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Júlia Camargos FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA CLÍNICA MÉDICA I - NEFROLOGIA AULA 11 - MÉTODOS DIALÍTICOS INTRODUÇÃO: DRC tem alta incidência → poucos casos evoluem como cura e morte, sendo assim, a DRC tem alta prevalência (sempre crescente) TERAPIA DE SUBSTITUIÇÃO DE FUNÇÃO RENAL NA DRC: ● Quando o paciente atinge o nível de insuficiência renal terminal (clearance muito baixo, indivíduo não consegue manter sua homeostase) ele tem duas possibilidades: transplante renal (raro) ou diálise (hemodiálise - maioria; ou diálise peritoneal) ● O transplante renal não é uma cura, o paciente também pode perder a função do rim transplantado, sendo necessário fazer diálise ou um novo transplante. INDICAÇÕES DE DIÁLISE NA DRC: 1 Júlia Camargos SINAIS E SINTOMAS DE UREMIA: ● Comuns: ○ Declínio do status nutricional: perda de peso, queda da albumina ○ Hipervolemia não-responsiva ao tratamento clínico; ○ Fadiga e astenia, ○ Impedimento cognitivo leve: às vezes o pacientes nem percebe ○ Acidose, hiperfosfatemia ou hipercalemia refratárias; ● Indicações Absolutas de Diálise ○ Pleurite ou pericardite; ○ Encefalopatia Urêmica. QUANDO INICIAR DIÁLISE NA IRA: → não existe um consenso entre as duas abordagens, deve ser individualizado ● Diálise Precoce: ○ Evita hipervolemia ○ Maior liberdade administração de nutrição e drogas ○ Previne uremia ○ Previne distúrbios ácido-básicos e eletrolíticos ● Diálise Tardia: ○ ⇩ risco de hemorragia (heparinização) ○ ⇩ risco de hipotensão (hipotensão faz com que o paciente perca ainda mais a função renal) ○ ⇩ risco de arritmias OBJETIVOS DO SUPORTE DIALÍTICO: ● Depuração dos Solutos ● Remoção de Fluidos ● Correção de Distúrbios Hidro-eletrolíticos e Ácido-básicos ● Preservação da Função Renal ● Suporte de Vida na IRA ● Melhora da Qualidade de Vida da DRC TIPOS DE DIÁLISE: → Hemodiálise: 3 vezes por semana (4 horas cada sessão) - fístula arterio-venosa → sangue passa pelo filtro → volta para o paciente (sistema de circulação extracorpórea) - a fístula comunica uma veia periférica com uma artéria profunda 2 Júlia Camargos - Utilizar heparina para que o sangue não coagular - 300 mL por minuto - O filtro é composto por capilares: o sangue passa por dentro dos capilares e a solução de diálise passa em volta → não há um contato direto entre o sangue do paciente e a solução de diálise - A solução de diálise (preparada pela máquina) vai ser descartada no final: cada sessão o paciente entra em contato com 120 litros de solução DIÁLISE: ● A DIÁLISE é um processo pelo qual a composição dos solutos de 80% dos pacientes uma solução A é alterada pela exposição desta solução a uma segunda solução B, através de uma membrana semi-permeável. ○ A (sangue - vários componentes) e B (solução de diálise - livre de componentes) ○ Ex.: ureia que está no sangue entra em equilíbrio quando coloca as duas soluç oes em contato Difusão: ● A DIFUSÃO consiste na passagem de substâncias tóxicas (solutos) em maior concentração no sangue para uma solução de menor concentração (solução de diálise), através de uma membrana porosa, semi-permeável, até o completo equilíbrio dinâmico entre as soluções. ● Durante o tratamento esse equilíbrio nunca vai acontecer porque o líquido está sempre circulando Ultrafiltração: ● Os pacientes com IRC retém líquido, pois perdem a função renal nos seus estágios finais. Para que o paciente não fique hipovolêmico, usamos uma pressão no compartimento sanguíneo e parte desse líquido passa pelos filtros → ultrafiltração ● Retira líquido do paciente quando necessário Convecção: ● Transporte de líquido acompanhando a água 3 Júlia Camargos ● Com altas taxas de transporte de fluidos (isto é, ultrafiltração) do sangue para o dialisato, o transporte convectivo de soluto também ocorre, aumentando assim o transporte de soluto difusivo. Nesse mecanismo, os solutos são efetivamente arrastados junto com o fluido à medida que ele se move pela membrana, dependendo de seu tamanho em relação ao tamanho dos poros da membrana. Ex.: Paciente precisa sair da diálise com 60 Kg - ele faz sessão segunda, quarta e sexta - se na quarta ele chegar com 62 kg → a máquina retira 2 kg durante seu controle (retira de líquido e solutos juntos) Composição da solução de