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Síndrome Dispéptica

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Pedro Macedo – Turma 09 – Medicina UFOB 
Síndrome Dispéptica 
Síndrome Dispéptica 
Introdução 
• Dispepsia 
— Qualquer dor ou desconforto crônico, persistente ou recorrente em andar superior do abdome, 
podendo ou não estar associada a outros sintomas do TGI. 
 
 
 
 
 
 
 
Obs: pirose e regurgitação não fazem parte da dispepsia → levam para o diagnóstico possível de 
DRGE, a qual não faz parte síndrome dispéptica. 
• Prevalência 
— 25% da população ocidental/ ano ocidental; 
— Motivo de 5 – 10 % das consultas clínicas; 
— Mais frequentemente em mulheres, tabagistas, pacientes com polifarmácia, principalmente em 
uso de AINEs; 
— A prevalência tem aumentado, também, por conta da melhora do acesso aos serviços de saúde; 
— Impacto importante na vida do paciente dependendo da gravidade da causa subjacente. 
História clínica 
“Doutor, tudo o que eu como me faz mal” 
— CRONOLOGIA É MUITO IMPORTANTE → SÍNDROME DISPÉPTICA É CRÔNICA. 
• Caracterização da dor 
— Localização e irradiação; 
— Tipo; 
— Intensidade; 
— Duração; 
— Evolução e tempo desde a primeira sensação; 
— Relação com outros sintomas se forem presentes; 
— Fatores desencadeantes e de alívio com ênfase na dieta. 
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• Plenitude pós-prandial 
— Quando inicia; 
— Quanto dura; 
— Quais alimentos mais desencadeia; 
— Associação com distensão abdominal; 
— Náuseas; 
— Sintomas associados; 
— Fatores de melhora. 
• Saciedade precoce 
— Frequência e tipo de alimentos que desencadeia; 
— Sintomas associados; 
— Fatores de melhora. 
Diagnóstico topográfico 
— Muito difícil de ser realizado com a história clínica, uma vez que devido à origem embrionária 
das vísceras abdominais sua inervação ocorre pelo nervo vago (NC X) e há muita proximidade 
entre suas localizações intra-abdominais, o que prejudica o estabelecimento de um diagnóstico 
topográfico. 
 
Diagnóstico sindrômico 
— Fechado o diagnóstico sindrômico de Dispepsia, podemos ter: 
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• Dispepsia estrutural (30%) 
— Substrato anatômico lesionado que justifica o aparecimento dos sintomas; 
— Úlcera, câncer, inflamações, infecções, etc; 
• Dispepsia funcional (70%) 
— Paciente que tem mau funcionamento do TGI → motilidade, secreções, alterações de 
inervação. 
 
O paciente apresenta sinais de alarme?? Indicam maior probabilidade de doença 
orgânica. 
— Emagrecimento não explicado; 
— Sinais de sangramento → anemia, sangramento digestivo (hematêmese, melena, 
hematoquezia); 
— Obstrução e presença de massas → icterícia, visceromegalias/ massas abdominais, disfagia 
progressiva ou vômitos persistentes; 
— Cirurgias gástricas prévias; 
— Sintomas sistêmicos. 
Diagnósticos etiológicos 
Gastrite associada à H.pylori Doença ulcerosa péptica 
CA gástrico Doença hepatobiliar (colelitíase) 
Doença pancreática (pancreatite crônica e 
CA de pâncreas) 
Parasitoses 
Dispepsia funcional 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gastrite associada à HP 
HP → bactéria gram (-) 
espiralada, microarófila, parasita 
o estômago humano unicamente; 
Prevalência → 10 – 90% na pop 
adulta, sendo mais comum em 
países em desenvolvimento; 
No brasil mais de 50% da 
população adulta é colonizada; 
Transmissão → oral-oral, fecal-
oral, gastro-oral e com alimentos 
contaminados. 
 
HP → quebra ureia em amônia 
(enzima urease), fazendo que o 
pH ao seu redor fique entorno de 
6. Além disso, tem flagelos e 
adesinas que garantem sua 
penetração na mucosa estomacal; 
História natural da doença → 
dias/ semanas (gastrite – 100%) 
→ aumento de risco → meses 
(úlcera duodenal), anos (úlcera 
gástrica) e décadas (neoplasia). 
Sintomas → sintomas crônicos e 
recorrentes de dor epigástrica, 
empachamento, plenitude 
gástrica, saciedade precoce, 
náuseas e desconforto pós-
prandial; 
Suspeita clínica → 
epidemiologia, sintomas e a 
certeza diagnóstica se da pela 
EDA com testes específicos para 
HP. 
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Úlcera péptica 
Solução de descontinuidade da 
mucosa até a submucosa que 
ocorre quando há desequilíbrio 
entre fatores agressivos e 
protetivos da mucosa do TGI; 
Mais comum em homens (1,5 – 
3x); 
 Úlcera duodenal – 95% de 
associação com HP, mais comum 
em 30 – 45 anos; 
Úlcera gástrica – 60 – 70% de 
associação com HP, mais comum 
em 60 – 70 anos; 
Segundo agente etiológico mais 
frequente são os AINEs. 
 
 
Úlcera gástrica 
Dor melhora pouco ou não 
melhora com alimentos; 
Responde pouco a antiácidos; 
Hiporexia; 
Perda ponderal; 
Clocking → acordar de noite 
com dor → estimulação vagal. 
 
