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1 - Adaptação do Organismo Materno à Gestação

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Maria Paula M. Mattei | Tuts 1 UC 8 
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Adaptação do Organismo Materno à Gestação 
 Sistema Circulatório 
 ADAPTAÇÕES HEMATOLÓGICAS - HIPEVOLEMIA 
Início no 1º trimestre, por volta da 6ª semana e é mais acelerado no 2º trimestre. Reduz velocidade e estabiliza nas últimas 
semanas de gravidez. 
No total, o volume sanguíneo aumenta em 30 a 50%. 
Associada ao  suprimento sanguíneo no útero pela sua maior vascularização. Além disso, tem função protetora para gestante 
e feto em relação à redução do retorno venoso e também para as perdas sanguíneas esperadas no processo de parturição. 
Decorre do acréscimo de volume plasmático (aumento de 45-50%) e da hiperplasia celular (aumento de 30%), ou seja, ocorre 
uma hemodiluição. 
Viscosidade plasmática menor reduz o trabalho cardíaco -> Frequência aumenta, volume sistólico aumenta e débito aumenta – 
PA diminui por causa da diminuição da resistência vascular por causa do útero 
 → Como ocorre: 
Surgimento de novo equilíbrio entre retenção e excreção de água é sódio, resultantes da vasodilatação sistêmica e do aumento 
da capacitância dos vasos. 
Sistema renina-angiotensina-aldosterona tem maior atividade na gestação, aumentando a filtração glomerular e o peptídeo 
atrial natriurético. 
Fora da gravidez, elevações agudas da volemia ativam receptores de volume e barorreceptores presentes nos átrios e em 
grandes vasos, assim como a baixa osmolaridade plasmática provoca a excitação de quimiorreceptores do hipotálamo. Esses 
estímulos induzem secreção de peptídeo atrial natriurético, que atua em receptores presentes nos rins, adrenais e vasos, 
promovendo excreção de sódio e água, além de vasodilatação. 
Na gravidez, apesar do aumento de peptídeo atrial natriurético, o aumento lento da volemia torna os receptores menos 
sensíveis ao seu estímulo, permitindo o acúmulo de sódio e água. 
→ Eritrócitos: 
-  volume eritrocitário (produção de hemácia mais acelerada do que o 
aumento dos níveis plasmáticos de eritropoietina). 
- Vida das hemácias é menor do que em mulheres não grávidas. 
-  concentração de hemoglobina por causa da hemodiluição. 
- Produção eritrocitária é maior no 3º trimestre = redução relativa dos 
valores de hemoglobina é menor no fim da gravidez. 
- Anemia: menos que 11 g/dL 
 → Leucócitos 
- Aumento da produção da maioria dos elementos figurados. 
- No parto e o puerpério imediato  leucócitos, relacionado à atividade das adrenais no momento do estresse. 
- Neutrófilos aumentam, mas sua função está deprimida. 
- As proteínas inflamatórias da fase aguda apresentam aumento em todo o período gestadonal. A proteína C reativa apresenta 
níveis plasmáticos mais elevados no momento próximo ao parto 
-  velocidade de hemossedimentação, por causa do aumento de fibrinogênio e de globulinas no sangue, perdendo seu valor 
em investigações diagnósticas na gravidez. 
 → Plaquetas e Coagulação 
- Discretamente reduzidas e volta a aumentar logo após o parto e continua subindo por 3 – 4 semanas 
- Parte desse evento ocorre pelo fenômeno da hemodiluição e pelo consumo de plaquetas pela coagulação intravascular no 
leito uteroplacentário. 
- O aumento da produção de tromboxano A2 está associado à maior agregação plaquetária e, assim, à redução da contagem 
plaquetária. 
 → Metabolismo do Ferro: 
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- As necessidades de ferro durante o ciclo gravídico-puerperal aumentam consideravelmente. 
Deficiência ocorre por: 
* Consumo pelo feto 
* Utilização para produção de hemoglobina para aumento da massa eritrocitária e da musculatura uterina 
* Depleção por perdas sanguíneas e pelo aleitamento 
- Por isso, todas as gestantes terão anemia ferropriva caso não haja suplementação. 
