Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
@resumeairafa Dengue / Zika / Chikungunya / Febre amarela Rafaela Amaral Medicina – 2°P FPME Arbovírus - vírus transmitidos em natureza, principalmente ou de modo importante, mediante transmissão biológica entre hospedeiros vertebrados suscetíveis por meio de artrópodes hematófagos ou, entre estes, por meio da via transovariana e, possivelmente, da via venérea. Dengue: Flaviviridae – flavivírus - dengue-1, 2, 3 e 4. Morfologia e agente: Os vírus da dengue são esféricos, envelopados, com projeções na superfície. Se replicam no citoplasma celular, após um período de latência de 12 a 16 horas e esse processo relaciona-se à proliferação de organelas no retículo endoplasmático. Os vírus da dengue entram nas células por meio da endocitose mediada por receptores de membrana. A proteína E localiza-se nas espículas do envelope, e é fundamental para a ligação viral ao receptor de membrana e possui os mais importantes domínios antigênicos dos vírus da dengue, os quais podem ser detectáveis por anticorpos monoclonais. Os domínios antigênicos de E contêm epítopos, que são os maiores responsáveis pela indução de imunidade contra os flavivírus. Esses epítopos definem a produção de anticorpos específicos para o tipo viral, para o complexo da dengue e para o gênero flavivírus. Vetores e transmissao: A transmissão dos vírus da dengue envolve mosquitos do gênero Aedes que se infectam após picarem indivíduos virêmicos e transferem, pela picada, e após replicação em seu organismo, os vírus ao indivíduo suscetível. O único animal reservatório a participar no ciclo transmissor dos vírus da dengue é o próprio homem. Os principais vetores da dengue são mosquitos Aedes das espécies aegypti e albopictus. O Aedes aegypti é hoje considerado cosmopolita, ocorrendo principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, tendo resistência limitada a baixas temperaturas e altitudes elevadas. É um mosquito urbano, facilmente encontrada em domicílios e áreas peridomiciliares, enquanto o Aedes albopictus se dispersa com facilidade nos ambientes rural, semissilvestre e silvestre, não dependendo dos locais de grande concentração humana. A transmissão dá-se por fêmeas que, ao se alimentarem de sangue para suprir necessidades proteicas da oviposição, infectam-se picando indivíduos virêmicos. Ciclo biologico Ovo: A fêmea do Aedes põe seus ovos na água parada ou na borda de um local que possa eventualmente ficar molhado. Elas preferem depositar seus ovos dentro de recipientes que possam acumular água, mas um pouco acima da linha d'água. Larva: Ao entrar em contato com a água o ovo se transforma em larva, em apenas 2 ou 3 dias e estas larvas são bastante ativas e movem-se na água, sendo facilmente reconhecidas. Embora o mosquito prefira a água limpa para se reproduzir, ele pode se desenvolver até mesmo na água suja e no esgoto doméstico e se alimenta de protozoários, bactérias e fungos presentes nesta água. Pupa: Em cerca de 7 a 10 dias a larva se transforma em pupa e adota uma forma de vírgula e este estágio é mais curto e dura somente 2 dias, até que o mosquito esteja pronto para 'nascer'. Elas não se alimentam nessa fase, apenas respiram e movem-se muito. Mosquito adulto: A pupa se transforma em mosquito e este sai do seu 'casulo' e está pronto para voar e precisa se alimentar. Normalmente os mosquitos Aedes aegypti se alimentam de frutos e sucos de alguns vegetais, mas após a cópula, a fêmea precisa de sangue para que seus ovos fiquem maduros. Após se alimentar com sangue em 3 dias ela põe seus ovos. O tempo médio de vida de um mosquito adulto é de 30 dias e durante este período cada fêmea pode colocar cerca de 3000 ovos. O mosquito tem hábitos diurnos, mas isso não impede que aconteça voos durante a noite e possíveis deposição de ovos ou picadas. @resumeairafa Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P Patogenia / Imunidade Inoculação dos vírus da dengue - fagocitados pelas células dendríticas (células de