Úlcera duodenal 
Dor melhora com dieta; 
Melhora com antiácidos; 
Hiperfagia; 
Ganho ponderal; 
Muito clocking → acordar de 
noite com dor → estimulação 
vagal. 
 
Se complicada → melena, 
hematêmese, anemia, febre, 
dor abdominal e sinais de 
irritação peritoneal. 
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— Para que o paciente desenvolva ou gastrite crônica comum, gastrite só do antro ou gastrite só 
do corpo → é necessário o fator de virulência da bactéria, hábitos de vida do paciente o predispor, 
etc; 
— Número grande de pacientes → gastrite crônica, com acidez normal e sem atrofia da mucosa 
gástrica; 
— 15% dos pacientes → gastrite exclusivamente do antro → hiperacidez devido ao aumento da 
estimulação pela gastrina (tem sua produção aumentada pelas células antrais) → aumento das 
chances de úlcera duodenal pelo HCl; 
— - 5% dos pacientes → gastrite exclusivamente do corpo → paciente hipoclorídrico, uma vez 
que a gastrina não encontra células responsivas a sua função, as quais estão inflamadas, 
predispondo-se à atrofia → no final pode haver desenvolvimento ou de úlcera gástrica ou 
metaplasia intestinal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— AINEs a longo prazo reduzem a defesa da mucosa do TGI contra a HP e à ação do ácido. 
 
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CA gástrico 
Mais comum em H (2:1); 
Sintomas iniciais → 
indistinguíveis de dispepsia 
benigna ou da dispepsia que 
sugere úlcera gástrica: dor 
epigástrica em queimação ou 
aperto, piora com a 
alimentação. Pode associar às 
náuseas e à hiporexia. 
Clínica avançada → perda 
ponderal (síndrome 
consumptiva), melena, 
anemia, dor mais intensa à 
palpação epigástrica e massa 
palpável. 
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Litíase biliar 
10 – 15% da população adulta 
é portadora; 
Maioria assintomática; 
Fatores de risco (5F) → fat, 
female, family history, fertile 
(múltiplos partos) e forty (por 
volta dos 40 anos). 
Fisiopatologia 
1 – Cálculos de colesterol 
— 80 – 90% 
— Supersaturação de 
colesterol na bile; 
— Hipomotilidade da 
vesícula. 
2 – Cálculos de bilirrubinato 
— 10 – 20%; 
— Aumento do aporte de Bb 
em doenças hemolíticas; 
— Estase biliar é importante. 
 
3 – Cálculos marrons 
— Infecção bacteriana. 
Cólica biliar 
70 – 75%; 
Vesícula biliar estimulada 
pela CCK se contrai e seu 
fluxo é interrompido pela 
obstrução; 
Outras coisas (n entram em 
dispepsia): 
— Coledocolitíase → ducto 
colédoco obstruído; 
— Colecistite → inflamação 
da vesícula biliar. 
Cólica biliar 
Dor epigástrica em 
hipocôndrio direito; 
Pode irradiar ao dorso para 
região interescapular; 
Intensa; 
Contínua; 
Raramente em cólica; 
Início súbito, geralmente após 
as refeições ou na madrugada; 
Dura de 15 min – 3h; 
Frequentes náuseas e vômitos. 
 
Doenças pancreáticas 
Pancreatite crônica 
Progressiva inflamação do 
parênquima pancreático e 
substituição por tecido fibroso 
com calcificação, além de 
distorçãodos ductos e 
formação de cálculos 
Etiologia → etilismo em 90% 
dos casos; 
Tabagismo é fator etiológico 
independente; 
Poucos casos tem como 
etiologia fatores hereditários, 
nutricionais e metabólicos. 
3ª – 5ª décadas de vida; 
Mais comum em homens; 
Dor (1ª manif): contínua, 
moderada a intensa, 
epigástrica com irradiação 
para HCE ou HCD e para 
dorso. 
Pode durar horas, dias ou 
semanas, geralmente após 
libação alcoólica ou 
alimentar. 
CA de pâncreas 
95% são exócrinas, 70% de 
cabeça; 
Pancreatite crônica é fator 
predisponente; 
Altamente consumptiva; 
Dor é sintoma cardinal → 
moderada, irradia para dorso, 
continua, piora pós-
alimentação. Vômitos e 
náuseas. Com a progressão 
piora muito a dor e há rápida 
perda ponderal; 
Icterícia presente em mais de 
80% dos casos. 
 
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Obs: Gastrite endoscópica enantematosa antral → não é considerada alteração estrutural e 
orgânica a menos que haja definição etiológica. 
 
 
Parasitoses 
Parasitas cujo habitat é a 
porção proximal do intestino 
delgado; 
1. Strongyloides stercoralis; 
2. Giardia lambia; 
3. Ancylostoma duodenalis. 
 
Dor epigástrica 
incaracterística, pode ser 
continua, episódica, 
moderada, associada ou não 
às náuseas e ao vômito, 
anemia, sintomas de má 
absorção intestinal, sintomas 
pulmonares (ciclo pulmonar) 
e sintomas cutâneos 
(penetração da larva). 
 
Dispepsia funcional 
70% dos pacientes 
dispépticos; 
Critérios (Roma IV) → um 
ou mais presentes: 
1. Dor epigástrica; 
2. Queimação epigástrica; 
3. Empachamento; 
4. Saciedade precoce 
Sem evidências de doença 
gástrica, sistêmica ou 
metabólica em investigação 
de rotina (inclusive EDA); 
Sintomas presentes nos 
últimos 3 meses; 
Início a mais de 6 meses. 
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