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Bioquímica (endócrino)

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Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 1 de 20 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
Medical Physiology, Guyton & Hall, 11th edition, Elsevier Saunders, 2006; 
Murray, Robert K. et all (2000). Harper’s Ilustrated Biochemistry, 25th 
edition, Lange Medical Books/ McGraw-Hill, chapter 46, pag. 561-566; 
 
Bioquímica do Sistema Endócrino 
É importante termos alguns conceitos em conta, como o de hormona. 
 
Hormona - qualquer substância no organismo capaz de sinalizar e 
provocar uma alteração ao nível celular. 
 
A acção das hormonas poderá ser ao nível endócrino, que é aquele 
sistema a que estamos mais habituados, onde a hormona é libertada pela 
célula secretora ao nível da corrente sanguínea e vai actuar à distância numa 
célula-alvo que tenha receptores para essa hormona. Temos o tipo de acção 
parácrina, onde é libertada no líquido intersticial e que de algum modo vai 
influenciar a resposta de células que exibem o seu receptor mas na vizinhança. 
Ou mesmo acção autócrina em que a própria célula que liberta a hormona tem 
receptores e sofre a acção da mesma. (Fig. 1) 
Módulo II.III- Fisiologia 
 
Tema da Aula: Bioquímica do Sistema Endócrino 
Docente: Dr. Teresa Pacheco 
Data: 19/11/2008 Número da Aula Previsto: 12º 
Desgravador: Filipe João de Castro e Borges 
Corrector: João André Silva 
 
www.comissaodecurso0713fml.blogspot.com comissaodecurso0713@gmail.com 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 2 de 20 
 
Assim temos um conceito alargado, que inclui não só as hormonas em 
sentido estrito dos sistemas endócrino e neuroendócrino, como também 
neurotransmissores, citocinas, factores de crescimento (…). 
Outro conceito importante é o de sistema endócrino, não estando restrito 
às glândulas endócrinas e àqueles órgãos com função endócrina como a 
hipófise, tiróide, paratiróideia, supra renal ou pâncreas endócrino ou mesmo os 
órgãos reprodutores. Temos que ter em atenção o facto de haver células com 
secreção endócrina dispersas por todo o organismo: quer ao nível do tracto 
gastro intestinal, como no estômago e intestino, quer ao nível do rim, com a 
produção de por exemplo da eritropoietina, do timo, do endotélio, do coração 
(tem células com secreção endócrina como as que secretam o péptido 
natriurético auricular) ou das glândulas salivares. 
 
Fig. 1 - Formas de acção das hormonas 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 3 de 20 
Hierarquia de sinais 
 
Primeiro temos os estímulos ambientais (internos ou externos) que vão 
ser integrados ao nível do Sistema Nervoso Central em comunicação directa 
com o hipotálamo, onde há toda essa integração de sinalização. 
O hipotálamo terá esse papel preponderante, juntamente com a hipófise 
e depois com as glândulas e células secretoras, como alvos secundários ao 
nível dos alvos finais. 
O hipotálamo poderá produzir hormonas que são libertadas pela 
hipófise posterior directamente na circulação sistémica, ou seja, a oxitocina e a 
vasopressina, mas a maior parte das hormonas que segrega são factores de 
libertação ou de inibição que vão actuar ao nível da hipófise anterior e aí 
modular a actividade das células desta glândula que, por sua vez, irá libertar 
outro tipo de hormonas (uma classe bastante alargada de trofinas como a 
corticotrofina ou a tirotrofina) ou mesmo hormonas que são libertadas e que 
vão actuar directamente ao nível dos alvos finais, como a somatotrofina e a 
prolactina. 
Mas a maioria destas hormonas tróficas vão actuar ao nível de alvos 
secundários, como o córtex da glândula suprarenal, a tiróide ou as glândulas 
Fig. 2 - Cascata de sinais dos sistema endócrino 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 4 de 20 
reprodutoras e, desse modo, levar à produção de novas hormonas que irão 
finalmente actuar ao nível das células alvo. Portanto, temos uma grande 
coordenação e integração que permite no final haver uma função coordenada 
de todo o organismo. 
Não esquecer os fenómenos e os loops de regulação (a hormona 
segregada ao nível da célula secretora periférica poderá inibir, por este 
mecanismo de retrocontrolo negativo, a produção da respectiva trofina libertada 
pela hipófise, ou mesmo a síntese da hormona libertadora ao nível do 
hipotálamo. Temos loops (ou ansas) de menor dimensão em que a trofina 
libertada pela hipófise anterior poderá inibir a sua produção ao nível do 
hipotálamo ou da hipófise; e a própria libertação dos factores hipotalamicos que 
vão ter um efeito autócrino e inibir a sua produção a esse nível. 
 