- Mesmo em gestantes com grave deficiência de ferro, a produção de hemoglobina fetal permanece intacta; no entanto, 
nesses casos, além de anemia materna grave, há depleção das reservas de ferro na gestante e no produto conceptual. 
ADAPTAÇÕES HEMODINÂMICAS 
Comportam o aumento do volume sanguíneo. Se iniciam com 6 semanas de gestação e estão prontas entre o fim do 1º 
trimestre e o início do 2º. A distribuição do fluxo sanguíneo se modifica durante a gravidez e vai sendo desviada com 
prioridade para útero, rins, mamas e pele ( resistência vascular periférica). 
 frequência cardíaca e  volume sistólico =  débito cardíaco. 
O débito cardíaco em gestantes normais chega a ser 50% maior que de 
mulheres não grávidas. 
Esse processo se inicia por volta da quinta semana de gravidez e atinge seu 
ápice no pós-parto imediato, com incremento de 80% no débito cardíaco. 
Esse aumento final no pós-parto imediato possivelmente ocorre pelo 
aumento do retomo venoso e, portanto, da pré-carga, após a descompressão 
dos vasos pélvicos pelo útero, o que ocorre com o nascimento do concepto. 
A postura da gestante exerce influência no DC, principalmente nas útimas 
semanas de gravidez. A posição supina  débito cardíaco em comparação 
com o decúbito lateral esquerdo, por conta da compressão da veia cava e 
redução do retorno venoso. 
  da produção de prostaciclina em comparação à produção de tromboxano A2. Em associação aos altos níveis de 
progesterona, a prostaciclina não só gera, como também mantém a vasodilatação generalizada. Além disso, a produção de 
óxido nítrico apresenta aumento no período gestacional e causa vasodilatação local. 
A redução da resistência vascular periférica é tão acentuada que é capaz de reduzir a pressão arterial sistêmica, apesar do 
aumento do débito cardíaco. 
Durante as contrações uterinas do trabalho de parto, a pressão arterial se eleva, o que é desencadeado pelo aumento do 
débito cardíaco e pela ação das catecolaminas liberadas pelo estímulo da dor. 
O aumento da pressão venosa nos membros inferiores é justificado pela compressão das veias pélvicas pelo útero volumoso. 
Por essa razão, há maior chance de a gestante apresentar hipotensão, edema, varizes e doença hemorroidária. 
ADAPTAÇÕES CARDIOVASCULARES 
Ocorrem logo no início da gestação. Antes mesmo das principais modificações da circulação do território uteroplacentário, 
observa-se novo equilíbrio circulatório na grávida. As gestantes hígidas toleram bem essas alterações; enquanto as portadoras 
de cardiopatia, hipertensão arterial ou hipertireoidismo, porém, podem apresentar descompensação clínica já no primeiro 
trimestre, diante da sobrecarga hemodinâmica. 
CORAÇÃO 
Por causa do aumento do volume abdominal, o diafragma se eleva, alterando a posição cardíaca, ficando desviado para cima e 
para esquerda e um pouco rodado para a face anterior do tórax. 
O volume do coração fica maior por causa do aumento do volume sistólico e da hipertrofia dos miócitos. 
O ritmo cardíaco também sofre leves alterações, com sopros por causa da diminuição da viscosidade sanguínea e do aumento 
do débito cardíaco. Por conta disso, pode haver modificações nas eletrocardiografias, principalmente nas ondas T e Q e no 
segmento ST. 
Redução da PA é resultante da diminuição da resistência vascular periférica 
 Sistema Endócrino e Metabolismo 
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ADAPTAÇÕES ENDÓCRINAS 
 → Hipotálamo 
O hipotálamo, por meio de ação parácrina e endócrina regula a atividade da hipófise. 
Na gravidez, as concentrações de diversos hormônios do hipotálamo aumentam porque a placenta produz hormônios 
idênticos aos hipotalâmicos, como hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH), hormônio liberador da corticotrofina (CRH), 
hormônio hipotalâmico estimulador da tireotrofina ('IRH), somatostatina e hormônio liberador do hormônio do crescimento 
(GHRH). 
