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AULA 1 INDICADORES DE GESTÃO DE PESSOAS Profª Gislaine Teles Rodrigues Potta 2 CONVERSA INICIAL Olá! Estamos iniciando a disciplina Indicadores de Gestão de Pessoas. Nesta aula 1, serão apresentados o conceito e os pressupostos dos indicadores nas organizações, visando à reflexão sobre os aspectos de eficiência e eficácia dos indicadores qualitativos e quantitativos. CONTEXTUALIZANDO Percebe-se que a urgência por resultados não é uma questão contemporânea, mas, sim, atemporal, o que torna a problemática dos indicadores bastante relevante, uma vez que a gestão de pessoas faz parte de toda organização, independentemente do seu tipo, porte ou ramo de atuação. Pensar em gestão de pessoas é ter um pensamento estratégico e holístico, organizando, planejando e sistematizando as operações que envolvam as necessidades e os interesses tanto da organização quanto dos trabalhadores. Para tanto, conhecer conceitualmente o que são indicadores de gestão de pessoas e seus pressupostos torna-se cada vez mais estratégico e diretivo, assim como entender as métricas e as medições úteis para as ações a serem tomadas por gestores pensando no passado, no presente e no futuro da gestão estratégica de processos e melhorias no ambiente organizacional. TEMA 1 – CONCEITOS E PRESSUPOSTOS A gestão de pessoas está cada vez mais descentralizada, e, por isso, seus desafios são cada vez maiores para que se tenha uma atuação mais eficiente e eficaz. E o que é ser eficiente? Segundo Lacombe (2005), ser eficiente ou a busca pela eficiência é fazer bem feito, considerando o contexto organizacional e utilizando os recursos disponíveis da melhor forma. Já a eficácia significa fazer o que precisa ser feito – está ligada ao alcance do objetivo e ao planejamento estratégico da organização. Dessa forma, é importante pensarmos numa gestão de pessoas que vise alinhar as pessoas por meio do desempenho (comportamentos, realizações, resultados) e das competências humanas (conhecimentos, habilidades, atitudes) ligadas às estratégias organizacionais em busca do resultado, gerando valor tanto para a organização quanto para o indivíduo. Para isso, é necessário utilizar métricas quantitativas voltadas para as práticas e os processos da gestão de 3 pessoas e métricas qualitativas ligadas a cultura, crenças e percepções dos indivíduos e da organização, para determinar ações, correções, reconhecer e recompensar resultados e garantir a eficácia organizacional (alcance dos objetivos organizacionais). No mundo organizacional, é de extrema importância ter rapidez e fluidez nas informações, por isso, para os profissionais de Recursos Humanos, os indicadores são ferramentas de extrema importância para o sucesso e o desempenho estratégico nas tomadas de decisões. Em outras palavras, é como afirma uma frase conhecida na área: “Não se pode gerir o que não se pode medir”. Segundo Assis (2014), os indicadores nem sempre estão prontos ou perfeitos e nem sempre são compreendidos, o que requer análise, percepção e avaliações de indicadores anteriores para que os novos indicadores sejam apreendidos. “Através de indicadores de gestão podemos conhecer e medir o próprio desempenho individual, comparar resultados de diferentes períodos, com metas definidas ou mesmo com expectativas, identificar pontos de melhoria e empreender ações de transformação” (Assis, 2014, p. 20). A preocupação em medir no campo da gestão de pessoas tem sido constante, o que leva a mudar as crenças, os valores e as diretrizes organizacionais quanto ao capital intelectual – o maior patrimônio de uma organização. Sendo todos os ativos e as estruturas visíveis e invisíveis resultados da ação humana, tudo o que sabem e suas percepções são dados de indicadores qualitativos que auxiliam os gestores nas tomadas de decisões, bem como os indicadores quantitativos associados às quantidades e ao custo (Assis, 2014). A Figura 1 mostra que a busca por mudanças significativas no processo de gestão no dia a dia, com base nos indicadores e métricas, que vise à melhoria de produtos, serviços e processos gerados pela ação humana tem um olhar mais prático e mais dinâmico, o que torna as ações transformadoras: 4 Figura 1 – Ações transformadoras do processo de gestão Fonte: Adaptado de Assis, 2014, p. 21. Os indicadores de gestão de pessoas são ferramentas de medidas que auxiliam em todos os processos da gestão de pessoas, e é possível fazer comparação com dados já existentes para entender, ou, melhor, fazer uma interpretação desses resultados apresentados, por índices que revelam ou incentivam tomadas de decisões. O índice de rotatividade, por exemplo, tem se mostrado caro às organizações e é relativo a vários efeitos, podendo ser de causas internas ou externas: Entre as variáveis externas estão