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Patologia Médica 1 Luiza Andrade @medbyluiza Sistema Respiratório Pulmões: tem a função de fazer trocas gasosas (hematose). Os pulmões têm diferenças anatômicas, o esquerdo tem 2 lobos e o direito 3 lobos (também é mais pesado). Externamente, é revestido pela membrana pleural à pleura visceral e parietal, além disso, possui surfactante, líquido que permite a expansão pulmonar. Brônquios: o brônquio direito é mais curto e mais largo, se ramificando perto da origem. O brônquio esquerdo é mais longo e se ramifica depois. Desse modo, o brônquio direito tem maior chance de aspiração de corpo estranho, por ter maior diâmetro e maior verticalização. Suprimento arterial: o suprimento dos pulmões é duplo, pois o sangue vem do tronco pulmonar e também das artérias brônquicas (se originam da aorta) à importância: fator protetor contra isquemia Árvore brônquica: sistema tubular, rico em ramificações que se iniciam na traqueia e terminam no lóbulo pulmonar. Traqueia à brônquios fontes (D e E) à bronquíolos à bronquíolos terminais à ductos e sacos alveolares. Brônquios: calibrosos, cartilagem na parede, possui submucosa com glândulas (produzem muco). Bronquíolos: não possuem cartilagem e nem glândulas submucosas. O bronquíolo terminal possui uma camada muscular, mas, a partir do final dos bronquíolos respiratórios não tem essa camada para favorecer a troca gasosa (é necessária uma parede fina). Septo alveolar: constituem a última porção da árvore brônquica. A parede é constituída por: endotélio capilar, interstício, epitélio alveolar (pneumócito tipo I, responsáveis por 95% da troca gasosa e pneumócito tipo II, responsável pela produção do surfactante e pelo reparo do epitélio alveolar), macrófagos alveolares (defesa do pulmão) Edema pulmonar: é o acúmulo patológico de líquido no espaço extravascular pulmonar, ou seja, no interstício e interior dos alvéolos. São lesões que podem comprometer o parênquima e a função pulmonar e, em casos graves, podem ocasionar óbito. Causas de edema: • Distúrbios hemodinâmicos à cardiogênico • Aumento da permeabilidade vascular à não cardiogênico Diminuição da pressão do interstício pulmonar ou edema pulmonar neurogênico à raros Edema pulmonar cardiogênico: é o mecanismo mais comum para o desenvolvimento do edema pulmonar, decorrente de um rápido aumento da pressão hidrostática capilar pulmonar levando ao extravasamento de líquido pro espaço alveolar. Esse aumento é resultado de uma pressão venosa pulmonar aumentada, resultado de uma falência cardíaca esquerda Condições relacionadas: • IAM à ex: falha da bomba, acumula sangue no VE, acumula no AE, acumula nas veias pulmonares e consequentemente no pulmão • Insuficiência cardíaca descompensada • Estenose mitral • Insuficiência mitral • Estenose aórticam • Hipertrofia ventricular esquerda (insuficiência diastólica) Distúrbios circulatórios pulmonares Edema pulmonar • Arritmias que levem ao mal funcionamento do VE Macroscopia: pulmões encharcados, com peso aumentado e acúmulo na base (ação da gravidade) O pulmão fica hiperemiado, pela congestão de sangue. E, embaixo, o líquido é transudato. (pobre em células) à como o problema está na pressão hidrostática, não há lesão da parede do capilar, então o extravasamento de líquido tem poucas células Microscopia: capilares dilatados e espaços alveolares preenchidos com um líquido eosinifilico (transudato). Pode haver áreas de micro-hemorragiais recentes e antigas. É possível ver que o edema é crônico pelos macrófagos com hemossiderina à essas células são chamadas de células cardíacas porque o edema é cardiogênico Quadro clínico: • Tosse seca ou com expectoração rósea • Taquidispneia de gravidade variável à dificuldade de respirar e aumento da frequência • Ortopneia à dispneia do paciente deitado, porque o líquido (que estava na base) se espalha, dificultado as trocas • Pode apresentar tiragem intercostal à retração entre os espaços intercostais • Sinais de hipoxemia grave: fadiga da musculatura respiratória, sonolência, queda rápida da frequência respiratória (não consegue manter a oxigenação dos músculos necessários para respiração), agitação psicomotora, desorientação. Edema pulmonar não-cardiogênico: decorre da lesão aos capilares pulmonares, que aumentam sua permeabilidade sem que haja necessariamente aumento da pressão hidrostática. A lesão vai ser na BAC = barreira alvéolo-capilar. Ocorre um edema grave com extravasamento de componentes do plasma para a luz alveolar e fibrose intersticial da instalação rápida, potencialmente fatal. Clinicamente, causa a SARA (síndrome da angústia respiratória aguda) ou SRDA à o covid leva a esse tipo de síndrome. Além disso, o edema causa a DAD (dano alveolar difuso). Causas de edema: Causas pulmonares: • Pneumonia, aspiração de conteúdo gástrico, afogamento, inalação de gases tóxicos, ventilação mecânica Causas extrapulomonares: • Septicemia, leptospirose, politraumatismo, afogamento, circulação extracorpórea, pancreatite aguda (inflamação sistêmica) A lesão pode ser direta do endotélio ou dos pneumócitos ou a lesão pode ser indireta por estímulos inflamatórios ou diminuição da atividade anti-inflamatória Patogênese: agente lesivo à ativação de macrófagos à ativação de fibroblastos à produção de pró-colágeno à citocinas (pode ser direto dos macrófagos também) à recrutamento, migração e ativação, de neutrófilos à lesão endotelial e lesão dos pneumócitos à destruição da BAC à aumento da permeabilidade, extravasamento de plasma e sangue, formação de membrana hialina.. A lesão se inicia no endotélio e envolve posteriormente o epitélio alveolar: os neutrófilos são atraídos por fatores quimiotáticos até o interstício e lá liberam