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Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 1 Tal método consiste em utilizar concomitantemente medicação hipnótica e bloqueador neuromuscular no paciente devidamente pré-oxigenado. Quando utilizada corretamente, a SRI tem taxa de sucesso de 99% e aproximadamente 12% de taxa de complicações (dentes quebrados, intubação pulmonar seletiva, vazamento de balonete, intubação esofágica, aspiração, pneumotórax, PCR). Tais taxas são melhores do que as dos demais métodos de manejo da via aérea de emergência. A sequência rápida de intubação depende de sete passos fundamentais para o seu sucesso (os 7 Ps). Preparação → O paciente deverá estar conectado a um monitor com cardioscopia, oximetria, pressão arterial e capnografia em forma de onda. Acesso venoso fixado e funcionante também é necessário, preferencialmente dois, para o caso de falha inadvertida de um dos acessos. Laringoscópio, preferencialmente videolaringoscópio, deve estar disponível à beira do leito, testado quanto ao seu funcionamento e de tamanho ideal. Pré-oxigenação → No departamento de emergência, recomenda-se que não se ventile o paciente, a não ser que a oximetria de pulso esteja abaixo de 93% no momento da indução da hipnose. Deve-se fornecer oxigênio com a maior concentração disponível ao paciente por no mínimo 3 minutos antes da indução hipnótica, com o objetivo de saturar o máximo possível os pulmões e demais tecidos corporais com oxigênio, possibilitando maior tempo de apneia após a indução. No paciente saudável, oxigenação equivalente pode ser obtida com 8 respirações utilizando toda a capacidade vital (máximo de expiração e máximo de inspiração). Os pacientes devem ser pré-oxigenados, sempre que possível, com inclinação de 30-45°. A colocação de cânula nasal com o maior fluxo tolerável pelo paciente durante o período de pré- oxigenação e com fluxo de 5 a 15 L por minuto após a indução aumenta o tempo de apneia sem hipoxemia. pré-tratamento → Identificar e corrigir possíveis fontes de descompensação durante a intubação previamente ao procedimento é fundamental. o Pacientes hipotensos devem ter sua pressão arterial corrigida por meio de infusão de volume ou uso de drogas vasoativas. o Pacientes com pneumo ou hemotórax devem ter o tórax drenado. A utilização de pré-medicação com fentanil deve ser criteriosa e seu uso de rotina para todos os pacientes não é indicado devido ao seu potente efeito hipotensor. O fentanil é um opioide de ação curta, analgésico e simpatolítico, que diminui os efeitos cardiovasculares da laringoscopia por estimulação do sistema nervoso simpático em pacientes para os quais não é desejável um rápido aumento da pressão arterial. Paralisia / indução → A infusão das doses previamente calculadas e preparadas de hipnótico e de bloqueador neuromuscular deve ser feita rapidamente, em bolus, a iniciar pela medicação hipnótica, com o objetivo de perda de consciência e o bloqueio neuromuscular da maneira mais rápida possível, possibilitando a intubação precoce. Posicionamento → A altura da cama deve corresponder à altura do processo xifoide do intubador. O paciente deve ser levado o mais próximo possível da cabeceira da cama. Deve-se elevar a cabeça do paciente de forma que o meato auditivo externo fique na mesma altura do manúbrio do esterno. O coxim deve ser posicionado no occipício do paciente. Em caso de pacientes obesos, o uso de uma rampa torácica auxilia no posicionamento. Medicina UNEB – Turma XIII P á g i n a | 2 Passagem e posicionamento do tubo → Na introdução do laringoscópio, inicialmente é realizada a epigloscopia: abertura da boca, com inserção cuidadosa do laringoscópio pelo lado direito, rebatendo a língua para a esquerda até a visualização da epiglote. A epiglote é a referência que sinaliza a abertura laríngea e as cordas vocais. Deve-se tomar cuidado para não pinçar a epiglote com a lâmina curva, pois pode provocar lesões. O laringoscópio deve ser tracionado anteriormente e para cima; não se deve realizar movimento de alavanca. Se estiver utilizando a lâmina de Macintosh (curva), deverá prosseguir a ponta da lâmina do laringoscópio até atingir a porção terminal da epiglote (valécula), de forma a pressionar cuidadosamente o ligamento hioepiglótico que será fundamental no levantamento da epiglote, possibilitando a visualização da abertura laríngea. A laringoscopia é o momento ideal para realização de manobras de otimização da sua visualização, como tração de rima labial, elevação da cabeça com a mão direita, manipulação externa bimanual da laringe e hiperextensão da cabeça. O melhor ajuste à visualização da via aérea é a laringoscopia bimanual, na qual o intubador ajusta dinamicamente a posição laringotraqueal, com auxílio ou não de um assistente. O tubo deve ser introduzido até que as pregas vocais fiquem na altura da marca preta proximal ao balonete. A confirmação do posicionamento com a medida de CO2 expirado é obrigatória, onde o uso de capnografia com forma de onda é o padrão-ouro. A USG transtraqueal tem despontado como uma ferramenta de confirmação de intubação com acurácia próxima a 100%. Pacientes em que a condição de base permita e que tenham sido devidamente pré- oxigenados podem receber mais do que uma tentativa de intubação (máximo de duas tentativas). Caso a oximetria de pulso fique abaixo de 93%, deve-se interromper o procedimento para ventilar o paciente e evitar maior hipoxemia. Pós-intubação → Após o posicionamento do tubo e a confirmação da posição, ele deve ser fixado para evitar extubação ou intubação seletiva acidental. Deve-se permanecer ao lado do paciente nos momentos que seguem o procedimento; instabilidade hemodinâmica pode ocorrer e requer correção precoce. Deve-se obter uma radiografia de tórax para confirmar o posicionamento do tubo (2-4 cm acima da carina) e avaliar o parênquima pulmonar. Sugere-se iniciar analgesia contínua após a intubação em razão da manipulação recente da via aérea. O uso de bloqueadores neuromusculares e sedativos deve ser avaliado individualmente levando em conta a patologia do paciente e seu status pós-intubação. Fonte: Medicina de Emergência, USP, 14ª Ed.
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