 → Hipófise 
- Aumenta de tamanho (chega a dobrar) por causa de hipertrofia e hiperplasia da adenohipófise (porção anterior da hipófise), 
promovida pelo estrogênio. 
- A adenohipófise nessa fase produz mais prolactina (10x mais). Esse hormônio prepara as glândulas mamárias para a 
produção de leite no pós-parto. Por isso, a prolactina não é usada para acompanhamento das doenças hipofisáriasna gravidez. 
- Hormônio do crescimento (GH) permanece normal no 1° trimestre, mas o sincíciotrofoblasto começa então a secretá-lo, 
fazendo seus níveis plasmáticos aumentarem ao longo da gestação. 
- A parte α da gonadotrofina coriônica humana (hCG) é semelhante à parte α do hormônio estimulante da tireoide (TSH). Por 
causa disso, o hCG estimula a função tireoidiana, o que, por meio da retroalimentação negativa, reduz a produção e secreção 
hipofiária de TSH. No 2 e 3° trimestres o TSH volta ao normal. 
- A neuro-hipófise produz o hormônio antidiurético (ADH – arginina-vasopressina) e a ocitocina. Os níveis de ocitocina só 
aumentam no período expulsivo do trabalho de parto. 
- O sangue das grávidas tem osmolaridade mais baixa devida à hemodiluição, isso faz com que haja liberação de ADH pelo 
mecanismo de sede. Não há alteração dos níveis de ADH no corpo, só um novo equilíbrio do limiar determinante de sua 
liberação. 
- Diminui TSH (só no início), LH e FSH 
 → Tireoide 
A regulação dela está alterada na gravidez por causa de 3 modificações no corpo: 
1. Redução dos níveis de iodo no sangue pelo aumento da filtração 
glomerular e pelo consumo periférico 
2. Aumento da produção e glicosilação da globulina transportadora de 
hormônios tireoidianos (TBG) 
3. Estimulação dos receptores de TSH pelo hCG 
- Essas alterações provocam sobrecarga da tireoide, mas não a fazem aumentar, 
então quando bócio está presente, merece investigação. 
- O aumento da depuração renal de iodo associado à ingestão baixa ou limítrofe 
desse elemento pode ocasionar deficiência na produção hormonal materna e fetal. 
Políticas nacionais de iodação do sal de cozinha limitam o surgimento de deficiência 
de iodo, o que pode ocorrer, contudo, em gestantes que fazem dietas restritivas. 
- A glicosilação da TBG é estimulada pelos estrógenos da placenta, diminuindo sua 
metabolização hepática, Isso faz com que o T3 e T4 aumentem fisiologicamente. 
 → Paratireoides 
- Sua função está ligada ao metabolismo de cálcio. 
- Demanda de cálcio grande para formar esqueleto fetal. 
- Na lactante, a demanda é ainda maior porque o leite tem altos teores de cálcio. 
- Nas grávidas a filtração glomerular é maior = cálcio excretado pela urina. 
- A hemodiluição leva ao decréscimo na concentração de albumina, a qual se liga a 
50% do cálcio total = decréscimo do nível de cálcio sérico total, sem altera os níveis 
de cálcio iônico e cálcio corrigido pela albumina. 
- O paratormônio (PTH) tem redução dos níveis séricos no 1º trimestre, mas depois 
volta ao normal. Quando PTH está baixo, o corpo mantém o equilíbrio do 
metabolismo do cálcio com o aumento do calcitriol (ou vitamina D3 ativa), 
resultante da estimulação da atividade de uma enzima renal pela estimulação de 
estrógeno, hormônio lactogênico placentário e proteína relacionada ao 
paratormônio, todos produzidos pela placenta. 
- Com o aumento do calcitriol, ocorre maior absorção de cálcio pelo sistema 
digestório. 
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- Suplementar cálcio em gravidez na adolescência, gêmeos 
 → Adrenais 
-  eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e do sistema renina-angiotensina-aldosterona, fazendo da gravidez uma período de 
hipercortisolismo e hiperaldosteronismo. 