substância que agridem o epitélio. Com isso, há aumento da permeabilidade vascular e destruição tecidual. Essa destruição não é facilmente resolvida, por isso, se organiza e fibrosa, cursando com doença crônica (se o paciente sobreviver) de repercussão clínica variável. Morfologia: DAD à gera a SARA e síndrome clínica caracterizada por dano difuso do capilar pulmonar: insuficiência respiratória de rápida instalação, cianose e hipoxemia grave (podendo não responder a oxigenoterapia – dependendo da lesão, não vai ter região para trocas, então não adianta ofertar oxigênio se não tem troca), riso de progressão para falência multissemica de órgãos Dano alveolar difuso: evolui em 3 fases: 1) Aguda ou exudativa: pulmões congestos, edema intersticial e intra-alveolar, membrana hialina. Dura de 4 a 7 diais à pulmões pesados, de consistência borrachora, com diminuição da aeração e coloração vinhosa. Na microscopia, os septos ficam espessados e ocupados pelo líquido repleto de células. 2) Fase proliferativa: hiperplasia de pneumócitos tipo II (fazem o reparo dos septos). Dura a partir de 7 dias até 3 semanas à pulmão mais pesado, coloração vermelho-acidentada, consistência mais firme, áreas de oclusão/dilatação dos espaços aéreos 3) Fase fibrotica: cursa com fibrose dos septos alveolares. Ocorre após 3-4 semanas à amadurecimento e remodelamento do processo cicatricial da fase proliferativa: fibrose. Fase muito importante, uma vez que no edema cardiogênico, não ocorre fibrose (cicatriz, sequela para o paciente) Quadro clínico: • Pacientes desenvolvem quadro que necessita de acompanhamento hospitalar • Dispneia profunda e taquipneia à anuncia a SARA • Há posteriormente cianose e hipoxemia à refratário à oxigenoterapia (não adianta dar oxigênio se o paciente não consegue trocar o ar) • Mortalidade de 60% Tromboembolia pulmonar: caracteriza-se por trombos que migram pela circulação venosa ate chegar as artérias pulmonares. A repercussão pode ser variável, de acordo com o número e tamanho dos êmbolos. É a 2 causa mais frequente de doença cardiovascular aguda à incidência aumenta com a idade. Lugares que os êmbolos provem:TVP de MMII, coração e cateter venoso central. Principais repercussões: • Prejuízo da perfusão pulmonar • Isquemia do parênquima pulmonar • Aumento da pressão pulmonar • Sobrecarga do coração direito à cor pulmonale Tromboembolismo e infarto pulmonar • Infarto pulmonar: ocorre em apenas 10% dos pacientes, já que o pulmão tem duplas circulação. • Hipertensão pulmonar: é o aumento da pressão vascular dentro do pulmão, mais comum quando o paciente tem episódios repetidos de embolia • Maioria das TEP não geram repercussão clínica para o paciente à 60 a 80% são silenciosas, alterações subclinicas Evolução da TEP: dependem de fatores do individuo, das características do embolo, da terapêutica instituída (anticoagulação) e controle da doença de base. Se 60% da circulação for obstruída à morte súbita por: hipóxia aguda, por obstrução de grandes ramos da artéria pulmonar ou grande número de êmbolos e por falência aguda do VD (cor pulmonale aguda). Patogênese: Tríade de Virchow: lesão endotelial (insuficiência vascular, trauma), fluxo sanguíneo anormal - estase (ICC, obstrução vascular, paciente acamado) e hipercoagulabilidade (doenças hereditárias, hemofilia, câncer, mulher na gravidez, anticoncepcional). Sintomas: dispneia, taquipneia, tosse, dor torácica, hipotensão arterial Morfologia: isquemia, que pode levar a um infarto com necrose do parênquima pulmonar à ocorre normalmente quando a obstrução é grande ou quando as artérias brônquicas também estão comprometidas (a circulação dupla não consegue suprir). O infarto pulmonar é mais comum em lobos inferiores, normalmente são múltiplos, podem variar de tamanho e forma e é hemorrágico (pela dupla circulação). Além disso, a superfície pleural fica recoberta por fibrina e as áreas de necrose do parênquima podem sofrer infecção secundária ou serem consequências de embolo séptico. Pressão pulmonar: normalmente é 1/6 da pressão sistêmica à +- 20 a 25 mmHg. Acima de 25 mmHg tem a chamada hipertensão pulmonar. Causas secundárias: condições cardiopulmonares estruturais • Doenças pulmonares intersticiais ou obstrutivas crônicas à perda de capilar • Tromboembolismo recorrente à perda de território vascular pulmonar • Doença pulmonar veno-oclusiva à perda de território vascular pulmonar • Doença cardíaca congênita ou adquirida do coração esquerdo ex: cardiopatia com shunt esquerda-direita à hiperfluxo pulmonar Causas primárias: formas raras, todas as demais possibilidades devem ser descartadas • Pode ser iIdiopática ou hereditária Morfologia: vai depender da causa que cursou a hipertensão pulmonar (fibrose? embolia? destruição de septos?). Os vasos exibem paredes espessadas, as vezes com obstrução acentuada do lúmen arteriolar. A camada média é espessada (pela alta pressão no vaso), e a luz vai diminuindo. Posteriormente a camada íntima também sobre lesão, com fibrose concêntrica (redução ainda maior da luz) à sangue tem muita dificuldade de passar. O vaso quase fechado favorece a formação de trombo, que se organiza e pode ser recanalizado à lesão plexiforme (formação de novos vasos dentro do trombo). Hipertensão pulmonar Trombo recanalizado Quadro clínico: • Os sintomas só se tornam evidentes quando a esclerose vascular é avançada: dispneia progressiva, fadiga, hipertrofia ventricular direita que pode cursas com dor torácica • Nos casos mais graves e avançados: taquidispneia, cianose, cor pulmonale, óbito Doença restritiva: Caracterizada por uma expansão reduzida do parênquima pulmonar, com diminuição da capacidade pulmonar total. • Distúrbios da parede torácica na presença de pulmões normais: obesidades, doenças pleurais, cifoescoliose, doenças neuromusculares • Doenças intersticiais infiltrativas: fibrose pulmonar Doença obstrutiva à doença das vias aéreas Ocorre aumento da resistência do fluxo de ar devido a uma obstrução completa ou parcial, em qualquer nível da via respiratória. Agrupa entidades clinicopatológicas que tem em comum obstrução crônica ao fluxo de aéreo, em qualquer nível da árvore respiratória. Cada doença possui suas particularidades • Principais doenças obstrutivas: enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma e bronquiectasias. • Epidemiologia: • Uma das causas mais comuns de doenças crônicas, com aumento da prevalência à 3,9 milhões de óbitos por ano (OMS 2019). 