 
Na bioquímica pretendemos estudar os factores que vão determinar a 
resposta da célula alvo à hormona que a atinge. Portanto, por um lado temos 
os factores que determinam a concentração da hormona que atinge a célula 
Fig. 3 - Loops de regulação do sistema endócrino 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 5 de 20 
alvo e, por outro, a resposta que a célula vai desencadear e o modo como vai 
responder à presença dessa hormona. 
Temos aspectos importantes como: a hormona poderá ser sintetizada de 
acordo com a sua composição química; poderá ser libertada directamente na 
corrente sanguínea ou ser armazenada em grânulos de secreção que serão 
depois libertados de acordo com estimulação posterior. 
A partir do momento em que se encontra ao nível do plasma passa a 
constituir um reservatório plasmático importante (isso constitui um factor a ter 
em conta); pode circular livre ou conjugada com proteínas transportadoras e 
estas nuances poderão determinar a semi-vida ou o modo como vai ser 
captada pelos tecidos e pelas células alvo onde vai actuar. 
Ao nível da célula alvo, deve ter-se em conta o tipo de receptor com 
que a hormona vai interagir: se é um receptor que se encontra na membrana 
plasmática ou se, pelo contrário, será um receptor intracelular. A resposta da 
célula alvo vai depender muito da sensibilidade que ela tem à hormona, que vai 
depender do número de receptores, da sua especificidade, da sua 
selectividade e isso vai influenciar a resposta que a célula irá dar. 
Portanto a hormona pode atravessar directamente a membrana 
citoplasmática. 
Se uma hormona interagir com um receptor de membrana, o mais 
provável é ela estimular uma série de cascatas de sinalização com o 
envolvimento de mensageiros secundários, como sejam o cAMP, o Cálcio, ou 
pelo contrário, se ela atravessa directamente a membrana plasmática, é 
provável que se vá conjugar com um receptor intracelular, que poderá ser 
citoplasmático ou mesmo nuclear. A ligação da hormona ao receptor irá 
provocar uma alteração da conformação deste receptor e é este complexo 
hormona-receptor que terá o seu efeito, ao afectar a expressão/transcrição de 
genes alvo. 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 6 de 20 
 
Fig. 4 - Factores determinantes da acção de uma hormona ao nível da célula alvo 
 
Portanto, todos estes mecanismos, quer ao nível da célula secretora, 
quer sejam as características da hormona quando se encontra no seu 
reservatório plasmático, sejam aqueles ao nível da célula alvo, vão influenciar o 
modo como a célula alvo vai responder à secreção da hormona. 
 
Fig. 5 - Factores determinantes da acção de uma hormona ao nível da célula alvo 
 
Assim, qualquer uma destas características poderá servir como critério 
de classificação bioquímica das hormonas, como sendo: 
 Composição Química; 
 
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Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 7 de 20 
 Localização dos receptores; 
 Tipo de receptor que utilizam; 
 Mecanismos de acção; 
 Solubilidade; 
 Tempo de semi-vidano plasma. 
 
 (mais importante do que decorarem os sistemas de classificação é 
perceber como conhecer uma característica da hormona ajuda a prever qual o 
seu comportamento e qual a sua relação com a célula alvo). 
 