Langherhans) - transportados aos linfonodos regionais, onde realizam a sua primeira replicação. Essa multiplicação inicial resulta em uma viremia que dissemina esse patógeno por todo o organismo, livre no plasma ou no interior de monócitos. Os vírus da dengue têm tropismo por células fagocitárias. A infecção primária pelos vírus da dengue é controlada inicialmente pela resposta imune inata e celular. Esses vírus estimulam a produção de anticorpos IgM que se tornam detectáveis, em média, a partir do quarto dia após o início dos sintomas, atingindo os níveis mais elevados por volta do sétimo ou oitavo dia e declinando lentamente, a ponto de não serem mais detectáveis após alguns meses. Os anticorpos da classe IgG, que são observados em níveis baixos a partir da primeira semana do início dos sintomas elevam-se gradualmente atingindo altos valores em duas a três semanas e mantêm-se detectáveis por vários anos, conferindo imunidade contra o sorotipo infectante, provavelmente por toda a vida. Os anticorpos induzidos, durante infecção aguda por um tipo de dengue, também protegem da infecção por outros tipos virais. Entretanto, essa imunidade é mais curta, com duração de poucos meses. A resposta imune humoral é fundamental para a prevenção e a cura das infecções pelos vírus da dengue. A proteína E, parte do envelope viral, é o alvo dominante dos anticorpos protetores contra a dengue. Esses anticorpos podem promover a lise de células infectadas ou inibir a ligação dos vírus aos receptores celulares com consequente neutralização viral. Embora não seja constituinte da partícula viral, a proteína NS1 também é um importante alvo de anticorpos antidengue. Essa proteína é expressa na superfície das células infectadas e também é secretada na circulação. Anticorpos contra a NS1 promovem a lise das células infectadas fixando o complemento e, além disso, atuam como mediadores de fenômenos de citotoxidade celular mediada por linfócitos CD8+. Nos quadros de dengue, os sintomas gerais de febre e mal- estar relacionam-se à presença, em níveis elevados, de citocinas séricas, como TNF-α, IL-6, IFN-γ etc. As mialgias relacionam-se, em parte, à multiplicação viral no próprio tecido muscular, inclusive o tecido oculomotor é acometido, produzindo cefaleia retrorbitária. Quadro clinico: dengue classica/hemorragica Ocorrem após um período de incubação de 2 a 8 dias e são muito variáveis, podendo ser didaticamente classificadas em grupos: 1) as infecções assintomáticas; 2) a febre da dengue, subdividida em quadros de febre indiferenciada (síndrome viral) e as manifestações clássicas da dengue (dengue clássica); a febre hemorrágica da dengue e síndrome de choque da dengue (DHF/DSS); e aqueles quadros menos frequentes, e manifestações clínicas menos usuais, como a hepatite e acometimento cardíaco, e do sistema nervoso central. A d. clássica apresenta-se com início abrupto. Em temperaturas de 39 a 40°C, acompanham-se de cefaleia intensa, dor retro- -ocular, mialgias, artralgias e manifestações gastrintestinais, como vômitos e anorexia. Um exantema pode surgir no terceiro ou quarto dia de doença e é caracterizado por um exantema intenso em que se salientam pequenas áreas de pele sã, sendo que alguns autores o caracterizam por “ilhas brancas em um mar vermelho”. Dengue hemorragica (DSS): As diferenças entre as cepas de dengue parecem apresentar importância no desenvolvimento da DSS. Estudos soroepidemiológicos sugerem que a DHF/DSS é mediada pelas respostas imunes dos pacientes. Supõe-se que a presença de anticorpos contra um dos sorotipos virais tenha importante papel nesse quadro fisiopatológico, pois na vigênciade uma infecção por outro sorotipo, esses anticorpos, oriundos de uma infecção prévia, se ligariam a esse vírus, mas não o neutralizaria e facilitaria a infecção. A presença de antígenos na membrana macrofágica induz fenômenos de eliminação imune por linfócitos T CD4+ e CD8+. Os macrófagos, ativados pelos linfócitos e agredidos ou lisados pelas células citotóxicas, liberam