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Repercussões da Gravidez no Organismo Materno Ingrid Iasmin Bandeira de Medeiros Quando essas repercussões acontecem? Fecundação do óvulo Embriogênese Nidação do endométrio Desenvolvimento do feto Estado gravídico - Puerperal 1. Fator hormonal 2. Fator mecânico 3. Fator fetal 4. Convergência para sinais e sintomas 5. Surgimento de novos problemas orgânicos (ex: hérnia de disco, hérnia diafragmática 6. Percepção das mudanças estruturais do corpo Fator Hormonal Hormônios protéicos ● Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) ○ Dá suporte ao corpo lúteo; secretado pelo sinciciotrofoblasto; relação com as nauseas ○ Fração ALFA (reação cruzada com FSH, LH e TSH) ○ Fração BETA (específico da gravidez) ● Hormônio lactogênio placentário (HPL) ○ Predominante a partir da 24 semana de gravidez com níveis máximos em torno de 32 semanas ○ Antagonista da insulina promovendo resistência periférica insulínica. ○ Promove assim um maior aporte de glicose para o concepto. ○ Aumento da gliconeogênese, lipólise e proteólise ○ Pode desenvolver quadro de DM gestacional ou intolerância aos carboidratos. Hormônios esteróides ● Progesterona ● Estrogênio (Estriol) ○ Aumenta o volume sanguíneo (leito vascular uterino) ○ Aumenta o fluxo de sangue uteroplacentário (Doppler das artérias uterinas no primeiro trimestre é imprescindível para avaliar se existe resistência elevada e consequentemente o risco de pré eclâmpsia e restrição de crescimento uterino em decorrência desse achado) ○ Aumenta a contratilidade do miocárdio materno ○ Estimula a proliferação ductal nas mamas ○ Induz hiperplasia e hipertrofia no miométrio ○ Induz o relaxamento dos ligamento pélvicos, facilitando a passagem do feto pelo canal de parto Hormônios neuropeptídeos ○ Hormônio liberador da gonadotrofina coriônica humana (GnRH) ○ Fator liberador da tireotrofina coriônica humana (TRF) ○ Somatostatina coriônica humana (SS) ○ Fator liberador de corticotrofina coriônica humana (CRF) Fator Mecânico ● Elevação do diafragma ● Compressão dos órgãos abdominais ● Compressão ureteral ● Hiperlordose/Hipercifose ● Compressão da Veia Cava Inferior (edema de MMII) → Tudo isso resultando em aumento do volume uterino Fator Fetal Grande demanda fetal de oxigênio e nutrientes Alterações bioquímicas e metabólicas ● Metabolismo lipídico ○ A gordura total do corpo aumenta durante a gravidez na dependência de ganho de peso, que fica em torno de 12,5kg ○ Na segunda metade da gestação os lipídios do plasma aumentam. Logo após o parto, níveis de triglicerídeos, colesterol e lipoproteínas reduzem-se. ○ Durante a gravidez o mecanismo de hemostasia trabalha em manter o equilíbrio das gorduras para serem usados em momento específico do desenvolvimento fetal. ● Metabolismo de carboidrato ○ No primeiro trimestre da gestação a homeostase da glicose é alterada por aumento dos níveis de estrógeno e progesterona; ○ Os estrógenos parecem aumentar a eficácia da insulina, por estimular a secreção de insulina endógena e melhorar a utilização periférica de glicose; ○ Existe diminuição dos níveis glicêmicos em jejum (valores até 91mg/dL são considerados adequados), melhor tolerância à glicose e maior armazenamento de glicogênio tissular; ○ Os níveis de glucagon estão relativamente suprimidos após as refeições, o que permite período de anabolismo facilitado; ○ Na segunda metade da graidez a elevação dos níveis de de hormônio lactogênio placentário (HPL), e de outros hormônios contra-insulínicos sintetizados pela placenta, modificam a utilização materna da glicose e dos aminoácidos; ○ Nesse momento de ascensão do HPL toda a paciente grávida não-diabética deve ser rastreada com TOTG-75 para DM gestacional. ○ O HPL, também conhecido como hormônio somatotrófico coriônico, interfere intensamente no metabolismo dos carboidratos; ○ Outros hormônios implicados nesta elevação da insulina plasmática são o cortisol livre, estrógeno e progesterona; ○ Embora o transporte de glicose materna para o feto preencha as necessidades primárias de nutrientes do feto em desenvolvimento, pode ser transportado em excesso de glicose, resultando em hiperinsulinismo fetal (feto macrossômico). ● Metabolismo hidrossalino ○ O aumento total de sódio durante a gravidez acumulado no organismo materno, é estimulado em 900-950 mEq (25g Na, 60g de NaCl) com acúmulo médio de 4 mEq/dia; ○ O crescimento fetal, o aumento do líquido amniótico e a expansão do líquido extracelular são os principais responsáveis pelo aumento na retenção de sódio; ○ Mais de 60% deste aumento fica distribuído no compartimento materno. A concentração de sódio está na dependência da função renal; ○ O sistema renina-angiotensina na gravidez estimula a secreção de aldosterona que, por sua vez, previne a perda de sódio na urina. Sistema Cardiovascular Volume Sistólico ⇧⇧ Volume Sanguíneo ⇧⇧ Frequência Cardíaca ⇧⇧ Débito Cardíaco ⇧⇧ Resistência Vascular Periférica ⇩⇩ Pressão Arterial Média ⇩⇩ Sistema Urinário ● Dilatação do trato urinário superior ● Aumento do volume renal em até 1 cm ● Dilatação da pelve renal armazenando cerca de 60 ml e urina ○ Não grávida armazena 10 ml de urina ● Dilatação mais acentuada do ureter direito, menor acentuada no ureter esquerdo (menor pressão do sigmóide) ● Estase urinária 200ml ● A ação dos hormônios maternos e placentários: adrenocorticotrófico, hormônio antidiurético, aldosterona, cortisol, hormônio gonadotrófico coriônico ● Aumenta de cerca de 50% na filtração renal, níveis reduzem a partir da 20ª semana pós-parto ● Aumento da excreção de glicose, aminoácidos e vitaminas hidrossolúveis ● Proteinúria normal: 100-300 mg/24h. Valores acima de 300 mg podem ser um indicativo de pré-eclâmpsia. Função vesical ● O crescimento do útero eleva a bexiga e a achata; ● Aumento da frequência das micções pelo estímulo mecânico; ● Aumento da capacidade de retenção urinária para 1500 ml; ● Volume residual de até 60 ml: pré gravídica cerca de 15 ml; ● Persistência das alterações até 3 meses pós parto. Alterações do aparelho digestivo 1. Cavidade oral ○ Aumento da salivação (dificuldade de deglutição) ○ Gengivas se tornam hipertróficas, hiperemiadas e sensíveis. Maior risco de sangramento. ○ Náuseas e vômitos são comuns no início da gravidez 2. Estômago e Esôfago ○ Hipocloridria em decorrência do hormônio da gastrina→ Sìntese materna e placentária ○ Produção de muco aumentada ○ Aumento de volume gástrico ○ Redução da peristalse do esôfago ○ Aumento do trânsito alimentar no TGI (ação dos hormônios e principalmente da progesterona) ○ Relaxamento da cárdia com episódios de pirose e regurgitação mais frequentes 3. Intestino Delgado, Grosso e Apêndice ○ Deslocamento do intestino para os lados e para cima ○ Apêndice ocupa o flanco direito (compressão do útero) ○ Diminuição da motilidade e tônus do tubo gastrointestinal→ Constipação (efeito da Progesterona) ○ Normalização no puerpério imediato 4. Vesícula Biliar e Fígado ○ Diminuição do esvaziamento biliar ○ Presença de maior volume residual ○ Espessamento da bile ○ Aumento da saturação de colesterol favorecendo ao surgimento de cálculos ○ “Colestase Gravídica” ○ A forma do Fígado praticamente não se altera ○ Fosfatase