Assim, podemos dividi-las em dois grandes grupos: 
 
- As hormonas esteróides, as iodotironinas, calcitriol e retinóides que 
têm características lipofílicas. Sendo lipofílicas, é normal que ao nível do 
plasma se encontrem associadas a proteínas de transporte e isso condiciona a 
sua semi-vida que é normalmente maior. Se têm características lipofílicas 
conseguem atravessar a membrana plasmática e por isso vão complexar-se 
com receptores intracelulares, sejam citoplasmáticos ou nucleares. Portanto, o 
mecanismo de acção vai ser através do complexo hormona-receptor. 
- Pelo contrário, as hormonas do segundo grupo que são os polipéptidos, 
proteínas, glicoproteínas e catecolaminas, têm características hidrofílicas e,, 
consequentemente, circulam no plasma, têm uma semi-vida muito menor que 
Fig. 6 - Classificação de Hormonas 
 
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Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 8 de 20 
as lipofílicas; interagem com receptores na membrana e vão desencadear 
cascatas de sinalização com mensageiros secundários para conseguirem obter 
os efeitos desejados na célula alvo. 
 
Síntese e Secreção de hormonas 
 
Irá ser seguida uma das classificações possíveis, que tem por base a 
composição química e com que podemos dividir as hormonas como aquelas 
que são derivadas de aminoácidos, hormonas peptídicas que poderão ser 
péptidos, proteínas ou mesmo sofrer complexos padrões de glicosilação e, 
portanto, serão glicoproteínas, e hormonas lipídicas como as derivadas do 
ácido araquidónico, como as prostaglandinas, e as hormonas derivadas do 
colesterol, cortisol, testosterona ou mesmo o calcitriol. 
 
Fig. 7 - Classificação das hormonas segundo a sua composição química 
 
 
Começamos pelas hormonas derivadas de aminoácidos. 
 
Existem dois grandes grupos de hormonas derivadas do aminoácido 
tirosina: 
 iodotironinas 
 catecolaminas. 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 9 de 20 
 
Fig. 8 - Síntese e secreção de hormonas 
 
Começando pelas iodotironinas, temos a T3 (triiodotironina) e T4 
(tetraiodotironina) que são sintetizadas ao nível da glândula tiróide. Temos os 
folículos repletos de um colóide de armazenamento rodeado pelas células 
foliculares onde ocorre a síntese e a secreção da tiroglobulina que vai ser 
armazenada neste colóide. 
 
Fig. 9 - Síntese das iodotironinas 
 
Duas características muito importantes das iodotironinas: estão ligadas a 
iodo, ou seja, possuem iodo na sua composição e requerem-no para a sua 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 10 de 20 
actividade biológica; são sintetizadas a partir de uma molécula de suporte, a 
tiroglobulina (Fig.9). 
Portanto, na síntese destas hormonas temos que considerar a síntese 
da própria tiroglobulina que, sendo uma glicoproteína, tem um mecanismo de 
síntese semelhante a todas as outras proteínas (transcrita ao nível do núcleo; 
RNA traduzido ao nível do citoplasma; sendo uma glicoproteína sofre 
glicosilação no retículo e no golgi) e esta proteína passa da zona mais basal da 
célula para a mais apical da célula pela qual é exocitada para o lúmen, sendo 
acumulada ao nível do folículo em forma de colóide. 
A tiroglobulina é constituída por duas subunidades idênticas e contém no 
total 115 resíduos de tirosina que podem ser iodados em diferentes 
combinações. Portanto, tem 115 resíduos potenciais alvos de iodação. 
Para a síntese destas hormonas, dada a importância do iodo, temos 
também que considerar a captação de iodo. Este é captado na forma de ião 
iodeto, ao nível da membrana basal da célula folicular que possui a capacidade 
de concentrar iodo contra um forte gradiente electroquímico através de um 
transportador à base de uma ATPase que transporta activamente o ião iodeto 
para o interior da célula contra o referido gradiente electroquimico. O iodo 
difunde, depois, facilmente até à superfície apical da célula folicular, onde se 
vão dar os passos seguintes da síntese destas hormonas que correspondem à 
iodação da tiroglobulina e à conjugação de iodotironinas. Para a iodação 
da tiroglobulina (que já se encontra ao nível do colóide) o que acontece é que 
temos que ter primeiro a oxidação do iodeto novamente a iodo e isso é 
catalisado por uma enzima que encontra ao nível da membrana apical, que é 
uma tiroperoxidase e que será também importante para a catálise de todas as 
outras reacções a abordar posteriormente. 
 