tromboplastina, que inicia os fenômenos da coagulação e, também, liberam proteases ativadoras do complemento, causadoras da lise celular e do choque. O prurido geralmente acompanha o aparecimento do exantema, sendo de difícil controle. Além disso, em alguns casos, fenômenos hemorrágicos discretos (epistaxe, petéquias, gengivorragias) podem ocorrer e não caracterizam um caso de dengue hemorrágica. @resumeairafa Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P O quadro costuma iniciar-se de forma abrupta, similar à forma clássica da dengue, com febre alta, náuseas e vômitos, mialgias e artralgias. Os fenômenos hemorrágicos surgem no segundo ou terceiro dia de doença, com petéquias na face, véu palatino, axilas e extremidades. Pode-se realizar o teste do torniquete ou prova do laço, que consiste na insuflação de um esfigmomanômetro até a média aritmética entre as pressões arterial sistólica e diastólica, mantendo-se essa pressão por cinco minutos e buscando-se a presença de petéquias, sob o torniquete ou abaixo – o teste é considerado positivo quando se encontram 20 petéquias ou mais, em área de uma polegada quadrada. A síndrome de choque da dengue costuma surgir entre o terceiro e o sétimo dias de doença, mantendo-se esse estado crítico por 12 a 24 horas. Os pacientes mostram-se agitados e em alguns casos referem dor abdominal. Posteriormente, tornam-se letárgicos, afebris e com sinais de insuficiência circulatória: pele fria e pegajosa, cianose perioral, pulso rápido e sudorese fria. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a DHF/DSS em quatro graus de gravidade, localizando nos dois primeiros, as formas mais benignas, apenas com febre hemorrágica; e nos dois últimos os quadros graves, com falência circulatória, a síndrome do choque da dengue. Grau I: febre e sintomas inespecíficos tendo como principais achados a plaquetopenia, manifestações hemorrágicas de pequena monta e a prova do laço positiva. Grau II: sintomas contidos no Grau I e presença de fenômenos hemorrágicos espontâneos. Grau III: características do Grau II associado à insuficiência circulatória caracterizada por pulso fraco e rápido, redução da pressão de pulso a 20 mmHg, hipotensão, pele pegajosa e fria, agitação. Grau IV: choque profundo caracterizado por ausência de pulso e pressão arterial após o aparecimento dos sintomas dos graus anteriores. Diagnostico Os métodos virológicos compreendem o isolamento viral por inoculação em culturas celulares, de animais e mosquitos; a detecção de antígenos virais por testes imunoenzimáticos e imunocromatografia; a detecção do genoma viral por transcrição reversa do seu RNA em DNA complementar, seguida de amplificação em cadeia pela polimerase (RT-PCR); ou hibridização com sondas moleculares marcadas. Profilaxia Apesar do relativo sucesso observado com vacinas monovalentes utilizando vírus da dengue atenuados dos sorotipos 1, 2, 3 e 4, inexiste, até o momento, uma vacina que imunize, simultaneamente, contra os quatro sorotipos, o que seria necessário, para evitar infecções sequenciais e consequentemente casos de dengue hemorrágica. Portanto, limita-se o controle das epidemias dessa virose às medidas de combate ao vetor. Para o controle vetorial, recomenda-se um sistema ativo de vigilância epidemiológica. Além disso, é de extrema importância a instrução e a participação ativa da população no controle vetorial - erradicação dos criadouros do mosquito em coleções de água domiciliares e peridomiciliares, fazendo a remoção de recipientes que podem acumular água limpa, incluindo a colocação de tampas em reservatórios. Recipientes que não podem ser tapados devem ter a água substituída semanalmente. Além disso, larvicidas, como o abate, podem ser colocados em reservatórios de água, com ação por até um ano. Epidemiologia Padrão sazonal de incidência coincidente com o verão, devido à maior ocorrência de chuvas e aumento da temperatura nessa estação. É mais comum nos núcleos urbanos, onde é maior a quantidade de criadouros naturais