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ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ORGANISMO MATERNO NA GRAVIDEZ

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1 Gabrielle Nunes 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ORGANISMO MATERNO NA GRAVIDEZ 
 
As alterações fisiológicas da gravidez já se iniciam no momento da concepção e nidação do embrião. Essas alterações 
teriam origem em um tripé: fator hormonal, fator mecânico e fator fetal. Esses pontos seriam os responsáveis por gerar 
sinais e sintomas na mulher durante a gravidez. 
FATOR HORMONAL 
A gravidez representa um pan-hiperendocrinismo, observando-se aumento de todos os hormônios. Além deste fato 
surgem outros, dentre eles, a gonadotrofina coriônica e o lactogênio placentário. A placenta funciona como um órgão 
endócrino, produzindo esteroides e hormônios peptídicos, bem como prostaglandinas, que desempenham importante 
papel no início do trabalho de parto. 
HORMÔNIOS PROTEICOS HORMÔNIOS ESTEROIDES HORMÔNIOS NEUROPEPTÍDIOS 
- Gonadotrofina coriônica humana (HCG) 
- Lactogênio placentário humano (hPl) 
- Progesterona 
- Estrogênio 
- Hormônio liberador de gonadotrofina coriônica humana (GnRH) 
- Somatostatina coriônica humana (SS) 
- Fator liberador de corticotrofina coriônica humana (CRF) 
GONODOTROFINA CORIÔNICA HUMANA (HCG) 
É uma glicoproteína sintetizada pelas frações alfa e beta do sinciciotrofoblasto (porção do trofoblasto) e levada para os líquidos maternos 
• Frações alfa (comum ao FSH, LH e TSH) 
• Fração beta (específica): detectada na gravidez 
Tem como função dar suporte ao corpo lúteo – impedindo a involução- na produção de progesterona até a formação da placenta. O corpo lúteo 
involui lentamente depois da 13º a 17º semana de gestação. 
Quando pode ser detectado nos exames? 8 a 9 dias após a ovulação, pouco tempo depois do blastocisto se implantar no endométrio. Está em seus 
níveis máximos aproximadamente entre 10-12 semanas e estabelecendo em níveis mais baixos no decorrer da gravidez 
É UM DOS GRANDES RESPONSÁVEIS PELA ÊMESE GRAVÍDICA. 
LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO HUMANO (hPl) X SOMATOMAMOTROPINA CORIÔNICA HUMANA 
Glicoproteína predominante a partir de 24 semanas com níveis máximos em torno de 32 semanas. Tem sua secreção crescente durante toda a 
gravidez, em proporção direta ao peso da placenta. Está relacionada com o hormônio do crescimento humano. A hCS, que é sintetizada no 
sinciciotrofoblasto, promove o crescimento geral, regula o metabolismo da glicose e estimula a proliferação dos ductos mamários na mama materna. 
• Antagonista da insulina promovendo resistência periférica insulínica e intolerância aos carboidratos: aumenta a quantidade de glicose 
sérica, para fornecer uma quantidade maior ao feto. 
• Aumentando glicogenólise, lipólise e proteólise. 
• Tem fracas ações semelhantes às do hormônio do crescimento, causando a formação de tecidos proteicos. 
PROGESTERONA 
 
Os efeitos especiais da progesterona, essenciais à progressão da gravidez são: 
• Desenvolvimento das células deciduais no endométrio uterino, exercendo principalmente a nutrição do embrião 
• Diminui a contratilidade do útero gravídico, evitando abortos espontâneos 
• Aumenta as secreções na tuba e no útero, as quais são responsáveis por nutrir esse ovo nos primeiros dias de gestação 
• Ajuda o estrogênio a preparar as mamas da mãe para a lactação 
Estudos histoquímicos e fisiológicos mostram que estrogeno e progesterona são secretados pelas células sinciciais trofblásticas da placenta. 
PROGESTERONA: A síntese inicial de progesterona é a 
partir do corpo lúteo. No momento de queda da síntese de 
progesterona pelo corpo lúteo já existe a síntese desse 
hormônio pelo trofoplasto, e, em um determinado momento 
há uma transferência lúteo-placentária, em que a placenta 
assume essa síntese e esta será crescente até o final da 
gestação. 
 