a situação de oferta e procura do mercado de RH, a conjuntura econômica, as oportunidades de empregos, etc. Entre as variáveis internas estão a política salarial e de benefícios que a organização oferece, o estilo de gestão, as oportunidades de crescimento interno, o desenho dos cargos, o relacionamento humano, as condições físicas e psicológicas de trabalho. A estrutura e a cultura organizacional são responsáveis por boa parte dessas variáveis internas. (Chiavenato, 2014, p. 83) Para tanto, ter uma dimensão, um tamanho de uma determinada variável, faz toda a diferença na hora de estabelecer metas e objetivos, por isso os indicadores de gestão de pessoas têm sido de extrema importância no planejamento estratégico de Recursos Humanos em todos os níveis de atuação da gestão de pessoas, principalmente como parceira de negócios da organização. Medir o desempenho Comparar resultados Identificar potencial de melhoria Empreender ações de transformação 5 Esses indicadores precisam ser claros, objetivos e mensuráveis, podendo ser qualitativos, quantitativos ou realistas, auxiliando no entendimento dos níveis de eficiência e eficácia dos processos de uma organização (Assis, 2014). Sendo assim, o Quadro 1 apresenta as principais características dos indicadores de qualidade: Quadro 1 – Principais características dos indicadores de qualidade Características Definição Simplicidade Deve ser de fácil levantamento e compreensão, linguagem clara e objetiva e de alcance sistêmico (todos os níveis organizacionais). Importância Deve ter capacidade representativa de uma característica-chave de um produto, serviço ou processo. Acessibilidade Deve ser de fácil acesso, coleta e manutenção dos dados, as informações precisam estar organizadas de modo fluído para serem acessadas a qualquer tempo. Abrangência Devem ser suficientemente representativos, inclusive em termos estatísticos, do produto ou do processo a que se referem: deve-se priorizar indicadores representativos de situação ou contexto global Estabilidade Os indicadores devem seguir métodos padronizados de longo prazo, incorporados à rotina do usuário durante o processo. Baixo custo Os indicadores devem ser gerados a baixo custo, utilizando relatórios e unidades já implantadas na organização, otimizando números, volume, moedas. Comparabilidade Os indicadores devem ser facilmente comparáveis a referenciais apropriados, como o melhor concorrente, localização da organização e tamanho. Corrente experimental Os indicadores devem ser testados na prática antes de atingir sua prática em larga escala. Fonte: Adaptado de Schroeder, 2005, p. 80. Percebe-se a importância dos indicadores no processo de mensurar, avaliar e acompanhar as métricas em todo o processo organizacional, para que haja comparação e direção para futuras ações, por isso normalmente os indicadores aparecem em formato de frações, porcentagens e são utilizados indicadores para a gestão de negócios e os processos com múltiplos enfoques:6 Alguns desses indicadores (8,4%) estão direcionados às medidas ligadas ao corpo funcional e envolvem, entre outros, o número de funcionários e sua evolução ao longo do tempo, o número de funcionários por departamento, o índice de novos funcionários, a idade média dos funcionários, o número de funcionários no exterior, o número de postos de trabalho, o número de contratações e de terceirizações, o número de demissões e a estimativa de demissões para um determinado período. (Assis, 2014, p. 13) Segundo Chiavenato (2014), o planejamento estratégico deve fazer as seguintes perguntas para estabelecer seus indicadores: o que medir? Como? Quando? Assim, é de extrema relevância para os processos e as políticas de Recursos Humanos, registrando e avaliando sua eficiência na localização de metas e objetivos organizacionais em todos os níveis hierárquicos de atuação da gestão de pessoas. Os indicadores de gestão de pessoas têm três grandes objetivos: 1. Apresentar situação real e atual da empresa – os indicadores são capazes de informar o cenário presente da organização. Exemplo: no indicador rotatividade, deve-se verificar se as práticas e políticas de Recursos Humanas (variáveis internas) estão impactando na rotatividade da empresa e se o índice alcançado está adequado para os objetivos da organização. 2. Servir de apoio para decisões e ações futuras (metas e objetivos) – os indicadores devem ser analisados e refletidos de modo sistêmico, no qual todos os níveis hierárquicos da organização estejam envolvidos, para a definição de novas metas em conjunto. Exemplo: quando o indicador de rotatividade está em 40% no meio do ano e é considerado alto para a atividade da organização ou do setor, os gestores precisam tomar decisões de ações corretivas em que todos da organização estejam envolvidos. 