ou resultantes da ação do ser humano. Entretanto, a doença pode ocorrer em qualquer localidade desde que exista população humana susceptível, presença do vetor e o vírus seja introduzido. @resumeairafa Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P Zika: Flaviridae – Flavivírus Morfologia / Vetores/ Transmissao: A transmissão vetorial do vírus se dá através da picada de mosquitos do gênero Aedes, principalmente por Aedes aegypti e Aedes albopictus. Também ocorre transmissão transplacentária e transmissão perinatal, com o RNA do ZIKV sendo encontrado no líquido amniótico e em amostras de sangue pareadas colhidas de neonatos e mães. Ciclo biologico: A infecção do mosquito vetor pelo ZIKV se inicia a partir da ingestão de partículas virais infecciosas (presentes no sangue humano) durante o repasto sanguíneo. Após o período do repasto, há o período de incubação que varia de oito a 12 dias para que o vírus possa replicar-se no estômago do mosquito e chegar às glândulas salivares. O vírus será inoculado em um novo hospedeiro, durante um novo repasto sanguíneo, pelas glândulas salivares do vetor, agora contaminadas, iniciando assim um novo ciclo. Outra forma de infecção do mosquito vetor se dá pela transmissão transovariana ou vertical, passando da fêmea contaminada aos seus descendentes sem a necessidade de outro hospedeiro. Sinais / Sintomas / Patogenia Os sinais e sintomas são caracterizados por início agudo de febre, exantema maculopapular, mialgia, conjuntivite não purulenta, fadiga, artralgia, cefaleia e mal-estar e também pode ocorrer edema, tosse seca e alterações gastrointestinais, principalmente vômitos, um complexo de sintomas que dificulta o diagnóstico diferencial. Formas graves e atípicas são raras, mas quando ocorrem podem até evoluir para óbito. A síndrome de Guillain-Barre normalmente se apresenta como paralisia muscular ascendente, progressiva, subaguda, com picos a cada quatro semanas e é acompanhado por ausência de reflexos. Normalmente afeta os membros sem o envolvimento de nervos cranianos, mas pode progredir e afetar os nervos faciais e também os músculos respiratórios. A Microcefalia é uma anormalidade rara que pode causar deficiência intelectual, retardo no desenvolvimento, problemas motores, de visão e de audição, mas a microcefalia é apenas a “ponto do iceberg”, diversos outros problemas podem ocorrer devido à síndrome congênita pelo ZIKV, como por exemplo, artrogripose, esofagite, epilepsia, e más formações de diversos de órgãos. Diagnostico O diagnóstico laboratorial das infecções pelo ZIKV pode ser realizado por métodos diretos que visam isolar ou identificar o vírus ou por métodos indiretos, os quais consistem na detecção de anticorpos específicos do tipo IgM e IgG decorrentes da infecção. Engloba o isolamento viral, seguido de imunofluorêscência, considerado o “padrão ouro”, no entanto, este possui baixa sensibilidade e um elevado tempo para o resultado e a detecção do ácido nucléico por RT-PCR em tempo real a partir de amostras de soro, urina e saliva, que é o método mais indicadopara o diagnóstico por ser mais sensível e rápido. O diagnóstico por métodos indiretos consistem em testes sorológicos para pesquisa de anticorpos, como o MAC-ELISA (CDC) para detecção de anticorpos específicos contra o ZIKV, a imunofluorescência, teste de neutralização e redução de placa (PRNT), para detecção de anticorpos neutralizantes, esta técnica é mais utilizada como confirmatória ao MAC- ELISA e testes comerciais para a detecção de IgM ou IgG. Profilaxia / Controle Um controle vetorial eficaz depende de uma abordagem integrada que envolva a eliminação de criadouros de Aedes aegypti, aplicação de larvicidas e aplicação de inseticidas para matar os mosquitos adultos @resumeairafa Epidemiologia O elevado potencial para a propagação deste vírus é evidenciado por vários fatores, como os surtos recentes, a velocidade pelo qual o vírus se espalhou nas Américas e a detecção de casos importados em diferentes regiões do mundo. Diversos