2 Gabrielle Nunes 
ESTRADIOL 
Os níveis liberados de estradiol são crescentes até o final da gravidez, aumentando cerca de 30 vezes do nível não gravídico ao final da gestação. 
Exerce as seguintes funções: 
• Aumenta volume sanguíneo (leito vascular uterino) 
• Aumenta fluxo sanguíneo uteroplacentário 
• Aumenta contratilidade de miocárdio 
• Estimula proliferação ductal nas mamas > aumento das mamas maternas 
• Induz hiperplasia e hipertrofia no miométrio > aumento do útero materno 
• Induz relaxamento dos ligamentos pélvicos, facilitando a passagem do feto pelo canal de parto > sínfise púbica elástica e articulações 
sacroilíacas maleáveis 
• Aumento da genitália externa feminina da mãe 
A síntese de estradiol pela placenta é quase que inteiramente derivada dos compostos esteroides androgênicos, desidroepiandrosterona e 16-
hidroxidesidroepiandrosterona, formados tanto nas glândulas adrenais da mãe quanto nas adrenais do feto. 
OUTROS FATORES HORMONAIS 
Quase todas as glândulas endócrinas não sexuais da mãe também reagem de modo acentuado à gravidez, o que resulta no aumento da carga 
metabólica da mãe. 
SECREÇÃO HIPOFISÁRIA: aumenta pelo menos 50% do seu tamanho durante a gravidez; aumenta a secreção de corticotropina, tireotropina e 
prolactina; cai quase que total a secreção de LH e FSH; 
SECREÇÕES ADRENAIS: aumento moderado na síntese se corticoesteroides; é possível que esses glicocorticoides ajudem a mobilizar aminoácidos do 
tecido materno, de maneira que possam ser usados na síntese de tecidos no feto. 
• Aumento em 2 vezes na síntese se aldosterona, atingindo um pico na gravidez: maior retenção de sódio > maior reabsorção de água > 
hipertensão induzida pela gravidez; 
SECREÇÕES TIREOIDIANAS: Aumento das secreções em até 50% e aumenta a produção de tiroxina por quantidade correspondente. 
• A hCG também apresenta acentuada homologia com o hormônio tireoestimulante da hipófise, o que pode explicar o hipertireoidismo na 
gravidez ao estimular a glândula tireoide materna a aumentar a secreção de tetraiodotironina (T4). 
 
SECREÇÕES PARATIREOIDIANAS: Aumento da secreção p/ aumento da absorção de cálcio, principalmente em mães deficientes desse mineral; essa 
secreção é ainda mais intendificada durante a lactação; 
RELAXINA 
É sintetizada pelas células deciduais e está envolvida no “amolecimento” do colo do útero e dos ligamentos pélvicos na preparação para o parto. 
LEPTINA 
Sintetizada pelo sinciciotrofoblasto, particularmente durante o último mês de gestação. A leptina possivelmente regula a reserva de nutrientes 
maternos para as necessidades de nutrientes do feto. Ela também está envolvida no transporte de nutrientes através da barreira placentária da mãe 
para o feto. 
FATOR MECÂNICO 
O principal fator mecânico que interfere nas alterações fisiológicas da gravidez é o aumento do volume uterino. 
• Compressão do diafragma: reduz o volume torácico, dificultando a mecânica respiratória (- volume + pressão) 
• Compressão de órgãos abdominais 
• Compressão uretral 
• Hiperlordose/ hipercifose: deslocamento do ponto de equilibro 
• Compressão da veia cava superior de maneira crônica e progressiva 
FATOR FETAL 
O feto demanda de uma grande quantidade de O2 e de nutrientes, diminuindo as reservas maternas de alimentos, 
nutrientes e do aporte de oxigênio. 
RESUMO 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS CARDIOVASCULARES 
Volume sistólico aumentado (10%); frequência cardíaca aumentada (20%); resistência vascular periférica reduzida (35%); 
Volume sanguíneo aumentado (+30%, ação da aldosterona e do estrógeno 
Débito cardíaco aumentado: se eleva cerca de 30-40% (4,5l/min > 6,5-7,1 l/min), essa modificação decorre do acréscimo na frequência cardíaca e no 
volume sistólico. 
 
