode ser mediana vertical supra púbica com 4 cm de extensão d. Abertura da aponeurose do músculo reto anterior com afastamento lateral dos músculos. Se necessário deslocar os músculos piramidais. e. Abertura da fáscia perivesical : em caso de duvida do local, pode-se realizar uma punção com auxílio de seringa fina para aspirar o conteúdo. f. Descolamento da gordura perivesical e peritônio → faz-se o descolamento delicado em direção cranial do peritônio e da gordura que recobre a bexiga. Este procedimento é facilitado se o globo vesical for mantido repleto, além de se expor maior área da parede vesical anterior. g. Passagem de dois fios simétricos de categute 2.0 cromado à esquerda e à direita da linha mediana, em posição alta na parede vesical anterior. h. Abertura da bexiga: Traciona-se levemente os dois fios de categute e procede-se a abertura da parede vesical (incisão de 1 cm ou o suficiente para passagem do cateter). i. Colocação do cateter :Coloca-se duas pinças Allis nas bordas da incisão vesical mantendo-se uma levetração, introduzindo-se a seguir o cateter (tipo e calibre desejados). j. Sutura em bolsa: É feita uma sutura em bolsa com categute 2.0 cromado ao redor do cateter para evitar extravasamento de urina ao redor do mesmo. k. Fixação da bexiga Se a cistostomia permanecer por longo tempo, para facilitar as trocas do cateter, pode-se fixar a parede anterior da bexiga à parede anterior do abdômen, passando-se os fios de tração através da bainha do músculo reto anterior. Estes fios serão amarrados somente após o fechamento desta última estrutura. Este passo em muitos casos pode ser omitido l. Revisão da hemostasia m. Exteriorização do cateter: Isto poderá ser feito através da própria incisão ou por contra abertura. É importante que o cateter faça um trajeto mais retilíneo possível, entre a bexiga e a pele que facilitará a troca do mesmo. Após a exteriorização o cateter deve ser fixado a pele. n. O fechamento da aponeurose do músculo reto anterior é feito com pontos separados (fio absorvível) o. Fechamento da pele com fio inabsorvível monofilamentar. p. Curativo Complicações a. infecção da ferida operatória Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 b. extravasamentos de urina no tecido perivesical e ou no subcutâneo. c. perda de urina ao redor do cateter. D- obstrução do cateter e ou deslocamento do mesmo. d. infecção urinária. e. incrustações calcáreas ao redor do cateter CISTOSTOMIA POR PUNÇÃO SUPRAPÚBICA Neste caso o cateter é colocado no interior da bexiga através de punção supra púbica com o trocar. Existem outras técnicas percutâneas para a introdução de cateteres na bexiga. Indicações → são semelhantes às da cistostomia a céu aberto. É de execução mais simples, rápida, podendo ser realizada com anestesia local no próprio leito do paciente. Contra indicações → Além das contra indicações mencionadas anteriormente para a cistostomia a céu aberto, a cistostomia por punção não é recomendada para pacientes submetidos à radioterapia e ou a cirurgias pélvicas. Nestas duas eventualidades o peritônio parietal, ou mesmo alças intestinais podem se aderir a sínfise púbica podendo ser lesadas durante a punção Complicações A- infecção no local da punção. B- extravasamento de urina no tecido peri-vesical e ou subcutâneo. C- perda de urina ao redor do cateter. D- obstrução do cateter ou deslocamento do mesmo. E- infecção urinária. F- incrustações calcáreas ao redor do cateter. G- perfuração do peritôneo e ou alça intestinal. H- perfuração da parede posterior da bexiga e ou do reto (força excessiva durante a punção). Figura 1 FIXAÇÃO E POSIÇÃO DA BOLSA COLETORA REFERÊNCIAS: • GOOGLE IMAGENS • SANAR RESIDÊNCIA MÉDICA • COLOGNA, Adauto José. Cistostomia. Medicina (Ribeirão Preto), v. 44, n. 1, p. 57-62, 2011. Raquel Rogaciano - Medicina Unime - 2021.1 Este material foi produzido para estudo pessoal, com referência bibliográfica das diretrizes, imagens do google e informações e dicas de aulas, obtidas através de curso para residência médica.
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