casos importados de zika foram relatados em viajantes que retornaram de áreas endêmicas e epidêmicas. Estas importações aumentam o risco de disseminação do ZIKV para áreas onde potenciais vetores competentes estão presentes, especialmente Aedes aegypti e Aedes albopictus. No Brasil: No final de 2015, observou-se o aumento de casos de microcefalia nos estados de Pernambuco e Paraíba. O estado de Pernambuco foi o primeiro a relacionar que o possível aumento do número de casos de microcefalia poderia estar relacionado com a infecção congênita pelo ZIKV. Em novembro de 2015, o governo brasileiro, declarou Emergência Sanitária de Importância Nacional, devido ao aumento do número de casos de microcefalia em bebês, sobretudo no Nordeste, o que levou a uma “guerra” contra o Aedes aegypti considerado o principal vetor do ZIKV. Em alguns estados da região Nordeste houve um aumento de até 20 vezes no número de casos de recém-nascidos com microcefalia. No final deste mesmo ano, o vírus já havia se espalhado por quase todo o país. O Brasil foi o país mais afetado pelo ZIKV durante a epidemia nas Américas, tendo seu início possivelmente em 2014. Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P Chikungunya – Togaviridae – Alphavirus Morfologia/ Vetores/ Transmissao: Se assemelha a morfologia do vírus da dengue e da zika. Possui os mesmos vetores e o mesmo modo de transmissão. Ciclo de transmissao: O arbovíirus Chikungunya (CHIKV) possui dois ciclos de transmissão distintos: ciclo enzoótico/silvático e urbano. No primeiro o vírus é transmitido por várias espécies de mosquito do gênero Aedes a primatas não-humanos (macacos) especialmente na África, e o homem pode eventualmente se infectar quando entra em ambientes de florestas. O ciclo de transmissão urbano envolve duas espécies de mosquitos altamente antropofílicas A.aegypti e A. albopictus além do homem. Se repete por ter os mesmos vetores, e também só a fêmea com capacidade de inocular o vírus. Sinais/ Sintomas/ Patogenia Após um período de incubação médio de 3 a 6 dias, o quadro clínico muito semelhante à dengue se inicia de forma súbita com febre elevada, que se acompanha de intensa artrite com edema e fortes dores, geralmente associado à tenossinovite, mialgias e cefaleia, sendo que vários pacientes também apresentam náuseas, vômitos, diarreia, bem como conjuntivite e ingurgitamento ganglionar. Irritação e intenso prurido cutâneo também são relatados por muitos pacientes. Essa fase inicial dura em média 3 a 5 dias e corresponde ao período de viremia. No hemograma se observa intensa leucopenia acompanhada de trombocitopenia. As fortes dores articulares estão associadas às células infectadas nas juntas, especialmente, fibroblastos, enquanto células satélites musculares respondem pelas mialgias intensas. @resumeairafa Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P O quadro da doença aguda dura até duas semanas, mas as artralgias perduram por várias semanas, meses ou mesmo anos, após cessados todos os demais sintomas. Curiosamente, os adultos do sexo feminino são mais afetados com artralgias e, em muitos casos, pode ocorrer artrite, inclusive com deformação das articulações e perda funcional. Diagnostico Achados laboratoriais anormais podem incluir trombocitopenia leve (> 100.000/mm3), leucopenia e transaminases, discretamente elevadas. O diagnóstico laboratorial específico é feito por meio das tentativas de isolamento viral bem com a RT-PCR que também tem sido utilizada com sucesso no diagnóstico da infecção. O uso dos ensaios imunoenzimáticos para detecção de IgM (IgM-ELISA) e de IgG (IgG-ELISA) são mais práticos e podem fornecer um diagnóstico presuntivo rápido de infecção recente com uma única amostra sérica obtida a partir do quinto ou sexto dia de doença. Profilaxia / Controle Atualmente se encontra disponível uma vacina de vírus vivo atenuado; essa vacina induz resposta imune com produção de anticorpos neutralizantes e tem sido usada para proteger pessoal de laboratório que manipula