3. Análise comparativa dos resultados com as projeções das metas – os resultados devem ser analisados em comparação às metas estabelecidas, visando correções de rumo, melhor uso dos recursos, entendimento do passado e projeção de ações futuras. Enfim, os indicadores de gestão de pessoas servem de informação para os mais variados aspectos que incidem no negócio da empresa e que a levam a tomar decisões de correções e melhorias, a fim de conseguir a eficácia organizacional. 7 1.1 Pressupostos Para entender melhor a prática dos indicadores de gestão de pessoas, é importante conhecer a origem, ou melhor, de onde surge o desenvolvimento dos indicadores. Para Chiavenato (2014), as práticas de gestão de pessoas precisam estar alinhadas às estratégias organizacionais, e, para tanto, é necessário avaliar, medir as suas ações e verificar se estão dando o devido apoio e ajudando no alcance dos objetivos estratégicos e das metas traçadas pela organização. Para isso, alguma práticas são importantes na área de Recursos Humanos: Estabelecer indicadores úteis que atendam à demanda dos processos de gestão de pessoas (agregar, recompensar, desenvolver, manter, entre outros). Saber utilizar os resultados gerados pelo indicador visando um melhor planejamento e execução de ações presentes e futuras. Envolver todos os níveis hierárquicos para acompanhar e aplicar o indicador. Atribuir metas e objetivos para o indicador pensando sempre no passado, no presente e no futuro. Saber utilizar a combinação de diferentes métricas e indicadores para a definição e até mesmo antecipação ou revisão de ações, proporcionando correções, melhorias e otimização de recursos. Os indicadores têm como função servir de dados a serem usados por todos os que estão envolvidos no processo de gestão e de operação. Para que um indicador tenha credibilidade, ele precisa ser aplicado para validar sua importância, seja pelas medições de tempo, custo, quantidade, rotatividade, qualidade e satisfação. Portanto, não basta ter o dado (indicador), é preciso utilizá-lo, acompanhá- lo em todo o processo, e todos os processos de gestão de pessoas precisam agir de modo sistêmico para que todos os níveis hierárquicos tenham a visão geral dos indicadores da organização. TEMA 2 – BENCHMARKING E A CADEIA DE VALOR A PARTIR DAS PESSOAS Entender, avaliar e analisar os indicadores da área de Recursos Humanos tem se tornado um diagnóstico para uma busca contínua de melhores práticas. Para isso, a gestão de pessoas conta com uma ferramenta técnica chamada 8 benchmarking, um processo de pesquisa externa que envolve uma comparação de produtos, serviços, práticas estratégicas, ou seja, tudo que outras organizações fazem de melhor, independentemente do ramo de atuação ou das atividades empresariais (Chiavenato, 2014). Para que uma organização torne-se mais competitiva, é importante que ela aprenda com as empresas de sucesso o que fazem de melhor, uma vez que a ferramenta do benchmarking não prioriza somente o estudo de produtos e serviços, mas inclui também os processos de trabalho, desempenho organizacional e geração e agregação de valor, chegando até mesmo aos processos de gestão de pessoas e visando novas oportunidades de desempenho. Agora, se uma organização não tem seus indicadores de gestão de pessoas, nem um sistema de métricas de comparação com o mercado, precisará muito praticar o benchmarking para saber se suas práticas estão de acordo não só com o mercado, mas se realmente são práticas que tornam a empresa mais competitiva, mais produtiva e com mais qualidade. Nesse sentido, o benchmarking não analisa somente as “melhores práticas”, é necessário ter métricas de desempenho, metas, prazos e qualidade. Sendo assim, o benchmarking envolve sete etapas para sua implementação (Chiavenato, 2014, p. 473): 1. Determinar em quais funções se deve praticá-lo. 2. Identificar as principais variáveis de desempenho para mensurar. 3. Identificar as melhores empresas do setor. 4. Mensurar o desempenho dessas melhores empresas. 5. Mensurar o desempenho da empresa em questão. 6. Especificar programas e ações para eliminar discrepâncias. 7. Avaliar e monitorar os resultados. Como para toda ferramenta há vantagens e desvantagens, percebe-se que a melhor vantagem é o conhecimento interno, uma vez que essa ferramenta leva a organização a uma inflexão, a ter um olhar interno mais apurado. A desvantagem pode ser utilizar práticas somente por utilizar, obtendo um resultado nulo, pois não é porque se trata de uma “melhor prática” para determinada organização que dará certo na sua empresa – é preciso análise, mensuração e compreensão para entender se essas práticas estão alinhadas ao contexto interno de sua empresa. 