Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SHIGELLA Características gerais de Shigella: -Enterobacteriaceae: bacilos, não esporulados, anaeróbios facultativos; -Lac -, não fermentam lactose, fermentam açúcares, geralmente sem a produção de gás; -Imóveis, não flagelados -Patógenos intracelulares*; comportamento no intestino grosso, onde causam infecção. -Multiplicação 7°- 46°C, ótimo a 37°C (virulência) Versatilidade. Ocorre a expressão dos principais genes de virulência das Shigellas que estão associadas as proteínas de doenças que causam -Resistência a temperatura e PH. -Associada e exclusivamente de humanos. -Podem suportar refrigeração, congelamento, 5% NaCl (atípica em bactérias que não sejam halofitas), pH 4,5/por alguns dias; - Sensível ao aquecimento – inativadas ou mortas pelo processo de pasteurização; -Transmitida tipicamente por água e/ou alimentos, a características de serem mortas pelo processo de pasteurização é importante. -Erro taxonômico porque as Shigellas compartilham um genoma com a E. coli, poderia ser considerada um patotipo de E. coli. A Shigella e a E. coli Enteroinvasiva (EIEC) – Bioquímica e Sorologicamente relacionadas – patotipo de E. Colli, e genomicamente são consideradas a mesma coisa. -O homem é o único hospedeiro natural e causa doenças. Não tem relatos de Shigella em outros organismos. -Shigelose ou Disenteria Bacilar. Taxonomia de Shigella - Quatro espécies com características bioquímicas e sorológicas específicas –não tem antígeno capsular e nem flagelar. -Sorotipos baseados no antígeno O – que faz parte do LPS das gram negativas (antígenos K e H ausentes): · S. dysenteriae tipo I (grupo A- possui 15 sorotipos diferentes) – Bacilo de Shiga (Produz a toxina Stx) – principal responsável pelas epidemias/alta mortalidade; · S. flexneri (grupo B- 19 sorotipos) e S. sonnei – associadas a surtos endêmicos em locais e regiões específicas; · S. boydii (grupo C- 20 sorotipos) – surtos comuns na Índia. · Shigella dysenteriae e S. flexneri - shigelose nos países em desenvolvimento, em partes da Ásia e África sub-Saariana; · S. sonnei (grupo D- 1 sorotipo) – surtos esporádicos em países industrializados (água ou alimentos mal cozidos que foram contaminados). Genética da VIRULÊNCIA em Shigella: - A virulência das Shigellas está codificada não em genes que estejam em seus cromossomos, mas sim em genes do plasmídeo que é o pINV (220KB) e tem regiões especificas que codificam proteínas tanto reguladoras quanto proteínas efetoras propriamente ditas. Tem um gene vir F (regulador importante), icsA e uma região virB, entre outras. O gene virF codifica uma proteína que induz a expressão do gene na região que está aberta na imagem acima, esse gene virF está sob influência de fatores como Ph, temperatura, osmolaridade. Principais genes que irão codificar proteínas relacionadas a virulência: virB, ipa-ics-ipg (codificam proteínas relacionadas a entrada das Shigellas nas células epiteliais lá no intestino grosso – onde a bactéria causa infecção – e codificam proteínas que estão relacionadas a apoptose dos macrófagos, uma propriedade de virulência delas, induz essa apoptose uma vez dentro deles); e os genes codificados pelas regiões mxi, spa (são genes que codificam o aparato do sistema de secreção do tipo III que são os injetossomos, que estabelecem uma conexão com a célula do hospedeiro e vão injetar no citoplasma dessas células do hospedeiro proteínas efetoras importantes). Patogênese da Infecção por Shigella: DTA – Doença Transmitida por Alimentos · Baixa Dose Infecciosa: 10 a 102 células, 100 células já são suficientes; já chegam no intestino e causam a infecção. · Um número baixo de células já é suficiente para que essa bactéria cause infecção no intestino grosso. Normalmente um desenvolvimento ou não de uma doença quando entra em contato com o patógeno depende de uma série de fatores: a dose infecciosa, a linhagem do patógeno, a condição do hospedeiro, etc... · Resistência a pH ácido (pH 2.5 / 2 h)*, conseguem tolerar 2 horas de um pH ácido; ficam no estomago e depois migram para o intestino delgado. · Bactérias de modo geral geram infecção intestinal numa escala de 105,6,7. Passam pelo estomago, pelo intestino delgado até chegar ao intestino grosso. · Sítio primário de infecção: Intestino grosso/cólon, onde se estabelecem; · Incubação: 1–4 dias (podendo chegar a 8 dias). Etapas no epitélio intestinal: (1) Adesão (2) Invasão (3) Multiplicação intracelular no citoplasma (4) Movimentação intra e intercelular (transferência de uma célula para outra) (5) Induzem a morte das células hospedeiras (6) Resposta imune inflamatória. Em alguns casos pode levar a uma inflamação epitelial pronunciada pelo surgimento de lesões ulcerativas. Levando há um resultado de disenteria bacilar, podendo levar a fezes mucopurulentas, com presença de sangue. Obs: as bactérias chegam até o epitélio do intestino grosso, há um contato da célula com a superfície das células M das placas de Peyer, a Shingella induz a sua entrada pelas células M, ocorre uma endocitose por macrófagos residentes no local. Devido a produção de muitas proteínas importantes, a Shigella irão escapar do vacúolo fagocitico