3 Gabrielle Nunes 
Pressão arterial média reduzida (10%): Devido à ação angiogênica do estrógeno e vasodilatadora da progesterona, a pressão arterial tende a cair 
durante a gestação, juntando-se a estes fatores a interposição placentária à circulação arterial e venosa contribui para redução, dos níveis tensionais 
Inicialmente há um leve declínio da pressão (lipotimia,mal estar), sendo seguindo por um platô e novamente um aumento de pressão 
(aproximadamente aos níveis pré-clínicos). 
Consequências cardíacas da elevação do diafragma (4cm, para cima e para a esquerda): Topograficamente, o coração desvia-se para frente e para 
a esquerda, alterando seu eixo elétrico, consequentemente o eletrocardiograma. Essa modificação gera algumas repercussões: 
• Alterações eletrocardiográficas: desvio do eixo elétrico para a esquerda, inversão da onda T e desnivelamento do segmente ST 
Além da posição cardíaca, a presença de uma síndrome hipercinética (pela hemodiluição) e pela queda na viscosidade sanguínea podemos ter: 
• Sopros sistólicos frequentes 
• Extra-sístoles 
• Especial susceptibilidade TPSV 
Consequências da compressão crônica da veia cava inferior: 
• (+) Pressão venosa: compressão das veias pélvicas > varizes, hemorroidas, edema de membros inferiores 
• Síndrome de hipotensão supina 
SÍNDROME DE HIPOTENSÃO SUPINA: As mudanças na posição corporal afetam a dinâmica circulatória, nesse sentido, grávidas em decúbito dorsal 
tendem a realizar uma compressão da veia cava inferior (crônica e progressiva). Essa compressão gera uma hipotensão, consequente bradicardia 
(reflexo vaso-vagal) > (+) hipotensão (=) bradicardia > Dc (queda em até 50%) 
• Repercussões maternas: mal estar, lipotimia 
• Repercussões fetais: hipotensão e bradicardia; sofrimento fetal agudo; 
• Fatores de melhora: decúbito lateral esquerdo; 
• Caso que requer mais atenção: procedimentos cirúrgicos de emergência e gestantes cardiopatas; 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RESPIRATÓRIAS 
Alterações nas dimensões pulmonares: redução do tamanho dos pulmões no sentido craniocaudal, e aumento compensatório dos diâmetros latero-
lateral e anteroposterior, mas o volume pulmonar global acaba reduzido no final da gestação. Esta restrição é compensada por ação da progesterona, 
nos centros respiratórios, elevando a frequência do ritmo da respiração. O volume minuto passa de 7 para 10 litros e o pCO2 de 40 para 30mmHg. 
Essas alterações contribuem, significativamente, para o incremento das trocas gasosas a nível placentário, 
O volume-minuto aumenta em até 50%, basicamente à conta do volume-corrente. Há uma diminuição fisiológica da reserva pulmonar (capacidade 
residual funcional). 
Devido ao aumento do metabolismo basal da gestante e por causa do aumento de tamanho da mãe, a quantidade total de oxigênio usado pela mãe 
pouco antes do parto é aproximadamente 20% maior que as condições não gravídicas. 
• (+) velocidade da ventilação-minuto materna (também tem influência da 
progesterona) 
• Queda da PCO2 pela maior ventilação 
• (-) atuação do diafragma na respiração e aumento da FR de forma 
compensatória 
 
A hiperventilação da gravidez facilita as trocas gasosas nos pulmões, já que tanto a 
pressão parcial de oxigênio (PO2) no ar alveolar e no sangue arterial encontram-se 
elevados. O consumo de oxigênio também encontra-se elevado. Essa 
hiperventilação, ocasiona em alcalose respiratória, com diminuição da pressão 
parcial de dióxido de carbono (PCO2). A diminuição da PCO2 é compensada pelo 
aumento da excreção urinária de bicarbonato (HCO3-), com diminuição plasmática 
mas com pH plasmático normal. A resolução das alterações respiratórias começa 
cerca de 24 a 48h após o parto, e podem se entender até 7 semanas do puerpério. 
 