9 TEMA 3 – QUADRO DE EMPREGADOS EFETIVOS E NÃO EFETIVOS DA ORGANIZAÇÃO Para conhecermos para que serve e o que é o quadro de demonstração dos empregados de uma empresa, é preciso saber que a área de Recursos Humanos está totalmente envolvida com os demais gestores para a realização dos objetivos estratégicos da organização. Por isso, o Planejamento de Recursos Humanos procura responder a duas perguntas básicas: 1. Quantas pessoas são necessárias para atender aos objetivos da organização e com quais qualificações? 2. Que ações ou medidas devem ser executadas para atender às necessidades de Recursos Humanos? Segundo Maximiano (2014, p. 251), o planejamento de recursos humanos: é o processo cuja premissa básica está no equilíbrio entre oferta e demanda de recursos humanos. A oferta é representada por duas fontes: o contingente interno de pessoas e os empregados potenciais no mercado de trabalho. A demanda origina-se do planejamento corporativo. A conciliação entre oferta e demanda é feita por planejamento e execução de atividades, recrutamento, integração, treinamento e desenvolvimento. Para tanto, utilizar indicadores que mostrem como a força de trabalho está distribuída na organização é um meio importante para caracterizaro quadro de empregados efetivos e não efetivos, também chamados de indicadores demográficos, de extrema importância para a compreensão do capital humano disponível na organização. Os indicadores demográficos – número total de empregados efetivos por sexo e por faixa etária, número de admissões e demissões e a quantidade de trainees, estagiários e aprendizes na empresa – são indicadores quantitativos utilizados para mensuração de desempenho médio, mensuração de resultado e produtividade, e também servem de base de cálculo para outros indicadores. Para conhecer o tamanho de uma empresa, utiliza-se o indicador do seu número total de empregados, que possibilita comparações com outras empresas concorrentes de mesmo porte. Também conhecido por headcount (número total de empregados efetivos), este indicador é importante para a organização programar a sua necessidade de pessoas ao longo do tempo. Pode ser medido mensalmente ou anualmente e serve de base para o cálculo de outros 10 indicadores, como, por exemplo, o quanto a empresa gasta com cada empregado por mês ou ano. O objetivo do headcount é conhecer a composição do quadro de pessoal efetivo e acompanhar sua evolução. Portanto, prestadores de serviços atuando por meio de empresas terceirizadas e estagiários não são computados nesse quadro. Também é importante saber como é o perfil da força de trabalho da empresa, que pode ser composta de indicador de faixa etária e sexo. Quando analisado com outros indicadores, qualifica a análise para a tomada de decisão dos gestores com relação à composição da força de trabalho da empresa e políticas de equidade de gênero na organização. Dois indicadores são utilizados no cálculo da rotatividade e impactam no quadro de efetivos e não efetivos: o número de admissões no mês, que é medido pela quantidade de pessoas que são efetivamente registradas como empregadas, e o número de demissões, que é medido pela quantidade de pessoas que são desligadas da empresa, considerando somente empregados que eram efetivos. Também não se pode esquecer de uma análise demográfica importante com relação à formação dos empregados de uma empresa: trainees, estagiários e aprendizes no quadro de efetivo da organização. Os trainees (formação universitária) têm sido utilizados de modo estratégico na organização, visando maior formação de seus funcionários e maior atuação na estrutura hierárquica, demonstrando maior preocupação da organização em aumentar o nível de formação de seus empregados. Já os estagiários não fazem parte do quadro de efetivos, pois o contrato de estágio, previsto na Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008 (Brasil, 2008), não gera vínculo empregatício. Quanto aos aprendizes, é importante o controle em função da legislação, pois a Lei n. 10.097, de 19 de dezembro de 2000 (Brasil, 2000), ampliada pelo Decreto Federal n. 5.598, de 1º de dezembro de 2005 (Brasil, 2005), obriga as empresas com mais de seis funcionários a contratar aprendizes. Agora que já se conhece as informações sobre a composição do quadro de empregados de uma organização, é interessante cruzar dados tornando o nível de análise mais complexo e percebendo o quanto é estratégico ter esses indicadores quantitativos atualizados, atendendo às necessidades da organização. 