Alcalina pode estar aumentada em até 2x o seu valor pela ação das lisoenzimas placentárias ○ Relação albumina/globulina menor na gravidez Alteração do aparelho respiratório ● A ventilação-minuto e o consumo de oxigênio aumentam na gravidez, mas a frequência respiratória praticamente não se altera; ● A hiperventilação causa uma redução do CO2. A tensão do oxigênio alveolar se mantém dentro dos limites normais. ● A hiperventilação materna se deve à ação da progesterona sobre o centro respiratório; ● A hiperventilação materna é considerada uma medida protetora para evitar que o feto possa ficar exposto à concentração excessiva de CO2. Alterações hematológicas ● Aumento do volume sanguíneo às custas das ações hormonais: sistema renina-angiotensina-aldosterona, bem como pelo papel mediador do estrogênio e da progesterona; ● Inicia no primeirotrimestre atingindo platô na 30º semana; ● Forma compensatória para as perdas durante o parto trnasvaginal em torno de 500-600 ml e na cesárea 1000 ml; ● Na série vermelha existe incremento da massa eritrocitária. Com a administração de ferro e o aumento do volume plasmático o hematócrito caiu por conta da hemodiluição simulando “anemia”. ● Necessidade de administração de ferro suplementar devido ao aumento da massa eritrocitária; ● A quantidade de ferro adicional requerido durante a gravidez é de 900 mg. Aproximadamente 500-600 mg para atender o aumento da massa eritrocitária e 300 mg para o feto e a placenta. ● Na gravidez a taxa de absorção aumenta para 20% ● Dois terços do ferro fetal ficam incorporados na hemoglobina e um terço é estocado no fígado sob a forma de ferritina e usado pela criança nos primeiros meses de vida. ● O número de leucócitos aumentam na gravidez, podendo chegar até 16.000/ml ● No trabalho de parto e puerpério pode chegar a 23.000-30.000/ml ● As plaquetas sofrem aumento aparente na gravidez e seu consumo progressivo também ● Fatores de coagulação estão aumentados, principalmente o fibrinogênio (Fator I) e Fator VIII (globulina anti-hemolítica). Também estão aumentados, mas em menor extensão, os fatores VII, IX, X e XII. ● Entende-se que essas alterações são necessárias para controlar duas das mais graves complicações da gestação, que são a hemorragia e o tromboembolismo, ambas causadas por problemas no mecanismo da hemostase. Alterações dermatológicas ● A grande maioria das gestantes apresenta algum grau de escurecimento da pele ● Esta alteração é mais intensa, principalmente, em determinadas áreas como areola, mamilo, períneo, vulva e umbigo. ● A linha alba torna-se hiperpigmentada passando a chamar-se de linha nigra. Cloasma é observado com frequência na segunda metade da gravidez. ● Nevo pigmentado ou benigno pode ser encontrado em algumas mulheres. ● Hirsutismo leve, especialmente da face, não é raro na gestação. Observa-se, no primeiro trimestre, crescimento de pelos da face, mas podem estar envolvidos também braços, pernas e abdome. ● Outros achados são: queda de cabelo, eritema palmar, edema, hemangioma. Alterações do sistema ósteo-articular ● A lordose progressiva é um achado característico na gravidez normal para compensar o peso do abdome (em posição anterior) ● Devido ao crescimento do útero é que ocorre a lordose, responsável pelo deslocamento do centro da gravidade para trás. ● Acentua-se a mobilidade das articulações sacroilíaca, sacrococcígea e junção púbica durante a gravidez, presumivelmente como resultado das modificações hormonais. ● Dor sacroilíaca ● Recurso terapêutico não farmacológico para alívio da dor.
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