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CARACTERÍSTICAS DAS LINHAGENS DE ESCHERICHIA COLI PATOGÊNICAS

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CARACTERÍSTICAS DAS LINHAGENS DE ESCHERICHIA COLI PATOGÊNICAS 
 
 A E. Coli é um bacilo que coloniza o trato gastrointestinal humano algumas 
horas após o nascimento e convive em equilíbrio com o hospedeiro. Entretanto, ela 
pode apresentar um grau de patogenicidade. A Escherichia Coli é uma bactéria 
Gram-negativa que não forma endósporos, anaeróbia facultativa, que pertence ao 
grupo Enterobacteriaceae. Suas cepas que são patogênicas podem ser dividas de 
acordo com o grau e mecanismo de patogenicidade. Outras características é que 
dependendo da espécie, ela pode mudar o seu período de incubação e também a 
duração da doença. Além disso, há uma variação da virulência, podendo causar 
enfermidades graves ou leves. 
 
E. coli enteropatogênica (EPEC) 
 
 Pode causar diarreia aquosa nas crianças. Além disso, causa vômito, febre e 
diarreia aquosa contendo muco e sem sangue. Isso ocorre porque o microrganismo 
possui capacidade de colonizar as microvilosidades do intestino e produzir uma 
lesão, que é característica de adesão e desaparecimento das bordas da 
microvilosidades. O quadro clínico pode se agravar rapidamente pela dificuldade na 
eliminação da bactéria podendo implicar em infecção do trato urinário e meningite. 
 As EPEC não produzem enterotoxina ou citotoxina. Elas invadem, se aderem 
e destroem as vilosidades das células do epitélio. Como foi dito, isso induz uma 
lesão que são bem características nas células epiteliais, nas quais, as 
microvilosidades são perdidas e na membrana celular ocorre a formação de um 
pedestal, que pode estender-se em direção ao exterior. Esse fenômeno é o 
resultado de um rearranjo extensivo da actina da célula hospedeira próximo da 
bactéria aderida. Isso resulta na formação desse pedestal que possui formato de 
uma taça embaixo da bactéria. 
 
 
Fonte: Bruce A. Vallance 
 
A diarreia característica dessas infecções ocorre devido ao efluxo induzido de 
íons de cloreto em resultado da ativação da proteína quinase C. A perca das 
vilosidades também contribui, já que diminui a capacidade de absorção. 
 
E. coli enterotoxigênica (ETEC) 
 
 Esse grupo é conhecido por causar a diarreia dos viajantes. Causa diarreia 
aquosa, com uma aparência parecida com a água do arroz e produz febre baixa. 
Pessoas que são infectadas por essa cepa, desenvolvem alguns outros sintomas 
como cólicas abdominais, enjoo e vômito. Os sintomas costumam ser mais leves e 
diminuem em três a cinco dias Esse problema ocasionado é caracterizado pelo local 
que o microrganismo coloniza que é a parte proximal do intestino delgado. As cepas 
aderem à mucosa do intestino delgado e produzem sintomas sem invadi-la, mas 
produzem toxinas que atuam nas células mucoide, provocando diarreia. Essas 
cepas produzem dois tipos de enterotoxinas uma do tipo cólera e uma chamada 
termossensível, e outra diarreica chamada termoestável e se diferenciam quanto à 
tolerância a temperatura, estrutura, mecanismo de ação e imunogenicidade. 
 
Fonte: Stephen J. Forsythe 
 
E. coli enteroinvasora (EIEC) 
 
 A E. Coli enteroinvasora causa febre e diarreias profusas, que contem muco e 
sangue. Esse microrganismo coloniza o colo e contém um plasmídeo que é o 
responsável pela invasão que carrega todos os genes que são responsáveis pela 
sua virulência. As cepas da EIEC invadem de forma ativa as células do colo e se 
espalham em direção as células adjacentes. Essa invasão é semelhantes as da 
Shigella spp, entretanto, a EIEC não produz shigatoxina, o que explica a ausência 
da síndrome hemolítica urêmica como complicação da disenteria. 
 