o vírus chikungunya e está sendo testada para uso em saúde pública. Outra vacina disponível é uma com vírus inativado que, testada em camundongos, resultou em proteção contra desafio letal. Muitas outras abordagens para desenvolvimento de vacina para o vírus chikungunya estão em desenvolvimento, sendo as principais vacinas: de DNA recombinante e de vírus quiméricos. No entanto, ainda estão longe de serem disponibilizadas para testes clínicos. Atualmente a única forma de prevenir a infecção pelo vírus chikungunya em larga escala é o controle vetorial dos transmissores Aedes aegypti e Aedes albopictus ou uso de proteção individual como repelentes e etc. Epidemiologia No Brasil, os primeiros casos autóctones foram identificados em Oiapoque, estado do Amapá (Norte), e Feira de Santana, estado da Bahia (Nordeste), em setembro de 2014. A realidade brasileira favoreceu a introdução e a expansão do vírus, já que o Aedes aegypti pode ser localizado em mais de 4.000 municípios, e o Aedes albopictus, em 3.285. Poucos estados vivenciaram epidemias por chikungunya até o momento, no entanto, a alta densidade do vetor, a presença de indivíduos susceptíveis e a intensa circulação de pessoas em áreas endêmicas contribuem para a possibilidade de epidemias em todas as regiões do Brasil. Chikungunya é uma doença de notificação compulsória, conforme estabelecido na Portaria 204 de 2016. Febre amarela – Flaviviridae – Flavivírus Morfologia: Os flavivírus são esféricos, envelopados, com projeções em sua superfície e medem de 40 a 80 nm de diâmetro. Os flavivírus entram nas células após ligação da proteína E viral a um receptor de membrana, provavelmente uma glicoforina. Em seguida, a partícula é englobada por pinocitose, ficando o vírus dentro de um endossoma. O envelope funde-se à membrana do endossoma e o capsídeo viral é lançado no citoplasma. Ciclo de vida / Transmissao / Vetores Ciclo silvestre: No Brasil, a febre amarela silvestre é endêmica na Região Amazônica e no Planalto Central. Trata- se de uma doença de macacos que, ao se infectarem, costumam ter alta mortalidade. O macaco guariba (Alouatta) e o macaco-prego (Cebus) são sensíveis à infecção viral, que costuma resultar em morte do animal. Ciclo urbano: A última epidemia urbana ocorreu no Estado do Acre, em 1942. O ciclo urbano envolve mosquitos Aedes aegypti fêmeas que são hematófagas devido às necessidades proteicas relacionadas à oviposição. Elas se infectam após picarem indivíduos virêmicos e transferem o vírus, através da picada, ao homem suscetível, determinando um ciclo. A viremia em seres humanos costuma sercurta, perdurando por apenas 3 a 5 dias após o aparecimento dos sintomas. Depois da picada infectante, o vírus multiplica-se no aparelho digestivo do mosquito, disseminando-se pelos diferentes tecidos do inseto. A chegada do vírus às glândulas salivares, após um período de incubação denominado extrínseco, de 7 a 11 dias, determina o início do período de transmissão viral pelo mosquito, que passa a transmiti-lo por toda a vida. @resumeairafa Sinais / Sintomas / Patogenia A febre amarela começa abruptamente, com febre, calafrios, cefaleia intensa, dor lombossacral, mialgia generalizada, anorexia, náuseas e vômitos, além de hemorragias gengivais de pequena intensidade ou epistaxe. Apesar de o paciente apresentar febre alta, pode haver bradicardia relativa à temperatura (sinal de Faget). Essa síndrome dura aproximadamente três dias e corresponde ao período de infecção, durante o qual o vírus está presente na circulação. Essa fase pode ser seguida pelo período de remissão, no qual ocorre a melhora dos sintomas e que dura, em média, 24 horas. Entretanto, nos quadros graves, a febre e os sintomas reaparecem. Os vômitos tornam-se mais frequentes, e aparecem dor epigástrica, prostração e icterícia. Esses sintomas caracterizam o período de intoxicação. A viremia já não está mais presente e os anticorpos aparecem nessa fase. A diátese hemorrágica se apresenta como hematêmese (vômito