e mais uma vez no citoplasma devido a produção de proteínas especificas induzirá a morte do macrófago. Durante esse processo irão induzir o nosso corpo a produzir IL-18, com ativação da via IFN- gama. Além da produção de IL- 1 beta (pro-inflamatória), haverá como consequência um recrutamento de leucócitos polimorfonucleares que vão migrar e desestabilizar as junções ocludentes entre células epiteliais facilitando e propiciar a invasão por novas Shigellas que estejam ainda no lúmen do epitélio intestinal. Os macrófagos em lise irão liberar Shigellas no lúmen basal, haverá a indução do engolfamento pela membrana basolateral de células epiteliais e assim, com a Shigella dentro das células epiteliais da mucosa do cólon irão lisar o vacúolo, se multiplicar por proteínas especificas e assim terão acesso ao citoesqueleto de actina gerando um transito dentro das células e atravessa a célula. Movimentação de uma célula para outra e assim, infectar novas células. A transmissão lateral, protege as Shigellas dos mecanismos de defesa do corpo e assim, a infecção irá se disseminando pelo epitélio de forma mais protegida e a produção das substancias pro-inflamatórias associada também aos danos aos macrófagos e as próprias células (porque também sofrerão lise), a lise gera o fenótipo de uma diarreia, disenteria com presença de muco devido a reposta inflamatória e sangue devido a ruptura de células e vasos na região. Manifestações Clínicas Infecção por Shigella: -Assintomática ou sub-clínica (devendo considerar a espécie e o sorotipo de Shigella). -Episódios benignos de diarreia aquosa (dias) e será autolimitada ou que pode demandar algum tratamento antimicrobiano. Mas em alguns indivíduos podemos observar a evolução para uma Disenteria Bacilar Clássica. Causada pela S. dysenteriae: com febre, mal-estar generalizado, anorexia, cólicas abdominais, tenesmo e diarreia aquosa. Culminando com fezes mucopurulentas e com sangue. E em alguns casos, quando esse quadro não é tratado ou quando é mais grave o indivíduo pode evoluir com: Anorexia, náuseas, vômitos, cefaleia, calafrios, estado toxêmico geral, com convulsões e sinais meningíticos. Sensação de evacuação incompleta e dor no reto. -Início em 12h a 7 dias (1–3 dias). -Duração: 5–6 dias; 2–3 semanas nos casos mais severos. IMPORTANTE: Indivíduos com infecção assintomática, episódios benignos de diarreia aquosa e disenteria clássica vão liberar a shigella nas fezes. · Adultos saudáveis / imunocompetentes: resolução no máximo em 5–7 dias. Pessoas infectadas liberam o patógenos por longos períodos após o término dos sintomas. Algumas sequer desenvolvem sintomas. · Complicações clássicas da shigelose: convulsões (crianças). Meningismo ou irritação meníngea, geralmente associada ao quadro febril. Casos mais severos: Encefalopatia (letargia, alucinações, confusão mental e cefaleiaintensa). · Síndrome hemolítica-urêmica - complicação das infecções por S. dysenteriae tipo 1 (mais virulento e agressivo) Devido a toxicidade da bactéria. Tratamento das Infecções por Shigella: · Autolimitadas - reidratação, reposição de eletrólitos via oral ou intra-venosa. · Antibioticoterapia nos casos mais graves, mais prolongados, sobretudo em crianças mal-nutridas e debilitadas. · Antibiograma é recomendável porque o espectro depois de fazer o isolamento e a tipagem (que é o recomendado), porque o espectro de resistência varia. · Ampicilina, trimethoprim/sulfamethoxazol, ácido nalidíxico ou ciprofloxacina (ceftriaxona e a cefataxime para menores de 17 e gestantes, por ser menos tóxicas). Diagnóstico Laboratorial das Infecções por Shigella: · Isolamento e identificação da Shigella nas fezes, na fase aguda da doença. - Semeadura - ágar MacConkey, Hektoen e Salmonella-Shigella (SS). · Identificação bioquímica e testes de aglutinação em lâmina com antissoros contra os sorogrupos e sorotipos de Shigella. Para tipar essa Shigella, não é feita em qualquer laboratório, geralmente feita em laboratórios de referência e é muito importante no ponto de vista epidemiológico. Prevenção & Controle das Infecções por Shigella: · Países desenvolvidos: a questão do esgoto não é um problema, a infecção se resulta na contaminação dos alimentos – frutas e vegetais frescos, por manipuladores, que estejam liberando a bactéria nas fezes, cuja higiene pessoal seja precária. · Resolve com: Higiene pessoal, lavagem adequada das mãos, uso de água clorada para a lavagem dos vegetais (saladas), refrigeração adequada dos alimentos. · Países em desenvolvimento: água e alimentos contaminados são a principal fonte – condições (vida) sanitárias gerais precárias- tratamento da água e do esgoto seria a forma mais importante de prevenir essas infecções. As pessoas liberam nas fezes, vai para o esgoto da casa e não vai para o esgoto tratado e sim para um rio, que vai para um manancial de água, e o ciclo se faz dessa forma. A água e alimentos são contaminados por conta dessas condições sanitárias gerais. -Há vacinas em desenvolvimento (fases 2 e 3). Uma vacina efetiva precisa proteger contra os sorotipos mais importantes epidemiologicamente, incluindo S. dysenteriae type 1, 15 S. flexneri serotypes, and S. sonnei.
Compartilhar