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@resumosdamed_ 1 SEMIOLOGIA BOCA, NARIZ E ORELHAS SEMIOLOGIA DA BOCA E FARINGE: Do ponto de vista do exame clínico como um todo, a boca ou cavidade oral e a faringe não podem ser dissociadas da complexa “região bucomaxilofacial”, assim como das demais estruturas da cabeça e do pescoço, incluindo principalmente os linfonodos. Os órgãos que compõem essa região são estreitamente interligados, anatômica e funcionalmente, de tal modo que inúmeras afecções não respeitam os limites estabelecidos pelas especialidades que têm como base a fragmentação do corpo humano. ANATOMIA: A cavidade oral é delimitada anteriormente pelos lábios; posteriormente pelo arco palatoglosso; superiormente pelo palato mole e palato duro; inferiormente pelo assoalho da boca. A faringe é a sua continuação. O início da conversão dos alimentos em substâncias adequadas à absorção e à assimilação começa na cavidade oral, onde os dentes os trituram, transformando os em pedaços menores. A faringe estende-se da base do crânio, cuja parede posterior está inserida no tubérculo faríngeo do osso occipital e na parede lateral na parte petrosa do osso temporal, até a borda inferior da cartilagem cricoide. Divide-se em nasofaringe ou rinofaringe, orofaringe e hipofaringe ou laringofaringe. A nasofaringe estende-se da base do crânio até uma linha imaginária no palato mole. Comunica-se com a cavidade nasal por meio das cóanas e com a orelha média pelas tubas auditivas. A orofaringe tem como limite anterior a superfície posterior do palato mole. Lateralmente encontram-se duas membranas, anteriormente, o arco palatoglosso, e o palatofaríngeo, posteriormente. Entre as duas pregas situam-se as fossas tonsilares que são ocupadas pelas tonsilas palatinas. Inferiormente, encontra-se o dorso da língua e posteriormente a epiglote. A hipofaringe ou laringofaringe estende-se da borda superior da epiglote até a borda inferior da cricoide. Após a mastigação, a fase faríngea da deglutição começa com a elevação do palato mole para fechar a nasofaringe, a qual consiste em contrações dos constritores da faringe para propulsionar o bolo alimentar. Simultaneamente, a laringe é fechada para proteger a via aérea. Ana Luisa Kaled Ratacheski Texto @resumosdamed_ 2 EXAME FÍSICO: LÁBIOS: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Lesões; • Rachaduras (comum em idosos e pessoas que respiram pela boca); • Lábio leporino; • Herpes labial; • Queilite; • Presença de edema; • Tumor; • Desvio de comissura (paralisia); • Coloração (anemia ou cianose). Obs: a Síndrome de Peutz-Jeghers é uma doença autossômica dominante com múltiplos pólipos hamartomatosos no estômago, intestino delgado e colo, juntamente com lesões epidérmicas pigmentadas distintivas. CAVIDADE ORAL: Realizar a inspeção das mucosas (jugal, gengival e labial), a fim de identificar: • Cor; • Hidratação; • Lesões; • Xerostomia (boca seca); @resumosdamed_ 3 • Freio labial; • Presença de estomatite (áfta); • Candidíase; • Ducto salivar. Figura 1: Aftas DENTES: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Número de dentes (32 dentes); • Desgastes; • Bruxismo; • Higiene; • Desalinhamento; • Cor; • Preservação (cáries, próteses, obturações). LÍNGUA: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Posição; • Tamanho; • Cor; • Umidade; • Superfície; • Movimentos; • Saburra; • Assoalho; • Candidíase; • Hidratação; • Lesões; • Glossite (inflamação ou infecção da língua com mudança em sua coloração, perda das papilar gustativas, edema, aspecto liso); • Geográfica; • Lisa (sugestiva de anemia); • Seca (paciente febril ou desidratado); Ana Luisa Kaled Ratacheski é um sinal patognomônico Ana Luisa Kaled Ratacheski ageusia —> perda ou diminuição do paladar @resumosdamed_ 4 • Língua em framboesa (lisa e avermelhada). GENGIVAS: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Cor (normal, rósea, avermelhada); • Hidratação; • Estomatite; • Hipertrofia; • Gengivite; • Edema (comum em gravidez). PALATO DURO: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Ulcerações; • Massas; • Tonos palatino (crescimento ósseo benigno – exostose – na linha média do palato). AMÍGDALAS: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Pesquisar por amigdalite; • Amigdalite de repetição – encaminhar para especialista; • Amígdala com placa bacteriana. Obs: o Sinal da Cortina de Vernet refere-se à lesão do IX e/ou X nervo craniano, no qual a parede posterior da faringe desvia-se para o lado normal. Ana Luisa Kaled Ratacheski sinal da cortina caída @resumosdamed_ 5 FARINGE: O exame da faringe deve ser feito em continuidade ao da região bucomaxilofacial, utilizando-se o abaixador de língua, posicionado