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Metabolismo de Lipídeos

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INTRODUÇÃO 
Os lipídeos biológicos são um grupo de 
compostos quimicamente diversos, 
cuja característica em comum que os 
define é a insolubilidade em água. 
Desse modo, são altamente solúveis 
em solventes orgânicos ou apolares 
como o éter ou a acetona (substâncias 
lipofílicas). 
Muitos lipídeos são compostos 
anfipáticos (ou anfifílicos), ou seja, 
apresentam na molécula uma porção 
polar, hidrofílica, e uma porção apolar, 
hidrofóbica. 
PRINCIPAIS FUNÇÕES 
 Armazenamento de energia 
 Composição de membranas 
biológicas 
 Isolamento térmico, elétrico e 
mecânico 
 Moléculas mensageiras 
(hormônios e vitaminas) 
CLASSIFICAÇÃO 
São classificados como lipídeos 
simples e complexos: 
1. Lipídeos simples incluem 
gorduras e as ceras que são 
ésteres de ácidos graxos com 
diversos álcoois: 
a. Gorduras: ésteres de ácidos 
graxos com glicerol. Os óleos 
são gorduras em estado 
líquido. 
b. Ceras: ésteres de ácidos 
graxos com álcoois 
monoídricos com peso 
molecular mais elevado. São 
impermeabilizantes. 
2. Lipídeos complexos são 
ésteres de ácidos graxos 
contendo grupamentos além de 
um álcool, um ou mais ácidos 
graxos. Eles podem ser divididos 
em 3 grupos: 
a. Fosfolipídeos: Os lipídeos 
que contêm, além dos ácidos 
graxos e um álcool, um 
resíduo de ácido fosfórico. 
Frequentemente, eles 
possuem bases contendo 
nitrogênio (p.ex., colina) e 
outros substituintes. Em 
muitos fosfolipídeos, o álcool é 
o glicerol 
(glicerofosfolipídeos), mas 
nos esfingofosfolipídeos, é a 
esfingosina, a qual contém um 
grupamento amino. 
b. Glicolipídeos 
(glicosfingolipídeos): 
lipídeos contendo um ácido 
graxo, esfingosina e 
carboidrato. 
c. Outros lipídeos complexos: 
lipídeos como sulfolipídeos e 
aminolipídeos. As 
lipoproteínas também podem 
ser classificadas nessa 
categoria. 
3. Lipídeos precursores e 
derivados: incluem ácidos 
graxos, glicerol, esteroides, 
outros álcoois, aldeídos graxos, 
corpos cetônicos, 
hidrocarbonetos, vitaminas 
lipossolúveis e micronutrientes e 
hormônios. 
Ps.: Como não possuem carga 
elétrica, acilgliceróis (glicerídeos), 
colesterol e ésteres de colesterol 
são denominados lipídeos neutros. 
LIPÍDEOS DE 
ARMAZENAMENTO 
As gorduras e os óleos utilizados de 
modo quase universal como formas de 
armazenamento de energia nos 
organismos vivos são derivados de 
ácidos graxos. Dois tipos de 
compostos que contêm ácidos graxos 
são os triacilgliceróis e as ceras. 
Ps.: Os ácidos graxos são derivados de 
hidrocarbonetos, com estado de 
oxidação quase tão baixo (ou seja, 
altamente reduzido) quanto os 
hidrocarbonetos nos combustíveis 
fósseis. A oxidação celular de ácidos 
graxos (a CO2 e H2O), assim como a 
combustão controlada e rápida de 
combustíveis fósseis em motores de 
combustão interna, é altamente 
exergônica. 
ÁCIDOS GRAXOS 
Os ácidos graxos são ácidos 
carboxílicos com cadeias 
hidrocarbonadas de comprimento 
variando de 4 a 36 carbonos (C4 a 
C36). O grupo carboxila (- COOH) 
constitui a parte polar e a cadeia 
carbônica constitui a parte apolar, logo, 
são moléculas anfipáticas. Sua 
fórmula geral é RCOOH (onde o R 
representa a cadeia de 
hidrocarboneto). Ácidos graxos livres 
são poucos encontrados nos 
organismos: mais frequentemente 
estão ligados a um álcool (ex.: glicerol, 
esfingosina.) 
 
Ps.: Uma nomenclatura simplificada 
para ácidos graxos não ramificados 
especifica o comprimento da cadeia e o 
número de ligações duplas, separados 
por dois pontos; por exemplo, o ácido 
palmítico, saturado e com 16 carbonos, 
é abreviado 16:0, e o ácido oleico, com 
18 carbonos e uma ligação dupla, é 
18:1. A posição de qualquer ligação 
dupla é especificada em relação ao 
carbono carboxílico, o qual recebe o 
número 1, pelos números sobrescritos 
ao ∆ (delta); um ácido graxo com 20 
carbonos e uma ligação dupla entre C-
9 e C-10 (sendo C-1 o carbono da 
carboxila) e outra entre C-12 e C-13 é 
designado 20:2 (∆9,12). 
Os ácidos graxos de ocorrência mais 
comum apresentam um número par de 
átomos de carbono em uma cadeia não 
ramificada de 12 a 24 carbonos. O 
número par de carbonos resulta do 
modo como esses compostos são 
sintetizados, o que envolve 
condensações sucessivas de unidades 
de dois carbonos (acetato). 
SATURAÇÃO DE A.G. 
 Saturados: ausência de ligações 
duplas entre dois carbonos na 
cauda de hidrocarbonetos; são 
encontrados principalmente em 
produtos de origem animal, como 
carne bovina, de carneiro, de 
porco e de galinha, além da gema 
de ovo e nas gorduras lácteas do 
creme, do leite, da manteiga e do 
queijo. 
◊ Estrutura: CnH2nO2 
 Monoinsaturados: Presença de 
apenas uma ligação dupla entre 
carbonos; a dupla ligação 
provoca um arranjo diferente dos 
elétrons dos carbonos, de forma 
que a organização espacial da 
molécula é alterada e apresenta 
uma “dobra”; encontrados em 
óleos de oliva e de amendoim, 
nozes, amêndoas e abacate. 
◊ Estrutura: CnH2n-2O2 
 
 Poli-insaturados: Presença de 
mais de uma ligação dupla entre 
carbonos; encontrados nos óleos 
de sementes vegetais como o 
óleo de açafrão, de girassol, de 
soja e de milho. Mais 
importantes: Ácido linolênico é 
o Ômega 3 e o Linoleico é o 
Ômega 6. São principais ácidos 
graxos obtidos pela 
alimentação, porque não 
produzimos em grande 
quantidade. 
◊ Estrutura: CnH2n-2O2 
 
NOMENCLATURA 
O nome sistemático do ácido graxo é 
derivado do nome do hidrocarboneto 
correspondente, pela inclusão do sufixo 
-óico no final do nome. 
Ex.: Ácido graxo com 18 carbonos: 
Ácido octadecanóico, pois deriva do 
hidrocarboneto octadecano. Um ácido 
graxo de 18 carbonos com uma dupla 
ligação é o ácido octadecenóico; com 
duas duplas ligações, ácido 
octadecadienóico; e com três duplas 
ligações, ácido octadetrienóico. 
Quando o ácido graxo apresenta 
insaturação, sua abreviação é feita 
indicando o número de carbonos e o 
número de ligações duplas, separados 
por dois pontos (:), seguidos pelo 
carbono em que a instauração ocorre. 
Desse modo, o símbolo 18:0 denota um 
ácido graxo de 18 carbonos saturado 
(sem ligações duplas), enquanto 18:2 
significa que existem duas ligações 
duplas na cadeia. A posição da dupla 
ligação é representada pelo símbolo Δ 
(delta) seguido por um ou mais número 
em sobrescrito. Por exemplo, cis - Δ9 
significa que existe uma dupla ligação 
CIS entre os carbonos 9 e 10; trans - Δ2 
indica uma dupla ligação trans entre os 
carbonos 2 e 3. 
Portanto, o ácido palmitoleico, 
composto por 16 carbonos e uma 
ligação dupla entre os carbonos 9 e 10, 
apresenta como nome sistemático cis – 
9 – Hexadecenóico e como abreviação 
16:1Δ9. 
PROPRIEDADES 
As propriedades dos ácidos graxos são 
determinadas em grande parte pelo 
comprimento e pelo grau de 
instauração da cadeia hidrocarbonada. 
Baixa solubilidade em água: quanto 
mais longa a cadeia e quanto menos 
insaturações, menor é a solubilidade 
em água. 
Ponto de fusão: quanto mais 
insaturações e quanto mais curta a 
cadeia, menor é o ponto de fusão. 
Estado físico: Os ácidos graxos com 
menores pontos de fusão tendem a 
estar líquidos e, aqueles com pontos de 
fusão mais elevados, tendem a estar 
sólidos.
TRIACILGLICERÓIS 
São as principais formas de 
armazenamento de ácidos graxos. 
São ésteres de glicerol álcool tri-hídrico 
e ácidos graxos (Figura 21-8). Mono e 
diacilgliceróis, em que um ou dois 
ácidos graxos estão esterificados 
(reação que ocorre com um ácido 
carboxílico e um álcool formando um 
éster e água) com o glicerol, também 
soa encontrados nos tecidos. 
São os mais simples compostos de 
ácidos graxos, também chamado de 
triglicerídeos, gorduras ou gorduras 
neutras. São compostos por 3 ácidos 
graxos, cada um em ligação éster com 
uma molécula de glicerol. OBS.: Uma 
ligação éster é aquela que liga o 
oxigênio de um ácido carboxílico a um 
outroradical (R) 
 
CLASSIFICAÇÃO 
 Simples: Ácidos graxos do 
mesmo tipo 
 Misto: Dois ou três tipos 
diferentes de ácidos graxos. 
Para numerar os átomos de carbono do 
glicerol de forma inequívoca, utiliza-se 
o sistema -sn (numeração 
estereoquímica). É importante 
reconhecer que os carbonos 1 e 3 do 
glicerol não são idênticos quando 
visualizados em três dimensões 
(demonstrado como uma fórmula de 
projeção na Figura 21-9). 
As enzimas são facilmente distinguíveis 
entre elas e são quase sempre 
específicas para um ou outro carbono; 
por exemplo, glicerol é sempre 
fosforilado em sn-3 pela glicerol-cinase, 
formando glicerol-3-fosfato, e não 
glicerol-1-fosfato. 
 