- O aumento do cortisol ocorre pelo aumento de sua meia-vida e da redução de sua excreção. Isso é assim porque a placenta 
produz CRH e ACTH. 
- O hiperaldosteronismo mantém o balanço eletrolítico de sódio. Os níveis totais e excretados de andrógenos encontram-se 
reduzidos, possivelmente pelo consumo e metabolização em estrógeno placentário. Os níveis maternos de androstenediona e 
de testosterona, por sua vez, encontram-se maiores na gestação. 
 → Ovários 
- Sua função na gravidez é produzir progesterona pelo corpo lúteo. Mas, sua importância vai até a 7° semana de gravidez, 
momento em que o trofoblasto já tem autonomia hormonal. 
- Produz também o hormônio relaxina que faz relaxamento sistêmico das fibras de colágeno e musculares, responsáveis pela 
acomodação da gestação e pelo trabalho de parto. Também está envolvida no parto pré-termo e nas alterações de cérvix. 
ADAPTAÇÕES METABÓLICAS 
- Ganho de peso materno -> acúmulo de componente hídrico intra e extravascular, e em menor proporção, do acúmulo de 
componentes energéticos e estruturais (carboidratos, lipídeos e proteínas). 
- O ganho de peso na gravidez faz com que ele seja distribuído de forma diferente pelo corpo, sendo armazenado 
preferencialmente no território uterino e fetoplacentário, nas mamas e nas estruturas vasculares. 
- A necessidade calórica total durante a gravidez é estimada em aproximadamente 80.000 kcal. As demandas gestacionais não 
são constantes e diferem de acordo com os diversos trimestres e compartimentos, sendo maiores quanto mais avançada for a 
gravidez. 
- Na primeira fase (da concepção até a 24-26 semanas de gestação) o aporte energético vai para a mãe, depois disso, vai quase 
tudo para o crescimento do feto. 
- 1ºtrimestre: ganhar até 2kg 
- 2º e 3º trimestre: 0,4kg/semana 
- Total: 11 – 12kg 
- Quanto mais magra, mais ganha peso pq não tem gordura o suficiente -> correlação com as fases de anabolismo e 
catabolismo 
 → Metabolismo dos Carboidratos 
-  glicemia em jejum e da glicemia basal materna desencadeada pelos hormônios 
sexuais placentários (estrógeno e progesterona) para armazenar gordura, realizar 
glicogênese hepática e transferir glicose para o feto. 
- A partir do 2° semestre, inicia-se o período catabólico, como neoglicogênese e 
resistência periférica à insulina, secundária à produção placentária de hormônios 
diabetogênicos (GH, CRH, progesterona e hormônio lactogênico placentário – ou 
somatomamotropina coriônica). 
- É a partir de 30 semanas gestacionais que a mulher começa a mobilizar suas reservas 
energéticas para se adequar ao crescimento fetal. 
- Para que a glicose seja mandada para o feto, ocorre o aumento da resistência à 
insulina, criando um ambiente de hiperglicemia e hiperinsulinemia resultante da 
hipertrofia e da hiperplasia das células β pancreáticas mediadas pela prolactina e pelo 
HLP (hormônioo lactogênico placentário). Isso ocorre mais acentuadamente a partir 
da 26ª semana. 
- Normal: 92 em jejum 
- A hiperglicemia faz com que o feto receba glicose. 
- Qualquer desiquilíbrio na fase de resistência à insulina pode gerar diabetes mellitus 
gestacional, principalmente se a oferta de glicose no sangue materno ultrapassar a 
capacidade pancreática de produção de insulina. 
- HLP aumenta biodisponibilidade de glicose para o feto 
 → Metabolismo de Lipídeos 
- No primeiro semestre ocorre o armazenamento de gordura e no segundo inicia a lipólise. Com aumento do colesterol total e 
triglicerídeo. 
- Para manter o desvio de glicose para o produto conceptual, o metabolismo da gestante passa a utilizar mais lipídeos como 
fonte energética. Em jejum, especialmente quando muito prolongado, as concentrações plasmáticas de ácidos graxos, 
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triglicérides e colesterol aumentam, podendo causar cetonemia mais facilmente. Diz-se, portanto, que a gestante apresenta 
um estado de jejum acelerado. 
