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Página 1 de 6 Definição: A medida da temperatura corpórea mais confiável é aquela tomada por via oral ou retal. Embora não seja tão precisa quanto a retal a axilar é adequada para triagem. A precisão conseguida pela retal é reservada p/ estudos ou para confirmação da presença de febre quando a T axilar é questionável. Normalmente os valores utilizados são: retal >38,3°C, oral >38°C e axilar 37,8°C. Febre com menos de uma semana de duração, que após história clínica e exame fisico cuidadosos não tem a sua causa estabelecida. A grande maioria das crianças com FSSL tem uma doença aguda autolimitada ou está em fase prodrômica de uma doença benigna. Poucas tem uma infecção bacteriana grave (IBG) que trazem risco de morbidade ou mortalidade. Dentre elas inclui: infecção urinária, pneumonia, bacteremia oculta, meningite bacteriana, artrite séptica, osteomielite, celulite e sepse. Epidemiologia da febre: Febre é uma das causas mais comuns de consulta em pediatria. 25% de todas as consultas de emergência se devem a febre Na maioria dos casos, após a avaliação inicial, é possível identificar a causa. Nas crianças menores de 36 meses, em 20% dos casos, essa identificação não é possivel. As IBG são: Bacteremia Pneumonia mais prevalentes Infecção urinária Meningite Artrite séptica Osteomilite Celulite muitas crianças que sofreram um trauma e tem celulite em quadril? Obs: não tirou a roupa, já erra diagnóstico! Precisa fazer isso para ver processos inflamatórios, como a celulite, por exemplo. Sabe-se que a presença de PCR e PCT elevadas estão associadas com IBG. A PCR aumenta mais lentamente que a PCT, portanto, está última é mais sensível para identificação de IBG em crianças com febre com menos de 12 horas. Quando comparada com os marcadores mais tradicionais (PCR, contagem de leucóctios e contagem total de neutrófilos), a PCT tem demonstrado desempenho superior no diagnóstico, com maior sensibilidade e especificidade para diferenciação de doença bacteriana e viral em crianças. No entanto, os custos elevados da determinação da PCT restringem seu uso rotineiramente. Desafio na FSSL: O grande desafio diante de uma criança com FSSL é diferenciar as crianças com doença benigna autolimitada daquelas que podem ter uma infecção bacteriana grave (IBG). São aquelas que vão desaparecer no decorrer da doença mesmo sem fazer nada. Sabemos que 80% das febres SSL são infecções virais: roseola, exantema subito, eritema infeccioso, etc. Na grande faixa etária, durante o primeiro ano, são doenças benignas autolimitadas que irão desaparecer com a evolução natural da criança, mesmo sem fazer nada. Mas 25% delas pode ser uma bacterimia grave. O exantema aparece no 4/5° dia e a criança aparece no atendimento em 24/48h de febre, o que dificulta o diagnóstico. Só com febre não é fácil fazer diagnóstico! Página 2 de 6 Inúmeros vírus são responsáveis por doenças febris em crianças, que podem se apresentar inicialmente como FSSL, como herpesvírus humano 6, enterovírus, adenovírus e influenza. No HU-USP, a pesquisa de vírus respiratórios em secreção de nasofaringe por imunofluorescência indireta é realizada com frequência e inclui a pesquisa de adenovírus, vírus influenza A e B, vírus sincicial respiratório e vírus parainflueza 1, 2 e 3. Em um recente estudo, conduzido em crianças com FSSL atendidas no serviço de emergência pediátrica desse hospital, foi observado vírus respiratório em cerca de 24% des-sas crianças, sendo o adenovírus o agente mais detectado, seguido do parainfluenza 3 e do influenza A. Com a maior disponibilidade da pesquisa de vírus respiratório e introdução das vacinas para pneumococo e