FOSFOLIPÍDEOS 
São os principais constituintes lipídicos 
das membranas. Muitos fosfolipídeos 
são derivados do ácido fosfatídico, em 
que o fosfato é esterificado com um 
grupo OH do glicerol e os outros dois 
grupos OH do glicerol são esterificados 
com dois ácidos graxos de cadeia longa 
(glicerofosfolipídeos). 
O ácido fosfatídico é importante como 
intermediário na síntese de 
triacilgliceróis, assim como dos 
fosfogliceróis, mas não é encontrado 
em grande quantidade nos tecidos. 
Esfingolipídeos como a esfingomielina, 
em que o fosfato é esterificado com 
esfingosina, um aminoálcool complexo, 
também são componentes importantes 
das membranas. 
Glicerofosfolipídeos e esfingolipídeos 
possuem duas caudas de 
hidrocarbonetos de cadeia longa 
importantes para sua função na 
formação da bicamada lipídica nas 
membranas celulares, porém, no 
primeiro lipídeo, ambos são cadeias de 
ácidos graxos, ao passo que, no último, 
um é ácido graxo e o segundo é parte 
da molécula de esfingosina. 
GLICOLIPÍDEOS OU 
GLICOESFINGOLIPÍDEOS 
São importantes em tecidos nervosos e 
na membrana celular. Os glicolipídeos 
são lipídeos com um carboidrato (ou 
cadeia de carboidratos) acoplado. Um 
carboidrato (ou uma cadeia de 
carboidratos) acoplado. Os 
glicolipídeos estão amplamente 
distribuídos em qualquer tecido do 
organismo, sobretudo em tecido 
nervoso, como o encéfalo. Eles 
ocorrem particularmente na camada 
externa da membrana plasmática, onde 
formam os carboidratos de superfície 
celular que constituem o glicocálice. 
Os principais glicolipídeos encontrados 
nos tecidos animais são os 
glicosfingolipídeos. Eles contêm 
ceramida e um ou mais açúcares. A 
galactosilceramida é um 
glicosfingolipídeo majoritário no 
encéfalo e em outros tecidos nervosos, 
encontrada em quantidades 
relativamente baixas em outras partes. 
Ela contém inúmeros ácidos graxos 
C24 característicos, como o ácido 
cerebrônico. 
A galactosilceramida pode ser 
convertida em sulfogalactosilceramida 
(sulfatídeo), que possui um 
grupamento sulfato acoplado ao O na 
posição três da galactose e está 
presente em grandes quantidades na 
mielina. A glicosilceramida é 
semelhante à galactosilceramida, mas 
o grupo cabeça polar é a glicose, em 
vez da galactose. A glicosilceramida é 
o glicosfingolipídeo simples 
predominante nos tecidos extraneurais, 
e também ocorre no encéfalo em 
pequenas quantidades. 
Os gangliosídeos são 
glicoesfingolipídeos complexos 
derivados da glicosilceramida, que 
também contêm uma ou mais 
moléculas de um ácido siálico. O ácido 
neuramínico é o principal ácido siálico 
encontrado nos tecidos humanos. Os 
gangliosídeos também estão presentes 
nos tecidos nervosos em 
concentrações elevadas. Eles atuam 
no reconhecimento e comunicação 
célula célula e como receptores para 
hormônios e toxinas bacterianas, como 
a toxina colérica. O gangliosídeo mais 
simples encontrado nos tecidos é o 
GM3, o qual contém ceramida, uma 
molécula de glicose, uma molécula de 
galactose e uma molécula de NeuAc. 
Na nomenclatura abreviada utilizada, G 
representa gangliosídeo; M é uma 
espécie contendo monossialo; e o 
subscrito 3 é um número designado 
com base na migração cromatográfica. 
 
 
ESTEROIDES 
Embora o colesterol seja, 
provavelmente, mais bem conhecido 
por sua associação com aterosclerose 
e doenças cardíacas, ele tem 
numerosas funções essenciais no 
corpo. Ele é o precursor de um grande 
número de esteroides igualmente 
importantes que incluem ácidos 
biliares, hormônios 
corticossuprarrenais, hormônios 
sexuais, vitamina D e glicosídeos 
cardíacos. 
Todos os esteroides apresentam um 
núcleo cíclico similar, assemelhando- 
se ao fenantreno (anéis A, B e C), ao 
qual se liga um anel de ciclopentano 
(D). As posições dos carbonos no 
núcleo esteroide são numeradas 
conforme mostrado na Figura 21-17. É 
importante imaginar que, nas fórmulas 
estruturais dos esteroides, um anel 
hexagonal simples indica um anel de 
seis carbonos totalmente saturado com 
todas as valências satisfeitas pelas 
pontes de hidrogênio, salvo 
demonstração contrária; isto é, ele não 
é um anel benzênico. Todas as 
ligações duplas são mostradas dessa 
forma. As cadeias laterais de 
grupamentos metil são evidenciadas 
como ligações simples não acopladas 
na extremidade oposta (metil). Em 
geral, essas cadeias ocorrem nas 
posições 10 e 13 (constituindo os 
átomos de C 19 e 18). Uma cadeia 
lateral na posição 17 é comum (como 
no colesterol). Quando o composto 
possui um ou mais grupamentos 
hidroxil e nenhum grupamento 
carbonila ou carboxila, é um esterol, e 
seu nome termina em -ol. São quatro 
anéis de cadeias carbônicas unidos, a 
partir do isopreno. 
 
Cada um dos anéis de seis carbonos do 
núcleo esteroide é capaz de existir na 
conformação tridimensional tanto de 
uma “cadeira” quanto de um “barco” 
(Figura 21-18). Nos esteroides de 
ocorrência natural, quase todos os 
anéis estão na forma de “cadeira”, a 
qual constitui a conformação mais 
estável. Em relação um ao outro, os 
anéis podem ser cis ou trans (Figura 
21-19). A junção entre os anéis A e B 
pode ser cis ou trans nos esteroides de 
ocorrência natural. A junção entre B e C 
é trans, assim como frequentemente 
acontece na junção C/D. As ligações 
que fixam os grupamentos substitutos 
acima do plano dos anéis (ligações b) 
são mostradas como linhas sólidas em 
negrito, ao passo que as ligações que 
prendem os grupamentos abaixo 
(ligações a) são indicadas por linhas 
tracejadas. O anel A de um esteroide 5a 
sempre é trans para o anel B, enquanto 
é cis em um esteroide 5b. Os 
grupamentos metil ligados a C10 e C13 
estão invariavelmente na configuração 
b. 
 
COLESTEROL 
O colesterol (Figura 21-20) está 
amplamente distribuído em todas as 
células do organismo, mas 
principalmente no tecido nervoso. Ele é 
um constituinte majoritário da 
membrana plasmática e das 
lipoproteínas plasmáticas. Com 
frequência, é encontrado como éster de 
colesteril, onde o grupamento hidroxil 
na posição 3 é esterificado por um 
ácido graxo de cadeia longa. Ele ocorre 
em animais, mas não em vegetais ou 
em bactérias. 
 
ERGOSTEROL 
O ergosterol ocorre em plantas e 
leveduras (fungos) e é importante como 
fonte dietética de vitamina D (Figura 
21-21). Quando irradiado com luz 
ultravioleta na pele, o anel B é aberto 
para formar vitamina D2 em um 
processo semelhante ao que forma a 
vitamina D3 a partir de 7-
desidrocolesterol na pele. 
 
POLIPRENOIDES 
Embora não sejam esteroides, os 
poliprenoides estão relacionados 
porque são sintetizados, como o 
colesterol, a partir de unidades de 
isopreno de cinco carbonos (Figura 
21-22). Eles compreendem a 
ubiquinona, que participa da cadeia 
respiratória na mitocôndria, e o álcool 
de cadeia longa dolicol (Figura 21-23), 
que participa da síntese de 
glicoproteínas ao transferir resíduos de 
carboidratos para resíduos de 
asparagina no polipeptídeo. 
Poliprenoides derivados de vegetais 
incluem a borracha, a cânfora, as 
vitaminas lipossolúveis A, D, E e K e o 
b-caroteno (provitamina A). 
DIGESTÃO DE LIPÍDEOS 
Quase todas as gorduras da dieta 
consistemem triglicerídeos (gorduras 
neutras) formados por três moléculas 
de ácidos graxos condensadas com 
uma só molécula de glicerol. Durante a 
condensação, três moléculas de água 
são removidas. 
A hidrólise (digestão) dos triglicerídeos 
consiste no processo inverso: as 
enzimas digestivas de gorduras 
reinserem três moléculas de água na 
molécula de triglicerídeo e, assim, 
separam as moléculas de ácido graxo 
do glicerol. 
GORDURAS NA DIETA 
As gorduras mais abundantes da dieta 
são as gorduras neutras, também 
conhecidas como triglicerídeos; estes 
são formados por glicerol esterificado 
com três moléculas de ácidos graxos. A 
gordura neutra é um dos principais 
constituintes dos alimentos de 
origem animal, mas muito mais rara 
nos alimentos de origem vegetal. 
Na dieta usual existem também 
quantidades pequenas de fosfolipídios, 
colesterol e ésteres de colesterol. Os 
fosfolipídios e os ésteres de colesterol 
contêm ácidos graxos e, portanto, 
podem ser considerados gorduras. O 
colesterol, no entanto, é um 
composto esterol que não contém 
ácido graxo, mas exibe algumas das 
características químicas e físicas das 
gorduras; além disso, é derivado das 
gorduras e metabolizado como elas. 
Portanto, o colesterol é considerado, do 
ponto de vista dietético, gordura. 
 