11 TEMA 4 – ÍNDICE DE ROTATIVIDADE A rotatividade é um índice muito utilizado no mercado de trabalho e no mercado de Recursos Humanos. Também conhecido por turnover, serve de indicador para a mensuração da saída do funcionário do quadro de empregados de um determinado período, podendo ser mensal ou anual. Esse indicador não tem um índice ideal, podendo variar de empresa para empresa. O que tem acontecido é uma investigação maior por parte da organização para entender os motivos de saída dos funcionários da empresa e também os fatores que levam as empresas a demiti-los. Para se fazer uma análise do índice de rotatividade, é preciso conhecer a estratégia da organização, pois, dependendo da organização, o índice alto pode ser interpretado como adequado, fazendo parte da estratégia de aquisição e de desenvolvimento de profissionais – como no caso de organizações da indústria de fast-food, em que o turnover é elevado (Assis, 2014). Para Assis (2014, p. 63), o índice de rotatividade é um dos indicadores mais famosos da área de Recursos Humanos: “O turnover tenta captar a flutuação (entrada e saída) no quadro de pessoal (efetivo de empregados), tendo em vista o impacto potencialmente negativo de uma rotatividade não desejada ou planejada pela Organização”. Ter um índice adequado às estratégias organizacionais é tratar do capital humano, na valorização do ambiente interno, do clima da organização e também das políticas de remuneração e desenvolvimento, além de preservar a imagem da empresa, o que tem sido trabalhado fortemente pela ferramenta de employer branding. Além de conhecermos o índice de entrada e saída, é possível calcular a rotatividade interna da empresa, ou seja, as mudanças de setores, transferências de uma filial para outra, expatriação etc. As formas de medi-la são as mais variadas, obtendo dados importantes para ser analisados pela área de Recursos Humanos e servir de ações para mudanças nas suas políticas. O cálculo do índice de rotatividade por promoção ou transferência (rotatividade interna) pode ser medindo a entrada ou a saída, e é possível separar o índice de uma filial para a outra ou calcular tudo em conjunto com os dois indicadores. Para Assis (2014), é importante deixar claro qual é o dado global que vai orientar as demandas da organização, para dizer se o índice está adequado ou 12 não para o negócio da empresa. Entender esse índice favorece a empresa para que haja de modo pontual em relação aos demais indicadores, pois os filtros ajudam a interpretar o todo e esse todo vai se desmembrando, o que torna mais fácil enxergar o perfil/cargo dentro da organização e proteger o capital humano, cuidando do índice de rotatividade por promoção que apresenta o giro das pessoas no cargo. 4.1 Rotatividade por desligamento espontâneo e desligamento por iniciativa da organização A rotatividade é o giro de pessoas dentro da organização (entradas ou saídas). Sendo assim, entender como acontece ou quais os motivos que levaram a pessoa a sair da empresa é um fator relevante de se verificar. Mensurar o desligamento espontâneo e interpretá-lo tem sido uma tarefa relevante para a área de Recursos Humanos, pois muitas vezes a organização acaba perdendo talentos importantes. Segundo Chiavenato (2014), o desligamento espontâneo deriva de duas percepções: primeiro por insatisfação pessoal com o trabalho e segundo pelas atrações por benefícios, incentivos e remuneração que o indivíduo visualiza fora da empresa. A mensuração da rotatividade do desligamento por iniciativa da empresa pode ocorrer por diversos fatores políticos e estratégicos da organização, sejam eles substituição do empregado por outro mais adequado para a tarefa do seu negócio, extinção do cargo, redução de níveis hierárquicos ou redução da sua força de trabalho. Para isso, é importante também a interpretação desse índice, pois pode revelar falhas em alguns processos da gestão de pessoas, como atração e retenção, desenvolvimento e manutenção de pessoas. TEMA 5 – ÍNDICE DE ABSENTEÍSMO Assim como a rotatividade precisa ser medida, temos outro fator que intervém na força de trabalho e nas práticas organizacionais: o absenteísmo, que representa um custo para a organização. Esse fator tem grande influência sobre a perda de produtividade da organização, e seu índice se constitui da soma dos períodos em que os empregados se ausentam do trabalho, seja por falta, atraso ou algum outro motivo que interfere nessa ausência. 13 O absenteísmo total inclui todas as ausênciasno trabalho, podendo ser classificado como absenteísmo sem justificativa legal ou absenteísmo com justificativa legal, de modo que essas ausências representam perda de tempo e a falta de disponibilidade do empregado no trabalho. Se essas ausências são frequentes, consequentemente haverá prejuízo para a organização. O absenteísmo sem justificativa legal ocorre quando o empregado se ausenta do trabalho e não apresenta nenhuma justificativa legal, conforme previsto no artigo 473 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) – Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943 (Brasil, 1943). Ou seja: é uma falta ou um atraso não abonado. Conforme determina o artigo 130, parágrafo 1º da CLT, há redução no número de