meningococo no calendário nacional, a avaliação da criança com FSSL pode ser mais observacional, depois de afastada infecção urinária. Bacteremia oculta – BO: Hemocultura positiva em uma criança que está com FSSL, clinicamente bem e sem infecção localizada. A prevalência da BO depende da vacinaçao para Hib e pneumococo (10 valente no SUS e 13 valente particular): em população não vacinada é em média de 5% (mais comuns pneumococo e Hib). A grande maioria é infecção por Pneumo e Hemophilus logo precisamos ver se a criança está com a vacinação em dia. Pois se ela for, a % cai para menos de 1%. A introdução da vacina pneumocócica conjugada diminuiu a incidência de infecções pneumocócicas invasivas por Streptococcus pneumoniae e a bacteriemia oculta caiu de 2 a 4% para menos de 1%. As infecções bacterianas localizadas, especialmente a in-fecção urinária, passaram a responder por 5 a 10% dos casos. Assim, as intervenções nas crianças com FSSL e devidamente vacinadas para hemófilos, pneumococo e meningococo pas-sam a ser observacionais após exclusão de infecção urinária. Entretanto, as crianças sem vacinação completa devem ser avaliadas clínica e laboratorialmente. Em população vacinada cai para menos de 1% (mais comuns E. coli..) Evolução da bacteremia oculta: Na avaliação após 24 a 48 horas: Febre persistente 76% Bacteremia persistente 21% Internação 50% Evolução para meningite 9% Por exemplo: Uma criança com 3 ou 4 meses e que chegou com febre alta, persistente, há 3 dias, sem outros sintomas, tendo aleitamento materno exclusivo e com diminuição das mamadas. Aqui já temos que pensar que Página 3 de 6 vai ter complicação, pois o aleitamento materno exclusivo já cai as chances de ser uma infecção viral, logo, estaremos diante de um quadro de infecção bacteriana. É muito difícil as infecções virais darem comprometimento do estado geral (seja em qualquer faixa etária). O que fazer com essa criança? Não podemos dispensar só com analgésico e muito menos mandar ir no dia seguinte procurar o Pediatra, pois a mesma pode ir a óbito ou evoluir para choque séptico. Logo seguir o Protocolo, temos que pedir RX de tórax (pensando em pnemonia oculta), se for uma menina, chances altas de infecção urinária (não esperar disuria, alteração de volume, etc) e pedir o hemograma. Se RX tórax normal, exame de urina normal e hemograma mostrando 18 mil leucócitos com desvio a esquerda ou 3 mil leucócitos com desvio a esquerda, essa criança tem que ser puncionada liquórica para descartar meningite. Exemplo 2: Criança com bom estado geral, ativa, mamando, mas febre alta persistente, pedir hemograma, o qual vai mostrar preodminio de linfocitos. Logo, infecção por vírus, medicar com analgésicos e orientar para continuar com aleitamento materno exclusivo. Se surgir outros sintomas e piora do estado, procurar o atendimento. Risco de meningite: Bacteremia oculta por pneumococo 4% (1,9 a 7,1%) Bactermia oculta por meningococo 56% (21,1 a 78,9%) – maior mortalidade. Infecção urinária oculta: É a infecção bacteriana mais comum como causa de FSSL. A frequência nas crianças com FSSL é a seguinte: 3 a 4% dos meninos < 12 meses de idade 8 a 9% das meninas < 24 meses de idade Nos lactentes < 3 meses, a frequência é de: 7,5% das meninas 2,4% dos meninos circuncidados 20% dos meninos não circuncidados Obs.: Não podemos esquecer da técnica correta de coleta do exame de urina para ter qualidade do mesmo. Pneumonia oculta: Pneumonia ocorre em 3% das crianças com febre em ausência de taquipneia e/ou sinal e sintoma respiratório. 