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Laísa Dinelli Schiaveto PRINCÍPIOS DA GENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR ESTRUTURA DO DNA (ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEICO) O DNA é uma escada contorcida formada por duas fitas laterais compostas por açúcar e fosfato, denominadas de esqueleto do DNA. E, também por uma série de degraus formadas por pares de compostos orgânicos, denominados como bases nitrogenadas. As bases nitrogenadas do DNA são: • Adenina (A) • Timina (T) • Guanina (G) • Citosina (C) O DNA é uma sequência longa de nucleotídeos que estão emparelhados formando uma longa cadeia dupla enrolada em espiral. Cadeia Principal A cadeia principal do DNA é: fosfato + resíduos de açúcar (desoxirribose), de forma alternada. Obs: A diferença entre o RNA e o DNA está no carbono 2 (C2); visto que no RNA tem-se OH, enquanto no DNA tem-se apenas H. Bases Purinas • Adenina (A) e Guanina (G) Possuem dois anéis, sendo um pentagonal e um hexagonal, que são compostos por carbono e nitrogênio. Além disso, esses anéis irão se fundir. Bases Pirimidinas • Citosina (C) e Timina (T) • Uracila (U) à RNA Essas bases são menores que as purinas. Possuem um anel hexagonal composto por carbono e nitrogênio. Este anel é semelhante ao benzeno, pois apresenta dois átomos de nitrogênio que substitui os átomos de carbono exatamente na posição 1 e 3. As bases purinas se unem as bases pirimidinas, que são complementares à essa cadeia de DNA e, estas se unem através de bases de hidrogênio. Têm-se um composto orgânico denominado heterocíclico, onde um deles é pirimidínico e o outro é imidazólico. • Anel pirimidínico – lembra o composto de benzeno; • Anel imidazólico – possui característica alcalóide (caráter básico) e possui em sua forma química carbono, oxigênio, nitrogênio e hidrogênio. Laísa Dinelli Schiaveto Nucleotídeo A dupla hélice do DNA é estabilizada por pontes de hidrogênio. Entre as duas cadeias encontram-se os quatro tipos de bases nitrogenadas, que se ligam ao açúcar e ao fosfato para formar o NUCLEOTÍDEO. As duas fitas de se ligam através de pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas que ficam localizadas dentro da hélice, enquanto os grupos de fosfatos e açúcar ficam para fora formando o esqueleto do DNA. Além disso, as ligações de hidrogênio geram estabilidade para a dupla hélice de DNA. Uma propriedade importante é a HIDROFOBICIDADE dos componentes dos nucleotídeos: • As bases nitrogenadas são moléculas com alta hidrofobicidade e, portanto, apresentam baixa solubilidade em água; • O fosfato e o açúcar (desoxirribose) são moléculas altamente polares que interagem fortemente com moléculas de água. Sendo assim, pode-se supor que, na estrutura tridimensional do DNA, o fosfato e a desoxirribose estivessem mais expostos ao contato com a água, ao passo que as bases nitrogenadas deveriam se encontrar mais escondidas no interior do polímero. Pontes de Hidrogênio Um aspecto importante das pontes de hidrogênio é que essas forças não covalentes, que atuam em conjunto, são muito relevantes para manter o emparelhamento das bases e a estabilidade das duas hélices unidas entre si. Emparelhamento das Bases Nitrogenadas As bases químicas do emparelhamento derivam das pontes de hidrogênio formadas entre bases nitrogenadas de cadeias opostas. à Adenina (A) e Timina (T) Adenina e Timina se emparelham com a formação de duas pontes de hidrogênio. Ou seja, o grupo amino do C6 da adenina doa um átomo de hidrogênio à carbonila ligada ao C4 da timina e o N3 da timina doa um átomo de hidrogênio ao N1 da adenina. Essa doação ocorre para que o emparelhamento realmente aconteça. E, também, para que estas bases sejam complementares. à Guanina (G) e Citosina (C) A Guanina e a Citosina se emparelham com a formação de três pontes de hidrogênio. Obs 1: Uma característica importante é que os pares A:T e G:C de nucleotídeos apresentam a mesma geometria, bem como os pares T:A e C:G; ou seja, têm-se uma imagem espelhada. Obs 2: Duas pontes de hidrogênio é mais fácil de ser rompida do que três pontes de hidrogênio. Dupla Hélice A estrutura de dupla-hélice do DNA é governada pelo balanço de várias forças não covalentes em solução. • Forças Estabilizadoras à como as pontes de hidrogênio e o empilhamento de bases; • Forças Desestabilizadoras à como a repulsão