A DIGESTÃO DE GORDURAS 
OCORRE PRINCIPALMENTE NO 
I.D. 
O início da digestão de lipídeos da 
alimentação não começa na boca 
efetivamente. Embora, nenhuma 
hidrólise de triglicérides ocorra na boca, 
os lipídeos estimulam a secreção da 
lipase das glândulas serosas na base 
da língua (por isso se chama lipase 
lingual), mas como não permanece na 
boca sua função é quase nula. 
Pequena quantidade de triglicerídeos é 
digerida no estômago pela lipase 
lingual secretada pelas glândulas 
linguais na boca e deglutida com a 
saliva. Essa digestão é menor que 10% 
e, em geral, sem importância. 
Essencialmente, toda a digestão das 
gorduras ocorre no intestino delgado. 
PRIMEIRA ETAPA NA DIGESTÃO 
A lipase gástrica provavelmente 
corresponde àquela secretada pela 
língua. Porém, o pH extremamente 
ácido do estômago não possibilita a 
ação integral desta lipase gástrica, 
diminuindo a velocidade de sua ação 
enzimática, havendo apenas a quebra 
de algumas ligações de ésteres de 
Ácidos Graxos de cadeia curta. A ação 
gástrica na digestão dos lipídios está 
relacionada com os movimentos 
peristálticos do estômago, produzindo 
uma emulsificação dos lipídios, 
dispersando-os de maneira equivalente 
pelo bolo alimentar. 
A primeira etapa na digestão de 
gorduras é a quebra física dos glóbulos 
de gordura em partículas pequenas, de 
maneira que as enzimas digestivas 
hidrossolúveis possam agir nas 
superfícies das partículas. Esse 
processo é denominado emulsificação 
da gordura e começa pela agitação no 
estômago que mistura a gordura com 
os produtos da secreção gástrica. 
A maior parte da emulsificação ocorre 
no duodeno, sob a influência da bile, 
secreção do fígado que não contém 
enzimas digestivas. Porém, a bile 
contém grande quantidade de sais 
biliares, assim como o fosfolipídeo 
lecitina. Essas duas substâncias, mas 
especialmente a lecitina, são 
extremamente importantes para a 
emulsificação da gordura. As porções 
polares (i. e., os pontos onde ocorre a 
ionização na água) dos sais biliares e 
das moléculas de lecitina são muito 
solúveis em água, enquanto quase 
todas as porções remanescentes de 
suas moléculas são muito solúveis em 
gordura. No entanto, as porções 
solúveis em gordura dessas secreções 
hepáticas se dissolvem na camada 
superficial dos glóbulos gordurosos, 
com as porções polares projetadas. As 
projeções polares, por sua vez, são 
solúveis nos líquidos aquosos 
circundantes, o que diminui, 
consideravelmente, a tensão interfacial 
da gordura e também a torna solúvel. 
Quando a tensão interfacial do glóbulo 
do líquido imiscível é baixa, esse 
líquido imiscível, sob agitação, pode ser 
dividido em pequenas partículas, muito 
mais facilmente do que pode quando a 
tensão interfacial é grande. 
Consequentemente, a principal função 
majoritária dos sais biliares e da 
lecitina, especialmente da lecitina na 
bile, é tornar os glóbulos gordurosos 
rapidamente fragmentáveis, sob 
agitação com água no intestino 
delgado. Essa ação é igual àquela que 
muitos detergentes que são largamente 
usados em limpadores domésticos para 
a remoção de gordura. 
Com a redução do diâmetro dos 
glóbulos de gordura, a área superficial 
total aumenta bastante. Na medida em 
que os diâmetros médios das partículas 
de gordura no intestino após a 
emulsificação são inferiores a 1 
micrômetro, isso representa um 
aumento de até 1.000 vezes da área 
superficial total da fase lipídica. 
As enzimas lipases são compostos 
hidrossolúveis e podem atacar os 
glóbulos de gordura apenas em suas 
superfícies. Por conseguinte, essa 
função detergente dos sais biliares e da 
lecitina é muito importante para a 
digestão das gorduras. 
LIPASE PANCREÁTICA 
A enzima mais importante para a 
digestão dos triglicerídeos é a lipase 
pancreática, presente em enorme 
quantidade no suco pancreático, 
suficiente para digerir em 1 minuto 
todos os triglicerídeos. Os 
enterócitos do intestino delgado contêm 
outra lipase adicional, conhecida como 
lipase entérica, mas esta não é 
normalmente necessária. 
PRODUTOS FINAIS DA DIGESTÃO 
Grande parte dos triglicerídeos na dieta 
é hidrolisada pela lipase pancreática 
em ácidos graxos livres e 2-
monoglicerídeos, como mostra a Figura 
66-4. 
 