26% das crianças com FSSL, não vacinadas para pneumococo e Hib, com temperatura > 39°C e leucócitos totais acima de 20.000/mm³ tem pneumonia. Obs.: precisamos lembrar da vacinação INCOMPLETA e não da vacinação em si, pois a maioria é vacinada hoje em dia. Meningite oculta: A bacteremia oculta por meningococo é bem mais rara do que por pneumococo. A faixa etária abaixo de 24 meses é a mais acometida pela doença meningocócica. 25 a 50% dos pacientes com doença meningocócica haviam sido liberados após avaliação inicial. 82% dos pacientes liberados tem menos de 36 meses de idade. Avaliação clássica das crianças com FSSL: Estado geral - se tiver comprometimento, > risco de bacteremia. Mas temos que associar anamnese + exame fisico + exame complementar. Temperatura Idade No exame físico, a presença de toxemia ou comprometimento do estado geral está associada com risco aumentado de IBG. A avaliação clínica isolada não consegue identificar todas as crianças com IBG. Página 4 de 6 Temperatura: Em crianças não vacinadas para Hib e pneumococo, o risco de BO aumenta proporcionalmente com a temperatura. Idade: É um grande marcador O risco de infecção bacteriana grave é maior abaixo de 3 meses, principalmente no RN. Entre 3 e 36 meses o risco é semelhante. Acima de 36 meses o risco é bem menor. 0 a 3 meses: Faixa etária de risco. As manifestações clínicas são inespecíficas, mas a febre é um sinal de alarme. Avaliação clínica é muito difícil. É importante o reconhecimento precoce das infecções bacterianas 2/3 das crianças desta faixa etária com febre tem FSSL. Leucograma Exame de urina Raio X de tórax Leucograma: Contagem total de leucócitos Há uma correlação entre n. total de leucócitos e bacteremia < 10.000/mm³ taxa de bacteremia de 0,3% > 20.000/mm³ taxa de bacteremia de 8,2% Muitos consideram o valor de 15.000 leucócitos/mm³ para separar as crianças em alto risco e baixo risco para IBG No lactente <3 meses de idade n. total de leucócitos < 5.000/mm³ é considerado fator de risco Diferencial de leucócitos: Total de neutrófilos < 5.000/mm³ - taxa de bacteremia de 0,2% Total de neutrófilos > 10.000/mm³ - taxa de bacteremia de 5,8% Formas jovens > 1.500/mm³ - taxa de bacteremia de 5,2% Provas de fase aguda: Proteína C reativa não se eleva antes de 12 horas Procalcitonina eleva-se mais rápido, mas é pouco disponível Proteína C reativa e procalcitonina: Provas de fase aguda: uma metanálise concluiu que a acurácia diagnóstica de procalcitonina e PCR são similares. Os valores ótimos são: Página 5 de 6 Para identificação de IBG: PCR ≥ 80mg/L ou procalcitonina ≥ 2ng/mL (sensibilidade de 50% e especificidade de 90%) Para exclusão de IBG: PCR < 20mg/L ou procalcitonina < 0,5 ng/mL (sensibilidade de 80% e especificidade de 70%). Exame de urina: O exame padrão para o diagnóstico é a urocultura! Avaliação radiológica na FSSL: Raiox de tórax Não é necessário em todas as crianças com FSSL Está indicado se houver aumento de FR ou Sat02 < 95% Se houver leucocitose acima de 20.000/mm³ há risco aumentado de pneumonia oculta Escalas para identificação do lactente jovem com FSSL de risco para IBG Existem 3 escalas: Rochester, Filadélfia e Boston. A escala mais utilizada é a de Rochester: RN de termo Sem intercorrências no período neonatal Sem uso de ATB Sem alteração no exame clínico Leucócitos entre 5.000/mm³ e 15.000/mm³ Sedimento urinário < 10 leucócitos/campo O valor preditivo negativo desta escala é de 99,1% Página 6 de 6 Conclusão: Nas crianças de 3 a 36 meses com FSSL e bom estado geral, a indicação de antibioticoterapia empírica deve levar em conta a situação vacinal para Hib e Pneumococo. A pesquisa de vírus respiratório pode reduzir o uso de antibiótico empírico. Infecção urinária continua sendo a causa mais comum de IBG nas crianças com FSSL.
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