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Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 11 de 20 
 
Fig. 10 - Síntese da tiroglobulina 
 
A partir do momento em que temos o iodo ao nível do colóide ele vai 
reagir com os resíduos de tirosina presentes na tiroglobulina e poderá ocorrer a 
iodação do carbono na posição 3 do anel aromático dando a monoiodotirosina 
(MIT) e uma segunda iodação no carbono da posição 5, dando a 3,5-
diiodotirosina (DIT). Relembrar que são resíduos de tirosina que se encontram 
ao longo de toda a molécula de tiroglobulina que passam a estar idodados 
numa (MIT) ou duas posições (DIT). 
O passo seguinte será a conjugação das iodotirosinas presentes na 
tiroglobulina, novamente catalisada pela tiroperoxidase e em que podemos ter 
a ligação de duas moléculas DIT, dando a T4, ou a ligação de uma molécula 
DIT com uma MIT, formando a T3 ou (numa baixa percentagem) uma forma 
inactiva de T3 reversa (rT3). A partir do momento em que estas iodotironinas 
estão formadas, elas encontram-se como parte integrante da molécula de 
tiroglobulina no colóide e a tiróide é a glândula com maior capacidade de 
armazenamento. 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 12 de 20 
 
Fig. 11 - Iodação da tiroglobulina 
 
Fig. 12 - Conjugação de iodotironinas 
 
Portanto, as hormonas só serão libertadas e retiradas da tiroglobulina 
quando houver um estímulo para a sua secreção, que são os passos a abordar 
de seguida. 
A partir do momento em que há um estímulo para libertação e secreção 
destas hormonas, via TSH, o que acontece é que há uma reabsorção da 
tiroglobulina através de pinocitose de grânulos do colóide. Quando há fusão 
das vesículas pinocitadas com os lisossomas e através da acção de proteases 
e peptidases ácidas, há uma proteólise completa da tiroglobulina nos seus 
aminoácidos constituintes; com esse processo ocorre a libertação quer de T3, 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 13 de 20 
T4 e rT3, mas também das iodotirosinas MIT e DIT, que ainda não estavam 
conjugadas, para o citoplasma da célula. 
As hormonas T3 e T4 podem então ser segregadas ao nível da 
membrana basolateral para o líquido intersticial e atingir os capilares 
sanguíneos onde rapidamente se vão conjugar com proteínas de transporte, 
sejam elas específicas, como a proteína de ligação à tiroxina, ou inespecíficas, 
como a albumina, muito importante para o transporte do hormonas, p.e.. É 
importante reter que estas iodotironinas, apesar de sintetizadas a partir de 
aminoácidos, têm características lipofílicas e todo o seu mecanismo de acção e 
o modo como são transportadas as faz incluir no primeiro grupo de hormonas 
(mais relacionado com as hormonas esteróides). 
 