SAIS BILIARES 
A hidrólise dos triglicerídeos é reação 
muito reversível; por conseguinte, o 
acúmulo de monoglicerídeos e de 
ácidos graxos livres na vizinhança do 
que está sendo digerido impede a 
continuação da digestão. Os sais 
biliares têm o importante papel 
adicional de remover os 
monoglicerídeos e os ácidos graxos 
das adjacências das partículas em 
digestão, quase tão rapidamente 
quanto esses produtos da digestão são 
formados. 
Os sais biliares, em concentração 
elevada o suficiente na água, tendem a 
formar micelas, que são agregados 
cilíndricos com 3 a 6 nanômetros de 
diâmetro compostos por 20 a 40 
moléculas de sais biliares. Essas 
micelas se desenvolvem porque cada 
molécula de sal biliar é composta por 
núcleo esterol, muito lipossolúvel e 
grupo polar muito hidrossolúvel. O 
núcleo esterol envolve os produtos da 
digestão das gorduras, formando 
pequeno glóbulo de gordura no meio da 
micela resultante com os grupos 
polares dos sais biliares se projetando 
para fora, para cobrir a superfície da 
micela. Como esses grupos polares 
têm cargas negativas, eles permitem 
que todo o glóbulo de micela se 
dissolva na água dos líquidos 
digestivos e permaneça em solução 
estável até a absorção da gordura. 
As micelas de sais biliares também são 
meios de transporte carreando 
monoglicerídeos e ácidos graxos, 
ambos seriam de outra maneira 
relativamente insolúveis na borda em 
escova das células epiteliais intestinais. 
Esses monoglicerídeos e ácidos graxos 
são absorvidos pelo sangue. As 
micelas, livres dos produtos da 
digestão, voltam ao quimo para serem 
usadas nesse processo de transporte. 
DIGESTÃO DOS ÉSTERES DE 
COLESTEROL E DOS 
FOSFOLIPÍDEOS 
Grande parte do colesterol na dieta 
está sob a forma de ésteres de 
colesterol, combinações de colesterol 
livre e uma molécula de ácido graxo. Os 
fosfolipídios também contêm ácidos 
graxos nas suas moléculas. Tanto os 
ésteres de colesterol como os 
fosfolipídios são hidrolisados por duas 
outras lipases na secreção pancreática, 
que liberam ácidos graxos — a enzima 
hidrolase de éster de colesterol, que 
hidrolisa o éster de colesterol e a 
fosfolipase A2, que hidrolisa 
fosfolipídios. 
As micelas dos sais biliares têm o 
mesmo papel no “carreamento” dos 
produtos da digestão de ésteresde 
colesterol e de fosfolipídios, que têm no 
“carreamento” de monoglicerídeos e 
ácidos graxos livres. Na verdade, 
essencialmente nenhum colesterol é 
absorvido sem as micelas. 
ABSORÇÃO DE 
GORDURAS 
Quando as gorduras são digeridas, 
formando monoglicerídeos e ácidos 
graxos livres, esses produtos finais da 
digestão são imediatamente 
incorporados na parte lipídica contra as 
micelas de sais biliares. As dimensões 
dessas micelas são de apenas 3 a 6 
nanômetros em diâmetro e, devido à 
sua alta carga na face externa, elas são 
solúveis no quimo. Dessa forma, os 
monoglicerídeos e os ácidos graxos 
livres são carreados para a borda em 
escova das células intestinais. As 
micelas penetram os espaços entre os 
vilos em constante movimento. Os 
monoglicerídeos e os ácidos graxos se 
difundem das micelas para as 
membranas das células epiteliais, o 
que é possível porque os lipídios são 
também solúveis na membrana da 
célula epitelial. Esse processo deixa as 
micelas dos sais biliares no quimo, 
onde são reutilizadas para a 
incorporação dos produtos da digestão 
de gorduras. 
As micelas, portanto, realizam 
função “carreadora” importante para 
a absorção de gordura. Na presença 
de abundância de micelas de sais 
biliares, aproximadamente 97% da 
gordura é absorvida; em sua ausência, 
a absorção é de apenas 40% a 50%. 
Depois de entrar na célula epitelial, os 
ácidos graxos e os monoglicerídeos 
são captados pelo retículo 
endoplasmático liso da célula; aí, são 
usados para formar novos triglicerídeos 
que serão, sob a forma de 
quilomícrons, transferidos para os 
lactíferos das vilosidades. Pelo ducto 
linfático torácico, os quilomícrons são 
transferidos para o sangue circulante. 
ABSORÇÃO DIRETA DE ÁCIDOS 
GRAXOS PARA O SANGUE 
PORTAL 
Pequenas quantidades de ácidos 
graxos de cadeias curta e média, como 
os da gordura do leite, são absorvidas 
diretamente pelo sangue porta, em vez 
de serem convertidas em triglicerídeos 
e transferidas para a linfa. A causa 
dessa diferença entre a absorção de 
ácidos graxos de cadeias curta e longa 
é que os de cadeia curta são mais 
hidrossolúveis e, em grande parte, não 
são convertidos a triglicerídeos pelo 
retículo endoplasmático. Essas 
características levam à difusão desses 
ácidos graxos de cadeia curta das 
células do epitélio intestinal 
diretamente para o sangue no capilar 
das vilosidades intestinais. 
SÍNTESE DE LIPÍDEOS 
Os lipídeos podem ser sintetizados a 
partir de carboidratos e proteínas. A 
síntese ocorre principalmente no fígado 
e menos no tecido adiposo. O substrato 
inicial sempre inicia a partir da 
Acetil~CoA e no final do processo o 
ácido palmítico é produzido. A síntese 
de lipídeos é estimulada pela grande 
quantidade de ATP e Acetil~CoA. 
Ps.: a grande quantidade de ATP é fator 
inibidor do Citrato no ciclo de Krebs, 
pois irá inibir a isocitrato 
desidrogenase, logo, o Citrato é 
utilizado na síntese de lipídeos. 
LIPOGÊNESE 
A maioria dos ácidos graxos de que os 
humanos necessitam provém da 
alimentação; no entanto, a via para sua 
síntese – lipogênese – a partir de 
compostos de 2 carbonos está 
presente em muitos tecidos como 
fígado, cérebro, rim, glândulas 
mamárias e tecido adiposo. Em geral, a 
via de síntese se encontra ativa 
principalmente em situações de 
excesso de consumo energético, 
sobretudo na forma de excesso de 
carboidrato e proteínas. 
SÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS 
O acetil-CoA é um composto 
mitocondrial, precursor da síntese de 
ácidos graxos e originado do 
catabolismo de carboidratos e 
proteínas. No entanto, esse processo 
ocorre no citoplasma das células. Então 
é importante salientar que a saída do 
acetil-CoA da mitocôndria se dá por 
meio do citrato, um intermediário do 
ciclo de Krebs, que ocorre na 
mitocôndria, formado pela união do 
acetil-CoA e do oxaloacetato. 
Em situações de excesso de glicose, a 
concentração de citrato também 
aumenta e ele acaba saindo da 
organela através de um translocador de 
citrato localizado na membrana 
mitocondrial interna. No meio 
citoplasmático, o citrato é quebrado 
pela citrato liase em acetil-CoA e 
oxaloacetato. 
No primeiro estágio da biossíntese de 
ácido graxo, o acetil-CoA, derivado 
principalmente do metabolismo de 
carboidratos, é convertido em malonil-
CoA por ação da enzima acetil-CoA 
carboxilase, uma enzima dependente 
de biotina (vitamina B7). Assim, essa 
reação se dá em estágios: primeiro, há 
a carboxilação da biotina, envolvendo 
ATP, seguida da transferência do grupo 
carboxila para o acetil-CoA, produzindo 
o malonil-CoA. 
acetilCoA + + ATP . malonil-CoA + 
ADP + Pi 
A segunda enzima que participa da 
síntese de lipídeos é o complexo do 
ácido graxo sintase (AGS). É uma 
enzima grande e capaz de 
desempenhar diversas funções. A 
fosfopantoteína e a cisteína, presentes 
em sua estrutura, possuem 
grupamentos SH que servem para ligar 
os diversos substratos dessa enzima. 
Primeiro, um acetil-CoA se liga à 
cisteína e, em seguida, o malonil-CoA 
se liga à fosfopantoteína. Para tal, 
ambos perdem a CoA e se ligam como 
acetato e malonato. Depois, há ação de 
duas enzimas sobre esses substratos, 
uma enzima de condensação, que une 
os carbonos das duas moléculas, e 
uma enzima de descarboxilação, que 
retira um carbono do produto formado, 
originando, ao final, um composto de 
quatro carbonos. É um composto 
formado sobre a fosfopantoteína que 
recebe o nome acetoacetil-PCA. 
Em seguida, essa nova molécula sofre 
uma redução dependente de NADPH, 
catalisada por uma redutase do 
complexo AGS. O NADPH cede seu 
H, formando NADP+ e forma-se o 
produto hidroxibutiril-PCA, que passa 
por uma desidratação catalisada por 
uma desidratase do complexo AGS. 
O produto desta reação é butenenoil-
PCA. 
A quarta reação é uma redução 
catalisada por um outra redutase que 
também utiliza NADPH, formando 
NADP+ e butiril-PCA. Esse composto é 
transferido da fosfopantoteína para a 
cisteína, deixando a primeira livre para 
a entrada de um novo malonato. 
Na segunda rodada do processo, o 
butiril, composto de 4 carbonos ligado à 
cisteína, passa pelas reações de 
condensação e descarboxilação com o 
novo malonato que se encontra ligado 
à fosfopantoteína. Da mesma forma, 
esse composto vai sofrer uma redução, 
seguida de uma desidratação e uma 
nova redução. Agora, o composto 
formado apresenta 6 carbonos (4 do 
butiril + 2 do malonato) e é transferido 
de volta à cisteína para deixar a 
fosfopantoteína livre para que essa via 
reinicie. 
 
 
Esse processo repete-se 7 vezes, até a 
formação do palmitato (molécula de 16 
carbonos) no complexo AGS. O 
palmitato, ou ácido palmítico, é o 
precursor utilizado para a formação 
ácidos graxos mais longos. Ele é, 
então, transportado ao tecido adiposo 
onde será armazenado como reserva 
energética. 
Acetil-CoA + 7 malonil-CoA + 14 
NADPH + 14 H+ . Palmitato + 7 
CO2 + 8 CoA + 14 NADP+ + 6 H2O 
Para síntese de ácidos graxos mais 
longos, é necessária a participação 
de um outro complexo 
multienzimático, a ácido-graxo 
alongasse, que atua no retículo 
endoplasmático. O alongamento da 
cadeia ocorre através da adição de 
novos fragmentos de 2 carbonos 
derivados do malonil-CoA. 
Os ácidos graxos também podem ser 
alongados na mitocôndria por outro 
sistema dependente de NADH que 
utiliza acetil-CoA como fonte de 
fragmentos de dois carbonos.
REGULAÇÃO DA BIOSSÍNTESE DE 
ÁCIDOS GRAXOS 
A reação catalisada pela acetil-CoA-
carboxilase é a etapa limite do 
anabolismo de ácidos graxos, de modo 
que essa enzima atua como um 
importante ponto de regulação. A acetil- 
CoA-carboxilase sofre dois controles. O 
primeiro é exercido pelo citrato, que 
atua como modulador da atividade 
dessa enzima, ao orientar o 
metabolismo celular de consumo de 
combustível metabólico para o de 
armazenamento decombustível na 
forma de ácidos graxos. Quando as 
concentrações mitocondriais de acetil-
CoA e ATP aumentam, o citrato é 
transportado para fora da mitocôndria, 
onde funciona como precursor de 
acetil-CoA e como sinal alostérico para 
a polimerização e ativação da acetil-
CoA-carboxilase. 
O segundo controle exercido sobre a 
acetil-CoA-carboxilase é a fosforilação 
promovida pelas ações dos hormônios 
glucagon e adrenalina, liberados em 
situações de jejum e de exercício físico 
elevado, que inativa a enzima e reduz 
sua sensibilidade à ativação por citrato. 
Com isso, eles reduzem a velocidade 
da síntese de ácidos graxos. 
 
SÍNTESE DE 
TRIACILGLICERÓIS 
A maior parte dos ácidos graxos 
sintetizados ou ingeridos na dieta pode 
seguir por dois caminhos, a depender 
da demanda do organismo: a 
incorporação em triacilgliceróis para o 
armazenamento energético ou a 
incorporação em componentes 
fosfolipídicos da membrana plasmática. 
As duas vias iniciam no mesmo 
ponto: a formação de ésteres acil 
graxo de glicerol. 
Os triacilgliceróis são sintetizados a 
partir de moléculas de acil-CoA 
derivadas de ácidos graxos e glicerol-3-
fosfato. No tecido adiposo, o glicerol-
3-fosfato é formado por redução de 
diidroxiacetona fosfato, obtida da 
glicose, por ação da glicerol-3-fosfato 
desidrogenase. No fígado, a única via 
para obtenção de glicerol-3-fosfato é a 
fosforilação do glicerol pela glicerol 
quinase. 
 
O glicerol-3-fosfato é acilado em duas 
etapas, formando o ácido fosfatídico 
(diacilglicerol-3-fosfato) que, por 
hidrólise do grupo fosfato, origina 
diacilglicerol. Esses dois últimos 
compostos são intermediários também 
da síntese de fosfolipídeos. Os 
triacilgliceróis são formados pela 
acilação, ou seja, adição de ácido graxo 
ao diacilglicerol. As enzimas que 
executam esse processo estão ligadas 
ao retículo endoplasmático, na 
superfície citosólica. 
A maioria dos tecidos humanos são 
capazes de produzir triacilgliceróis, 
mas os principais são o fígado e o 
tecido adiposo. Os triacilgliceróis 
sintetizados no fígado são, na maior 
parte, incorporados em 
lipoproteínas plasmáticas e, assim, 
distribuídos pelos tecidos extra-
hepáticos. O tecido adiposo 
encarrega-se da síntese e 
armazenamento de triacilgliceróis, 
formados a partir de ácidos graxos 
da dieta ou a partir daquele 
sintetizados pelo fígado. Além disso, 
os adipócitos realizam a hidrólise 
dessas moléculas, liberando ácidos 
graxos para uso interno ou exportação 
a outros tecidos. Já os fosfolipídeos, 
necessários na síntese de membranas, 
são sintetizados, praticamente, por 
todas as células. 
 