negro), melena, metrorragia, petéquias, equimoses e sangramento difuso pelas membranas mucosas. Desidratação é geralmente devida aos vômitos e às perdas insensíveis aumentadas. A disfunção renal é marcada pelo aparecimento súbito de albuminúria e pela diminuição do débito urinário. O óbito acontece em 20 a 50% dos casos graves, geralmente entre o sétimo e o décimo dia de doença. Precedendo o óbito, há piora da icterícia, hemorragias, taquicardia, hipotensão, oligúria e azotemia. Hipotermia, agitação, delírios, soluços incoercíveis, hipoglicemia, estupor e coma são sinais que apontam para o êxito letal. Os vírus da febre amarela produzem uma infecção sistêmica. Após uma replicação inicial, o vírus é liberado por células nos dutos linfáticos e, em seguida, para os vasos sanguíneos, produzindo viremia. Seguindo-se à viremia, o vírus infecta órgãos pelos quais tem tropismo, incluindo coração, timo, rim e fígado. No fígado, os hepatócitos, células de Kupffer e macrófagos são infectados, e essas células sofrem apoptose ou necrose lítica, produzindo os sinais e sintomas de doença hepática. O fígado apresenta- se com tamanho normal ou ligeiramente aumentado e com consistência amolecida. Focos hemorrágicos subcapsulares e parenquimatosos costumam ser encontrados. A arquitetura lobular apresenta-se pouco alterada, estando, na maioria das vezes, preservada. A lesão microscópica característica da febre amarela acomete hepatócitos da zona média do lóbulo hepático sem atingir as células que circundam a veia central. As células de Kupffer mostram-se hipertrofiadas e os sinusoides dilatados, podendo haver grande quantidade de exsudato intersticial e mesmo hemorragia, com resposta inflamatória moderada ou mesmo ausente. O exame do coração de casos fatais por febre amarela mostra fibras miocárdicas edemaciadas, degeneradas e com infiltração gordurosa. O cérebro pode se mostrar edemaciado e com hemorragia petequial. Elementos linfocíticos do baço e linfonodos apresentam-se depletados, com acúmulo de histiócitos nos folículos esplênicos. Diagnostico O diagnóstico específico depende do isolamento viral, da demonstração de antígenos ou do genoma viral e da resposta humoral desenvolvida contra esse vírus pelos pacientes infectados. O diagnóstico pode ser feito com rapidez e alta sensibilidade pela detecção do genoma viral em sangue e outros materiais clínicos ou fragmentos de órgãos, pela reação em cadeia da polimerase precedida por transcrição reversa do RNA viral em DNA (RT-PCR). A técnica mais usada no diagnóstico sorológico, na fase aguda da doença, é a imunoenzimática (Mac-ELISA) para detecção de anticorpos IgM contra o vírus. Os anticorpos IgM desaparecem em aproximadamente dois meses após o surgimento da doença. Fazer a distinção entre anticorpos produzidos pela vacina de febre amarela, ou por infecções causadas por outros flavivírus, e a infecção por vírus selvagem da febre amarela é um problema prático que ainda não foi completamente resolvido no diagnóstico sorológico. Outros testes sorológicos usados são os testes de inibição da hemaglutinação (HI), fixação do complemento (FC), imunofluorescência indireta (lEI) e neutralização (NT). Os anticorpos detectáveis por HI, lEI e NT aparecem durante a primeira semana da doença, enquanto os FC aparecem tardiamente. Profilaxia / Controle Embora a zoonose que determina casos de febre amarela silvestre não possa ser controlada, a ocorrência de casos humanos pode ser prevenida com o uso de vacina (YF-17D). Também é importante prevenir o aparecimento de surtos urbanos e, para tanto, faz-se necessário monitorizar os índices de infestação por vetores, com eliminação de criadouros e uso de inseticidas para prevenção do ciclo urbano. A vacina antiamarílica está indicada em indivíduos com mais de 6 meses de idade, sendo ministrada em dose única pela via parenteral e com reforço a cada 10 anos, como parte da rotina do Programa Nacional de Imunização nas zonas endêmicas, de transição e de risco potencial, bem como para todas as pessoas que se