- O tecido adiposo produz uma família de proteínas chamadas adipocinas, dentre as quais se destacam a leptina e a 
adiponectina. Essas proteínas estão envolvidas no metabolismo lipídico, no centro regulador de saciedade, na sensibilidade à 
insulina e também em processos inflamatórios e cardiovasculares. 
- Na gravidez normal, existe um aumento da leptina, com pico no segundo trimestre. Apesar disso, o apetite e a ingestão 
alimentar são maiores na gravidez porque as gestantes desenvolvem resistência relativa à leptina no centro de saciedade do 
sistema nervoso central. Já os níveis de adiponectina se encontram menores durante a gestação, o que contribui para a 
diminuição da sensibilidade à insulina. 
 → Metabolismo Proteico 
- Ocorre acúmulo de proteína, onde metade é direcionada ao feto e a outra voltada para suprir as necessidadesda 
musculatura uterina hipertrofiada, do desenvolvimento mamário, da hipervolemia plasmática e da hiperplasia dos eritrócitos. 
- Isso ocorre talvez por aproveitamento dietético e menor taxa de excreção. 
- A insulina exerce importante função no armazenamento de aminoácidos para reservas maternas e, com o desenvolvimento 
da capacidade fetal de produzi-la, também para reservas do concepto. 
- Com relação às proteínas plasmáticas, observam-se aumento da albumina total e redução de sua concentração plasmática. 
Os níveis circulantes de gamaglobulina também estão maiores, mas em pequena proporção, o que aumenta a relação 
albumina-globulina. Outras proteínas como fibrinogênio e alfa e betaglobulinas também apresentam níveis aumentados. 
 Pele e Anexos 
- A produção placentária de estrógenos leva à angiogênese. Associado ao estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação de 
toda a periferia do organismo. 
- Diante disso, ocorre eritema palmar, hipertricose e aumento do sebo e sudorese. Alopecia é rara. 
- A hiperpigmentação também está relacionada aos altos níveis de progesterona, que aumenta a produção e secreção de 
melanina, causando melasma. Locais de maior incidência: face, fronte, linha alba – passa a ser linha nigra, aréola mamária e 
regiões de dobras. Podem pioroar com o sol e costumam desaparecer depois do parto. 
- O sinal de Hunter nada mais é que a pigmentação periareolar que determina o surgimento da aréola secundária nas 
gestantes. 
 Sistema Esquelético 
- Articulações sofrem relaxamento com acúmulo de líquido (chamado embebição gravídica). 
- Nas articulações dos membros inferiores, a embebição gravídica pode predispor a gestante a 
dores crônicas, entorses, luxações e até fraturas. 
- Articulações da bacia óssea tem maior elasticidade, mais capacidade pélvica e isso modifica a 
postura e deambulação da gestante, o que prepara para a parturição. 
- Essas modificações estão relacionadas com a relaxina e são mais evidentes na sínfise púbica, em 
que os ramos ósseos podem estar afastados em até 2 cm. 
- Os ligamentos estão mais frouxos e são mais complacentes à movimentação. Tais modificações 
são imprescindíveis para o fenômeno de expulsão fetal, pois elas permitem o aumento dos 
diâmetros e estreitos da pelve materna. 
- O aumento do volume abdominal e das mamas desvia anteriormente o centro de gravidade 
materno. Por instinto, a gestante direciona o corpo todo posteriormente, de forma a compensar e 
encontrar novo eixo de equilíbrio que permita que ela se mantenha ereta. Por essa razão, surgem 
hiperlordose e hipercifose da coluna vertebral, aumento da base de sustentação, com afastamento 
dos pés e diminuição da amplitude dos passos durante a deambulação (marcha anserina). 
 Sistema Digestório 
- Aumento de apetite e sede. Ocorre por causa da resistência à leptina e alterações da secreção de ADH. 
- Mudanças nas preferências alimentares são comuns e podem causar pica ou malácia (ingerir terra, sabão, carvão...). 