eletrostática entre cargas negativas de fosfato. A repulsão eletrostática é um fenômeno de afastamento entre duas partículas elétricas idênticas (com mesmo sinal). Laísa Dinelli Schiaveto Então, para haver um melhor controle e estabilização, existem moléculas com cargas positivas, como íons metálicos (principalmente Mg2+) ou aminoácidos, como arginina e lisina presentes em grande abundância em histonas (proteínas que se associam ao DNA no núcleo da célula), tendem a estabilizar ainda mais a estrutura do DNA. Além disso, é importante destacar que, essas forças sempre estão em balanço, visando manter o equilíbrio dinâmico. Efeito Hipocrômico Este efeito é uma propriedade óptica da dupla hélice. Representa o efeito da alta absorção da radiação ultravioleta devido ao empilhamento de bases nitrogenadas. É utilizado para analisar a estabilidade do DNA por meio de suas curvas de desnaturação. Este efeito demonstrou que as cadeias complementares de DNA podem ser separadas por altas temperaturas ou quando submetidas a pH elevado, em um processo conhecido como desnaturação, que ocorre como resultado do rompimento das pontes de hidrogênio. À medida que o DNA é submetido a altas temperaturas, este se desnatura em cadeias de fita simples. Quanto maior o conteúdo de pares de G:C de uma molécula de DNA, maior é a estabilidade (devido à formação de três pontes de hidrogênio) e, portanto, maior quantidade de energia é necessária para a desnaturação. Sendo assim, são necessárias altas temperaturas para que haja transição para fita simples. Esse efeito é muito utilizado em laboratório para avaliar a estrutura do DNA. Primeiramente, o DNA é submetido à altas temperaturas até que se rompam as pontes de hidrogênio e, a temperatura é aumentada de acordo com a quantidade de pares de G:C. Logo em seguida, quando as pontes de rompem, o DNA é submetido à baixas temperaturas para que ocorra o processo contrário. Este processo é realizado para criar uma reversibilidade no DNA. Com isso, é possível analisar a estrutura do DNA e observar se há ou não erros e mutações. Regras de Chargaff Está relacionada à composição de bases nitrogenadas do DNA: 1 – A quantidade total de bases purínicas (adenina e guanina) é igual à quantidade total de bases pirimidínicas (citosina e timina) do DNA. 2 – A quantidade de timina é sempre igual à de adenina; e a de guanina é sempre igual à de citosina, mas a quantidade de adenina + timina não é necessariamente igual, em geral é distinta, à de guanina + citosina. Apesar disso, a proporção (adenina + timina)/(guanina + citosina) é a mesma para diferentes tecidos de um mesmo organismo. Sendo assim, nos diferentes tecidos de um mesmo organismo, há uma mesma proporção de A + T e G + C. E, a quantidade total de bases purínicas (A e G) é igual a quantidade de bases pirimidínicas (C e T). Exemplo: • 50 bases purínicas = 50 bases pirimidínicas • Mesmo organismo: 10% A:T = 10% G:C • Em outra espécie: pode variar Relação: Dupla Hélice e as Regras de Chargaff De fato, a Adenina (A) de uma cadeia está emparelhada com a Timina (T) de outra, ao passo que a Guanina (G) de uma cadeia se emparelha com a Citosina (C) de outra cadeia. Apesar de as duas cadeias apresentarem a mesma geometria helicoidal, o emparelhamento das bases mantém as duas cadeias unidas com orientação antiparalela. Dessa maneira, a base da extremidade 3’ Laísa Dinelli Schiaveto de uma cadeia se emparelha com a extremidade 5’ de outra cadeia.O emparelhamento das bases, de acordo com as Regras de Chargaff, garante complementariedade entre as cadeias e confere ao DNA seu caráter autocodificador. Além disso, a complementariedade torna possível a replicação semiconservativa, bem como a transcrição a RNA. Exemplo: A sequência 5’ – CATATG – 3’ em uma cadeia corresponde a uma sequência complementar 3’ – GTATAC – 5’ de outra cadeia; ou seja, elas se complementam exatamente por serem na mesma proporção. Ligação entre os Nucleotídeos Os diferentes nucleotídeos são ligados entre si em uma mesma fita a partir das ligações de fosfato que acontece sempre entre o carbono 5’ de um nucleotídeo com o carbono 3’ de outro nucleotídeo. Carbono 5’ à Carbono 3’ à Polimerização Visão Geral do DNA O DNA é extremamente organizado no núcleo da célula. É um conjunto orgânico, no qual contém as informações genéticas que coordena o funcionamento e desenvolvimento