diálise: ● Colocar tudo o que precisamos retirar para que tudo entre em equilíbrio ● Sódio, potássio, cálcio, bicarbonato (trata a acidose), magnésio e glicose (nos pacientes diabéticos) → DIÁLISE é um processo pelo qual a composição dos solutos de uma solução A é alterada pela exposição desta solução a uma segunda solução B, através de uma membrana semi-permeável. PRESCRIÇÃO DA HEMODIÁLISE: ● Características do Filtro ○ Tipo de Membrana ○ Kuf ○ Superfície ○ Clearance de Solutos ○ Possibilidade de Reutilização ● Fluxo de Sangue: quanto maior o fluxo, maior a remoção de solutos ● Fluxo do Dialisado: ● Composição do Dialisado ● Temperatura do Dialisado ● Remoção de Fluidos Acesso Venoso para Hemodiálise: Antes de fazer o acesso venoso, precisamos realizar um mapeamento vascular para determinar como estão os vasos do paciente ● Fístula Artério-Venosa: anastomose término da veia com a lateral da artéria (veia cefálica com artéria radial → fístula arteriovenosa rádio-cefálica) ○ uma vez confeccionada, precisamos esperar um tempo para que ela amadureça → parede da veia se espessa para que seja possível realizar a punção (mínimo de 20 dias) ● Cateter de Duplo Lúmen: paciente sem fístula arterio-venosa com indicação urgente de diálise ou na IRA. Passa por uma veia central (jugular) com a técnica 4 Júlia Camargos de seldinger (punção da veia → fio guia através da agulha → dilatador através do fio guia → retira o dilatador e insere o cateter) ○ Cateter deve permanecer pelo menor tempo possível para evitar processos infecciosos DIÁLISE PERITONEAL: ● Se baseia no princípio de difusão, ultrafiltração e convecção assim como a diálise ● Ao invés de usar um filtro artificial (hemodialisador), usa como membrana de troca os capilares peritoneais ○ implantação de cateter de silicone na cavidade peritoneal e infunde-se o líquido dialisado na cavidade peritoneal ○ os compostos retidos passam por difusão simples para o líquido dialisado, isso é drenado e infunde-se um líquido novo e limpo ● A periodicidade depende do tipo de diálise peritoneal utilizado ● Osmose ○ Diferença entre diálise peritoneal e hemodiálise ○ Ultrafiltração ocorre através de aplicação de um soluto que produz uma substância osmoticamente ativa (glicose hipertônica) que puxa a água por osmose em direção da parte mais concentrada (retira do paciente) ■ Pode ser usado várias doses de glicose hipertônica individualizando o tratamento de cada paciente ● DPAC/CAPD: método de diálise peritoneal bastante utilizado: o paciente recebe treinamento para realizar suas trocas e higienizar. Realiza o procedimento em torno de 4x ao dia. ● Diálise peritoneal automática (DPA): O paciente mantém o peritônio vazio ou com alguma solução de diálise durante o dia mas, normalmente ele não faz trocas durante o dia. À noite o paciente se liga em uma máquina que realiza a diálise. ● Diálise Peritoneal Intermitente: terapia intensiva, utilizada principalmente em crianças, método dialítico da IRA. São realizadas diversas trocas durante o dia através do cateter de Teckoff. Cuidado com infecção (peritonite) ● Não há uma diferença de sobrevida entre a diálise peritoneal e a hemodiálise 5 Júlia Camargos SUPORTE DIALÍTICO NA IRA: ● Intermitentes: ○ Hemodiálise Convencional (HD) ○ Hemodiálise Lenta de baixa eficiência (SLED): quando o paciente não tolera ○ Ultrafiltração (UF): quando precisa retirar apenas líquidos ○ Hemodiafiltração (HDF); Diálise Peritoneal Intermitente (DPI) ● Contínuos: ○ Ultrafiltração Lenta Contínua (SCUF): hemofiltro que utiliza apenas o transporte convectivo ○ Hemofiltração Contínua (CVVHF); Hemodiafiltração Contínua (CVVHDF); Hemodiálise de Fluxo Contínuo (CVVHD) e Diálise Peritoneal Contínua → MÉTODOS CONTÍNUOS: ● 24h/dia ● Vantagens○ Instabilidade hemodinâmica ○ Maior e mais regular remoção de solutos e fluidos ● Sem benefício comprovado em relação a HDI ● Recomendado: UTI, edema cerebral INDICADORES DE QUALIDADE EM DIÁLISE: ● Controle da anemia ● Controle da Doença Osteometabólica (Ca++, P e PTH) ● Infecções ● Internações hospitalares ● Apetite e bem-estar ● Pressão arterial ● Lípides e outros fatores de risco ADEQUAÇÃO DA DIÁLISE: ● Kt/V ○ K = clearance de uréia ○ t = tempo de tratamento ○ V = volume de distribuição da água ● Kt/V de no mínimo 1,2 → paciente bem dialisado 6