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Rayanne Maira- FASA 2021 Próximo ao final da quarta semana, uma elevação triangular mediana aparece no assoalho da faringe primitiva Essa tumefação lingual mediana (broto da língua) é a primeira indicação do desenvolvimento da língua. Logo depois, duas tumefações linguais laterais ovais (brotos linguais distais) desenvolvem-se em cada lado da tumefação lingual mediana. As três tumefações resultam da proliferação do mesênquima nas porções ventromediais do primeiro par de arcos faríngeos. As tumefações linguais laterais rapidamente aumentam em tamanho, fundem-se uma com a outra, e crescem sobre a tumefação lingual mediana. As tumefações linguais laterais fundidas formam os dois terços anteriores da língua (parte oral) Rayanne Maira- FASA 2021 O local de fusão das tumefações é indicado pelo sulco da linha média e internamente pelo septo lingual fibroso. A cópula forma-se pela fusão das partes ventromediais do segundo par dos arcos faríngeos. A eminência hipofaríngea desenvolve-se caudalmente à cópula a partir do mesênquima nas partes ventromediais do terceiro e do quarto pares de arcos faríngeos. Durante o desenvolvimento da língua, a cópula é gradativamente coberta pela eminência hipofaríngea e desaparece. Como resultado, o terço posterior da língua se desenvolve a partir da parte rostral da eminência hipofaríngea. A linha de fusão das partes anterior e posterior da língua é grosseiramente indicada por um sulco em forma de V, o sulco terminal. A maior parte dos músculos da língua é derivada dos mioblastos (células musculares primordiais) que migram do segundo ao quinto miótomos occipitais. O nervo hipoglosso (NC XII) acompanha os mioblastos (precursores miogênicos) durante sua migração e inerva os músculos da língua à medida que estes se desenvolvem As papilas linguais aparecem no final da oitava semana. As papilas circunvaladas e foliáceas aparecem primeiro e se situam próximas aos ramos terminais do nervo glossofaríngeo As papilas fungiformes aparecem posteriormente próximas às terminações do ramo da corda do tímpano do nervo facial. As papilas longas e numerosas são chamadas papilas filiformes, devido à sua forma semelhante a um fio. Elas se desenvolvem durante o período fetal inicial (10 a 11 semanas) e elas contêm terminações nervosas aferentes que são sensíveis ao toque. Os corpúsculos gustativos (conjunto celular na papila) desenvolvem-se durante a 11ª e 13ª semanas por interação indutiva entre as células epiteliais da língua e a invasão de células nervosas gustativas (relacionadas ao paladar) a partir dos nervos da corda do tímpano, glossofaríngeo e vago. A maioria dos corpúsculos gustativos forma-se na superfície dorsal da língua, e alguns se desenvolvem nos arcos palatoglossos (palato e língua), no palato. Rayanne Maira- FASA 2021 As respostas faciais fetais podem ser induzidas por substâncias de gosto amargo, com 26 a 28 semanas, indicando que as vias de reflexo entre os corpúsculos gustativos e os músculos faciais estão estabelecidas. Durante a sexta e sétima semanas, as glândulas salivares, sob a influência da via de sinalização Notch, desenvolvem- se como uma estrutura altamente ramificada pela morfogênese de ramificação a partir de brotos epiteliais maciços a partir da cavidade oral primitiva As glândulas parótidas são as primeiras a se desenvolverem e aparecem no início da sexta semana (Fig. 9-6C). Elas se desenvolvem a partir de brotos que surgem do revestimento ectodérmico oral próximo aos ângulos do estomodeu. O alongamento das mandíbulas causa estiramento do ducto da parótida, com a glândula remanescente próxima ao seu local de origem. Posteriormente os brotos se canalizam (desenvolvem um lúmen) e se tornam ductos por volta da 10ª semana. As extremidades arredondadas dos cordões diferenciam-se em ácinos (estruturas em forma de uva). A atividade secretora começa com 18 semanas. A cápsula e o tecido conjuntivo desenvolvem-se a partir do mesênquima circundante As glândulas submandibulares aparecem no final da sexta semana. Elas se desenvolvem de brotos endodérmicos no assoalho do estomodeu. Processos celulares sólidos crescem lateral e posteriormente à língua em desenvolvimento. Mais tarde, elas se ramificam e se diferenciam. Os ácinos começam a se formar com 12 semanas e a atividade secretora inicia-se com 16 semanas. O crescimento das glândulas continua após o nascimento com a formação de ácinos mucosos. Lateralmente, à língua em desenvolvimento, forma-se um sulco linear que logo se fecha para formar o ducto submandibular As glândulas sublinguais aparecem durante a oitava semana, aproximadamente 2 semanas mais tarde do que outras glândulas. Elas se desenvolvem a partir de múltiplos brotos epiteliais endodérmicos que se ramificam e se canalizam para formar entre 10 e 12 ductos, que se abrem independentemente no assoalho da boca. Os primórdios da face aparecem no início da quarta semana em torno do estomodeu (primórdio da boca) O desenvolvimento da face depende da influência indutiva do prosencéfalo (através de gradientes morfogênicos sonic hedgehog), da zona ectodérmica frontonasal e do desenvolvimento dos olhos Rayanne Maira- FASA 2021 Os cinco