de todos os seres vivos e, que possui a função de transmitir as características hereditárias. Cada m0lécula de DNA enrola-se em proteínas denominadas HISTONAS. Cada porção do DNA forma o GENE (unidade fundamental de hereditariedade). Gene O gene é dividido em duas partes: I. Éxons: Parte codificante, que tem como propriedade se expressar em proteínas; II. Íntrons: Parte não codificante, que são inicialmente transcrita em RNA no núcleo, mas não representada no produto final proteico; ou seja, não tem a propriedade de se expressar em proteína. ESTRUTURA DO RNA (ÁCIDO RIBONUCLEICO) O RNA, conhecido como ácido ribonucleico, é formado por ribose + grupo fosfato + bases nitrogenadas. É uma cadeia simples de nucleotídeo e, assim, possui apenas uma fita de açúcar e fosfato, que é conhecida como esqueleto do RNA. Possui, também, o pareamento de suas bases nitrogenadas umas com as outras. As bases nitrogenadas do RNA são: • Adenina (A) • Guanina (G) • Citosina (C) • Uracila (U) TIPOS DE RNA RNA Mensageiro: responsável pela transferência da informação do DNA até o citoplasma. RNA Transportador: responsável pelo transporte de moléculas de aminoácidos até os ribossomos para formação de proteínas. RNA Ribossômico: é a maquinaria macromolecular; é responsável por guiar a montagem da cadeia de aminoácidos. Laísa Dinelli Schiaveto DNA X RNA REPLICAÇÃO A replicação do DNA, também conhecida como duplicação ou polimerização do DNA, é o processo que dá origem a uma nova molécula de DNA com a mesma sequência de bases existentes na original, assegurando, assim, que as funções que executam serão perpetuadas na descendência. O processo de replicação acontece ao longo da Fase S (Fase de Síntese do DNA) e a segregação das fitas de DNA acontece durante a Fase M da Mitose. A Fase S e M são antecipadas em intervalos denominados G1 e G2, que são fases preparatórias necessárias para que o DNA seja corretamente duplicado (fase G1) ou para que a segregação do DNA duplicado ocorra sem problemas (fase G2). G1 à S à G2 à M à G1... A operação exata desse ciclo é fundamental para a manutenção da viabilidade dessas células e, também, para prevenir ou evitar instabilidade genética, que pode levar à formação de tumores. O processo de replicação envolve a separação de duas fitas parentais e a produção de duas fitas novas, tendo as parenterais como molde. Sendo assim, cada nova molécula de DNA contém um fita parental e uma fita recém-sintetizada e, portanto, pode-se dizer que este é um Processo Semiconservativo, visto que conserva pela metade uma fita parental. PROTEÍNAS INICIADORAS A cada divisão da célula, é fundamental que o DNA seja replicado corretamente. Para isso, é essencial que todo o genoma seja replicado e que o processo ocorra apenas uma vez em cada divisão celular. Então, o controle é exercido principalmente antes do início da replicação do DNA, a partir do reconhecimento de sequências específicas do genoma por PROTEÍNAS INICIADORAS. Função O complexo formado entre o DNA e as proteínas iniciadoras ativa as origens da replicação e torna o DNA competente para ser replicado. Ou seja, a presença dessa proteína, licencia o DNA para se replicar à Esse processo acontece na Fase G1 do ciclo celular (eucariotos). Além disso, a ligação das proteínas iniciadoras nas origens de replicação atrai para o local diversas outras proteínas e enzimas que levam à promoção da separação das duas fitas de DNA, expondo um pequeno número de bases sem pareamento. Portanto, sem a presença das proteínas iniciadoras, não há o aval para a chegada de outras proteínas e enzimas, que levam à separação das duas fitas de DNA. BASE GERAL PARA REPLICAÇÃO O grupo de proteínas necessárias para o início da replicação é variável, mas geralmente requer: 1 – Proteínas de Reconhecimento das Origens (Proteínas Iniciadoras): reconhecem a origem do processo de separação, ou seja, o lugar onde deve começar; 2 – Enzimas Helicases: movem-se ao longo do DNA e separam as fitas usando energia química do ATP; Laísa Dinelli Schiaveto 3 – Enzimas Topoisomerases: aliviam a tensão gerada na estrutura da hélice do DNA causada pelo estresse topológico da separação das suas fitas; 4 – Proteína de Replicação (RPA): se ligam as fitas simples de DNA, estabilizando as fitas separadas. ETAPAS Parte I A primeira etapa da replicação do DNA requer proteínas iniciadoras