Gestante hiperventila ->elevação do pH -> alcalose respiratória compensada ->elevação na síntese de 2-3 DPG -> DPG se liga à hemoglobina materna 
-> impede a afinidade por o2 (efeito Bohr) -> facilita hemácia materna p/ feto -> saturação de o2 do feto é maior que da mãe. 
 
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RENAIS 
• Formação aumentada de urina por: aumento da ingestão de líquidos e maior carga de produtos excretórios 
• Aumento da capacidade reabsortiva de sódio, cloreto e água nos túbulos renais: É notável a retenção de sódio e água, possibilitando 
arredondamento das formas corporais da grávida e hidratação adequada dos ligamentos de cintura pélvica (facilita o deslizamento 
articular no momento do parto) 
• Hidronefrose fisiológica: A hidronefrose na gravidez acontece devido à compressão dos órgãos locais pelo crescimento do útero. Aumento 
na dimensão das estruturas -> maior fluxo de água -> maior taxa de filtração glomerular -> maior compressão abdominal -> água fica 
acumulada na pelve renal -> hidronefrose fisiologica 
• Aumento em 50% da taxa de filtração glomerular e fluxo sanguíneo renal devido a vasodilatação renal influência do óxido nítrico e da 
relaxina) 
• Insensibilidade dos receptores da angiotensina II: 
GANHO DE PESO / ALTERAÇÕES GASTROINTESTINAIS 
 