 
Fonte: Stephen J. Forsythe 
 
 
E. coli enterohemorrágica (EHEC) 
 
 Esse grupo causa diarreia sanguinolenta, colite hemorrágica (HC), que pode 
evoluir para uma síndrome hemolítica urêmica e púrpura trombótica onde plaquetas 
envolvem os órgãos internos, causando danos aos rins e no SNC e 
trombocitopênica. O primeiro sintoma de HC é o aparecimento de dores abdominais 
intensas, e cerca de 24 horas, inicia-se uma diarreia aquosa não sanguinolenta. 
Após 1 a 2 dias a diarreia se torna sanguinolenta e há um aumento de dores 
abdominais. O grupo que causa esses problemas inclui a E. Coli produtora de 
shigatoxica, sorovares O157:H7, O26:H11 e O1111:NM. Esse grupo adere 
firmemente e causa o desaparecimento das vilosidades da célula do hospedeiro e 
invade. A multiplicação desse grupo no intestino humano produz muitas toxinas que 
causam graves danos às paredes do intestino e outros órgãos. Essas toxinas são: 
SLT1, SLT2, SLT IIc e SLT IIe. Algumas das toxinas têm função de destruir as 
células intestinais do colo e, além disso, causar danos aos rins, pâncreas e ao 
cérebro. Essas células, quando morrem, se acumulam e bloqueiam os rins, 
causando o HUS. O período de incubação para ocasionar a diarreia é de 3 a 4 dias, 
porém pode ser de 5 a 8 ou até menos. A contaminação fecal da água e de outros 
alimentos e a contaminação cruzada podem ser uma fonte de contaminação. 
 
 
Fonte: Stephen J. Forsythe 
 
 
 
E. coli enteroagregativa (EAEC) 
 
 Pode causar diarreia aquosa persistente, principalmente em crianças, 
podendo durar 14 dias. Esse grupo se caracteriza por se dispor em linhas que são 
paralelas, tanto nos tecidos quanto nas lâminas. Essa agregação pode ser 
conhecida como ”empilhamento de tijolos”. A EAEC fica aderida à mucosa intestinal 
e produz enterotoxinas e citoxinas, que causam a diarreia secretória e danos na 
mucosa. Os seus principais fatores de virulência são as fímbrias I e II, que permitem 
a adesão aos enterócitos, sem que ocorra a invasão Além disso, essa bactéria pode 
ser relacionada com a questão do retardo de crescimento e má nutrição, quando há 
ausência de diarreia. Algumas cepas têm sido descritas como causadoras de HUS 
(Síndrome Uremic Hemolytic). A EAEC são semelhantes às cepas de ETEC no que 
se refere à capacidade de adesão às células do intestino delgado, a não serem 
invasivas e a não causarem mudanças histopatológicas evidentes nas células 
intestinais. Diferem das ETEC porque não aderem de modo uniforme à superfície da 
mucosa intestinal, mas tendem a se agrupar em pequenos agregados. As cepas das 
EAEC produzem uma toxina do tipo hemolítica. Algumas cepas são produtoras de 
uma toxina similar à shigatoxina. 
 
E. coli aderente difusa (DAEC) 
 
 A E. Coli aderente difusa é na maioria das vezes relacionada com diarreia, 
mas não de forma consistente. Apresenta um padrão de aderência difusa como o 
próprio nome já sugere. Quando é colocada na presença de células epiteliais, elas 
se aderem de forma difusa sobre toda superfície da célula. A DAEC pode ser causa 
da diarreia infantil, em adultos, e em pessoas imunocomprometidas, de acordo com 
alguns estudos realizados. No Brasil, a bactéria foi correlacionada como agente 
causador de gastroenterite aguda, porém apenas em crianças com idade inferior a 
12 meses. Dois fatores de virulência foram identificados em DAEC, a adesina 
fimbrial e a AIDA-I. A adesina fimbrial é caracterizada na cepa C1845, cujos genes 
estão no plasmídeo e no cromossomo bacteriano. Essa proteína é encontrada na 
maioria das partes das cepas de DAEC. As adesinas utilizam o DAF como receptor. 
Esse uso protege as células do sistema complemento, que faz parte do sistema de 
defesa do corpo humano. O outro fator de virulência é a AIDA-I, que é uma proteína 
https://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspx
https://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspx
https://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspx
https://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspx
https://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspx
https://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspxhttps://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspx
https://www.news-medical.net/health/Hemolytic-Uremic-Syndrome-(HUS)-Renal-Disease-(Portuguese).aspx
de membrana externa. Apesar da patogênese não estar completamente 
estabelecida, é de conhecimento que as cepas de DAEC são capazes de induzir a 
extensão de projeções longas e finas da parede celular, e são essas projeções que 
vão envolver a bactéria e protege-la da ação de antimicrobianos e do sistema imune 
do hospedeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
FORSYTHE, Stephen J. Forsythe. Microbiologia da segurança dos alimentos. 
2° Edição. Porto Alegre: Artmed, 2013. 
 
AGUIAR. Morgana Lima Aguiar. Ocorrência de diarreias associadas às 
Escherichia Coli diarreiogênicas. 2019. Disponível em: 
http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/08/1010032/tcc-e-coli-diarreiogenicas-
morgana-clr-sjrp.pdf. Acesso em: 03/04/2020 
http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/08/1010032/tcc-e-coli-diarreiogenicas-morgana-clr-sjrp.pdf
http://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/08/1010032/tcc-e-coli-diarreiogenicas-morgana-clr-sjrp.pdf

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