primórdios faciais aparecem como proeminências em torno do estomodeu: Uma proeminência frontonasal. Um par de proeminências maxilares. Um par de proeminências mandibulares. Rayanne Maira- FASA 2021 Rayanne Maira- FASA 2021 As proeminências maxilares e mandibulares são derivadas do primeiro par de arcos faríngeos. As proeminências são produzidas principalmente pela expansão de populações da crista neural que se originam a partir das pregas neurais do mesencéfalo e do rombencéfalo rostral durante a quarta semana. Essas células são a principal fonte de componentes de tecido conjuntivo, incluindo cartilagens, osso e ligamentos nas regiões facial e bucal. A proeminência frontonasal circunda a porção ventrolateral do prosencéfalo, que dá origem às vesículas ópticas que formam os olhos. A parte frontal da proeminência frontonasal forma a testa; a parte nasal forma o limite rostral do estomodeu e do nariz. As proeminências maxilares formam os limites laterais do estomodeu, e as proeminências mandibulares constituem o limite caudal do estomodeu As proeminências faciais são centros ativos de crescimento no mesênquima subjacente. Esse tecido conjuntivo embrionário é contínuo de uma proeminência para outra A proliferação do mesênquima nas proeminências maxilares faz com que elas aumentem de tamanho e cresçam medialmente em direção uma à outra e às proeminências nasais Cada proeminência nasal lateral é separada da proeminência maxilar por uma fenda, o sulco nasolacrimal Entre a sétima e a décima semanas, as proeminências nasais mediais fundem-se com as proeminências maxilares e nasais laterais. A fusão das proeminências requer a desintegração de seus epitélios de superfície que estavam em contato, o que resulta no entrelaçamento das células mesenquimais subjacentes. A fusão das proeminências nasal medial e maxilar resulta na continuidade da mandíbula superior e do lábio e na separação das fossetas nasais do estomodeu Quando as proeminências nasais mediais se fundem, elas formam um segmento intermaxilar. Esse segmento forma a parte média (filtro) do lábio superior, a parte pré-maxilar da maxila e suas gengivas associadas e o palato primário. Até o finalda sexta semana, as mandíbulas primordiais são compostas de massas de tecido mesenquimal. Os lábios e as gengivas começam a Rayanne Maira- FASA 2021 se desenvolver quando um espessamento linear do ectoderma, a lâmina labiogengival, cresce no mesênquima subjacente. Gradualmente, a maior parte da lâmina se degenera, deixando um sulco labiogengival entre os lábios e a gengiva. Uma pequena área de lâmina labiogengival persiste no plano mediano para formar o freio do lábio superior, que liga o lábio à gengiva. O palato desenvolve-se a partir de dois primórdios, os palatos primário e secundário. A palatogênese (processo morfogenético regulado) começa na sexta semana, mas não é completada até a 12ª semana O palato desenvolve-se em dois estágios: primário e secundário No início da sexta semana, o palato primário (processo mediano) começa a se desenvolver. Formado pela fusão das proeminências nasais mediais, este segmento é inicialmente uma massa em forma de cunha de mesênquima entre as superfícies internas das proeminências maxilares das maxilas em desenvolvimento O palato primário forma a face anterior e da linha média da maxila, a parte pré-maxilar da maxila O palato secundário (palato definitivo) é o primórdio das partes duras e moles do palato. O palato começa a se desenvolver no início da sexta semana, a partir de duas projeções mesenquimais que se estendem das faces internas das proeminências maxilares. OBS: A proeminência nasal frontal forma a testa, dorso e o ápice do nariz. As proeminências nasais laterais formam as asas (lados) do nariz. As proeminências nasais mediais formam o septo nasal, o osso etmoide e a placa cribriforme (aberturas para a passagem dos nervos olfatórios). As proeminências maxilares formam as regiões das bochechas superiores e o lábio superior. As proeminências mandibulares formam o queixo, o lábio inferior e as regiões das bochechas. Rayanne Maira- FASA 2021 Esses processos palatinos laterais (prateleiras palatinas) inicialmente projetam-se inferomedialmente em cada lado da língua . Com o alongamento da mandíbula, a língua é puxada de sua raiz, e é trazida em uma posição inferior na boca. Gradativamente, os ossos desenvolvem-se no palato primário, formando a parte pré-maxilar da maxila, que aloja os dentes incisivos. Ao mesmo tempo, os ossos estendem-se a partir das maxilas e dos ossos palatinos dentro dos processos palatinos laterais para formar o palato duro. As partes posteriores desses processos não se ossificam. Elas estendem-se posteriormente para além do septo nasal e se fundem para formar o palato mole, incluindo sua projeção cônica mole, a úvula. A rafe palatina indica a linha de fusão dos processos palatinos. Um pequeno canal nasopalatino persiste no plano mediano do palato entre a parte anterior da maxila e os processos palatinos das maxilas. Esse canal é representado no palato duro do adulto pela fossa incisiva, que é a abertura comum para os pequenos canais incisivos direito e esquerdo. Uma sutura irregular corre em cada lado a partir da fossa para