4 Gabrielle Nunes 
Em média, a gestante engorda durante a gravidez cerca de 11 a 15kg, e grande parte deste ganho de peso ocorre durante os últimos dois trimestres 
• 3,5kg do feto + 2kg de líquido amniótico e membranas fetais 
• Aproximadamente 1,3kg a mais no útero 
• 1kg a mais nas mamas 
• 2kg de líquido extra no sangue e no líquido extracelular 
Porque a fome aumenta? Há uma remoção de substratos alimentares do sangue materno pelo feto e pelos fatores hormonais. 
DESEJOS: o justificado pela presença de gonadotrofina coriônica e alterações emocionais, algumas relacionadas à carência afetiva. No entanto, a 
gênese dessas alterações ainda não está totalmente esclarecida. 
HIPERTROFIA GENGIVAL: As gengivas sofrem, por ação do estrógeno e da progesterona, hipertrofia notável, fator que limita a higienização da cavidade 
oral, tanto por cobrir parte dos dentes como pelo sangramento gengival. 
REFLUXO: a progesterona tem efeito relaxante sobre a musculatura lisa, compreende-se a insuficiência relativa da cárdia, predispondo a 
regurgitações e até esofagite de refluxo. O crescimento uterino influência também na expansão do estômago. 
OBSTIPAÇÃO + HEMORROÍDAS: os intestinos sob ação da progesterona, estão com atividades reduzidas predispondo à obstipação e ao aparecimento 
de hemorróidas 
ALTERAÇÕES METABÓLICAS 
O metabolismo basal da gestante, devido as inúmeras alterações hormonais citadas acima, aumenta cerca de 15% durante a última metade da 
gravidez. Consequências: calor excessivo, maior necessidade energética; 
ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS 
O volume sanguíneo, a frequência cardíaca e o débito cardíaco normalmente aumentam durante a gravidez, enquanto a resistência vascular diminui. 
Essas alterações hemodinâmicas estabelecem reserva circulatória para manter a mulher grávida e o feto durante o exercício e o repouso. 
Maior fluidez do sangue: (+) reabsorção de água > volume sanguíneo aumentado (+30%, ação da aldosterona e do estrógeno); 
• À conta da hemodiluição fisiológica da gravidez (ACOG, 2008), os níveis de hemoglobina que configuram a anemia são bem mais baixos 
que os existentes fora da gestação. Assim, os níveis mínimos normais de hemoglobina na gestação definidos pelo Royal College of 
Obstetricians and Gynaecologists (RCOG, 2015) são 11 g/dl no 1o trimestre; 10,5 g/dl no 2o e no 3o trimestres; e 10 g/dl no pós-parto. 
Medula óssea mais ativa na produção de uma maior quantidade de hemácias, no entanto em percentual menor do que o plasma, levando a uma 
hemodiluição, traduzida frequentemente por queda dos níveis de hemoglobina e aparecimento de sopro sistólico, considerado normal neste período. 
Anemia hipocrômica: o feto precisa de cerca de 375mg de ferro para formar seu sangue, e a mãe precisa de outros 600mg para formar o seu próprio 
sangue extra. A reserva normal de ferro não ligado à hemoglobina, no início da gravidez, geralmente fica em torno de 100mg e quase nunca acima 
de 700mg. 
ESTADO DE HIPERCOAGULABILIDADE: Apesar da viscosidade sanguínea estar reduzida, a coagulação da grávida está exacerbada. Isto ocorre porque 
a fibrinólise está inibida e existe aumento nítido de, praticamente, todos os elementos da coagulação. 
ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS 
CLOASMA E LINHA “NIGRANS’: em resposta ao aumento da melatonina, cuja secreção é estimulada pelo aumento da progesterona.HIPERTRICOSE: manifestação da vasogênese induzida pelo estrógeno na periferia do bulbo folicular e da vasodilatação promovida pela progesterona. 
ERITEMA PALMAR: microvascularização periférica; 
São alterações orgânicas decorrentes de ação estrogênica (vasogênica) e progesterônica (vasodilatadora). A função biológica desta alteração é 
facilitar a perda periférica de calor, visto que o metabolismo basal da grávida é mais elevado. 
ESTRIAS: Hiperfunção das adrenais > (+) cortisol + distensão abdominal e mamária > surgimento de estrias 
ALTERAÇÕES OSTEOARTICULARES 
O equilíbrio entre a secreção de paratormônio e calcitonina se fez em nível mais elevado durante a gravidez. 
Com a reabsorção de sódio e água, os ligamentos e cartilagem de interposição óssea, também, participam desse processo. Se por um lado, a maior 
elasticidade dos ligamentos pélvicos é desejável no momento do parto, nas articulações dos membros inferiores predispõem a entorses, luxações e 
até fraturas ósseas. 
O aumento do volume abdominal desviando o centro de gravidade de gestante para a frente tem que ser compensado, possibilitando assim, a posição 
ereta. O principal mecanismo de compensação é a lordose acentuada na postura de grávida, acompanhada de aumento de base (pés afastados). O 
andar de gestante é peculiar, chamado por alguns de “marcha anserina”. 
ALTERAÇÕES NEUROPSÍQUICAS 
Sonolência + alterações de humor pela elevada secreção de hormônios; 
Dentre as modificações psíquicas devem ser referidas o alentecimento psicomotor, a labilidade emocional e a insegurança. Estes aspectos devem 
ser compreendidos de forma holística pelo pré-natalista, pessoa na qual a paciente projeta toda sua necessidade de apoio. 
ALTERAÇÕES UTERINICAS 
Hipertrofia e hiperplasia das fibras miometriais resultando em aumento uterino: permite o desenvolvimento do feto e a proporção satisfatória força 
motriz no momento do parto. 
 
5 Gabrielle Nunes 
A consistência uterina diminuída, desde o início da gestação (mais acentuada ao nível do istmo), permite inferir o diagnóstico de gestação. No local 
de implantação da placenta o útero se desenvolve diferentemente, provocando assimetria do órgão. 
O colo uterino passa de coloração rósea (não gravídica) para vinhosa, fato que permite inferir o diagnóstico precoce de gestação 
ALTERAÇÕES VAGINAIS e VULVARES 
Coloração mais acentuada da vagina e da vulva. 
• A vulva adquire coloração acastanhada, acompanhada de aumento do volume decorrente do edema observado nessa região. Esse edema 
teria a função de coxim, evitando danos tissulares de maior gravidade no momento do parto. 
• Coloração vinhosa da vagina no período gestacional perdendo aquela tonalidade rósea característica do período não gravídico; 
Com o aumento dos bacilos de Doderlein, aumenta o teor de ácido láctico vaginal, diminuindo o pH e predispondo a infecção vaginal por fungos, 
bastante frequente na vigência de pH vaginal mais baixo que o normal. 
 