6ª causa de morte no Brasil sendo ¼ de todas internações hospitalares. • Doenças passiveis de controle e preveníveis • Fatores de risco: tabagismo, poluição, alérgenos variados, agentes ocupacionais, estados pós-infecciosos, polimorfismos genéticos Doenças pulmonares obstrutivas TABACO 80% 35 A 50% É o aumento anormal e permanente dos espaços aéreos distais (ácinos pulmonares), por destruição de suas paredes (septos), sem fibrose evidente. Onde essa destruição ocorrer, vai deixar o pulmão cheio de cavitações Ácino: conjunto de ductos alveolares e alvéolos ligados a um bronquíolo respiratório Lóbulo: conjunto de 3 a 5 acinos Tipos de enfisema (classificação anatômica) à a definição é feita pela imagem macroscópica • Centroacinar ou centrolobular à obstrução significativa do fluxo de ar, mais comum (95%) • Pan-acinar ou panlobular à obstrução significativa do fluxo de ar • Parasseptal ou acinar distal • Irregular. Enfisema centroacinar ou centrolobular • Os bronquíolos respiratórios e ductos alveolares proximais são afetados, poupando as regiões mais distais à em um mesmo ácino e lóbulo, há áreas alteradas e preservadas • Ocorre comumente em tabagistas crônicos e, por isso, se associa a antracose (partículas de carbono que ficam no parênquima pulmonar) • É mais evidente em lobos superiores àpela inalação de fumaça, que tende a subir (é um gás). Enfisema pan-acinar ou panolobular • Ácinos uniformementes dilatados desde o bronquíolo respiratório até o alvéolo terminal • Ocorre mais comumente nos lobos inferior • Está associado a uma deficiência genética da alfa-1-antitripsina Obs: DEFICIÊNCIA DE ALFA-1-ANTITRIPSINA A deficiência é um distúrbio genético que resulta de diferentes mutações no gene SERPINA 1. A antiprotease é produzida no fígado, e tem como função inativar a elastase neutrófilica, impedindo a ocorrência de dano tecidual. A redução da alfa-1- antitripsina determina doença hepática e pulmonar à no pulmão se manifesta sobre a forma de enfisema do tipo pan-acinar. O enfisema surge mesmo sem ser tabagista, mas caso ela seja, o enfisema surge de 10 a 20 anos mais cedo. Enfisema pulmonar Mecanismo: desequilíbrio no sistema protease (aumenta) e antiprotease (reduz) à destruição dos septosalveolares por enzimas proteolíticas. Principais fontes: neutrófilos (produz serino-elastase) e macrófagos alveolares (produz metalo- elastase) à essas células estão aumentadas em tabagistas e na região centroacinar. As antiproteases estão presentes no fluido que reveste o epitélio respiratório (alfa-1- antitripsina, alfa 1 – macroglobulina e antileucoprotease). Morfologia: pulmões volumosos e pálidos, bolhas à fusão de alvéolos, principalmente nas margens e ápice. Ocorre perda de consistência esponjosa e elástica normal. Ao apertar o pulmão, ele volta lentamente a posição inicial pela perda de fibra elástica. Microscopia: destruição de bronquíolos e alvéolos à dilatação permanentes de alvéolos e ductos alveolares, perda do componente elástico, diminuição do leito capilar (pela destruição dos septos) e diminuição da superfície respiratória. Obs: O paciente tem dificuldade de expirar à quando inspira, a musculatura vence a pressão e o ar entra, na hora de expirar que ajuda a fazer retração do pulmão são as fibras elásticas à como o paciente perde fibras, tem dificuldade de expiração. Obstrução de bronquíolos à perda da ancoragem nos septos, tornando os bronquíolos deformados e tortuosos. O paciente na maioria das vezes tem bronquite e bronquiolitecrônica associada + muco espesso na luz (dificulta a passagem do ar) Quadro clínico: Dificuldade / insuficiência respiratória: • Dificuldade no fluxo aéreo por obstrução bronquiolar e destruição elástica dificultando a expiração • Aumento progressivo do ar residual (pela dificuldade de expirar) • Perda da superfície de troca respiratória Hipertensão pulmonar: • Perda do leito vascular por destruição de septos • Compressão de capilares remanescentes pelo aumento do ar residual • Vasoconstrição das arteríolas pulmonares em resposta à hipoxemia/hipercapnia (principal causadora da hipertensão) Cor pulmonale crônico: em consequência a hipertensão pulmoar Manifestações clínicas: dispneia, chiado, sobrecarga do coração direito, expiração forcada e prolongada, tórax em tonel (aumento do diâmetro anteroposterior pelo ar residual) e emagrecimento. Complicações: maior risco de infecções pulmonares (pneumonias), pneumotórax por ruptura das bolhas e insuficiência respiratória grave (óbito) É clinicamente definida como tosse persistente com produção excessiva de muco, presente na maioria dos dias de um período de 3 meses, por pelo menos 2 anos consecutivos. A tosse e expectoração são mais intensas pela manha, presentes em cerca de 20% dos fumantes. Pode ocorrer em não tabagistas que vivem em ambientes com grande poluição. Patogênese: irritação crônica por substâncias inaladas (tabaco, combustão, poluentes ambientais) cursando com inflamação das vias aéreas e parênquima pulmonar. As exarcebações são causadas por infecções