nos dois terços anteriores da língua, para se conseguir uma boa visualização. Solicita-se ao paciente manter a língua dentro da boca, de forma relaxada. Deve-se analisar a orofaringe, as tonsilas palatinas, os arcos palatoglossos e os palatofaríngeos. Observa-se primeiramente o tamanho da língua e sua relação com o palato mole. Para sistematização do exame da faringe, pode-se utilizar a classificação de Mallampati, modificada por Friedman. As tonsilas devem ser avaliadas quanto ao tamanho, simetria, presença de exsudato ou caseum, tamanho das criptas, ulcerações, tumores ou abaulamentos. Para facilitar o registro dos achados clínicos, deve-se utilizar a classificação de Brodsky, que inclui a posição e o tamanho das tonsilas. SEMIOLOGIA DO NARIZ E SEIOS PARANASAIS: Os seios paranasais são extensão da cavidade nasal, denominados de acordo com o osso onde se desenvolvem e crescem, tendo-se, então, seios frontais, seios maxilares, células etmoidais e seios esfenoidais. @resumosdamed_ 6 EXAME FÍSICO: O exame físico das fossas nasais dá-se por: inspeção, rinoscopia anterior e endoscopia nasal. Durante a inspeção, realiza-se a inspeção externa e interna. INSPEÇÃO EXTERNA: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Lesões (descrever local, tipo de lesão, tamanho); • Feridas que não saram; • Acne; • Piercing; • Cicatriz; • Desvio de septo (visível em raio X, pode causar dificuldade respiratória); • Batimento de asa de nariz; • Nariz em sela (destruição do osso do nariz); • Destruição do septo nasal; • Rinofima (lesão nodular em glândulas sebáceas); • Lesões de Leishmaniose. Figura 2: Rinofima Figura 3: Nariz Leishmaniose Ana Luisa Kaled Ratacheski nariz de tapir @resumosdamed_ 7 INSPEÇÃO INTERNA: Realizar inspeção e palpação, a fim de identificar: • Presença de pelos; • Secreções; • Corpo estranho; • Mucosa nasal (normal, avermelhada ou pálida). RINOSCOPIA ANTERIOR: O exame das cavidades nasais é realizado com iluminação obtida por uma fonte de luz externa. Com um espéculo nasal apropriado e de tamanho adequado para cada paciente, promove-se a lateralização da asa do nasal para permitir melhor visão do interior da cavidade nasal. Observar: inferiormente, o assoalho da cavidade nasal e se há secreções ou lesões; lateralmente, a cabeça da concha inferior (coloração da mucosa, hipertrofia, degenerações polipoides), cabeça da concha média e meato médio (local em que ocorre drenagem das secreções provenientes dos seios frontal, maxilar e etmoidal anterior); medialmente, septo nasal (deformidades, perfurações, ulcerações e abaulamentos). RINOSCOPIA POSTERIOR: Com a língua relaxada, apoiada no assoalho da boca e assim mantida com auxílio de abaixador de língua, introduz-se o espelho de laringe pequeno, previamente aquecido, em direção à parede posterior da orofaringe até ultrapassaros limites do palato mole. Avaliar as paredes da rinofaringe, as cóanas, a cauda da concha inferior, a porção posterior do septo nasal, o tamanho das tonsilas faríngeas e as tubas auditivas bilateralmente (exame de difícil realização em crianças e pacientes não colaborativos). SEMIOLOGIA DAS ORELHAS: Pode-se dividir a orelha em externa, média e interna. A orelha interna é um conjunto complexo de estruturas no interior do osso temporal dividido em dois sistemas: o labirinto anterior ou cóclea, que contém os órgãos da audição, e o labirinto posterior ou sistema vestibular, que contém os órgãos responsáveis pelo equilíbrio. A orelha externa é formada por duas partes: o pavilhão auricular, fixado lateralmente na cabeça; e o meato acústico externo (MAE), que se estende do pavilhão auricular até a membrana timpânica. O pavilhão auricular, constituído por um esqueleto fibrocartilaginoso, permite identificar e localizar a fonte sonora. Em sua porção medial está localizada a concha, uma escavação profunda, ao redor da qual há quatro saliências: hélice, antélice, trago e anti-trago. Entre as cruras da antélice situam-se as fossas triangular e escafoide, entre a antélice e a hélice. A orelha externa funciona como uma caixa de ressonância, sendo responsável por transferir e amplificar o som para a orelha média. Ana Luisa Kaled Ratacheski deve-se descrever, se é hialina, serosa… @resumosdamed_ 8 Além disso, ela fornece proteção para a orelha média e a interna, mantendo em equilíbrio a temperatura e a umidade, condições necessárias para preservação da integridade da membrana timpânica. A orelha média é uma cavidade pneumática (cheia de ar) localizada na parte petrosa do osso temporal, denominada cavidade timpânica. Comunica-se com a nasofaringe por meio de um canal osteocartilaginoso, a tuba auditiva. Na cavidade timpânica encontra-- se a cadeia