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LARISSA MENEZES – AISCA III INTRODUÇÃO • Uma das infecções bacterianas mais frequentes da pediatria • Vacinação contra Pneumococo e Haemophilus influenzae tipo B • Principal causa de doença bacteriana grave em lactentes febris IMPORTÂNCIA E PREVALÊNCIA • Risco alto de sepse em lactentes menores (principalmente nos menores de 3 meses) • Dano ao tecido renal (cicatrizes renais) • Podendo ocorrer hipertensão arterial e doença renal crônica pela perda da função renal • Até 3 meses: • Postectomia precoce só é indicada em mal formação do TU ou ITU de repetição. Após os 2/3 anos que avalia se persiste e se necessita • Com o crescimento começa a ter importância maior nas meninas, principalmente nos 3 a 5 anos de idade (desmame das fraldas) e adolescência • Estima-se que pelo menos 8% das meninas e 2% dos meninos apresentarão, no mínimo, um episodio de ITU durante a infância DEFINIÇÃO • Multiplicação de microrganismos em qualquer segmento do TU • Trato urinário estéril: ▪ Rins ▪ Ureteres ▪ Bexiga ▪ Uretra posterior ▪ Colonização bacteriana: ▪ Uretra anterior ▪ Região periuretral CLASSIFICAÇÃO • Bactérias no trato urinário estéril • Bacteriúria sintomática: ▪ Cistite (baixa) ▪ Pielonefrite aguda (alta): ONA • Bacteriúria assintomática: ▪ Indicações absolutas de tratamento na assintomática: gestantes e procedimentos com manipulação do trato urinário ▪ Aumentar ingesta de água ETIOLOGIA • Principal agente: E. coli, em todas as faixas etárias • Outros agentes bacterianos: Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Proteus vulgaris, Streptococcus, Enterobacter sp., Enterococcus sp. e Pseudomonas sp. LARISSA MENEZES – AISCA III • MFTU, imunodeprimido, uso prévio de ATB, manipulação do trato urinário, RN • Fungos: candiduria • Vírus: adenovírus principalmente; hematúria macroscópica é o principal sintoma diferencial FISIOPATOGENIA • Desenvolvimento da ITU: ▪ Interação bactéria-hospedeiro ▪ Fatores de virulência: facilitam a invasão da bactéria, faz com que a bactéria seja mais invasiva • Predisposição do hospedeiro: ▪ MFTU ▪ Disfunções miccionais e constipação intestinal (BBD) ▪ Reação inflamatória e imunológica do individuo ▪ Aleitamento artificial (aleitamento materno protege contra ITU) ▪ Alteração da flora bacteriana normal pelo uso irracional de ATB VIRULÊNCIA X SIMBIOSE o E coli uropatogenica (UPEC) o Ilhas de patogenicidade (PAIs) o Adesinas: fimbrias que proporcionam adesão a parede do órgão o Toxinas: ▪ Liberadas pelas adesinas após adesão ▪ Hemolisina alfa ▪ Fator necrótico citotóxico 1 o Protectinas: ▪ Capsula ▪ Lipopolissacarideos (LPS) o Sideróforo: ▪ Aerobactina MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Lactente <3 meses com febre sem foco após exame físico, deve ser primeira hipótese ITU. Coletar sumario de urina e urocultura, hemograma, PCR etc ANÁLISE DA URINA • Sumario de urina é sugestivo, mas tem inúmeros falsos positivos e falsos negativos • Perguntar como foi a coleta, quanto tempo ficou em ar ambiente e o armazenamento (o ideal é 1h em ar ambiente ou até 4h refrigerado) LARISSA MENEZES – AISCA III • Nos primeiros meses cabe 30ml na bexiga; após é Idadex30+30 para estimar • Não substitui a urocultura no diagnóstico de ITU • Pode apresentar alterações permitindo iniciar precocemente o tratamento • Falsos positivos: leucocitúria e nitrito positivo • Leucocituria: baixa sensibilidade e especificidade <90% • Nitrito: baixíssima sensibilidade, maior especificidade • Nitrito e estearase leucocitária positivos em urina coletada e armazenada corretamente = maior sensibilidade Esterase leucocitária o Teste da fita reagente o Baixa especificidade o Falso positivo: ▪ Febre ▪ Exercício vigoroso ▪ Vulvovaginite/balanopostite ▪ Dermatite das fraldas ▪ Corpo estranho, nefrolitiase ▪ Infecção extra-urinária (apendicite, Kawasaki, infecção estreptocócica) ▪ Nefrite túbulo-intersticial o Falso negativo: ▪ Altos níveis de vitamina C ▪ Proteinúria Nitrito o Maior especificidade, é possível que seja ITU o Mas 98% não é 100% o Falso positivo: ▪ Bactérias contaminantes ▪ Corantes avermelhados o Falso negativo: ▪ Incubação vesical curta (<4h) ▪ Densidade urinaria elevada ▪ Altos níveis de vitamina C (>25 mg%) ▪ ITU por Pseudomonas e cocos gram+ Sedimentoscopia o Leucócitos o Bacterioscopia DIAGNÓTICO • Sintomas sugestivos + URC+ = ITU COLETA DE EXAME • Amostra limpa de urina (jato médio) • Se não for possível de obter: ▪ Métodos não invasivos: saco coletor (maior risco de falsos positivos) ▪ Métodos invasivos: cateterismo vesical (sonda de alívio) ou punção suprapúbica, precisa estar com a bexiga cheia (padrão ouro nas crianças pequenas) LARISSA MENEZES – AISCA III • Urocultura por saco coletor tem até 80% de resultados falsos positivos, devendo ser valorizada somente se resultado negativo • Aumenta a chance de falso positivo: diarreia, vulvovaginite, fimose, balanopostite, dermatite, assaduras, tempo prolongado da coleta, higiene inadequada • Se em 40 min a criança não fizer xixi no saco coletor, retira, higieniza e coloca outro TRATAMENTO • Diferenciar se é cistite ou pielonefrite (principalmente se febre, o padrão ouro seria a cintilografia) • Imediato X Após urocultura: ▪ Se for só disuria, cistite, espera a urocultura para iniciar o tratamento • Oral X Parenteral: tem a mesma eficácia • Internação hospitalar X Ambulatorial • Cistite: 3 a 7 dias de tratamento • Pielonefrite aguda: ▪ Nunca menos de 7 dias ▪ 7 a 10 dias ▪ Se recebe profilaxia não deve usar o mesmo antibiótico INTERNAÇÃO HOSPITALAR o Menores de 3 meses de idade: iniciar o tto parenteral o Imunossuprimidos o Desidratação, vômitos ou inabilidade para ingestão oral: iniciar o tto parenteral o Falha na terapêutica oral: iniciar o tto parenteral o Sepse ou estado de toxemia: iniciar o tto parenteral o Doenças obstrutivas do trato urinário ou malformações complexas o Doença renal crônica o Indicação social o O objetivo é cobrir gram-, ao sair a urocultura ajusta o tratamento o Se o paciente já usa muito atb, não usa cefalexina e bactrim o Nitrofurantoína pode ser usada, mas precisa manipular, porque não fabrica mais a suspensão oral. Fosfomicina só em adolescentes ITU DE REPETIÇÃO • Identificar anormalidades estruturais e funcionais que possam predispor infecções subsequentes e recorrentes • MFTU: refluxo vesicureteral • Distúrbios miccionais • Constipação intestinal • Buscar por complicações da própria infecção • Identificar e tratar crianças sob risco de complicações de longo prazo de cicatrizes renais • Tratar o episódio e evitar novos INVESTIGAÇÃO CLÍNICA o SEMPRE buscar sinais e sintomas sugestivos de disfunções das eliminações o Enurese: xixi na cama é normal até os 5 anos, precisa investigar TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES DA BEXIGA E DO INTESTINO o Estimular ingestão hídrica o Hábito urinário correto: ▪ Intervalo adequado entre as micções ▪ Micção em 2 tempos ▪ Postura adequada LARISSA MENEZES – AISCA III o Treinamento de toalete o Tratamento da constipação intestinal INVESTIGAÇÃO POR IMAGEM o Antigamente: US + UCM + DMSA o Tendencia atual: redução da exposição a radiação e a exames invasivos o Divergências na literatura CONCLUSÃO • O foco de atenção no cuidado da criança com ITU deve ser somente relacionado ao diagnóstico e tratamento precoces do episodio infeccioso agudo, como também a minimização do dano renal crônico e suas consequências clínicas • Quanto mais rápido o diagnóstico e o início do tratamento, e quanto mais novos episódios de pielonefrites forem prevenidos, melhor oprognóstico renal para a criança, evitando-se complicações em curto e longo prazo
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