Fig. 13 - Secreção das iodotironinas 
 
Ao nível da tiroglobulina, 70% do iodo encontra-se na forma das 
iodotirosinas MIT e DIT e os restantes 30% encontram-se na forma de T3 e T4. 
A relação entre T4 e T3 é de 7:1, mas isso não é o que acontece no plasma. 
Temos, então, secreção de T3 e T4 que vai paraos capilares 
sanguíneos¸temos, ainda, MIT e DIT que podem, por acção de desiodases 
citoplasmáticas, ser alvo de desiodação, libertando-se iodeto que passa a 
integrar um pool citoplasmático que pode ser utilizado na iodação de 
tiroglobulina sintetizada de novo. 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 14 de 20 
Portanto, a quantidade de iodeto que é captado é semelhante à 
quantidade de iodo que acaba por ser segregado sob a forma de T3 e T4, mas 
2/3 do iodo que está a ser utilizado está neste ciclo interno ao nível da célula 
folicular da tiróide. 
Ao nível do plasma, a razão entre T3 e T4 é inferior àquela presente na 
tiroglobulina, o que implica que na célula folicular haja também, por acção de 
desiodases, conversão de T4 em T3. Mesmo assim temos maior quantidade de 
T4 em circulação do que de T3. 
No entanto, cerca de 80% de T4 é convertida em T3 ao nível de órgãos 
periféricos e das células alvo por desiodases periféricas. E é a T3, embora a 
T4 não seja uma verdadeira pró-hormona por ter também actividade biológica, 
que tem actividade biológica mais intensa. 
 
Regulação 
 
Fig. 14 - Regulação da síntese e secreção das iodotironinas 
 
A síntese das iodotironinas (fig 14) obedece à regulação pelo eixo 
hipotálamo-hipófise-tiróide. Há uma hormona libertada ao nível do hipotálamo, 
que é a hormona libertadora da tirotrofina, que vai actuar ao nível da hipófise 
anterior que, por sua vez, vai libertar esta importante hormona, a tirotrofina 
(TSH), que vai actuar ao nível da tiróide. Portanto, temos novamento os 
mecanismos de feedback negativo em que as hormonas circulantes (T3 e T4) 
poderão, na sua forma livre (as formas biologicamente activas são a pequena 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 15 de 20 
percentagem livre) afectar a hipófise, diminuindo a síntese de TSH e também 
ao nível do hipotálamo, na síntese de TRH. A tirotrofina ao nível das células 
foliculares da tiróide vai ligar-se a receptores transmembranares acoplados à 
adenilatociclase e, portanto, é uma daquelas que funciona com um mecanismo 
de transdução de sinal ao nível intracelular e com mensageiros secundários. 
Em termos dos processos em que vai ter efeito, são quase todos aqueles 
referidos na síntese das iodotironinas: seja na transcrição do próprio gene da 
tiroglobulina e da tiroperoxidase, que é importante para estes passos de 
oxidação do iodeto, iodação da tiroglobulina e conjugação das iodotirosinas; no 
processamento da tiroglobulina e a sua exocitose para o colóide; na captação 
de iodo por activação deste transportador de iodo (iões iodeto); na reabsorção 
da tiroglobulina a partir do colóide e depois na sua proteólise e libertação de T3 
e T4. Portanto, em todos estes passos temos um efeito positivo por parte da 
TSH. O outro factor importante será a concentração de ião iodeto que, no caso 
de termos uma carência de iodo, vai haver uma diminuição do ratio DIT:MIT ao 
nível da tiroglobulina (se temos menos iodo vai haver menos iodação dos 
resíduos de tirosina), vai haver uma diminuição no ratio T4:T3 mas, pelo 
contrário, um excesso de iões iodeto ao nível da célula folicular, vai conduzir a 
uma inibição da proteólise da tiroglobulina. Se aumentarmos 
farmacologicamente as quantidades de iodo na circulação, o que acabamos 
por ter é uma redução da síntese e secreção de iodotironinas. Para terminar 
esta parte, salientar que qualquer um destes passos de regulação é um 
potencial alvo de regulação em termos farmacológicos e em termos de 
tratamento de situações de hipertiroidismo. É o caso dos fármacos antitiroideus, 
de que existem duas classes bastante importantes. Uma delas de compostos 
que vão actuar ao nível da tiroperoxidase, aquela enzima responsável pela 
iodação da tiroglobulina, oxidação do iodeto e conjugação das iodotirosinas, 
que vão funcionar como inibidores que impedem todos estes passos. A outra 
classe são inibidores do transportador do ião iodeto, ou seja, inibidores 
aniónicos que vão impedir a captação de iodo pelas células foliculares. 
 