ALTERAÇÕES METABÓLICAS 
As alterações metabólicas sofridas pela mãe são necessárias para suprir as demandas provenientes do rápido 
crescimento e desenvolvimento do concepto durante a gravidez. 
METABOLISMO GLICÍDICO 
Na gravidez, há um aumento na demanda de glicose no organismo materno, devido a presença do concepto. Mesmo 
em períodos de jejum, o feto continua a consumir glicose e aminoácidos maternos, em velocidade constante mesmo 
nos períodos de alimentação. 
Assim, para garantir um suprimento contínuo de glicose e aminoácidos para o feto, a gestante deixa de consumir glicose 
de modo indiscriminado. À medida que a gestação evolui, o consumo periférico de glicose diminui, por conta da 
influência de hormônios contrainsulares secretados pela placenta. 
A glicose é transferida ao feto por meio de difusão facilitada. Durante o fim do 2° trimestre, a gestante exibe aumento na 
resistência à insulina. Esse fato decorre da presença de Hormônio lactogênio placentário humano (hPL), Hormônio do 
crescimento placentário humano (hPGH) e Adipocinas como a leptina, adiponectina, fator de necrose tumoral alfa (TNF-
alfa) e interleucina (IL-6). 
O hPL eleva-se rapidamente no 1° e no 2° trimestre, e alcança seu máximo nas últimas 4 semanas da gravidez. Ele possui 
efeito diabetogênico, uma vez que disponibiliza lipídios na forma de ácidos graxos livres (AGL) para servirem como fonte 
de energia no lugar da glicose, que então será consumida pelo feto. 
METABOLISMO LIPÍDICO 
A placenta praticamente não permite a passagem dos lipídios, exceto os ácidos graxos livres (AGL) e os corpos cetônicos. 
As principais alterações do metabolismo lipídico durante a gestação consistem no acúmulo de lipídios nos tecidos 
maternos, e a hiperlipidemia gestacional. 
ACÚMULO DE LIPÍDIOS NOS TECIDOS MATERNOS: Acúmulo de peso (citados acima) > acúmulo de lipídios nos depósitos 
de gordura, principalmente nos primeiros 2/3 da gestação.Esse aumento nos depósitos de gordura ocorre principalmente 
do aumento da lipogênese, devido a elevação na síntese de ácidos graxos e do glicerídeo glicerol para a formação dos 
triglicerídeos (TG). 
Durante o último trimestre da gestação, a tendência de acumular gordura cessa, uma vez que o metabolismo lipídico 
muda para o estado de lipólise. Esse evento ocorre devido a alterações como redução rápida do aumento da atividade 
lipogênica, e aumento da atividade lipolítica possivelmente estimulada pelo hPL. 
O aumento da lipólise eleva a liberação de AGL e de glicerol na circulação materna, na qual alcançam rapidamente 
altas concentrações no plasma. Como a passagem dos AGL e do glicerol é baixa, então essas duas substâncias são 
captadas pelo fígado. No fígado, o AGL e o glicerol são convertidos respectivamente em Acil-CoA e Glicerol-3-fosfato, 
que podem ser utilizados para a formação de TG, glicose ou corpos cetônicos. 
 
6 Gabrielle Nunes 
Durante o fim da gestação, e em condições 
de jejum, a síntese de corpos cetônicos torna-
se altamente incrementada. Esse evento 
ocorre para que os corpos cetônicos recém-
produzidos sejam consumidos pelo organismo 
materno, e disponibiliza glicose para o feto. 
Os corpos cetônicos também podem ser 
captados pelo feto para servirem de energia, 
ou como substratos para a síntese de lipídios 
no cérebro. Além disso, no fim da gestação 
há também o aumento da gliconeogênese a 
partir do glicerol, poupando os ácidos graxos 
que serão transportados para o feto. 
 