agudas bacterianas ou virais. Há uma hipertrofia das glândulas submucosas e hiperplasia de células caliciformes em resposta as agressões. A obstrução ocorre em consequência de: • Aumento da produção de muco • Inflamação peribrônquica • Espessamento fibroso tardio peribrônquico Clínica: tosse persistente, hipersecreção de muco (mediadores inflamatórios), dispneia, hipercapnia, hipoxemia, cianose, infecções (alterações nas células de revestimento das vias aéreas e na ação ciliar, dificultando a eliminação de muco) Morfologia macroscópica: espessamento da parede da arvore brônquica, secreção da mucosa abundante, frequentemente purulento (o acúmulo de muco predispõe a infecções) Microscopia: hipertrofia das glândulas submucosas, aumento do número de células caliciformes e de secreção, inflamação crônica e fibrose das paredes brônquicas, metaplasia (substituição de um epitélio de origem por um maduro que não pertencem ao local) escamosa à displasia à CA Bronquite crônica É um distúrbio inflamatório crônico das vias aéreas, que cursam com hipereatividade brônquica (broncoespasmo) e hipersecreção de muco em resposta a estímulos variados. Os pacientes cursam com sibilos, dispnéia e tosse que podem ser reversíveis (completa ou parcial), espontaneamente ou com tratamento. Entre as crises os pacientes são assintomáticos àalgumas pessoas que possuem crises persistentes: asma grave (status asmaticus). Epidemiologia: • Prevalência de 5% no mundo • 5% apresenta difícil controle: asma refrataria a tratamento • Acomete principalmente crianças e adolescentes • Fatores desencadeantes: infecções respiratórias, poluentes atmosféricos, fumaça de cigarro, frio, estresse, atividade física Classificação etiopatogênica: • Asma atópica ou alérgica: há evidências de sensibilização e resposta imunitária a certos antígenos. Normalmente ocorre por história familiar de asma, rinite alérgica e/ou eczema (lesão cutânea) atópico (alérgico) • Asma não atópica ou não alérgica: não se identifica um alérgeno específico. Geralmente a história familiar é negativa Asma atópica: Patogênese: • Fase de sensibilização (imagem A) à mastócitos revestidos por igE são expostos ao alérgeno, há desgranulação mastocitária liberando substâncias que cursam com: brococonstrição, vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e aumento da produção de muco (crise aguda de asma) à fase efetora • Reação tardia à recrutam: eosnófilos, neutrófilos, basófilos e macrófagos: perpetuam a resposta inflamatória. Há duas formas de resposta ao alérgeno: • Reação imediata: surge minutos após o estímulo e desaparece em 30-60 minutos, espontaneamente ou com tratamento • Reação tardia: surge 6-8h após a exposição alergênica resultando em nova crise Morfologia: pulmões hiperdistendidos por hiperinsuflação (dificuldade na expiração), oclusão de brônquios e bronquíolos por tampões mucosos, muco contendo espirais de Curschmann (células epiteliais descamadas). Pode ocorrer remodelamento brônquico: persistência da inflamação brônquica cursando com alterações estruturais irreversíveis à espessamento da parede (hipertrofia muscular e fibrose). Esse remodelamento pode piorar a função respiratória progressivamente. Ocorre espessamento da camada muscular e aumento de fibras colágenas (fibrose) à redução da luz. Asma Os eosinófilos são importantes na perpetuação da inflamação brônquica. Na seta preta, é possível ver fibrose. O espiral de Curschmann representa os restos das células epiteliais A bronquiectasia é definida pela dilatação anormal e permanente de brônquios e bronquíolo. Ectasia = dilatação. As causa são: infecções, enfraquecimento da parede brônquica ou por defeitos na sua formação. Na maioria dos casos, resulta de infecção e obstrução dos brônquios por fatores diversos. Classificação: • Bronquiectasia obstrutiva: ocorre obstrução de segmento da árvore brônquica à retenção no segmento distal à obstrução à favorece infecções de repetição à enfraquecimento da parede à dilatação. Causas: tumores endobronquiais de crescimento lento, aspiração de corpor estranho, linfonodo hilares e aumentados • Bronquiectasia não obstrutiva: etiopatogênese menos conhecida. Ex: fibrose cística e discinesia ciliar à predispõe infecções pulmonares recorrentes à enfraquecimento da parede à dilatação. Ex2: bronquiectasia por tração à tracionamento e dilatação da parede por cicatriz no parênquima pulmonar Clínica: febre; expectoração abundante, mucosa ou purulenta, principalmente pela manhã; lesão extensa à gera dispneia e insuficiência respiratória. Morfologia: dilatação de brônquios e bronquíolos (até 4x), fibrose irregular da parede à ambos podem ocupar espaço do parênquima pulmonar, diminuindo o espaço pulmonar de troca à dificuldade de respirar. Em geral os brônquios ficam longe da pleura, mas, na bronquiectasia, ficam próximos. Além disso, é possível ver acúmulo de muco. Também conhecida como “colapso pulmonar, pode ser decorrente de expansão incompleta pulmonar ou colabamento de um pulmão previamente inflado. Lectasia = dilatação. A consequência é a redução e predisposição a infecções pulmonares à pela diminuição de trocas gasosas. Geralmente é reversível, exceto a atelectasia por contração. Pode ser classificada como: Atelectasia por compressão: compressão externa do parênquima pulmonar previamente inflado à IMAGEM A • Causas: derrames pleurais à hemotórax, pneumotórax, piotórax Atelectasia por absorção ou obstrução: com obstrução total, o ar não consegue penetrar, mas existe o ar residual, que é lentamente absorvido à alguns alvéolos colabam à IMAGEM B • Na obstrução parcial, o ar entra à bronquiectasia (ar não sai, predisposição a infecções e enfraquecimento da parede) Bronquiectasia Atelectasia • Causas: tumor, corpo estranho, secreções espessadas Atelectasia por contração: lesões fibróticas pulmonares locais ou difusas que impedem a expansão do órgão. • Grande quantidade de colágeno, fibrose no lugar de alvéolos abertos. Atelectasia por deficiência de surfactante: comum em recém-nascidos (Doença da Membrana Hialina). • Mecanismo: colabamento de alvéolos por aumento da tensão superficial pela ausência de surfactante • Em adultos com SARA, a morfologia é parecida, mas o mecanismo é diferente. Na SARA, ocorre agressão a BAC poragentes diversos (físicos, químicos, biológicos). As vias aéreas inferiores não são estéreis, existe uma microbiota pulmonar à as bactérias colonizam sem causar resposta. • Colonização = presença de bactérias, sem evidência de resposta do hospedeiro • Infecção: invasão e multiplicação de microrganismos nos tecidos, com agressão e reação tecidual à ocorrem por desequilíbrio entre o agente agressor e mecanismo de defesa pulmonar Mecanismos de defesa pulmonar: tosse (causado por irritação do epitélio respiratório), aparelho mucociliar, brônquios (bronca constrição pode impedir passagem de alguns agentes), substâncias citoprotetoras (lisozima, fibronectina, lactoferrina à atividade anti-microbiana), resposta imunológica inata e adaptativa. A infecção ocorre pela entrada do patógeno + colonização + multiplicação de microrganismos no pulmão. Ocorre pela alta patogenicidade do agente + mecanismos de defesa insuficiente = infecção pulmonar. Vias de infecção: • Microaspiração: microaspiração de secreções da orofaringe à streptococcus pneumoniae, haemophilus influenza • Aspiração: comum em doentes com disfunção da deglutição à anaeróbios e bacilos gram negativos • Disseminação hematogenica: infecções bacterianas por endocardite, infecção por cateter intravenoso • Aerossóis: mycobacterium tuberculosis, vírus respiratórios (covid), infecções fungicas Doenças infecciosas do pulmão É definido pelo processo inflamatório e infeccioso agudo do parênquima pulmonar (vias aéreas distais: bronquíolos respiratórios e alvéolos) com expressão clínica à agente patogênico deverá atingir as vias respiratórias inferiores em número e virulência suficientes para superar as defesas do organismo Epidemiologia: • Vários estudos apontam em diferentes países para uma incidência anual entre 5 a 11 casos por 1000 adultos • Brasil: 760.000 internações por pneumonias Fisiopatologia: infecção aguda do parênquima à inflamação do parênquima pulmonar à exsudato inflamatórios nos alvéolos à alterações nas trocas gasosas, aumento do peso do pulmão, condensação pulmonar (pulmão com líquido em vez de ar) • A invasão bacteriana do parênquima leva a uma solidificação exsudativa (consolidação) do parênquima pulmonar Fatores de risco para pneumonias: • Idade: crianças e idosos à menores de 5 anos e maiores de 65 anos • Estilo de vida: tabagismo, etilismo, má nutrição • Fatores ambientais e ocupacionais: exposição a poluentes e substâncias irritantes para as vias respiratórias • Doenças crônicas ou debilitantes: DPOC, neoplasias, diabetes mellitus, ICC • Imunossupressão: AIDS, transplantes Classificação: Origem: pneumonia hospitalar ou nosocomial (se relaciona a instituições de saúde), pneumonia adquirida na comunidade Etiologia: ex: infecciosa à bacteriana, viral, fúngica e parasitária • OBS: agentes etiológicos não são identificados em 40 a 60% dos doentes • Pode ocorrer infecção por um conjunto de agentes patogênicos não típicos (toxoplasma gondii, vírus, clamydia psittaci, etc) à 15 a 30% das PAC. São atípicos por terem crescimento intracelular, possuem resistências aos beta lactâmicos e são de dificuldade diagnostica por meios de rotina Distribuição das lesões no território pulmonar: pneumonia lobar, broncopneumonia (ou pneumonia lobular), pneumonia intersticial • Pneumonia lobar: processo inflamatório uniforme nos lobos pulmonares, dando ao parênquima aspecto homogêneo. Não há destruição da parede. Ex: pneumococo Pneumonias bacterianas • Broncopneumonia ou pneumonia lobular: focos inflamatórios múltiplos que acometem os lóbulos. Disseminação aérea e destruição das paredes alveolares. Tipicamente em crianças, idosos e debilitados • Pneumonia intersticial: reação inflamatória intersticial. Localizado, difuso ou bilateral. Ex: vírus, legionella e mycoplasma Pneumonia lobar Evolução em 4 partes: • Inicial ou congestão: hiperemia, edema, poucos neutrófilos, numerosas bactérias • Hepatização vermelha: hiperemia, intensa exsudação de hemácias, fbrina, leucócitos e bactérias • Hepatização cinzenta: redução da hiperemia e das bactérias, aumento das células inflamatórias e de fibrina. Na microscopia é possível observar que os septos lobares não estão destruídos (diferente do que ocorreria na broncopneumonia) OBS: Pleurite fibrinosa: a pneumonia lobar pode causar pleurite fibrinosa, uma inflamação da pleura que se adere ao pulmão. • Resolução: diminuição progressiva do exsudato inflamatório, penetração progressiva de ar nos alvéolos. Na microscopia observa-se reorganização do exsudato (que antes estava nos alvéolos), presença de fibrina, redução dos leucócitos. Broncopneumonia Ocorre comprometimento focal ou multifocal dos pulmões. Em casos mais graves: confluência dos focos e comprometimento mais extenso = pneumonia pseudolobar. Na microscopia é possível observar hiperemia, edema, exsudato purulento na lux dos alvéolos e bronquíolos, com destruição da parede (septo) alveolar. Complicações relacionadas com alteração da função pulmonar: • Insuficiência respiratória à ocupação dos alvéolos exsudato inflamatório à alteração da V/Q à hipoxemia • Atelectasia à ocupação dos alvéolos pelo exsudato inflamatório à retenção de secreções e obstrução brônquica • Broncoespasmo à