Passamos agora à outra classe de hormonas derivadas do aminoácido 
tirosina, as catecolaminas. Representadas na figura as catecolaminas 
circulantes. 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 16 de 20 
 
Fig. 15 - Hormonas derivadas de aminoácidos 
 
Estas hormonas (fig. 15) são essencialmente produzidas ao nível das 
células cromafínicas da medula supra renal (a medula supra renal tem uma 
origem embriológica diferente das células do córtex; têm origem na crista 
neural, ou seja, neuroectodérmica, e pode ser considerada como uma extensão 
do sistema nervoso simpático). Nestas células a sua secreção é considerada 
como uma secreção endócrina mas também são produzidas e libertadas ao 
nível das terminações e das sinapses nervosas. 
 
 
Fig. 16 - Síntese das catecolaminas 
 
 
Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa 2008/2009 
Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 17 de 20 
Nas células cromafínicas da medula supra renal, a síntese de 
catecolaminas é o resultado de uma série de reacções (fig. 16), começando 
com a hidroxilação da tirosina a DOPA pela tirosina-hidroxilase que é a etapa 
limitante e principal reguladora desta via. 
A DOPA é depois carboxilada a dopamina que é tembém uma 
catecolamina, apesar de não se encontrar normalmente em circulação (tem 
uma acção mais local). Mas a dopamina tem de ser transportada activamente 
para grânulos de secreção, ou seja, organitos, onde vai ocorrer a etapa 
seguinte que é a sua conversão em noraepinefrina (ou noradrenalina) pela 
dopamina β-hidroxilase. Portanto, esta enzima está contida exclusivamente 
nos grânulos de secreção destas células e, assim, 15% da noraepinefrina pode 
ficar já armazenada nestes grânulos. Mas na maioria das células produtoras de 
adrenalina o que vai acontecer é que a norepinefrina vai difundir novamente 
para o citoplasma onde é convertida em epinefrina, por acção desta enzima 
que é uma metiltransferase. 
E, portanto, o grande conteúdo das células cromafínicas ao nível da 
medula é a epinefrina que é também incorporada em grânulos de 
armazenamento que depois são libertados quando há estímulo para secreção. 
Assim, teremos grânulos que contêm epinefrina, que contêm 
noraepinefrina ou que contêm ambas as catecolaminas mas todos eles têm 
ainda outros produtos como o cálcio, o ATP, nucleótidos, a dopamina 
hidroxilase e uma importante proteína, ccrroommooggrraammiinnaa AA, que é importante para 
o armazenamento das catecolaminas nestas vesículas de secreção, que 
mantêm o potencial osmótico, e permite que elas sejam armazenadas nesta 
situação. 
O que acontece em termos de regulação é que temos importantes 
mecanismos de regulação ao nível da tirosina-hidroxilase que pode ser inibida 
pelos produtos finais da via, sejam eles a noraepinefrina, a epinefrina e a 
dopamina e que, em situações de estímulação neuronal, a sua actividade é 
aumentada e conduz ao aumento da produção de catecolaminas. Outro 
aspecto importante de regulação é a indução da metil-transferase por parte de 
glicocorticóides, nomeadamente o cortisol, que promovem selectivamente a 
conversão da norepinefrina em epinefrina (recordar a relação anatómica entre 
o córtex, onde é produzido o cortisol, e a medula supra-renal). Portanto, o 
 
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Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 18 de 20 
cortisol libertado vai perfundir directamente a medula e, assim, há uma 
regulação estreita entre o cortisol, glicocorticóides e catecolaminas naquela 
resposta típica ao stress, resposta de fuga ou luta. 
Relativamente à secreção das catecolaminas por estas células, será 
como resposta a estímulos neuronais, sejam eles β-adrenérgicos ou 
colinérgicos,por aumento do cálcio intracelular. O que vai acontecer é a fusão 
das membranas das vesículas com a membrana da célula e a exocitose de 
todo o conteúdo dos grânulos, sejam as próprias catecolaminas, sejam as 
outras moléculas contidas nos grânulos. 
 