que reconheçam e se liguem a sequências específicas do DNA. Essa interação determina a localização das origens de replicação, ou seja, onde a replicação deve se iniciar. Essas proteínas possuem duas funções importantes: • Reconhecer e se associar à origem; • Guiar outras proteínas replicativas até essas origens para que a atividade da helicase inicie a separação das fitas de DNA. Obs: A ausência dessas proteínas iniciadoras pode fazer com que a helicase erre o local da separação. Parte II Após o reconhecimento das origens de replicação, as duas fitas do DNA serão replicadas e, para isso é necessário que haja a separação contínua das duas fitas de DNA. Este processo ocorre na FORQUILHA DE REPLICAÇÃO (região de separação das fitas de DNA). Esta forquilha se move continuamente em direção à região do DNA da fita dupla que ainda não sofreu replicação, gerando, assim, dois moldes de DNA de fita simples. Além disso, para a efetividade desse processo, é necessário que haja uma complexa atividade de enzimas. Então, o processo de separação se inicia nos pares A-T, que apresentam duas pontes de hidrogênio de ligação, tornando as fitas de DNA mais fáceis de separar. Obs: Se o processo de separação fosse iniciado pelos pares G-C, que possuem três pontes de hidrogênio, este não seria fácil, além de que, poderia se ter um erro na separação. Então, existem essas proteínas iniciadoras, pois ela reconhece exatamente os pares de bases A-T, que apresentam duas pontes de hidrogênio, sendo assim, mais fáceis de separar. Sob a ação da enzima helicase, inicia-se o processo de separação da dupla hélice a partir da quebra das pontes de hidrogênio entre os pares de bases nitrogenadas. A separação das fitas de DNA na forquilha de replicação pela helicase faz com que o DNA fita dupla à frente da forquilha fique cada vez mais enovelado. Então, as hélices ficam mais apertadas à medida que a forquilha de replicação vai separando as duas fitas, provocando um estresse topológico na estrutura em hélice do DNA chamado SUPERCOIL. Parte III As enzimas topoisomerases aliviam a tensão gerada na estrutura da hélice do DNA causada pelo estresse topológico da separação das suas fitas. Parte IV Após a passagem das helicases, as duas fitas de DNA têm que se manter separadas para servirem como moldes para a síntese de nova cadeia de DNA. Para isso, existem as RPA (Replication Protein A), que se ligam rapidamente às fitas separadas de DNA,estabilizando-as. Isso possibilita que o DNA fita simples seja rapidamente coberto pelas proteínas RPA e se mantenha em uma forma estável, o que favorece o seu uso como molde para a síntese da nova cadeia de DNA. Laísa Dinelli Schiaveto Parte V A enzima DNA polimerase não é capaz de iniciar uma nova fita. Então, sob a ação da enzima DNA primase, que sintetiza pequenos segmentos de RNA (primers – iniciadores), a partir de um molde de DNA, permite que a DNA polimerase inicie a adição de nucleotídeos a extremidade 3’, utilizando o grupo OH livre como um gancho para adicionar um nucleotídeo a este grupo, até fazer uma nova fita de DNA conhecida como FITA LEADING (LIDER), que segue a direção de 3’ à 5’. Se não houver a ação da enzima DNA primase, não há a formação da fita leading, porque a DNA polimerase não consegue adicionar nucleotídeos. Sendo assim, a primase é essencial para dar origem a esta fita. A fita recebe este nome, porque é feita continuamente, visto que a enzima DNA polimerase se move nessa mesma direção. Sendo assim, não há quebras e nem a necessidade de iniciadores a cada quebra. Existe, também, a fita oposta que é feita em fragmentos e mais tardiamente conhecida como FITA LAGGING (TARDIA), na qual há a formação de fragmentos conhecidos como Okasaki. Esta segue a direção de 5’ à 3’. Como essa fita é feita em fragmentos, cada fragmento necessita de iniciadores (primers) para que a DNA polimerase seja sinalizada para adicionar mais nucleotídeos. A DNA polimerase α é associada à primase, atuando como síntese do iniciador. Sendo assim, após a síntese do iniciador de RNA (primers): • A atividade da DNA polimerase α:primase sintetiza um fragmento de DNA; • DNA polimerase α:primase é substituída pelas DNA polimerase δ e DNA polimerase ε. Essas duas DNA polimerases atuem em conjunto com uma proteína acessória chamada PCNA (proliferating cell nuclear antigen), que funciona como