ossicular, composta por três ossículos: martelo, bigorna e estribo, articulados entre si, e que se estendem da membrana timpânica à orelha interna. A membrana timpânica protege a orelha média da entrada de corpos estranhos, sendo sua elasticidade responsável pela transmissão da energia mecânica do som para os ossículos da orelha média, que participam da amplificação sonora. EXAME FÍSICO: Para o exame físico, utilizam-se inspeção, palpação, ausculta (testes de Weber e Rinne) e testes de função vestibular. INSPEÇÃO DAS ORELHAS EXTERNA E MÉDIA: Deve-se observar forma, tamanho e cor do pavilhão auricular, com o objetivo de detectar: • Malformações (agenesia de pavilhão auricular); • Microtia do pavilhão auricular (deformidade congênita, na qual o pavilhão auricular é subdesenvolvido); • Aplasia ou hipoplasia do meato acústico externo; • Orelhas proeminentes; • Fístulas ou cistos préauriculares. @resumosdamed_ 9 No meato acústico externo, pesquisar: • Edema; • Secreções; • Descamações; • Sangue ou cerume; • Corpo estranho; • Escoriações ou alterações na estrutura (estreitamento, abaulamento, deformidades). À otoscopia ou à otomicroscopia, a membrana timpânica, quando normal, tem formato arredondado, coloração perlácea com uma região anterior que reflete a luz do otoscópio, chamada triângulo luminoso de Politzer. O cabo do martelo, disposto em sentido vertical, e sua porção inferior fica ligeiramente inclinada para trás, terminando no umbus ou umbigo, parte mais côncava da membrana timpânica. Algumas alterações mais frequentes da membrana timpânica: • Otite média aguda (observa-se membrana timpânica íntegra e abaulada); • Membrana timpânica com perfuração central; • Membrana timpânica íntegra com áreas de esclerose. Obs: O Coloboma auris, também denominado fístula pré-auricular ou sinus pré-auricular, trata-se de uma malformação congênita, caracterizada por um diminuto orifício, habitualmente de formato oval, apresentando 1 a 2 mm no seu maior diâmetro, na margem anterior do ramo ascendente da região exterior do pavilhão auricular. PALPAÇÃO DA ORELHA EXTERNA: A palpação do pavilhão auricular e da região retroauricular é útil para avaliação de tumorações, identificação de linfonodos, cistos, abscessos ou hematomas. Indispensável para identificar áreas de flutuação Figura 4: Membrana Timpânica íntegra Figura 5: Membrana Timpânica com perfuração central Figura 6: Membrana Timpânica íntegra com áreas de esclerose Figura 7: Microtia Figura 8: Coloboma Auris Figura 11: Lobuloplastia Figura 9: Carcinoma Figura 10: Pericondrite @resumosdamed_ 10 quando houver suspeita de abscesso. Observar também a presença de orifícios (fístulas), malformações dos arcos branquiais, como o Coloboma auricular. TESTE DE WEBER E RINNE: Estes testes são realizados com diapasão, instrumento de aço ou alumínio, com formato semelhante à letra “Y”, que emite um tom puro ao ser percutido. Cada diapasão emite som de acordo com o número de ciclos por segundo (128, 256, 512, 1024 e 2048). Para realizar o teste segura-se o diapasão pela haste rígida e batem-se as hastes livres na palma da mão ou dorso da mão, para fazê-lo vibrar. TESTE DE WEBER: O diapasão é colocado na linha média do crânio do paciente, na testa, glabela ou incisivos centrais superiores ou inferiores. O paciente deve informar se escutou o som na linha média, na orelha direita ou na esquerda. TESTE DE RINNE: Permite comparar a audição por vias óssea e aérea. O diapasão é colocado na apófise da mastoide do paciente até o desaparecimento da percepção sonora; em seguida é colocado na região anterior ao trago, sem tocá-lo. Em indivíduos com audição normal a via respiratória é mais sensível à percepção sonora do que a via óssea, ou seja, a percepção do som ainda ocorre quando o diapasão estiver localizado à frente do trago (Rinne positivo). Perdas neurossensoriais: teste de Rinne positivo significa que há rebaixamento tanto na via respiratória quanto na via óssea. Perda condutiva: teste de Rinne negativo, ou seja, a percepção na via óssea é melhor que na via respiratória. Paciente escuta melhor o som do diapasão quando estiver apoiado na mastoide. @resumosdamed_ 11 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 1. PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ª ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019. Ana Luisa Kaled Ratacheski TERMOS - NARIZ anosmia - perda total do olfato hiposmia: diminuição do olfato —> causas: lesão do nervo olfatório/ obstrução das fossas nasais e outras doenças rinorragia —> sangramento nasal epistaxe —> sangramento nasal (mucosas) rinorréia—> secreção nasal cacosmia—> sentir odores desagradáveis
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