deslocam para zonas endêmicas. Epidemiologia No Brasil, em 2003 e 2004, foram notificados 67 casos, com 25 óbitos, a maioria no Estado de Minas Gerais. Mais de 80% dos casos ocorrem em indivíduos do sexo masculino, de 14 a 35 anos, provavelmente por se exporem mais ao local de ocorrência da zoonose. Nos surtos recentes, têm mudado os tipos de indivíduos que adquirem febre amarela. Antigamente, eram na maioria lenhadores, garimpeiros, seringueiros e outras pessoas ligadas à vida na mata. Nos últimos anos, a doença passa a ocorrer em fazendeiros, pescadores, caminhoneiros e em turistas ecológicos. Em verdade, correm risco de adquiri-la pessoas não vacinadas e que, em regiões florestais ou rurais onde ocorra o vírus, sejam expostas à picada dos mosquitos vetores. Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P @resumeairafa Doencas emergentes e reemergentes "Doença emergente" é o surgimento ou a identificação de um novo problema de saúde ou um novo agente infeccioso como, por exemplo, a febre hemorrágica pelo vírus Ebola, a AIDS, a hepatite C, a encefalite espongiforme (doença da vaca louca) ou microorganismos que só atingiam animais e que agora afetam também seres humanos como o vírus da Febre do Nilo Ocidental, o hantavírus e o vírus da influenza aviária (A/H5N1). Já as "doenças reemergentes" indicam mudança no comportamento epidemiológico de doenças já conhecidas, que haviam sido controladas, mas que voltaram a representar ameaça à saúde humana. Inclui-se aí a introdução de agentes já conhecidos em novas populações de hospedeiros suscetíveis. Na história recente do Brasil, por exemplo, registra-se o retorno da dengue e da cólera e a expansão da leishmaniose visceral. Fatores que contribuíram para a emergência de doenças infecciosas: Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P @resumeairafa O controle de uma doença representa a convivência com certos níveis toleráveis de acometimento humano. É fundamental a manutenção contínua de medidas de controle sobre os serviços de saúde, sejam epidemiológicos ou clínicos, com o objetivo de surpreender precocemente riscos de retomo da doença, assim como avaliar o resultado das açõesrealizadas em seu combate, quanto às possíveis mudanças comportamentais dos agentes etiológicos. Triade epidemiologica A tríade epidemiológica – para alguns tríade ecológica das doenças– é composta por hospedeiro, agente e meio ambiente. O "desequilíbrio" desses "sistemas" leva ao surgimento e/ou aumento de casos de doenças. A Tríade Epidemiológica é o modelo tradicional de causalidade das doenças transmissíveis. Os agentes podem ser infecciosos ou não infecciosos e são necessários, mas nem sempre suficientes, para causar a doença. Os agentes não infecciosos podem ser químicos ou físicos. Os fatores do hospedeiro são os que determinam a exposição de um indivíduo, sua suscetibilidade e capacidade de resposta e suas características de idade, grupo étnico, constituição genética, gênero, situação socioeconômica e estilo de vida. Por último, os fatores ambientais englobam o ambiente social, físico e biológico. Nesse modelo se baseia a cadeia de infecção. O Modelo de Componentes Causais é um modelo de multicausalidade que se aplica a todo tipo de doenças. Conforme esse modelo, a doença se produz por um conjunto mínimo de condições que agem em sintonia. Todas as possíveis condições ou eventos são denominados causas componentes (A, B, C, D, E, F, G, H, I, J). O conjunto mínimo de condições que age em sintonia e causa a doença é denominado causa suficiente. Desse modo, uma causa suficiente é um conjunto de causas componentes, nenhuma das quais é supérflua. Uma causa suficiente representa um mecanismo causal de doença: a doença inicia-se quando se completa uma causa suficiente. Os fatores que representam causas componentes de doença incluem os fatores do agente, hospedeiro e ambiente da tríade epidemiológica, assim como também do modelo de determinantes da saúde. Rafaela Amaral Arboviroses Medicina-FPME-2°P
Compartilhar