dias de férias a que tem direito o trabalhador se este faltar mais do que cinco vezes injustificadamente: Art. 130 – Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na seguinte proporção: I – 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 5 (cinco) vezes; II – 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 6 (seis) a 14 (quatorze) faltas; III – 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas; IV – 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e quatro) a 32 (trinta e duas) faltas. (Brasil, 1943) As causas do absenteísmo sem justificativa legal são diversas e têm sido bastante estudadas pelas organizações, cujas pesquisas levam para a falta de motivação no trabalho, o que torna relevante esse indicador para a correção das práticas de Recursos Humanos no que tange a questões comportamentais e políticas que trabalhem o fator desmotivação no ambiente de trabalho. Já o absenteísmo com justificativa legal também deve ser mensurado e calculado no índice, pois reflete na produtividade da organização. São exemplos de absenteísmo com justificativa legal faltas justificadas por atestado médico, ausências dos empregados afastados por períodos prolongados de tempo (superiores a 15 dias), como férias, licença maternidade, auxílio doença e acidentes de trabalho. As organizações podem eleger ações estratégicas que estimulem o empregado a não faltar e a ser mais assíduo, por meio de recompensas, ações que privilegiem a participação, engajamento, atitudes de encorajamento de valores e crenças que incentivem a participação e desestimulem as ausências no trabalho. 14 FINALIZANDO Nesta aula, estudamos a parte conceitual de indicadores qualitativos e quantitativos que norteiam as estratégias e políticas de gestão de pessoas, buscando a eficácia organizacional. Discutimos os conceitos básicos de indicadores de Recursos Humanos e conhecemos os principais indicadores demográficos dessa área, como o quadro de empregados efetivos e não efetivos, o índice de rotatividade e o índice de absenteísmo. Percebemos a importância desses indicadores e o que esses resultados representam em dados globais da organização, permitindo um desdobramento de análises para verificar quais fatores são mais impactados e o que fazer para minimizar, corrigir ou pensar ações futuras de melhorias. Para isso, foi apresentada a ferramenta de benchmarking, que permite fazer comparações com a concorrência das melhores práticas para a definição de ações estratégicas, visando alavancar a competitividade organizacional. Por fim, verificamos a importância de controlar a rotatividade e o absenteísmo, pois representam um custo elevado para a organização. Os indicadores revelam-se grandes aliados na construção de políticas de Recursos Humanos voltadas para tomadas de decisões pensando no passado, no presente e no futuro. 15 REFERÊNCIAS ASSIS, M. T. de. Indicadores de gestão de recursos humanos: usando indicadores demográficos, financeiros e de processos na gestão do capital humano. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2014. BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 maio. 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del5452.htm>. Acesso em: 27 fev. 2018. _____. Lei n. 10.097, de 19 de dezembro de 2000. Altera dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 20 dez. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10097.htm> Acesso em: 27 fev. 2018. _____. Decreto n. 5.598, de 1º de dezembro de 2005. Regulamenta a contratação de aprendizes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 2 dez. 2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5598.htm> Acesso em: 27 fev. 2018. _____. Lei n. 11.788, de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n. 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996; revoga as Leis n. 6.494, de 7 de dezembro de 1977, e 8.859, de 23 de março de 1994, o parágrafo único do art. 82 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e o art. 6º da Medida Provisória n. 2.164-41, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 set. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm>. Acesso em: 27 fev. 2018. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. LACOMBE, F. Recursos Humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2010.097-2000?OpenDocument http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.788-2008?OpenDocument 16 MAXIMIANO, A. C. A. Recursos humanos: estratégia e gestão de pessoas na sociedade global. Rio de Janeiro: LTC, 2014. SCHROEDER, C. S. Critérios e Indicadores de Desempenho para Sistemas de Treinamento Corporativo Virtual: um modelo para medir resultados. 216 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/4318/000455194.pdf?sequenc e=1>. Acesso em: 27 fev. 2018.
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