o processo alveolar da maxila entre os dentes incisivo lateral e o canino, em cada lado. Ela é visível na região anterior dos palatos em pessoas jovens. Essa sutura indica onde os palatos embrionários primário e secundário se fundiram O septo nasal desenvolve-se como um crescimento para baixo a partir das partes internas das proeminências nasais mediais fundidas. A fusão entre o septo nasal e os processos palatinos começa anteriormente, durante a nona semana, e termina posteriormente, na 12ª semana, superior ao primórdio do palato duro As fendas do lábio superior e do palato são as anomalias congênitas craniofaciais mais comuns. Existem dois grupos principais de fendas do lábio e fenda palatina: 1. Defeitos na fenda anterior incluem fenda labial com ou sem uma fenda da parte alveolar da maxila. Em um defeito na fenda anterior completa, a fenda estende-se através do lábio superior e parte alveolar da maxila para a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato (Fig. 9-39E e F). Defeitos na fenda anterior resultam de uma deficiência do mesênquima nas proeminências maxilares e do processo palatino mediano. Rayanne Maira- FASA 2021 2. Defeitos na fenda posterior incluem fendas do palato secundário que se estendem através das regiões do palato mole e duro até a fossa incisiva, separando as partes anterior e posterior do palato. Os defeitos das fendas posteriores resultam de um desenvolvimento defeituoso do palato secundário e distorções de crescimento dos processos palatinos laterais que impedem sua fusão. Outros fatores, tais como a largura do estomodeu, a mobilidade dos processos palatinos laterais (prateleira palatina), e os locais de degeneração focal alterada do epitélio palatino, podem contribuir para estes defeitos de nascimento. As fendas labiais podem ser unilaterais ou bilaterais. 1. Uma fenda labial unilateral resulta de uma falha da proeminência maxilar no lado afetado de unir-se com as proeminências nasais mediais. A falha das massas mesenquimais em fundirse e do mesênquima em proliferar e suavizar o epitélio sobrejacente resulta em um sulco labial persistente. O epitélio no sulco labial torna-se esticado, e o tecido no assoalho do sulco se rompe, resultando em um lábio que é dividido em partes medial e lateral. Uma ponte de tecido, chamada faixa de Simonart, algumas vezes, junta as partes da fenda labial unilateral incompleta 2. Uma fenda labial bilateral resulta de uma falha das massas mesenquimais de ambas proeminências maxilares em se encontrar e se fundirem com as proeminências nasais mediais. O epitélio em ambos os sulcos labiais torna-se esticado e se rompe. Nos casos bilaterais, os defeitos podem ser diferentes, com vários graus de alteração em cada lado. Quando ocorrer uma fenda bilateral completa do lábio e da parte alveolar da maxila, o processo palatino mediano fica com uma borda livre e se projeta anteriormente. Esses defeitos são especialmente deformantes em consequência da perda de continuidade do músculo orbicular dos lábios, que fecha a boca e aperta os lábios. Uma fenda labial mediana é um defeito raro que resulta de uma deficiência mesenquimal. Esse defeito causa falha parcial ou completa das proeminências nasais mediais em se fundir e formar os processos palatinos medianos. Uma fenda labial mediana é um aspecto característico da síndrome de Mohr, que é transmitida como um traço recessivo autossômico. Uma fenda mediana do lábio inferior é também rara e resulta da falha de massas mesenquimais nas proeminências mandibulares de se fundirem completamente e assim suavizar a fenda embrionária entre elas Rayanne Maira- FASA 2021 Uma fenda palatina com ou sem fenda labial ocorre aproximadamente em 1 a cada 2.500 nascimentos, e ela é mais comum em meninas do que em meninos. A fenda pode envolver apenas a úvula (uma úvula fendida apresenta a aparência de uma cauda de peixe; ou a fenda pode se estender através das regiões do palato mole e do duro. Em casos graves, quando associados à fenda labial, a fenda no palato estende-se através da parte alveolar da maxila e dos lábios em ambos os lados Uma fenda palatina completa indica o grau máximo de fenda de qualquer tipo particular. Por exemplo, uma fenda completa do palato posterior é um defeito no qual a fenda estende-se através do palato mole e anteriormenteà fossa incisiva. O marco para distinguir defeitos de fenda anterior da posterior é a fossa incisiva. Fendas unilaterais e bilaterais do palato são classificadas em três grupos: 1. Fendas do palato anterior (fendas anteriores à fossa incisiva) resultam da falha de massas mesenquimais dos processos palatinos laterais de se encontrarem e se fundirem com o mesênquima no palato primário 2. Fendas do palato posterior (fendas posteriores à fossa incisiva) resultam da falha das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais de se encontrarem e se fundirem entre si e com o septo nasal. 3. Fendas das partes secundárias do palato (fendas dos palatos anterior e posterior) resultam da falha das massas mesenquimais dos processos palatinos laterais de se encontrarem e se fundirem com o mesênquima no palato primário entre si e com o septo nasal
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