REGULAÇÃO DA BIOSSÍNTESE DOS 
TRIACILGLICERÓIS 
A biossíntese e a degradação de 
triacilgliceróis são reguladas de modo 
que a via favorecida depende das 
fontes metabólicas e das necessidades 
em um dado momento. A velocidade da 
biossíntese é alterada pela ação de 
diversos hormônios, como a insulina, 
que estimula a conversão de 
carboidratos em triacilgliceróis. 
 
Além disso, um fator adicional no 
balanço entre a biossíntese e o 
catabolismo de triacilgliceróis é que 
cerca de 75% dos ácidos graxos 
liberados pela lipólise são 
reesterificados, formando 
triacilgliceróis, em vez de serem 
utilizados como combustível. Essa 
relação persiste mesmo em situações 
de jejum, quando o metabolismo 
energético utiliza a oxidação de ácidos 
graxos como fonte de energia. 
Quando a mobilização dos ácidos 
graxos é necessária para satisfazer as 
necessidades energéticas, sua 
liberação do tecido adiposo é 
estimulada pelo glucagon e pela 
adrenalina. Simultaneamente, esses 
hormônios diminuem a velocidade da 
glicólise e aumentam a velocidade da 
gliconeogênese no fígado. O ácido 
graxo liberado é captado por diversos 
tecidos, incluindo os músculos, onde é 
oxidado para geração de energia. No 
fígado, a maior parte do ácido graxo 
não é oxidada, mas é reciclada a 
triacilglicerol e retorna ao tecido 
adiposo. 
SÍNTESE DO COLESTEROL 
O colesterol do organismo humano 
pode ser obtido através dos alimentos 
ou por síntese endógena. Os principais 
órgãos responsáveis pela produção do 
colesterol são o fígado e o intestino, 
que produzem em torno de 25% do 
colesterol endógeno. A acetil-CoA é 
precursora de todos os átomos de 
carbono presentes no colesterol (C27), 
e o agente redutor é o NADPH. As 
enzimas que catalisam a síntese 
localizam-se no citosol e no retículo 
endoplasmático. É uma via que envolve 
diversas reações em um processo de 
“montagem” do colesterol, organizadas 
em quatro estágios: 
• Condensação de três moléculas de 
acetil-CoA, formando o mevalonato 
(C6); 
• Conversão do mevalonato em 
unidades de isopreno (C5) ativadas; 
• Polimerização das seis unidades de 
isopreno, formando o esqualeno linear 
(C30); 
• Ciclização do esqualeno para formar 
os quatro anéis do núcleo esteroide, 
com mudanças adicionais, para 
produção do colesterol. 
Ao total, são mais de 20 reações, 
incluindo consumo de O2 e NADPH, 
remoção de grupos metila e migração 
de duplas ligações, que levam, 
finalmente, à síntese do colesterol. 
Portanto, trata-se de um processo 
redutivo com grande consumo de 
energia: para cada molécula produzida 
são gastos 18 ATP e dezenas de 
NADPH. 
 
A maior parte da síntese do colesterol 
ocorre no fígado. Uma pequena fração 
do colesterol sintetizado ali é 
incorporada nas membranas dos 
hepatócitos. Porém a maior parte dele 
é exportada em uma de três formas: 
• Ácidos biliares 
• Colesterol biliar 
• Ésteres de colesterol (transportados 
em partículas lipoproteicas secretadas 
para outros tecidos que utilizam 
colesterol ou armazenados no fígado 
em gotículas de gordura) 
Em outros tecidos, o colesterol é 
convertido em hormônios esteroides ou 
na vitamina D, compostos que atuam 
como sinalizadores extremamente 
potentes por meio de receptores 
nucleares proteicos. 
REGULAÇÃO DO METABOLISMO DE 
COLESTEROL 
Os quilomícrons, responsáveis pelo 
transporte dos lipídeos da dieta pelo 
sangue, são ricos em colesterol e, após 
cumprirem sua função, são retirados da 
circulação pelo fígado. Em situação pós 
prandial, o fígado sintetiza ativamente 
triacilgliceróis e colesterol, que se 
somam aos provenientes dos 
quilomícrons. Os triacilgliceróis e o 
colesterol que excedem as 
necessidades dos próprios hepatócitos 
são utilizados para a síntese de 
lipoproteínas. 
Desses compostos, as LDL (Low 
Density Lipoproteins) constituem o 
principal veículo de colesterol no 
sangue: os tecidos (exceto o fígado e o 
intestino) obtêm a maior parte de seu 
colesterol exógeno por meio da 
endocitose de LDL. A síntese de 
receptores de LDL é inibida por níveis 
elevados de colesterol intracelular, 
reduzindo a incorporação celular de 
LDL-colesterol e aumentando sua 
concentração no plasma. 
As HDL atuam no sentido inverso aos 
das LDL, ou seja, efetuam a remoção 
do colesterol dos tecidos. São 
sintetizadas no fígado e intestino, se 
ligam à superfície dos tecidos 
periféricos e o excesso de colesterol 
intracelular é translocado para a o 
interior das HDL, como ésteres de 
colesterol. As HDL enriquecidas em 
colesterol podem ser diretamente 
absorvidas pelo fígado, onde esse 
lipídeo será utilizado para a produção 
de sais biliares, ou podem transferir 
colesterol para outras lipoproteínas que 
também são absorvidas pelo fígado. 
O principal ponto da regulação da via 
do colesterol é a reação envolvendo a 
HMG-CoA redutase, que atua na 
formação do mevalonato, através de 
alterações na atividade e na 
concentração da enzima. Sua atividade 
é modulada por fosforilação 
(inativação), promovida por glucagon e 
adrenalina, e desfosforilação 
(ativação), determinada pela insulina. A 
concentração da enzima é regulada por 
variação da expressão gênica e da 
velocidade de degradação da enzima.Colesterol e mevalonato inibem a 
síntese e a tradução da HMG-CoA 
redutase e aumentam a velocidade de 
degradação dela.
 
 
CATABOLISMO DE 
LIPÍDEOS 
A separação entre a oxidação dos 
ácidos graxos, que ocorre nas 
mitocôndrias, e a sua biossíntese, que 
ocorre no citosol, permite que cada um 
desses dois processos seja controlado 
e integrado de acordo com as suas 
necessidades teciduais. A oxidação de 
ácido graxos trata-se de um processo 
aeróbio, que exige presença de 
oxigênio. 
O aumento da oxidação dos ácidos 
graxos constitui uma característica do 
estado de inanição e do diabetes melito 
(DM), levando ao aumento da produção 
de corpos cetônicos pelo fígado 
(cetose). Os corpos cetônicos são 
ácidos, e quando produzidos em 
excesso por longos períodos de tempo, 
como ocorre no diabetes, causam 
cetoacidose, que acaba sendo fatal. 
Como a gliconeogênese depende da 
oxidação dos ácidos graxos, qualquer 
comprometimento na oxidação dos 
ácidos graxos leva à hipoglicemia. Isso 
ocorre em vários estados de deficiência 
de carnitina ou de deficiência de 
enzimas essenciais para a oxidação 
dos ácidos graxos, como a carnitina-
palmitoil-transferase, ou durante a 
inibição da oxidação dos ácidos graxos 
por substâncias tóxicas, como a 
hipoglicina. 
A OXIDAÇÃO DOS A.G. OCORRE 
NAS MITOCÔNDRIAS 
Os ácidos graxos são transportados na 
corrente sanguínea como ácidos 
graxos livres (AGLs) também 
chamados de ácidos graxos não 
esterificados (AGNEs). No plasma, os 
AGLs de cadeias mais longas estão 
associados à albumina, ao passo que 
na célula, estão ligados a uma proteína 
de ligação de ácidos graxos. Os A.G. 
de cadeia mais curtas são mais 
hidrossolúveis e ocorrem como ácidos 
não ionizados ou como ânions de ácido 
graxo. 
ATIVAÇÃO DOS A.G. 
Os ácidos graxos devem ser 
inicialmente convertidos em um 
intermediário ativo antes que possam 
ser catabolizados. Trata-se da única 
etapa em todo o processo de 
degradação de um ácido graxo que 
requer a energia proveniente do ATP. 
Na presença de ATP e de coenzima A, 
a enzima acil-CoA-sintase (tiocinase) 
catalisa a conversão de um ácido graxo 
livre a um “ácido graxo ativado” ou 
acil-CoA, usando um fosfato de alta 
energia e formando AMP e PPi. O PPi 
é hidrolisado pela pirofosfatase 
inorgânica, com perda de mais um 
fosfato de alta energia, assegurando o 
progresso da reação global até o seu 
término. As acil-CoA-sintases são 
encontradas no retículo 
endoplasmático, nos peroxissomos 
e tanto no interior quanto na 
membrana externa das 
mitocôndrias. 
A carnitina (butirato de β-hidroxi-γ-
trimetilamônio), (CH3)3N+—CH2—
CH(OH)—CH2—COO–, possui ampla 
distribuição e é particularmente 
abundante no músculo. Acilas-CoA de 
cadeia longa (ou AGLs) não podem 
atravessar a membrana interna das 
mitocôndrias. Na presença de carnitina, 
no entanto, a carnitina-palmitoil-
transferase I, localizada na membrana 
mitocondrial externa, transfere grupos 
acil de cadeia longa da CoA para a 
carnitina, formando acilcarnitina e 
liberando CoA. A acilcarnitina é capaz 
de penetrar na membrana interna e ter 
acesso ao sistema enzimático da β-
oxidação por meio do transportador de 
troca na membrana interna, carnitina-
acilcarnitina-translocase. O 
transportador liga acilcarnitina e a 
transporta através da membrana em 
troca de carnitina. O grupo acil é, então, 
transferido para a CoA, de forma que 
acil-CoA é formada novamente e a 
carnitina é liberada. Essa reação é 
catalisada pela carnitina-palmitoil-
transferase II, que está localizada no 
lado de dentro da membrana interna 
(Figura 22-1). 
 