infecção à hiper-reatividade brônquica secundária Complicações da evolução da pneumonia: • Derrame pleural: é a consequência do processo inflamatório plural, a sua resolução é normalmente espontânea, é bastante comum (cerca de 40% dos doentes internados) • Empiema: corresponde a presença de líquido purulento na cavidade pleural à ocorre em cavidade previamente existente • Necrose e abscesso pulmonar: zona onde há destruição do parênquima pulmonar, pouco frequente (exceto nos casos de origem estafilocócica) à no abscesso, a cavidade é neoformada Complicações da pneumonia secundárias à bacteremia: • Lesão de outros órgãos à SIRS à choque séptico • CIVD: coagulação intravascular disseminada à pode predispor o paciente a múltiplos coágulos Clínica: • Febre alta, calafrios, tosse produtiva com escarro purulento, fraqueza, inapetência (ausência de apetite) Abscesso pulmonar: coleção de pus na intimidade do órgão, resultante de agressão e destruição tecidual, com formação de cavidade com secreção purulenta • Agentes: anaeróbios da microbiota oral, agentes causadores de pneumonias Macroscopia: tamanho e forma variáveis, único ou múltiplos, lesão forma nível líquido na cavidade Microscopia: piócitos (neutrófilos diferenciados), exsudato, existe uma cápsula definida. • Pelurite fibrinosa: dor ventilatório-dependente • Radiografia de tórax à imagem de hipotransparência pela condensação do parênquima, um lobo fica radiopaco (pneumonia lobar) ou múltiplas opacidades focais (broncopneuminia) • Diagnóstico: anamnese + exame físico + exame de imagem Exame físico: • Inspeção à taquipneia, eventualmente tiragem, cianose • Percussão à sinais de macicez • Ausculta à crepitações, sibilos e roncos Evolução da pneumonia: • Depende da virulência do agente etiológico, do hospedeiro e da extensão da pneumonia • Tratamento eficaz à cura com eliminação do microrganismo do material e reaeração pulmonar OU resolução incompleta com proliferação de tecido conjuntivo, formando cicatrizes • Evolução fatal: causa importante de morte em pacientes com doenças crônicas debilitantes Pneumonia intersticial: alterações inflamatórias pulmonares envolvendo o interstício à septos alveolares. • Manifestação clínicas mais brandas • Não há consolidação pulmonar • Pode não apresentar alterações no raio-x • Padrão arrastado podendo cursas com insuficiência respiratória A pneumonia intersticial pode ser: • Localizada ou difusa, uni ou bilateral • Infiltrado inflamatório mononuclear (macrófago e linfócito) • Congestão eedema • Agressão celular da membrana alvéolo-capilar à aumento da permeabilidade vascular e formação de membranas hialinas • Etiologia viral (VRS, influenza, adenovírus, vírus herpes, CMV, vírus do sarampo) à covid Morfologia: exsudato inflamatório nos septos, os alvéolos ficam preservados, pode ocorrer formação de membrana hialina (vai atrapalhar nas trocas) Pneumonia micótica: quadros infecciosos graves, os indivíduos normalmente são debilitados ou com imunodeficientes. Além disso, é caracterizada por infecções oportunistas. Ex: cândida sp, histoplasma capsulatum, aspergillus neoformans, paracoccidioides brasiliensis, blastomyces dermatites. Pneumonias virais Pneumonias fúngicas Epidemiologia: • Alta morbidade e mortalidade • 8,7 milhões de novos casos por ano • 1,4 milhões de mortes por ano • 22 países são responsáveis por 80% dos casos no mundo, sendo o Brasil um deles • Doença associada com pobreza, condições de saneamento básico, desnutrição, alcoolismo, doenças debilitantes crônicas e imunossupressão • Brasil: centro endêmico • Países industrializados: praticamente erradicada, em 1950, mas retornou por causa da AIDS (devido a imunossupressão) Características: Agente: mycobacterium tuberculosis à bacilo de Koch ou bacilo de calmette-guerrin (BCG) Transmissão: pessoa a pessoa, por aerossóis, oral (leite não pasteurizado) Ocorre reação de hipersensibilidade a antígenos do bacilo à linfócito Th1 estimulam macrófagos a matar as bactérias à lesão tecidual Reações dos hospedeiros: • Resposta imunitária inata • Bacilos escapam dos mecanismos de fagocitose • Reação imunitária adaptativa (específica) à granulomatosa • BAAR (bacilo álcool ácido resistente), de crescimento lento, aeróbio estrito (precisa de altos teores de oxigênio para sobreviver) à localização com altos teores de oxigênio à região superior do lobo inferior ou segmento inferior/ ápice do lobo superior Tuberculose A tuberculose apresenta 2 tipos fisiopatológicos: • Tuberculose primária: causada pela primo-infecção, hospedeiro não imune • Tuberculose secundária: hospedeiro imune, o paciente já teve contato prévio com o bacilo. Tuberculose primária: • Primeira infecção com o bacilo, sendo mais comum em crianças • Na maioria dos indivíduos, a infecção primaria vai ser assintomática, evolução benigna com cura • Tipos de reações que a primo-infecção determina: reação exsudativa, reação produtiva, reação produtivo-caseosa, reação de cicatrização Reação exsudativa: Reação produtiva Reação produtivo-caseosa Reação de cicatrização: Complexo primário da tuberculose: • resposta inflamatória inicial à conjunto de granulomas à Nódulo de Ghon + • disseminação bacilar dor linfócitos e linfonodos hilares à linfadenite granulomatosa = complexo de Ghon (ou primário da tuberculose) Evolução do complexo: na maioria dos casos ocorre cura pela resposta imune. Em algumas pessoas, os bacilos podem permanecer latentes sem lesões viáveis. Pode ocorrer evolução para tuberculose doença (menos de 5% dos casos) à não há cura da infecção, bacilos persistem no tecido e podem se disseminar para os próprios pulmões ou para outros órgãos à TBC primaria progressiva: pneumonia caseosa ou tuberculose miliar Tuberculose secundária: Formas