- Náuseas e vômitos (níveis de HCG e função tireoidiana) são ocorrências muito prevalentes no primeiro trimestre e 
desaparecem ao longo da gravidez. Algumas vezes é mais grave, causando perda significativa de peso (hiperêmese gravídica). 
- Os aspectos emocionais e psíquicos da paciente também exercem efeito no quadro clínico. A sialorreia, ou secreção salivar 
exacerbada, é desencadeada por estímulo neurológico do quinto par craniano (nervo trigêmeo) e do nervo vago, e relaciona-se 
mais à dificuldade de deglutição decorrente das náuseas do que propriamente ao aumento de secreção salivar. 
- Hipertrofia e hipervascularização gengival, causando fácil sangramento e dificuldade para higienizar a boca. O pH salival é 
mais baixo, podendo propiciar proliferação bacteriana. 
- A progesterona e estrógeno agem relaxando o esfíncter esofágico e redução do peristaltismo, causando refluxo 
gastroesofágico. Logo, a pirose é uma queixa comum da gestante. 
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-  Contratilidade da musculatura lisa dos intestinos, causando obstipação por causa da progesterona. A permanência 
prolongada do bolo fecal no lúmen intestinal expõe os alimentos ao contato com enzimas digestivas por tempo mais 
prolongado e aumenta a absorção de água, o que contribui para piora da obstipação. 
- Com o aumento do útero, o estômago e apêndice são desviados para cima e para a direita e os intestinos para a esquerda. 
 Sistema Respiratório 
- Ingurgitamento e edema da mucosa nasal = maior frequência de 
obstrução, sangramento e rinite durante a gravidez. 
- Edema da mucosa da laringe e a faringe, diminuindo o lúmen, o que 
pode representar maior dificuldade de entubacão. 
- Elevação diafragmática em 4 cm. A amplitude de seu movimento se 
reduz ao longo da gravidez. A caixa torácica apresenta aumento de 5 a 7 
cm em sua circunferência e 2 cm em seu diâmetro anteroposterior, com 
consequente ampliação dos ângulos costofrênicos (de até 35º). 
- A capacidade vital é a soma das reservas pulmonares expiratória e 
inspiratória e do volume corrente. Na grávida, não se nota modificação 
da capacidade vital, mas ocorre readaptação dos volumes distribuídos 
nos seus diversos componentes. Ocorre aumento do volume corrente 
com redução da reserva expiratória e preservação da reserva 
inspiratória. 
- A elevação do volume corrente ocorre para garantir oxigênio suficiente 
(lembrar que temos maior massa eritrocitária e da quantidade de 
hemoglobina circulante). 
- A hemodiluição e a queda da hemoglobina induzem o aumento do volume corrente, já que a frequência respiratória não se 
altera, apesar de as necessidades de O2 estarem maiores. 
- A capacidade pulmonar total está reduzida na gravidez em função da elevação do diafragma. O aumento do volume corrente 
causa hiperventilação e então abaixa a quantidade de CO2, o aumento do pH dificulta a liberação de oxig~enio para os tecidos 
maternos. Facilita a excreção do CO2 do feto para a mae 
- A discreta alcalose respiratória crônica é compensada pelo aumento da excreção renal de bicarbonato. 
- A progesterona reduz a resistência aérea e vasuclar para facilitar a movimentação do ar. 
- Tudo isso faz a gestante ter sensação de dispneia. 
 Sistema Urinário 
- Rins aumentam em 1 cm de diâmetro. Modificações vasculares das arteríolas renais -> aumento da volemia e redução da 
resistência vascular provoca elevação do fluxo plasmático glomerular. 
- O fluxo plasmático glomerular chega a um acréscimo de 50 a 80°/o dos níveis pré-gravídicos, enquanto o acréscimo do ritmo 
de filtração glomerular aumenta entre 40 e 50°/o já no final do primeiro trimestre. 
- Aumenta sistema renina-angiotensina-aldosterona e reduz o limiar para secreção de ADH. Ou seja, o rim concentra menos a 
urina. As grávidas reabsorvem bastante água e sal por causa do ADH e da aldosterona. 