Β-OXIDAÇÃO DE A.G. 
Na via da β-oxidação (Figura 22-2), são 
clivados dois carbonos por vez de 
moléculas acil-CoA, iniciando pela 
extremidade carboxila. A cadeia é 
clivada entre os átomos de carbono 
α(2) e β(3) – por isso, o nome β-
oxidação. As unidades de dois 
carbonos formadas são de acetil-CoA; 
por conseguinte, o palmitoil-CoA forma 
oito moléculas de acetil-CoA. 
 
Várias enzimas, conhecidas como 
“oxidase de ácido graxo”, são 
encontradas na matriz mitocondrial ou 
na membrana interna, adjacentes à 
cadeia respiratória. Elas catalisam a 
oxidação de acil-CoA à acetil-CoA por 
meio da via da β-oxidação. O sistema 
prossegue de forma cíclica, o que 
resulta na degradação de ácidos 
graxos longos à acetil-CoA. Nesse 
processo, grandes quantidades de 
equivalentes redutores FADH2 e NADH 
são geradas e utilizadas para formar 
ATP pela fosforilação oxidativa. 
ETAPAS DA B-OXIDAÇÃO 
A primeira etapa consiste na remoção 
de dois átomos de hidrogênio dos 
átomos de carbono α (2) e β(3), em 
uma reação catalisada pela acil-CoA-
desidrogenase, que requer a presença 
de FAD. Isso resulta na formação de 
Δ2-trans-enoil-CoA e FADH2. A 
reoxidação do FADH2 pela cadeia 
respiratória requer a participação de 
outra flavoproteína, denominada 
flavoproteína transferidora de elétrons. 
Água é adicionada para saturar a dupla 
ligação e formar 3-hidroxiacil-CoA, 
catalisada pela Δ2-enoil-CoA-
hidratase. O derivado 3-hidroxi sofre 
uma desidrogenação adicional no 
carbono 3, catalisada pela l(+)-3-
hidroxiacil-CoA-desidrogenase, com 
formação do composto 3-cetoacil-CoA 
correspondente. Nesse caso, o NAD+ é 
a coenzima envolvida. Por fim, a 3-
cetoacil-CoA é clivada na posição 2,3 
pela tiolase (3-cetoacil-CoA-tiolase), 
formando acetil-CoA e uma nova acil-
CoA com dois carbonos a menos do 
que a molécula original de acil-CoA. A 
acil-CoA formada na reação de 
clivagem entra novamente na via 
oxidativa, na reação 2. Dessa forma, 
um ácido graxo de cadeia longa com 
número par de átomos de carbono 
pode ser completamente degradado à 
acetil-CoA (unidades de C2). Por 
exemplo, após sete ciclos, o ácido 
graxo C16, palmitato, seria convertido a 
oito moléculas de acetil-CoA. Como a 
acetil-CoA pode ser oxidada a CO2 e 
água por meio do ciclo do ácido cítrico 
(que também é encontrado no interior 
das mitocôndrias), obtém-se, então, a 
oxidação completa dos ácidos graxos. 
OXIDAÇÃO DE A.G. ÍMPARES 
Os ácidos graxos com número ímpar de 
átomos de carbonos são oxidados pela 
via da β-oxidação descrita, produzindo 
acetil-CoA até formar um resíduo de 
três carbonos (propionil-CoA). Esse 
composto é convertido em succinil-
CoA, um constituinte do ciclo do ácido 
cítrico. Portanto, o resíduo propionil de 
um ácido graxo de cadeia ímpar 
constitui a única parte de um ácido 
graxo que é glicogênica. 
 
CETOGÊNESE 
Diante de uma elevada taxa de 
oxidação de ácidos graxos, o fígado 
produz quantidades consideráveis de 
acetacetato, D-3-hidroxibutirato. O 
acetacetato sofre descarboxilação 
espontânea, produzindo acetona. 
Essas três substâncias são conhecidas 
como corpos cetônicos ou cetonas. Os 
tecidos extra-hepáticos utilizam 
acetacetato e β-hidroxibutirato como 
substratos respiratórios. A acetona é 
um produto residual que, sendo volátil, 
pode ser excretado pelos pulmões. 
Como há síntese ativa, mas pouca 
utilização dos corpos cetônicos no 
fígado, enquanto eles são utilizados, 
mas não produzidos em tecidos extra-
hepáticos, existe um fluxo líquido dos 
compostos para os tecidos extra-
hepáticos. 
As enzimas responsáveis pela 
formação dos corpos cetônicos estão 
associadas, principalmente, às 
mitocôndrias. Duas moléculas de acetil-
CoA formadas durante a β-oxidação se 
condensam para formar o acetoacetil-
CoA mediante reversão da reação da 
tiolase. O acetoacetil-CoA, que 
constitui o material inicial para a 
cetogênese, também se origina 
diretamente dos quatro carbonos 
terminais de um ácido graxo durante a 
β-oxidação. A condensação do 
acetoacetil-CoA com outra molécula de 
acetil-CoA pela 3-hidroxi-3-metilglutaril-
CoA- sintase forma o 3-hidroxi-3-
metilglutaril-CoA (HMG-CoA). Em 
seguida, a 3-hidroxi-3-metilglutaril-
CoA-liase atua na clivagem daacetil-
CoA do HMG-CoA, deixando o 
acetacetato livre. Os átomos de 
carbono retirados da molécula de 
acetil-CoA provêm da molécula original 
de acetoacetil-CoA. Ambas as enzimas 
precisam estar presentes nas 
mitocôndrias para que ocorra a 
cetogênese. Esse processo só ocorre 
no fígado e no epitélio do rúmen. O d(–
)-3-hidroxibutirato é o corpo cetônico 
que predomina quantitativamente no 
sangue e na urina na presença de 
cetose. 
FUNÇÃO DOS CORPOS CETÔNICOS 
Embora o acetacetato seja produzido 
por um mecanismo enzimático ativo a 
partir de acetoacetil-CoA no fígado, o 
acetacetato, uma vez formado, não 
pode ser diretamente reativado, exceto 
no citosol, onde é utilizado em uma via 
muito menos ativa como precursor na 
síntese de colesterol. 
Nos tecidos extra-hepáticos, o 
acetacetato é ativado a acetoacetil-
CoA pela succinil-CoA-acetacetato-
CoA-transferase. A CoA é transferida 
do succinil-CoA para formar o 
acetoacetil-CoA. Com o acréscimo 
de uma CoA, o acetoacetil-CoA é 
clivado em duas acetil-CoA pela 
tiolase e oxidado no ciclo do ácido 
cítrico. Se o nível sanguíneo subir, a 
oxidação dos corpos cetônicos 
aumenta até que, em uma 
concentração de cerca de 12 mmol/L, o 
mecanismo oxidativo esteja saturado. 
Quando isso ocorre, grande parte do 
consumo de oxigênio pode ser 
atribuída à oxidação dos corpos 
cetônicos. 
Na maioria dos casos, a cetonemia é 
causada pela produção aumentada 
de corpos cetônicos pelo fígado, e 
não por uma deficiência de sua 
utilização pelos tecidos extra-
hepáticos. Embora o acetacetato e o 
d(–)-3-hidroxibutirato sejam 
prontamente oxidados pelos tecidos 
extra-hepáticos, a acetona é difícil de 
ser oxidada in vivo e é volatilizada, em 
grande parte, nos pulmões. 
REGULAÇÃO DA CETOGÊNESE 
1. A cetose não ocorre in vivo, a 
não ser que haja aumento nos 
níveis de AGL circulantes 
provenientes da lipólise do 
triacilglicerol no tecido adiposo. 
Os AGL são os precursores dos 
corpos cetônicos no fígado. O 
fígado, tanto no estado 
alimentado como em jejum, extrai 
cerca de 30% dos AGL que 
passam por ele, de forma que em 
altas concentrações o fluxo que 
passa para o fígado é 
substancial. Portanto, os fatores 
que regulam a mobilização dos 
AGL do tecido adiposo são 
importantes no controle da 
cetogênese. 
2. Após a sua captação pelo fígado, 
os AGL são β-oxidados em CO2 
ou corpos cetônicos, ou 
esterificados em triacilglicerol e 
fosfolipídeos. A entrada dos 
ácidos graxos na via oxidativa é 
regulada pela carnitina-palmitoil-
transferase-I (CPT-I) (Figura 22-
1), e o restante dos ácidos graxos 
captados é esterificado. A 
atividade da CPT-I é baixa no 
estado alimentado, levando à 
diminuição da oxidação dos 
ácidos graxos, ao passo que se 
apresenta alta no jejum 
prolongado, permitindo aumento 
na oxidação dos ácidos graxos. A 
malonil-CoA, intermediário inicial 
na biossíntese dos ácidos graxos 
(Figura 23-1) formado pela acetil-
CoA carboxilase no estado 
alimentado, é um potente inibidor 
da CPT-I. Nessas condições, os 
AGL entram no hepatócito em 
baixas concentrações e são 
quase todos esterificados a 
acilgliceróis e transportados para 
fora do fígado nas lipoproteínas 
de densidade muito baixa (VLDL). 
Entretanto, à medida que a 
concentração de AGL aumenta 
no jejum prolongado, a acetil-
CoA-carboxilase é inibida 
diretamente pela acil-CoA, e a 
malonil-CoA diminui, 
interrompendo a inibição da CPT-
I e possibilitando a β-oxidação de 
mais acil-CoA. Esses eventos são 
intensificados no jejum 
prolongado por uma redução da 
razão (insulina)/(glucagon). Por 
isso, a β-oxidação dos AGL é 
controlada pela CPT-I, a porta de 
entrada para o interior das 
mitocôndrias, e o saldo de AGL 
não oxidados é esterificado. 
3. Por sua vez, a acetil-CoA 
formada durante a β-oxidação é 
oxidada no ciclo do ácido cítrico 
ou entra na via da cetogênese 
para formar corpos cetônicos. À 
medida que o nível sérico de AGL 
aumenta, uma quantidade 
proporcionalmente maior de AGL 
é convertida em corpos 
cetônicos, e uma menor 
quantidade é oxidada pelo ciclo 
do ácido cítrico em CO2. A 
distribuição de acetil-CoA entre a 
via da cetogênese e a via da 
oxidação a CO2 é regulada de 
modo que a energia livre total 
captada em ATP, que resulta da 
oxidação dos AGL, permanece 
constante à medida que a sua 
concentração sérica é alterada. 
Essa situação pode ser 
reconhecida quando se pensa 
que a oxidação completa de 1 mol 
de palmitato envolve uma 
produção líquida de 106 moles de 
ATP por meio da β-oxidação e da 
produção de CO2 no ciclo do 
ácido cítrico (ver anteriormente), 
ao passo que são produzidos 
apenas 26 moles de ATP quando 
o produto final é o acetacetato, e 
apenas 21 moles quando o 
produto final é o 3-hidroxibutirato. 
Dessa forma, a cetogênese pode 
ser considerada como um 
mecanismo que permite ao fígado 
oxidar quantidades crescentes de 
ácidos graxos dentro das 
limitações de um sistema 
rigidamente acoplado da 
fosforilação oxidativa. 
Uma queda na concentração de 
oxalacetato, particularmente no 
interior das mitocôndrias, pode 
comprometer a capacidade de o 
ciclo do ácido cítrico metabolizar 
acetil-CoA, desviando a oxidação 
dos ácidos graxos para a 
cetogênese. Essa queda pode ocorrer 
devido a uma elevação da razão 
(NADH) / (NAD+), causada pelo 
aumento da β-oxidação dos ácidos 
graxos, o que afeta o equilíbrio entre o 
oxalacetato e o malato, levando a uma 
redução na concentração de 
oxalacetato, bem como quando a 
gliconeogênese está elevada, o que 
ocorre quando os níveis de glicose 
estão baixos. A ativação da piruvato 
carboxilase, que catalisa a conversão 
do piruvato em oxalacetato, pela acetil-
CoA, alivia parcialmente esse 
problema; todavia, em condições como 
a inanição e o DM não tratado, ocorre 
produção excessiva de corpos 
cetônicos, causando cetose. 
TRANSPORTE E 
ARMAZENAMENTO DE 
LIPÍDEOS 
 