macroscópicas principais: • TBC cavernosa: necrose extensa à material necrótico liquefaz • TBC miliar: bacilos penetram nos vasos sanguíneos, implantando agente no pulmão ou em outros órgãos Disseminação: • Pleura: por contiguidade: pleurite tuberculosa (derrame pleural, aderência de folhetos, restrição respiratória) • Laringite tuberculosa, pela via aérea • TBC intestinal, por deglutição • Diversos órgãos, por via sanguiena: rins, ossos (Mal de Pott), sistema nervoso, órgãos genitais Clínica: • Variada, de acordo com os órgãos comprometidos • Imagens radiológicas (consolidação, cavitação) • Forma pulmonar progressiva: quadro infeccioso arrastado, mal-estar, anorexia, perda de peso, febre vespertina diária, sudorese noturna, tosse com expectoração, falta de ar, hemoptise dor pleurítica • Diagnóstico: anamnese + exame físico + exame de imagem + baciloscopia de escarro Neoplasias pulmonares: novo crescimento de uma massa celular de tumor. Podem ser benignas ou malignas 95% das neoplasias pulmonares são malignas. As neoplasias malignas podem ser primarias (surgiu no pulmão) ou metastática (surgiu em outro órgão e foi para o pulmão). Classificação das neoplasias epiteliais pulmonares malignas (OMS 2015) Carcinoma broncopulmonar: 1) Carcinoma de células escamosas (epidermoide ou espinocelular) à 20% 2) Adenocarcinoma à 38% 3) Carcinoma de grandes células à 3% 4) Carcinoma de pequenas células (“oat cell” carcinoma) à 14% (estão em ordem de prognóstico, do melhor para o pior) O carcinoma broncopulmonar é um importante problema de saúde publica, uma vez que sua incidência tem aumentado nos últimos 60 anos. O predomínio é entre 40 e 75 anos, com pico entre 50 e 65 anos. A sobrevida em 5 anos varia de 7 a 21% Etiopatogênese: Fatores ambientais: • Tabaco à 80% dos cânceres de pulmão ocorrem em fumantes, nem todos os tabagistas vão ter câncer de pulmão, pois depende da carga tabágica, tipo de cigarro e forma de inala à 20% dos fumantes desenvolvem • poluição atmosférica à arsênico, cobre, cádmio e ácido sulfúrico • riscos industriais à radiação ionizante, substâncias carcinogênicas • inflamação crônica à ex: DPOC Alterações genômicas • oncogênes à EFGR, ALK, ROS1: adenocarcinoma • Gene supressor à TP53: CCE e carcinoma de pequenas células Lesões pré-cancerosas: são allterações estruturais nas células, que vão aumentar o risco de desenvolvimento da neoplasia Ex: metaplasia escamosa (epitélio passa a ser estratificado, perda de cílios e muco) à displasia (atipias -alterações genotípicas e fenotípicas) à carcinoma in situ à carcinoma invasor (CCE). • Na imagem A observa-se o epitélio normal, e a camada basal está se proliferando para combater ao dano na parede pulmonar. • Na imagem B, observa-se as células que aumentam em número, pela proliferação basal Neoplasias de pulmão • Na imagem C, observa-se a metaplasia escamosa à adaptação do epitélio, células achatadas e pavimentosas • Na imagem D, observa-se a displasia à muita camada de célula, dificuldade em delimitar onde começa e terminas as células. • Na imagem E, as atipias vão ficando mais acentuadas, chamado de carcinoma em situ (in situ pois a membrana basal está preservada) Na imagem F, o carcinoma é invasor à ninho de células atípicas, invadindo o estroma Ex: hiperplasia ademonatosa atípica à alterações nos septos alveolares, os quais vão apresentar alterações estruturais • Da origem ao adenocarcinoma • No canto inferior direito, observa-se septos alveolares normais, com presença de pneumócitos • Na parte superior, os septos estão alargados (fibrose intersticial), as células estão mais evidentes e hipercromaticas (hiperplasia adenomatosa atípica) Topografia: • Central ou hilar: parte mais distal da traqueia, brônquios 1º e 2º; visível a broncoscopia, descamação celular nas secreções (escarro e LBA - lavado bronco alveolar) • Periférico: afeta brônquios distais, bronquíolos e alvéolos. Aparece em exames de imagem, podendo acometer a pleura (infiltra na pleura e descama células à derrame pleural neoplásico) Também chamado de carcinoma epidermoide e carcinoma espinocelular. É mais comum em homens, com localização, geralmente, central. Está mais associado ao tabagismo e apresenta o melhor prognóstico à crescimento lento, metástase para linfonodos regionais, disseminação hematogênica é mais tardia. Macroscopia:• Espessamento da mucosa • Posterior formação de massa neoplásica e crescimento para luz/parênquima • Coloração brancacenta e é um tumor endurecido (endurecido pelo estroma que sustenta as células à se modifica, ficando com colágeno denso) • Focos de necrose (as células se proliferam antes da formação de vasos), hemorragia e cavitações (possível observar na parte superior da imagem) • Tamanho variado Microscopia: proliferação de células escamosas atípicas, com graus variáveis de atipías e ceratniização e formas de pérolas córneas (estruturas redondas por conta da ceratinização) Adeno: formação de glândula à é uma neoplasia maligna com diferenciação glandular e produção de mucina. Além disso, é a neoplasia pulmonar mais frequente, sendo mais comum e mulheres e não fumantes. A localização é periférica, se originando a partir das células de clara (células epiteliais colunares não ciliadas do septo alveolar) ou de pneumócitos tipo II. As metástases são mais frequentes em relação ao CCE Carcinoma de células escamosas - CCE Adenocarcinoma pulmonar Macroscopia: • Limites indefinidos e tamanhos variáveis • Superfície de corte homogênea, solida e de coloração marfim, às vezes com aspecto brilhantes devido à produção de muco • Pode sofrer necrose, hemorragia ou infecção secundária Microscopia: • Proliferação de células com graus variáveis de atipia, formando estruturas tubulares (glandulares) • Origem