Síntese das hormonas peptídicas 
 
Passando à síntese das hormonas peptídicas, temos que a sua síntese 
não difere da de qualquer proteína do nosso organismo (Fig. 17). 
 
Fig. 17 - Processo de síntese das hormonas peptídicas 
 
Temos a sequência codificante ao nível do gene, o DNA, no núcleo ela é 
transcrita dando uma molécula de pré-mRNA que sofre splicing (podendo 
sofrer padrões de splicing alternativo) que pode ser um nível de regulação 
possível. 
 
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Comissão de Curso 07/13 2º ano Página 19 de 20 
O mRNA, depois de processado, é transportado para o citoplasma onde 
é traduzido ao nível do RER e a tradução de toda a sequência codificante dá 
origem à chamada pré-pró-hormona. Esta, após clivagem do péptido-sinal, é 
denominada pró-hormona que pode ficar armazenada em vesículas de 
armazenamento e de secreção, mas que poderá também sofrer mecanismos 
de processamento adicionais como sejam a clivagem, a proteólise parcial, ou 
modificações pós-tradução como sejam a glicosilação, fosforilação e acetilação, 
até dar a hormona final. Existem exemplos de hormonas peptídicas como 
sendo apenas um tripéptido, como a hormona libertadora da tirotrofina; ou a 
ACTH que é também apenas um polipéptido; a insulina é apenas constituída 
por duas cadeias polipeptídicas; mas como hormonas com complexos graus de 
glicosilação temos as hormonas libertadas pela hipófise anterior como a TSH, a 
FSH e a LH. Toda esta variabilidade pode aparecer como hormona peptídica. 
 
 
 
 
Fig. 18 - Esquema das várias situações de síntese de hormonas 
 
A situação mais normal é a em que temos um gene a originar uma 
hormona, tirando a parte de splicing alternativo que possa ocorrer (Fig. 18). 
Mas existem situações onde temos várias cópias da mesma hormona 
codificada pela sequência, ou seja, há um processamento com repetições de 
 
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tal maneira que temos a mesma hormona codificada várias vezes no mesmo 
gene (CORTE)…. 
….é uma hormona e um péptido sem função hormonal. Temos o caso da 
oxitocina e da vasopressina, que são hormonas produzidas no hipotálamo e 
libertadas pala hipófise posterior, em que a sua síntese, por exemplo no caso 
da oxitocina e neurofisina 1, são ambas codificadas e produzidas a partir da 
pré-pró-oxitocina. 
 
Fig. 19 - Processamento do precursor proopiomelanocortina (POMC) 
 
Existe ainda o caso extremo em que temo várias hormonas codificadas a 
partir do mesmo gene. É o caso da família da próopiomelanocortina (Fig. 19), 
em que temos o gene POMC que é transcrito num mRNA, traduzido numa pré-
pró-hormona que será a pró-opiomelanocortina; e esta pré-pró-hormona poderá 
sofrer diferentes padrões de clivagem, consoante o tipo de célula em que é 
produzida e o tipo de estímulo que está a receber. Pode dar até nove péptidos 
diferentes com função hormonal, como sejam a corticotrofina, as lipotrofinas β 
e γ, as hormonas estimulantes do melanócito γ, α e β e ainda endorfinas e 
encefalinas. 
Portanto, com base nestes padrões de clivagem e com base também em 
processos de glicosilação e acetilação diferentes, podemos obter até nove 
péptidos diferentes produzidos a partir do mesmo precursor.

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