braçadeira, mantendo as polimerases associadas ao DNA e promovendo aumento da processividade, ou seja, da formação da fita leading. Resumindo (Parte V): 1) Necessita-se da primase, que sintetiza os iniciadores (primers); 2) Os iniciadores permitem que a DNA polimerase adicione nucleotídeos para formar a nova fita (fita leading); 3) A PCNA funciona como uma braçadeira, impedindo que a DNA polimerase se afaste da nova fita, ou seja, mantém a DNA polimerase associada à fita para que ocorra exatamente esse processo de formação. Parte VI Finalmente, sob a ação de algumas enzimas a fita tardia pode-se tornar uma fita contínua. DNA polimerase 1: remove os primers de RNA e substitui por DNA. DNA ligase: fecha os cortes produzidos pelos primers. MECANISMOS DE VERIFICAÇÃO DE ERROS O processo de replicação é um processo que tem que acontecer de forma organizada, rápida e que pode apresentar erros. Então, existem duas classes de enzimas exonucleases, que verificam esses erros durante este processo. Essas enzimas atuam no processo de clivagem de quebra dos nucleotídeos. E, esse processo de clivagem ocorre por uma reação de hidrólise, que ocorre nas quebras de ligação de fosfodiéster exatamente na extremidade 3’ ou 5’. Função As enzimas exonucleases possuem a função de verificar e editar erros das bases pareadas erroneamente, permitindo a inserção de bases corretas. Laísa Dinelli Schiaveto Tipos Exonuclease de Revisão: corrige no sentindo 3’ para 5’, interrompendo a polimerização e retornando, com a retirada da base nitrogenada. Exonuclease: corrige no sentido 5’ para 3’, no sentido da polimerização, retirando blocos de nucleotídeo que apresentam GAP (falhas de pareamento). TRANSCRIÇÃO A transcrição é o processo de formação do RNA a partir da cadeia molde do DNA, que tem como objetivo informar ao RNA transportador a ordem corretar de aminoácidos a serem sintetizados mais tardes em proteínas através do processo de tradução. Então, resumidamente, podemos dizer que este processo transcreve exatamente a sequência correta de aminoácidos. Este processo é catalisado pela enzima RNA polimerase, que liga os nucleotídeos para produzir uma cadeia de RNA, usando uma cadeia de DNA como modelo. Além disso, esse processo ocorre no núcleo e após a formação do RNA maduro é transportado para o citoplasma. DNA à RNA Os RNA codificadores vão ser transformados em proteínas na formação de RNA mensageiro. Os genes que codificam o RNA mensageiro se encontram na região 5’, que é responsável pelo controle da expressão gênica. SPLICING à DNA será transcrito em RNA maduro, no qual os íntrons são removidos e os éxons são mantidos. Etapas O processamento do RNA mensageiro acontece no núcleo e em uma primeira etapa tem-se a formação do RNA mensageiro primário, no qual ainda há íntrons e éxons. No primeiro processamento, para que ocorra o splicing, é necessário que haja: • Remoção de íntrons • Adição de um capping na extremidade 5’ (proteção da molécula) • Adição de uma cauda polia a na extremidade 3’ Obs: O processo de Splicing é um processo que ocorre de forma extremamente organizada, sem erros e, apesar de muito complexo, é muito sensível. Este exige precisão das moléculas. Splicing é o processo de maturação do RNA mensageiro primário, que possui íntrons e éxons, em RNA maduro, que possui apenas éxons (partes codificantes, que se expressam em proteínas). O RNA maduro é transportado para o citoplasma para posteriormente serem traduzidos em proteínas. Importância Splicing – É importante para a variabilidade, uma vez que pode-se ter a formação de mais de um RNA mensageiro a partir de um mesmo gene. E, isso permite com que diferentes células do organismo produzam diferentes proteínas a partir de um mesmo gene. Poliadenilação da Extremidade 3’ – Ocorre na clivagem da extremidade 3’ e a adição de uma cauda poli A (ligação de 80 a 250 resíduos de adenina). Este processo garante: • Proteção de RNA mensageiro da degradação • Exportação para o citoplasma • Favorece a tradução proteica Sendo assim, a polidenilação é o processo mais importante, visto que ela irá realizar a exportação para o citoplasma e favorecerá a tradução proteica. Laísa Dinelli Schiaveto TRADUÇÃO E CÓDIGO GENÉTICO A tradução é o processo na qual ocorrerá a leitura da mensagem contida na molécula de RNAm pelos ribossomos, decodificando a linguagem de ácido nucleio para