a partir das células claviformes (ou clara, que são células epiteliais colunares não ciliadas) ou de pneumócitos tipo II Adenocarcinoma lepídico (subtipo) • OMS 2004: era chamado de carcinoma bronquíolo-alveolar (epitélio de bronquíolos e alvéolos) à OMS 2015: passou a se chamar de adenocarcinoma de padrão lepídico • Surge no epitélio de bronquíolos e alvéolos, acompanhando os septos à atipia nas células dos septos. • É chamado assim pois remete a escamas de peixe • Origina-se de bronquíolos terminais, respiratórios ou alvéolos • Não há faixa etária preferencial • Preferência por mulheres • ¼ dos pacientes não são fumantes • Evolução mais lenta que o adenocarcinoma em geral • Não tem capacidade metastática à não infiltra e Acompanha os septos Macroscopia: forma localizada ou forma difusa (ou generalizada à acometimento de todo um lobo, bilateral, todo pulmão). A forma localizada possui melhor prognóstico, uma vez que a forma generalizada pode simular pneumonia e tem complicações, como insuficiência respiratória Microscopia: proliferação de células colunares atípicas ao longo das paredes alveolares preexistentes É menos frequente, indiferenciado e de comportamento agressivo. O prognostico é ruim e geralmente é periférico, de localização subpleural. Macroscopia: tumor predominantemente periférico, grande com necrose e hemorragia Microscopia: • Proliferação de células grandes, atípicas, com citoplasma abundante, núcleos centrais e volumosos, formando massas • Células anaplásicas à diversos tamanhos e formatos Chamado também de “oat cell” carcinoma, predomina na 6ª e 7ª décadas de vida. É mais comum em homens e está muito associado ao tabagismo. A localização é preferencialmente central. É indiferenciada, cresce rapidamente, sendo altamente agressiva com altas taxas metastáticas (inclusive para medula óssea) à possui o pior prognóstico Síndrome paraneoplasica: conjunto de sinais e sintomas relacionados a produção de substâncias pelas células neoplásicas, atuando a distância • ACTH, GH, ADH, serotonina, calcitonina, estrógenos Macroscopia: tumor predominantemente central, brancacento, de tamanho variável, com frequente infiltração nas estruturas hilares Microscopia: • Proliferação de células pequenas e uniformes, com citoplasma escasso e núcleos ovoides, formando massa • Células pequenas, redondas e azuis (por causa do núcleo que se cora pela hematoxilina) • Oat cell: grão de aveia Clínica do carcinoma broncopulmonar: Central ou Hilar: • Por um tempo são assintomáticos, comum ter irritação, que causa tosse seca e persistente. • Obstrução parcial à hiperinsuflação, infecções (bronquiectasias) • Obstrução total à atelectasia • Infiltração do mediastino à aderências, fístulas (junção de tecidos, por exemplo: bronco-esofágica, traqueoesofágicas) à pneumonia aspirativa Periférico: • Por um tempo assintomáticos (os sintomas são mais comuns com o crescimento do tumor). Sintomas ocorrem após acomentimento pleural ou de brônquios • Dor, derrame pleural • Pode infiltrar parede torácica, plexo braquial (dor no ombro e braço) • Tumor de ápice pulmonar (tumor de Pancoast) à Síndrome de Horner: ptose palpebral, miose, anidrose (cadeia simpática cervical) Carcinoma de grandes células Carcinoma de pequenas células Sintomas gerais: • Debilidade progressiva, fraqueza, anemia, desnutrição (caquexia) • Síndromes paraneoplásicas o ACTH – síndrome de cushing o ADH – hiponatremia o Paratormônio – hipercalcemia o Calcitonina – hipocalcemia o Gonadotrofinas – ginecomastia o Síndrome de Trousseau: estado de hipercoagulabilidade à trombose • Metástase: preferencialmente para os linfonodos regionais (do hilo pulmonar), posteriormente para os linfonodos mais distantes (cervicais e abdominais). Após esses acometimentos, podem ocorrer as metástases hematogênicas: fígado, SNC, suprarrenal e ossos Estadiamento: determinação da extensão do tumor no organismo, para estabelecer prognóstico e sobrevida do paciente • Sistema TNM (tumor, metástases em linfonodos, disseminação hematogênica à distância) • Tipo histológico, grau de diferenciação Prognóstico: estimado de acordo com o estadiamento, a classificação e subtipo histológico e grau de diferenciação • Para finalidade terapêutica e de prognostico: tratamento cirúrgico, quimio e radio • Atualmente: terapial alvo (molecular) à adenocarcinoma pode apresentar mutações especificas, sendo possível combate-las Neoplasias metastáticas: • Principais tumores: TGI, mama, próstata, sarcomas, ossos e melanoma • Significado de metástase: prognostico extremamente ruim • Geralmente são lesões múltiplas, de tamanhos variados, com limites bem definidos. • Lesões metástase em bala de canhão à Aspectos de normalidade à A glote é composta pelas pregas vocais e, entre elas, o vestíbulo. Acima da glote existe a SG (supra glote) e abaixo a IG (infra glote). • Supraglote: rica em vasos linfáticos, próxima a cavidade oral e orofaringe (exposição à carcinógenos ingeridos) • Glote: pobre em vasos linfáticos • Infraglote: relacionada as vias aéreas inferiores à exposição a carcinógenos inalados Neoplasias de laringe Neoplasia mais frequente (95%), predomina em homens na 5 e 6ª década de vida. Fatores de risco: álcool, tabaco, exposição ocupacional, deficiências nutricionais, irradiação prévia do pescoço, HPV (cepas 16 e 18). Formas macroscópicas: lesão vegetante, ulcerada ou infiltrativa. É classificada por região, sendo a mais comum na região glótica. Microscopia: proliferação de células escamosas atípicas, com graus variados de ceratinização, formando ninhos, podendo haver pérolas córneas permeio. Clínica: sintomas e prognóstico dependem da localização do tumor Carcinoma de grandes células
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