 
 
 
HIPERLIPIDEMIA MATERNA: Durante a gravidez normal há 
aumento constante nos triglicerídeos (TG) plasmáticos e 
pequena elevação no colesterol. Essa hiperlipidemia 
corresponde ao enriquecimento proporcional de TG nas 
frações das lipoproteínas, como o LDL e o HDL, e 
principalmente a VLDL. Essas lipoproteínas atuam no fígado, 
realizando o transporte dos TG derivados dos AGL e do glicerol. 
A produção elevada de VLDL e sua remoção diminuída da 
circulação devido a menor atividade da lipoproteína lipase 
(LPL) no tecido adiposo, são as principais responsáveis pelo 
aumento do VLDL durante a gestação. Esses eventos somados 
a outros fatores, contribuem para o acúmulo de TG nas outras 
lipoproteínas. O aumento da atividade da proteína de 
transferência do éster de colesterol (CETP), que catalisa a 
transferência de VLDL para as lipoproteínas pobres nesses 
lipídios como o LDL e HDL, também atua nesses eventos. Outro 
fator contribuinte é o aumento do éster de colesterol (CE), e a 
diminuição da atividade da lipase hepática (HL) que controla 
a conversão da HDL2b em HDL3 no fim da gestação. 
Embora os TG não passem pela placenta, o feto é beneficiado pela hiperlipidemia materna devido a eventos como: 
aumento da atividade da LPL durante o jejum, que estimula a conversão hepática dos TG em corpos cetônicos; 
formação de ácidos graxos essenciais (AGE) pela placenta, provenientes dos TG maternos; e produção de leite por meio 
da indução da LPL nas mamas por volta do parto, que então transformaos TG em AGE que podem ser passados pelo 
RN através do leite materno. 
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS (AGE) correspondem a lipídios que não podem ser sintetizados pelo organismo e devem 
assim ser supridos pela alimentação. As duas famílias de AGE, conhecidas como Ômega-3 (ácido linolênico) e Ômega-
6 (ácido eicosapentaenoico), são necessários para o funcionamento ideal do corpo. Na gestação, os AGE são 
necessários para o desenvolvimento do feto e da placenta no início da gestação, e o ácido docosa-hexaenoico (DHA), 
um tipo de ômega-3 derivado dos peixes marinhos, é vital para a homeostase materna e também o desenvolvimento do 
cérebro e da retina fetal durante o 3° trimestre. 
 
 
 
 
7 Gabrielle Nunes 
METABOLISMO PROTEICO 
O metabolismo das proteínas durante a gestação é pouco 
estudado, sabe-se que a concentração da maioria dos 
aminoácidos está reduzida na gravidez. As proteínas totai, 
embora aumentadas nos valores absolutos pela hemodiluição 
plasmática, possuem suas concentrações diminuídas. A 
principal queda é da albumina, enquanto a menor são das 
gamaglobulinas. 
METABOLISMO HIDROELETROLÍTICO 
A principal alteração hidroeletrolítica na gestação é a 
RETENÇÃO DE LÍQUIDO NO MEIO INTRA E EXTRACELULAR, 
responsável pelo aumento do volume plasmático. 
Maior secreção de aldosterona pela suprarenal sob influência 
da progesterona > Retenção de sódio > retenção de líquido. 
Em compensação, o rim aumenta a taxa de filtração 
glomerular (TFG) pelo sistema renina-angiotensina. 
A renina é sintetizada pelo aparelho justaglomerular e age 
estimulando a secreção de aldosterona pelo córtex da 
glândula suprarrenal, via angiotensina. A aldosterona é 
responsável pelo aumento da reabsorção tubular de sódio, 
preservando a homeostase materna (hiperaldosteronismo 
secundário da gravidez). 
A concentração de sódio plasmática encontra-se ligeiramente 
reduzida na gestação, assim como a osmolaridade total. Há 
redução também da pressão oncótica ou coloidosmótica, 
devido a redução da albumina plasmática. 
METABOLISMO DO CÁLCIO 
Os níveis de cálcio são controlados rigorosamente pelo hormônio 
da paratireóide ou paratormônio (PTH) e pela vitamina D. O 
precursor da vitamina D na pele é o 7-deidrocolesterol, que, sob 
a ação dos raios ultravioletas solares, transforma-se no 
colecalciferol (pré-vitamina D3), também encontrado em 
alimentos e suplementos. O colecalciferol sofre duas hidroxilações 
no organismo, uma 25-hidroxilação no fígado (calcidiol) e outra 1-
hidroxilação no rim (calcitriol ou 1 a 25-di-hidroxicolecalciferol), 
constituindo a vitamina D3 ativada. O PTH estimulado pela 
hipocalcemia e inibido pela hipercalcemia, influencia o 
metabolismo do cálcio pela reabsorção óssea e formação da 
vitamina D3. 
Na gestação, uma grande quantidade de cálcio é transferida por 
transporte ativo para o feto. Para isso, a absorção do cálcio dobra 
na gravidez, consequência também do nível duplamente elevado 
de vitamina D3 de origem placentária e materna renal. A 
elevação da vitamina D3 provoca a abertura dos canais de 
cálcio voltagem-dependentes na membrana dos enterócitos, 
contribuindo para aumentar a absorção intestinal de cálcio. 
Durante a gestação, os níveis plasmáticos de PTH são reduzidos, 
porém são compensados pelo peptídeo semelhante ao PTH 
(PTHrP) de origem fetal e placentária. 
 