1 ETAPA: Os quilomícrons são 
sintetizados a partir de gorduras da 
dieta no RE dos enterócitos, células 
epiteliais que recobrem o intestino 
delgado. Os quilomícrons então se 
movem pelo sistema linfático e entram 
na corrente sanguínea pela veia 
subclávia esquerda. As 
apolipoproteínas dos quilomícrons 
incluem a apoB- 48 (exclusiva dessa 
classe de lipoproteínas), a apoE e a 
apoC-II. 
2 ETAPA: A apoC-II ativa a lipase 
lipoproteica nos capilares do tecido 
adiposo, do coração, do músculo 
esquelético e da glândula mamária em 
lactação, permitindo a liberação de 
ácidos graxos livres (AGL) para esses 
tecidos. Os quilomícrons, portanto, 
transportam ácidos graxos da dieta 
para os tecidos onde eles serão 
consumidos ou armazenados como 
combustível. 
3 ETAPA: O que resta dos quilomícrons 
(após perderem a maior parte de seus 
triacilgliceróis, mas contendo ainda 
colesterol, apoE e apoB-48) move-se 
pela corrente sanguínea para o fígado. 
Receptores existentes no fígado ligam 
a apoE nos remanescentes dos 
quilomícrons e controlam sua captação 
por endocitose. 
4 ETAPA: No fígado, os remanescentes 
liberam seu colesterol e são 
degradados nos lisossomos. Essa via 
do colesterol da dieta até o fígado é a 
via exógena. 
5 ETAPA: Quando a dieta contém mais 
ácidos graxos e colesterol do que a 
quantidade necessária para uso 
imediato como combustível ou como 
precursores de outras moléculas, eles 
são convertidos em triacilgliceróis ou 
ésteres de colesterila no fígado e 
empacotados com apolipoproteínas 
específicas, formando as lipoproteínas 
de densidade muito baixa (VLDL). O 
excesso de carboidratos na dieta 
também pode ser convertido em 
triacilgliceróis no fígado e exportado 
como VLDL. Além dos triacilgliceróis e 
ésteres de colesterila, as VLDL contêm 
apoB-100, apoC-I, apoC-II, apoC-III e 
apoE (Tabela 21-2). As VLDL são 
transportadas pelo sangue do fígado 
para o músculoe o tecido adiposo. 
6 ETAPA: Nos capilares desses 
tecidos, apoC-II ativa a lipase 
lipoproteica, que catalisa a liberação 
dos ácidos graxos a partir dos 
triacilgliceróis das VLDL. Os adipócitos 
captam esses ácidos graxos, 
reconvertem-nos em triacilgliceróis e 
armazenam os produtos em gotículas 
intracelulares de lipídeos; já os 
miócitos, ao contrário, primariamente 
oxidam esses ácidos graxos para 
obterem energia. Quando o nível de 
insulina está alto (após uma refeição), 
as VLDL atuam principalmente para 
transportar lipídeos da dieta para o 
tecido adiposo para armazenamento. 
No estado de jejum ou entre as 
refeições, os ácidos graxos usados 
para produzir as VLDL no fígado são 
originários principalmente do tecido 
adiposo, e o principal alvo das VLDL 
são os miócitos do coração e do 
músculo esquelético. 
A perda de triacilgliceróis converte 
parte da VLDL em remanescentes de 
VLDL (também chamadas de 
lipoproteínas de densidade 
intermediária, IDL). A remoção 
adicional de triacilgliceróis da IDL 
(remanescentes) produz lipoproteínas 
de baixa densidade (LDL,). Rica em 
colesterol e ésteres de colesterila e 
contendo apoB-100 como sua principal 
Apolipoproteína. 
7 ETAPA: LDL transporta colesterol 
para os tecidos extra-hepáticos, como 
músculo, glândulas suprarrenais e 
tecido adiposo. Esses tecidos têm 
receptores na membrana plasmática 
que reconhecem a apoB-100 e 
controlam a captação de colesterol e 
ésteres de colesterila. 
8 ETAPA: A LDL também entrega 
colesterol para os macrófagos, 
algumas vezes os convertendo em 
células espumosas. 
9 ETAPA: A LDL não captada pelos 
tecidos periféricos retornam ao fígado 
onde são captados via receptores de 
LDL na membrana plasmática dos 
hepatócitos. O colesterol que entra no 
hepatócito por essa via pode ser 
incorporado nas membranas, 
convertido em ácidos biliares ou 
reesterificados pela ACAT (Figura 21-
38) para armazenamento nas gotículas 
lipídicas citosólicas. Essa via, da 
formação de VLDL no fígado ao retorno 
de LDL para o fígado é a via endógena 
do metabolismo e transporte do 
colesterol (setas vermelhas na Figura 
21-40). O acúmulo do excesso de 
colesterol intracelular é prevenido pela 
diminuição da velocidade de síntese 
quando colesterol suficiente está 
disponível a partir de LDL no sangue. 
10 ETAPA: A quarta das principais 
lipoproteínas em mamíferos, a 
lipoproteína de alta densidade (HDL), 
origina-se no fígado e no intestino 
delgado como pequenas partículas 
ricas em proteína que contêm 
relativamente pouco colesterol e não 
contêm ésteres de colesterila. As HDL 
contêm principalmente apoA-I e outras 
apolipoproteínas. Elas contêm também 
a enzima lecitina-colesterol-
aciltransferase (LCAT), que catalisa a 
formação de ésteres de colesterila a 
partir de lecitina (fosfatidilcolina) e de 
colesterol. A LCAT na superfície das 
partículas de HDL nascentes (recém-
formadas) converte o colesterol e a 
fosfatidilcolina dos remanescentes do 
quilomícron e da VLDL encontradas na 
corrente sanguínea em ésteres de 
colesterila, dando início à formação do 
núcleo da HDL, transformando a HDL 
nascente em forma de disco em uma 
partícula de HDL madura de forma 
esférica. 
11 ETAPA: A HDL nascente também 
pode captar colesterol de células extra-
hepáticas ricas em colesterol (inclusive 
de macrófagos e de células espumosas 
formadas a partir dele; ver a seguir). 
12 ETAPA: A HDL madura então 
retorna ao fígado, onde o colesterol é 
descarregado por meio do receptor SR-
BI. 
13 ETAPA: Parte dos ésteres de 
colesterila no HDL também pode ser 
transferida ao LDL pela proteína 
transportadora de éster de colesterila. 
O circuito da HDL é o transporte 
reverso do colesterol (setas roxas na 
Figura 21-40). A maior parte desse 
colesterol é convertido em sais biliares 
no fígado e armazenado na vesícula 
biliar. Quando uma refeição é ingerida, 
os sais biliares são excretados no 
intestino, onde ele dispersa pedaços 
macroscópicos de gordura em micelas 
microscópicas que podem ser atacadas 
pelas lipases. 
14 ETAPA: Os sais biliares são 
reabsorvidos pelo fígado e recirculam 
pela vesícula biliar na circulação 
êntero-hepática. 
METABOLISMO DO 
COLESTEROL 
O colesterol está presente nos tecidos 
e no plasma na forma de colesterol livre 
ou em combinação com um ácido graxo 
de cadeia longa, na forma de éster de 
colesteril, sua forma de 
armazenamento. O colesterol é um 
lipídeo anfipático e, desse modo, um 
componente estrutural essencial das 
membranas, onde é importante na 
manutenção da permeabilidade e da 
fluidez apropriadas, bem como da 
camada externa das lipoproteínas 
plasmáticas. É sintetizado em muitos 
tecidos a partir de acetil-CoA e 
constitui o precursor de todos os 
outros esteroides no organismo, 
incluindo os corticosteroides, os 
hormônios sexuais, os ácidos 
biliares e a vitamina D. O colesterol é 
encontrado nos alimentos de origem 
animal como a gema do ovo, fígado, 
carne e cérebro. A lipoproteína de baixa 
densidade (LDL) do plasma é o veículo 
que fornece o colesterol e o éster de 
colesteril em muitos tecidos. O 
colesterol livre é removido dos tecidos 
pela lipoproteína de alta densidade 
(HDL) plasmática e transportado até o 
fígado, onde é eliminado do organismo 
em sua forma inalterada ou após 
conversão em ácidos biliares por um 
processo conhecido como transporte 
reverso do colesterol. 
BIOSSÍNTESE DO COLESTEROL 
Pouco mais da metade do colesterol do 
organismo se originam por síntese, ao 
passo que o restante é proveniente da 
dieta normal. O fígado e o intestino são 
os responsáveis, cada um, por 10% da 
síntese total. A síntese de colesterol 
ocorre no rético endoplasmático e nos 
compartimentos citosólicos das células. 
ETAPAS DA SÍNTESE DE 
COLESTEROL 
O colesterol esta constituído por 27 
carbonos, em quatro anéis e uma 
cadeia lateral. É sintetizado a partir de 
acetil-CoA. Suas etapas são: 
1 etapa - Biossíntese do mevalonato: 
Inicialmente, ocorre condensação de 
duas moléculas de acetil-CoA para 
formar acetoacetil-CoA, em uma 
reação catalisada pela tiolase 
citosólica. O acetoacetil-CoA 
condensa-se com outra molécula de 
acetil-CoA em outra reação catalisada 
pela HMGCoAsintase, com formação 
de HMG-CoA, que é reduzida a 
mevalonato pelo NADPH, em uma 
reação catalisada pela HMG- CoA- 
redutase. Esta última etapa constitui a 
principal etapa reguladora na via de 
síntese do colesterol e o local de ação 
da classe mais efetiva de fármacos 
redutores do colesterol, as estatinas, 
que são inibidores da HMG-CoA-
redutase. 
 