a linguagem de proteína. Existem apenas 20 tipos diferentes de aminoácidos, porém descobriu-se que um mesmo aminoácido pode ser codificado por trincas (códons) diferentes. Exemplo: Leucina – CUU, CUC, CUA, CUG, UUA e UUG. Isso trata-se de uma forma de proteção para uma mutação. Sendo assim, a informação genética que definiria o aminoácido leucina pela sequência CUU sofresse uma mutação, passando a ser CUC, o aminoácido codificado ainda seria o mesmo e a proteína não sofreria nenhuma alteração. E, mesmo se houvesse duas mutações na CUC para UUA, o aminoácido ainda seria a leucina. No entanto, se houver a inserção ou deleção de base, não havendo a formação de múltiplo de 3, o impacto gerado é muito grave, visto que mudanças na fase de leitura levando a formação de aminoácidos diferentes pode codificar/formar proteínas não funcionais. Além disso, muitas vezes, a formação de um aminoácido nem acontece e, portanto, não leva a formação de uma proteína e não ocorre a leitura. Tudo isso está muito relacionado aos erros inatos do metabolismo. INSTABILIDADE DO DNA A molécula de DNA está sujeita ao ataque de vários agentes externos, físicos, químicos e agentes endógenos do próprio metabolismo celular, que lavem a lesões na dupla hélice. Por sua vez, essas lesões podem causar morte celular ou aumentar a estabilidade genética na célula, dando origem a mutações. No entanto, as células desenvolveram, duranteo processo evolutivo, sofisticados mecanismos de reparo de DNA que atuam na proteção do genoma, de modo a garantir sua sobrevivência e estabilidade. Porém, as consequências da ausência de reparo de DNA podem resultar em envelhecimento precoce e câncer. Além disso, o próprio ambiente celular contém várias substâncias capazes de interagir com a molécula de DNA e que podem determinar o aparecimento de modificações estruturais na dupla hélice, conhecidas de maneira geral como lesões de DNA. Também é importante considerar os fatores extrínsecos presentes na dieta alimentar, micropoluentes orgânicos encontrados no meio ambiente, agentes biológicos, exposição ao raios solares e às radiações ionizantes. Os agentes extrínsecos e intrínsecos podem induzir lesões no genoma potencialmente capazes de perturbar processos essenciais, como replicação do DNA ou transcrição do DNA, levando a morte celular ou a fixação de mutações. Exemplo: Lesões no DNA provocadas por irradiação com luz UV à De fato, a luz UV é intensamente absorvida pelas bases nitrogenadas do DNA, o que pode provocar modificações induzidas principalmente nas bases pirimidinas. Nestas, a irradiação UV é absorvida e provoca o aparecimento de produtos intermediários de pirimidinas excitadas em estado tripleto, capazes de reagir com as pirimidinas adjacentes, formando Laísa Dinelli Schiaveto ligações covalentes entre as bases. As lesões mais comuns são fotoprodutos que envolvem a formação de anéis ciclobutanos entre duas pirimidinas adjacentes, conhecidas como dímeros de pirimidina ciclobutano (CPD). Além disso, a irradiação solar também pode formar outros tipos de lesão, promovidos principalmente pela oxidação de bases e quebras na cadeia fosfodiéster, acarretando em envelhecimento precoce e a formação de radicais livres. Radicais Livres Esses radicais livres são moléculas cujo os átomos possuem um número ímpar de elétrons. Então, essas moléculas são incompletas e possuem a capacidade de capturar elétrons de proteínas que compõe a célula, visando recuperar o número par. Com isso, tem-se o início de uma formação em cadeia, pois cada vez mais forma-se radicais livres, acabando com a capacidade de restaurar os números pares. Essa moléculas de radicais livres são instáveis e, isso faz com que elas tendam a se associar de maneira muito rápida à outras moléculas de cargas positivas, causando, muitas vezes, oxidação. Esta leva à uma reação em cadeia, porque sempre haverá a formação de mais radicais livres, que vão se associando e tendo mutações, que, por sua vez, sofrem fixação porque vão sendo sucessivas, acarretando no processo de neoplasia. ESTRUTURA E ULTRAESTRUTURA DO CROMOSSOMO COMPORTAMENTO DOS CROMOSSOMOS NA MITOSE 1 – Os cromossomos tornam-se visíveis como fios finos e longos no interior do núcleo e, sendo assim, torna-se possível visualizar apenas um filamento, que é a cromatina. 