 
8 Gabrielle Nunes 
ALTERAÇÕES GINECOLÓGICAS 
 
DIAGNOSTICO DA GRAVIDEZ 
DIAGNOSTICO CLÍNICO 
Os sintomas da gravidez são classificados em de presunção, de probabilidade e de certeza. 
SINTOMAS DE PRESUNÇÃO 
QUATRO SEMANAS Amenorreia: sinal mais precoce 
CINCO SEMANAS Náuseas:50% das mulheres sofrem; vômito e anorexia como consequência; 
Congestão mamária: Mamas congestas e doloridas; 
SEIS SEMANAS Polaciúria: No segundo e no terceiro mês de gestação, o útero, com maior volume e em anteflexão acentuada, 
comprime a bexiga, levando à micção frequente, com emissão de quantidade reduzida de urina; 
OITO SEMANAS Auréola primária mais pigmentada e surgimento dos tubérculos de Montgomery; 
16 semanas: colostro; 
SINAIS DE PROBABILIDADE 
Amenorreia: Após 10 a 14 dias de atraso menstrual, considera-se provável sinal de amenorreia 
Amolecimento da cérvice uterina, com posterior aumento do seu volume; 
Paredes vaginais aumentadas, com aumento da vascularização (pode-se observar pulsação da artéria vaginal nos fundos de sacos 
laterais); 
Positividade da fração beta do HCG no soro materno a partir do oitavo ou nono dia após a fertilização 
SINAIS DE CERTEZA 
12-20 SEMANAS Presença dos batimentos cardíacos fetais (BCF), que são detectados pelo sonar a partir de 12 semanas e pelo 
Pinard a partir de 20 semanas; 
18-20 SEMANAS Percepção dos movimentos fetais 
Ultrassonografia: o saco gestacional pode ser observado por via transvaginal com apenas 4 a 5 semanas gestacionais e a atividade 
cardíaca é a primeira manifestação do embrião com 6 semanas gestacionais. 
 
Após a confirmação da gravidez, em consulta médica ou de enfermagem, dá-se início ao acompanhamento da 
gestante, com seu cadastramento no SisPreNatal. Os procedimentos e as condutas que se seguem devem ser realizados 
 
9 Gabrielle Nunes 
sistematicamente e avaliados em toda consulta de pré-natal. As condutas e os achados diagnósticos sempre devem ser 
anotados na Ficha de PréNatal e no Cartão da Gestante. 
 A partir desse momento, a gestante deverá receber as orientações necessárias referentes ao acompanhamento de pré-
natal: sequência de consultas (mensalmente, se possível), visitas domiciliares e grupos educativos. Deverão ser fornecidos: 
• O Cartão da Gestante, com a identificação preenchida, o número do Cartão Nacional da Saúde, o hospital de 
referência para o parto e as orientações sobre este; 
• O calendário de vacinas e suas orientações; 
• A solicitação dos exames de rotina; 
• As orientações sobre a participação nas atividades educativas (reuniões e visitas domiciliares).

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