- As taxas de fluxo plasmático glomerular e ritmo de filtração glomerular também sofrem grande influência da posição 
materna. Depuração renal é menor em posição supina, por isso o padrão de excreção urinária é maior à noite em função do 
repouso em decúbito, com maior mobilização dos fluidos extravasculares e menor capacidade de reabsorção de água livre. 
(noctúria) 
- Hormônios fazem hipotonia (relaxamento) da musculatura dos ureteres e da bexiga, a qual está mais elevada provocando 
incontinência urinária (útero compime bexiga + relaxamento da musculatura + aumento da filtração glomerular). 
- Aumenta renina-angiotensina-aldosterona -> aumento da recaptação de água -> anemia fisiológica 
- Não ocorre hipertensão porque há dominuição da sensibilidade à angiotensina 
- HIPERCOAGUBILIDADE – proteção para o parto 
- Muito progesterona causa depressão do sistema nervoso – causa desentação 
 Sistema Imunológico 
Feto tem características genéticas diferentes da mãe, e por isso, ela deve desenvolver tolerância ao tecido fetal. Para isso, a 
reposta adaptativa está diminuída, mas a inata é inalterada. 
Hipóteses: 
1. Feto é imunologicamente neutro e não causa resposta imunológica2. Útero é um local em que as reações imunológicas não são tão “fortes” o que facilitaria a adaptação ao feto 
3. Placenta era barreira neutra e não permitia que fatores imunológicos agressivos maternos atingissem o feto -> errado, 
placenta não é barreira 
4. Estado de imunossupressão fisiológica da gestação 
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- Quando o trofoblasto se implanta, gera inflamação. Isso é bom porque faz com que o embrião cresça e estimula o 
reconhecimento dos antígenos paternos (se não reconhecer pode ocorre a destruição do concepto). 
- Normalmente, a presença das células trofoblásticas no útero faz com que linfócitos migrem para esse local, resultando em 
suporte para o crescimento celular. Essas células inflamatórias liberam substâncias que suprimem a atividade citotóxica e 
produzem hormônios esteroides e proteínas com ação imunossupressora. 
- O sinciciotrofoblasto é – tecido diretamente exposto ao sangue materno – envolve todo o feto e funciona como camuflagem 
contra agentes citotóxicos por expressar antígenos que deprimem a resposta imunológica pela interação com os receptores de 
inibição leucocitária das células natural killers uterinas. 
- As células nos estágios iniciais da gestação decidem se a resposta será tipo TH1 citotóxica ou TH2 supressora. Se for TH2 a 
gestação evolui com sucesso . 
 Mamas 
- Dor e hipersensibilidade no 1° trimestre mas melhora ao longo da gravidez -> estrógenos, progesterona e prolactina que 
estimulam a diferenciação das mamas 
- A cor ficará mais escura devido ao aumento da melanina nesta região. Assim como a vagina, as axilas, e também a linha 
vertical que divide o abdômen 
- Pq ocorre diminuição do pH da vaginal? Devido ao acúmulo de glicogênio causa aumento dos lactobacilos diminui o pH como 
fator protetor das infecções bacterianas 
- Por hiperplasia e diferenciação celular modificaram a mama irreversivelmente. 
- Aumento em volume, mamilo mais pigmentado, papila mais saliente, hipertrofia das glândulas sebáceas do mamilo formando 
tubérculos de Montgomery. 
Características Clínicas Normais e Sinais de Alerta para uma Gestação de Alto Risco que 
Necessitam Encaminhar para Serviço Especializado 
- É uma gestação na qual a vida da mãe e/ou do feto apresenta maior chance de ser atingida do que considerando a média da 
população. 
Amarelo: pode ficar na UBS 
Urgência: hemorragia, pré-eclâmpsia (14/9 – dor de cabeça no estômago), graus de estratificação 
Alto recomendado 
Eclampsia 
Amniorexia – perda de líquido vaginal – exame especular com manobra de vasalva 
Rotura antecipada da bolsa – parto muito prematuro 
Infecção das vias aéreas com febre 
 Fatores de Risco Relacionados à Gestação 
FATORES INDIVIDUAIS E CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS DESFAVORÁVEIS 
- Procedência da gestante. 