2 etapa – Formação das unidades 
isoprenoides: o mevalonato é 
fosforilado sequencialmente por três 
cinases utilizando o ATP e, após 
descarboxilação, ocorre a formação da 
unidade isoprenoide ativa, o 
isopentenil-difosfato. 
3 etapa – Formação do esqualeno a 
partir de seis unidades 
isoprenoides: o isopentenil-difosfato 
é isomerizado por um deslocamento da 
dupla ligação para formar dimetilalil-
difosfato e, em seguida, condensado 
com outra molécula de isopentenil-
difosfato, com formação do 
intermediário de 10 carbonos, o 
geranil- difosfato. Uma condensação 
adicional com isopentenil-difosfato 
forma o farnesil-difosfato. Duas 
moléculas de farnesil-difosfato 
condensam- se na extremidade 
difosfato, formando o esqualeno. 
Inicialmente o pirofosfato inorgânico é 
eliminado, resultando no pré-
esqualeno-difosfato, que é então 
reduzido pelo NADPH, com eliminação 
de mais uma molécula de pirofosfato 
inorgânico. 
4 etapa – Formação do Lanosterol: 
esqualeno pode dobrar- se em uma 
estrutura muito semelhante ao núcleo 
esteroide. Antes do fechamento do 
anel, o esqualeno é convertido em 
esqualeno-2,3-epóxido por uma 
oxidase de função mista presente no 
retículo endoplasmático, a esqualeno-
epoxidase. O grupo metil em C14 é 
transferidopara o C13 e o do C8 para o 
C14 à medida que ocorre a ciclização, 
catalisada pela oxidoesqualeno-
lanosterol-ciclase. 
5 etapa – Formação do colesterol: a 
formação do colesterol a partir do 
Lanosterol ocorre nas membranas do 
retículo endoplasmático e envolve 
alterações no núcleo e na cadeia lateral 
do esteroide. Os grupos metilas em 
C14 e C4 são removidos para formar 
14-desmetil-lanosterol e, em seguida, 
zimosterol. Posteriormente, a dupla 
ligação em C8— C9 é transferida para 
C5—C6 em duas etapas, com 
formação do desmosterol. Por fim, a 
dupla ligação da cadeia lateral é 
reduzida, produzindo colesterol. 
REGULAÇÃO DA SÍNTESE DE 
COLESTEROL 
Efetuada pela etapa da HMG-CoA-
redutase. A regulação da síntese do 
colesterol é efetuada próximo ao início 
da via, na etapa da HMG-CoA-
redutase. Nos animais em jejum 
prolongado, a síntese diminuída de 
colesterol é acompanhada de redução 
da atividade enzimática. Entretanto, o 
colesterol da dieta inibe apenas a 
síntese hepática. A HMG-CoA-redutase 
no fígado é inibida pelo mevalonato, o 
produto imediato da reação, e pelo 
colesterol, o principal produto da via. O 
colesterol e seus metabólitos reprimem 
a transcrição da HMG-CoA-redutase 
pela ativação de um fator de 
transcrição, a proteína de ligação ao 
elemento regulador de esteróis 
(SREBP). As SREBPs constituem uma 
família de proteínas que regulam a 
transcrição de uma gama de genes 
envolvidos na captação e no 
metabolismo celular do colesterol e de 
outros lipídeos. A ativação da SREBP é 
inibida pela Insig (gene induzido por 
insulina), uma proteína cuja expressão, 
como o nome indica, é induzida por 
insulina e está presente no retículo 
endoplasmático. A Insig também 
promove a degradação da HMG-CoA-
redutase. Tanto a síntese de colesterol 
quanto a atividade da redutase exibem 
variação diurna. 
A insulina ou o hormônio tireoideano 
aumentam a atividade da HMG-CoA-
redutase, ao passo que o glucagon 
ou os glicocorticoides a diminuem. A 
atividade enzimática é reversivelmente 
modificada pelos mecanismos de 
fosforilação-desfosforilação, alguns 
dos quais podem ser dependentes de 
cAMP e, portanto, imediatamente 
responsivos ao glucagon. 
A proteína-cinase ativada por AMP 
(AMPK) (antes chamada de HMG-CoA-
redutase-cinase) fosforila e inativa a 
HMG-CoA-redutase. A AMPK é ativada 
por fosforilação pela AMPK-cinase 
(AMPKK) e por modificação alostérica 
pelo AMP. 
RECEPTORES LDL 
O aumento do colesterol celular é 
causado pela captação de lipoproteínas 
contendo colesterol pelos receptores, 
como o receptor de LDL ou o receptor 
scavenger; pela captação do colesterol 
livre das lipoproteínas ricas em 
colesterol pela membrana celular; pela 
síntese de colesterol; e pela hidrólise 
dos ésteres de colesterol pela enzima 
éster de colesteril-hidrolase. 
Os receptores de LDL (apo B-100, E) 
ocorrem na superfície celular, em 
cavidades revestidas no lado citosólico 
da membrana celular por uma proteína 
denominada clatrina. Após a ligação, a 
LDL é captada de modo inalterado por 
endocitose. A seguir, a apoproteína e o 
éster de colesteril são hidrolisados nos 
lisossomos, e o colesterol é transferido 
para dentro da célula. Os receptores 
são reciclados e retornam à superfície 
celular. Esse influxo de colesterol inibe 
a transcrição dos genes que codificam 
a HMG-CoA-sintase, a HMG-CoA-
redutase e outras enzimas envolvidas 
na síntese do colesterol, bem como o 
próprio receptor de LDL por meio da via 
da SREBP e, dessa forma, suprime de 
modo coordenado a síntese e a 
captação do colesterol. Além disso, a 
atividade da ACAT é estimulada, 
promovendo a esterificação do 
colesterol. A atividade do receptor de 
LDL na superfície da célula é regulada 
pela necessidade de colesterol para as 
membranas, para a síntese dos 
hormônios esteroides ou de ácido biliar, 
e o conteúdo de colesterol livre da 
célula é mantido em limites 
relativamente estreitos. 
TRANSPORTE DO COLESTEROL 
O colesterol é transportado no plasma 
em lipoproteínas, a maior parte na 
forma de éster de colesteril e, em seres 
humanos, a maior proporção é 
encontrada nas LDLs. 
Noventa e cinco por cento do colesterol 
dos quilomícrons é liberado para o 
fígado em quilomícrons 
remanescentes, e a maior parte do 
colesterol secretado pelo fígado nas 
VLDLs é retido durante a formação das 
lipoproteínas de densidade 
intermediária (IDLs) e finalmente LDL, 
que é captada pelo receptor de LDL no 
fígado e nos tecidos extra-hepáticos. 
A atividade da lecitina: colesterol-
aciltransferase (LCAT) está associada 
à HDL, que contém apo A-I. À medida 
que o colesterol da HDL se torna 
esterificado, ele gera um gradiente de 
concentração que atrai o colesterol 
presente nos tecidos e em outras 
lipoproteínas, permitindo, assim, que a 
HDL funcione no transporte reverso do 
colesterol. 
A proteína de transferência de éster de 
colesteril, que está associada à HDL, é 
encontrada no plasma em seres 
humanos e muitas outras espécies. 
Essa proteína facilita a transferência do 
éster de colesteril da HDL para a VLDL, 
a IDL e a LDL em troca de triacilglicerol, 
aliviando a inibição pelo produto da 
atividade da LCAT na HDL. 
EXCREÇÃO DO COLESTEROL 
O colesterol é excretado pelo 
organismo através da bile, na forma 
não esterificada ou após conversão em 
ácidos biliares no fígado. O coprostanol 
é o principal esterol encontrado nas 
fezes e é formado a partir do colesterol 
pelas bactérias presentes na parte 
distal do intestino.

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