2 – O limite entre o núcleo e o citoplasma tornam-se evidentes nas células que não estão se dividindo, assim os núcleos desaparecem e, os cromossomos espalham-se pelo citoplasma à Esta é a fase em que é possível fazer o cariótipo desses cromossomos, pois eles se encontram espelhados, sendo possível unir exatamente seus pares e avaliar esses cromossomos de uma forma mais nítida, observando, por exemplo, se aconteceu deleção, duplicação, etc. 3 – Imediatamente após se alinharem na região equatorial das células, os dois fios que constituem cada cromossomo são chamados de cromátides irmãs. ESTRUTURA DO CROMOSSOMO Cromátides As cromátides são dois filamentos de DNA formados pela duplicação de um cromossomo, na mitose, e elas se mantém unidas pelo centrômero. Centrômero O centrômero é a região mais condensada do cromossomo e é uma região inativa, visto que os genes não possuem atividade e não se expressam, ou seja, não são traduzidos e não são transcritos. Telômeros Os telômeros possuem a capacidade de manter a estabilidade estrutural dos cromossomos, iniciar o pareamento dos cromossomos e ancorar o cromossomo no envoltório nuclear, uma vez que ele possui uma região, conhecida com staff, que está relacionada com esse processo de pareamento dos cromossomos. São formados por repetições simples de nucleotídeos, sendo essencial que ele esteja sempre associado a uma proteína ou a um arranjo específico, formado pela repetição de seis nucleotídeos (TTAGGG), sendo sintetizado pela enzima telomerase. Laísa Dinelli Schiaveto Enzima Telomerase É uma enzima que possui uma característica única. Ela possui em seu interior uma fita de RNA molde, que serve como molde para a extensão dos telômeros. Devido à esta característica única, ela faz a transcrição reversa, ou seja, parte do molde de RNA é usado para construir o novo segmento de DNA na extremidade do cromossomo. Normalmente, o processo de transcrição normal é feito de DNA para RNA. Porém, no caso da telomerase, ela parte do molde de RNA para construir um novo segmento de DNA. A telomerase irá proteger os cromossomos do envelhecimento, porque possui a capacidade de regenerar os telômeros. Além disso, durante o processo de envelhecimento, tem-se a queda dessa telomerase e, com isso, ocorre o encurtamento dos telômeros. Importância dos Telômeros Relógio Biológico – Toda vez que a célula se duplica, ela também duplica os cromossomos. Este processo encurta os telômeros das células que está relacionado com a definição da expectativa de vida de um ser humano, de forma a analisar quantos telômeros ainda restam, ou seja, quantas vezes as células ainda poderão se duplicar antes do indivíduo morrer. Com a idade, a produção de telômeros diminui e, consequentemente, acabam se encurtando, provando o envelhecimento das células. Então, conforme os anos vão se passando, tem-se a diminuição da expectativa de vida. Hoje, as pesquisas são voltadas para o estudo do que realmente pode aumentar ou manter a produção de telomerase e, com isso, impedir o encurtamento desses telômeros e, assim, ter uma manutenção da expectativa de vida. Processo de Clonagem – Em todas as clonagens feitas através de transferência nuclear, o ser vivo clonado morre precocemente. A clonagem realizada com a ovelha Dolly, resultou em envelhecimento e morte rapidamente, porque as células de um clone gerado por transferência nuclear são cópias de uma célula já adulta, cujo os telômeros já estão bastante encurtados. Portanto, como a ovelha recebeu telômeros muito encurtados, isso resultou no encurtamento do processo de envelhecimento e, consequentemente, veio em óbito mais cedo. Cromatina O DNA encontra-se em uma forma semi-ordenada dentro do núcleo celular agregado a proteínas estruturais (histonas), designado de cromatina. Portanto, a cromatina é um complexo de DNA + proteínas localizada dentro do núcleo da célula. Além disso, existem dois tipos de cromatina: • Eucromatina: menos corada, cromossomos menos condensados e representa os genes ativos; • Heterocromatina: mais corada, cromossomos mais condensados e representa os genes inativos; A cromatina é um material de aspecto filamentoso, constituído de DNA e proteínas (principalmente histonas). O número de filamentos é constante para cada espécie e é o mesmo número de cromossomos. Na mitose, aumentam sua condensação, tornando-se na forma de cromossomos visíveis, que é correspondente à segunda fase, na qual consegue se fazer o cariótipo. Sua principal função é que contém as informações genéticas. Laísa Dinelli Schiaveto Histonas As histonas são produzidas no citoplasma e importadas para o núcleo da célula, ricas em lisina e arginina e solúveis em água. São divididas em várias classes: • H1/H5 – H1 também é conhecida como histona H5 e possui estrutura básica das cromátides irmãs; • H2A e H2B – ricas em lisina; • H3 e H4 – ricas em arginina.