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Shigella: Patogenia e Tratamento

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Shigella 
Introdução 
As espécies de ​Shigella​, assim como as de ​Salmonella​, 
merecem destaque por sua patogenia. Apesar disso, as 
Shigellas merecem destaque pelo fato de gerarem 
doenças que se restringem ao trato gastrointestinal. 
Taxonomia: ​são membros da família Enterobacteriaceae 
e os principais representantes são ​S. dysenteriae​, ​S. 
flexneri​, ​S. boydii e ​S. sonnei​. Entre essas espécies, a 
mais virulenta é a ​S. dysenteriae​, já que é produtora de 
enterotoxina que agrava o quadro clínico. 
Morfologia e bioquímica: ​são bastonetes gram-negativos 
delicados, podendo possuir morfologia cocobacilar em 
culturas de jovens. São anaeróbios facultativos que 
habitam o trato gastrointestinal, não fermentando a 
lactose e dificilmente produzindo gás. 
 
Cultura 
As coproculturas com ​Shigelas são cultivadas em meio 
ágar MacConkey, SS, EMB ou açúcar-tríplice, formando 
colônias convexas, circulares e transparentes. Além 
disso, essas bactérias não são fermentadoras de lactose e 
a ​S. dysenteriae​ também não fermenta o manitol. 
Patogenia 
Espécies de ​Shigella geram infecções restritas ao trato 
gastrointestinal. Elas possuem dose infectante muito 
baixa, de 100 a 1000 (sendo esse valor pelo menos 100 
vezes menor que de outras enterobactérias). No intestino 
grosso, elas penetram na mucosa principalmente por 
células M, escapando de macrófagos e destruindo várias 
células do epitélio, passando entre elas e estimulando a 
resposta imune, o que gera microabscessos e necrose da 
parede. Assim, há fezes mucossanguinolentas. Essas 
úlceras podem ser revestidas por uma pseudomembrana 
com fibrina, leucócitos, restos necróticos e bactérias. 
 
Toxinas: ​além dos lipopolissacarídeos constitutivos das 
bactérias gram-negativas (que são imunogênicos), a ​S. 
dysenteriae​, produz uma toxina que age de modo 
semelhante à da ​E. coli​, promovendo má absorção de 
nutrientes e, com isso, uma diarréia não-sanguinolenta, 
que pode preceder a doença. Porém, o principal efeito 
dessa exotoxina é neurológico, podendo gerar torpor, 
fazendo com que as infecções por essa espécie sejam 
mais graves do que pelas demais ​Shigelas​. 
Manifestações Clínicas 
O período de incubação da shigelose é curto (1-2 dias) e 
essa no geral se inicia com dor abdominal, febre e 
diarreia aquosa (pela toxina). Logo após isso, há a 
eliminação mais frequente de fezes, cujo aspecto é 
mucossanguinolento, associando-se a tenesmo e puxo 
(urgência em defecar, embora muitas vezes não haja 
quantia considerável de fezes). Em adultos, o quadro 
costuma ser autorresolutivo, mas pode gerar graves 
desequilíbrios hidroeletrolíticos em crianças e idosos. 
 
Diagnóstico 
Como a bacterioscopia é limitada, já que compartilha 
muitas características com outras enterobactérias, o 
diagnóstico é feito pela cultura. As principais 
características dessa são a não-fermentação da lactose e 
nem do manitol no caso da ​S. dysenteriae. 
Tratamento 
Seu tratamento farmacológico é o mesmo da 
salmonelose (embora não possa requerer 
colecistectomia). Como responde bem ao tratamento 
oral, geralmente se utilizam as fluorquinolonas como 
ciprofloxacino, além de sulfametoxazol-trimetoprima. 
Em outros casos, também se pode lançar mão da 
ampicilina e ceftriaxone. O cloranfenicol também não é 
utilizado na clínica por sua importante mielotoxicidade. 
Profilaxia 
Como as Shigelas são passadas com pouquíssima carga 
bacteriana, bastando 100 bactérias para desempenhar a 
doença, é necessária a adoção de medidas profiláticas. A 
principal forma de transmissão depende de alimentos, 
dedos sujos, fezes e moscas (que se prestam ao papel de 
vetores mecânicos). Assim, a profilaxia se volta para o 
controle efetivo de alimentos e águas, isolamento 
sanitário dos pacientes e desinfecção das fezes. Como a 
doença também pode apresentar portadores crônicos que 
são assintomáticos, é importante detectar (através da 
cultura) e tratar esses indivíduos, especialmente quando 
se dispõe trabalham na manipulação de alimentos. 
 
Gabriel Torres→ Uncisal→ Med52→ Shigella

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