- Idade materna abaixo de 15 anos e acima de 35 anos. 
- Altura materna inferior a 1,45 m. 
- Peso materno inadequado (<54 kg e >72 kg) ou IMC (peso/altura²) <20 ou>35. 
- Idade da menarca, duração do ciclo menstrual. 
- Ocupação: exposição de riscos ocupacionais, como esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, estresse, exposição a 
agentes físicos, químicos e biológicos nocivos. 
- Má aceitação da gestação (não planejada, não desejada) na unidade familiar. 
- Situação conjugal insegura (estado civil de fato, sem apoio do parceiro ou da família). 
- Moradia (área de extensão, números de pessoas na casa, condições de habitação). 
- Baixa escolaridade (nível cultural). 
- Baixa renda (fator socioeconômico): abandono, miséria, violência. 
- Dependência de drogas lícitas (álcool, tabagismo – 20 cigarros/dia) e ilícitas. 
- Assistência pública (estrutura do serviço local). 
HISTÓRIA GINECOLÓGICA E OBSTÉTRICA 
- Gestação ectópica. 
- Perda fetal recorrente/ mau passado obstétrico/ número de filhos vivos. 
- Anomalias uterinas (malformações, incompetência istmocervical). 
- Crescimento fetal restrito. 
- Feto morto ou morte perinatal explicada e não explicada. 
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- Malformações fetais. 
- Prematuridade. 
- Gestação prolongada. 
- Intervalo interpartal < 2 anos e > que 5 anos 
- Síndromes hemorrágicas na gestação atual ou anterior: descolamento prematuro da placenta, placenta de inserção baixa, 
placenta circunvalada e marginada, abortamento 
- Isoimunização Rh. 
- Nuliparidade e multiparidade (5 ou mais). 
- Neoplasias ginecológicas. 
- Cirurgia uterina anterior (miomactomia, rotura uterina etc.). 
- Complicações pós-natais em gestação anterior. 
- Doenças maternas prévias ou concomitantes (cardiopatias, doenças psiquiátricas, infecções, hipertensão...) 
GESTAÇÃO ATUAL 
- Primiparidade e espaço interpartal (> 10 anos). 
- Idade materna maior de 35 anos. 
- Crescimento fetal maior e menor que o esperado. 
- Insuficiência placentária. 
- Gestação múltipla. 
- Na realização do pré-natal ou pré-natal inadequado. 
- Rotura prematura de membranas ovulares pré-termo (antes de 37 semanas). 
- Ganho de peso excessivo. 
- Alteração da quantidade do líquido amniótico: polidrâmnio e oligoâmnio. 
- Prematuridade/ gestação prolongada. 
- Violência sexual. 
- Apresentação fetal anômala. 
- Cesáreas prévias. 
- Primiparidades precoce (adolescentes) e tardia. 
- Desnutrição materna: IMC < 18,5 no primeiro trimestre. 
- Aspectos emocionais e psicossociais 
- Infecção urinária anemia e ganho de peso inadequado 
RELACIONADOS AO RECÉM-NASCIDO 
- Anóxia. 
- Insuficiência placentária. 
- Prematuridade. 
- Baixo peso ao nascer. 
- Infecções. 
- Alterações respiratórias, cardiovasculares, hematológicas, gastrintestinais, hepáticas, metabólicas, renais. 
 Encaminhamento para Serviço Especializado: 
 → Hipertensão 
Crônica – tanto previamente hipertensa tanto quando diagnosticada antes da 20° semana 
Gestacional 
 → Diabetes 
Mellitus ou gestacional 
 → Acretismo placentário 
 → História de tromboembolismo prévio 
 → Hipertireoidismo ou Hipotireoidismo 
 → Anemia grave 
Anemia falciforme ou hemoglobinopatias 
Hemoglobina menor que 8g/dl 
 → Gestação com abortamento recorrente 
De 3 ou mais gestações 
 → Hepatite B e C 
 → HIV descontrolado 
 → Toxoplasmose/sífilis/condiloma

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