• H2A + H2B + H3 + H4 são denominadas histonas de Archaea que se unem para formar o nucleossoma. • H1 une os nucleossomas adjacentes empacotando-os, uma volta e meia em torno do octâmero, estabilizando este enrolamento. Arginina – É um aminoácido essencial e é sintetizado em quantidades suficientes pelo organismo. Tem como função facilitar o crescimento muscular e é responsável pelo transporte de nitrogênio, utilizado no metabolismo muscular, melhorando o desempenho muscular e a capacidade do exercício. Além disso, possui outra função muito importante. Ela faz parte da síntese de moléculas para o nosso corpo, como creatina, ornitina, prolina e óxido nítrico. É composto por seis átomos de carbono, quatro átomos de nitrogênio, dois átomos de oxigênio e quatorze átomos de hidrogênio. Lisina – É um aminoácido essencial. Tem como função ser responsável pela síntese de proteínas, hormônios, enzimas e pela absorção de cálcio. Além disso, possui uma importante função imunológica e auxilia na produção de colágeno e elastina. Nucleossoma O nucleossoma é a unidade fundamental da cromatina. Consiste em uma unidade de DNA, dividida em duas espirais que se enrolam em torno de um disco proteico, constituído por quatro pares de proteínas chamadas de histonas (H2A + H2B + H3 + H4). Organização da Cromatina e Doenças Auto Imunes A organização da cromatina está associada ao número de doenças autoimunes. O Lúpus Eritematoso Sistêmico e Esclerose Múltipla, que estão muito relacionadas com os Anticorpos Antinucleares (AAN) ou Fator Antinuclear (FAN), que são anticorpos presentes em pequenas porções em todos os organismos, mas que, em cerca de 5%, possui sua concentração aumentada, justificando, assim, o surgimento de uma doença autoimune. Durante um processo de morte celular programada (apoptose) ocorre a clivagem da cromatina, o nucleossoma será liberado no meio intracelular, fazendo com que seu material seja expostos na superfície da célula apoptótica. Então, esta célula passa a emitir sinais que ativam os macrófagos, que, por sua vez, fagocitam tais células antes que elas sejam capazes de liberar antígenos na circulação. Além disso, é importante destacar que, em condições fisiológicas normais, os fagócitos promovem a remoção das células apoptóticas. Porém, quando há um ataque do sistema imune, isso causa a ativação das células apresentadoras de antígeno e de anticorpos, gerando uma resposta inflamatória e, Laísa Dinelli Schiaveto como consequência, não ocorre o mecanismo fisiológico normal. Lúpus Eritematoso Sistêmico É uma doença autoimune que associa fatores ambientais + fatores genéticos + fatores hormonais. É caracterizada pelo sistema imunitário em atacar os tecidos saudáveis em várias partes do corpo. • Quadro Clínico: febre, fadiga, mal-estar, inflamação nas articulações, inflamação nos pulmões (pleurite), inflamação no coração (pericardite), inflamação dos gânglio linfáticos, dores e inflamação muscular (mialgia), manchas avermelhadas no rosto em forma de borboleta (eritema malar), úlceras na boca, faringe e nariz (aftas), perda de apetite e peso (anorexia). • Diagnóstico: FAN positivo e dosagem de anticorpos (Anti-Sm – Anti-Smith). • Tratamento: aspirina, anti-inflamatórios, corticóides e imunossupressores. • Prognóstico: vida longa com tratamento adequado. Esclerose Múltipla É uma doença desmielinizante caracterizada por uma reação inflamatória que irá danificar a bainha de mielina, sendo uma junção de fatores ambientais + fatores genéticos + infecções, que está ligada a alterações no cromossomo 6. • Quadro Clínico: perda de sensibilidade, fadiga muscular, espasmos musculares, dificuldade na fala e deglutição, alterações visuais importante. • Tratamento: corticoesteróides intravenoso e interferon beta 1-a. • Prognóstico: variável, geralmente me torno de 5 a 10 anos inferiores a população geral.
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