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INDICAÇÕES E USOS DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS ORAIS O ato de se alimentar traz consigo aspectos socioeconômicos, culturais, religiosos, experiências adquiridas ao longo da vida e deve, acima de tudo, ser um momento de deleite e prazer. Na presença de doença, este cenário modifica-se significativamente, em especial naquelas cujos sinais e sintomas alteram o nosso comportamento alimentar. O que era um prazer torna-se um momento de dor, mal estar, muitas vezes seguido de sintomas indesejáveis, como náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia. A frequente mudança na sensibilidade do paladar, dificuldades para deglutição e prejuízo na digestão, que seguem o aparecimento de determinadas doenças, leva o enfermo a apresentar aversão até mesmo aos alimentos habitualmente consumidos. O nutricionista, apoiado pela equipe de terapia nutricional é o profissional responsável por detalhar essa mudança de comportamento alimentar e adaptar a dieta do doente á sua nova condição de tolerância e aceitabilidade dos alimentos. Cabe a equipe multiprofissional envolver e comprometer plenamente o enfermo e responsáveis no seu tratamento, fazendo-os entender a importância do tratamento nutricional no contexto assistência global. “Roadmap” – roteiro: 4 Estabelecer o diagnóstico dietético-nutricional Elaborar o plano nutricional e intervenção As principais etapas do ROADMAP são: Conhecer o paciente considerando o seu comportamento alimentar Processos ROADMAP da terapia nutricional Vários métodos são propostos para estudar o hábito alimentar pregresso e atual do doente. Esta análise é a base do plano de cuidados nutricionais e determinará qual a melhor via de administração de nutrientes, subsidiando a elaboração do cardápio via oral Registro alimentar 2 horas ou de 3-7 ou 10 dias Recordatório alimentar 24 horas Anamnese alimentar quantitativa e/ou qualitativa por frequência Observação direta da ingestão alimentar Avaliação da história alimentar O quadro abaixo irá discorrer sobre as variáveis que afetam a habilidade do paciente em manter seu estado nutricional e a adequada ingestão alimentar pela via oral. As perguntas foram elaboradas segundo a literatura médica e especializada e a vivência clínica e poderão servir como instrumento de coleta de dados, adaptando-as à clientela em questão Variáveis que influenciam negativamente o uso da via oral para alimentação Problemas relacionados à baixa ingestão alimentar Anorexia Diarreia Náuseas e vômitos Saciedade precoce Alterações na sensibilidade às variáveis sensoriais (odor-sabor-textura) Fatores psicológicos Dentição inadequada Problemas neuromotores Fatores econômicos-culturais-sociais Aversões alimentares Odinofagia, disfagia Alterações decorrentes da rádio e quimioterapia. 20 PERGUNTAS SELECIONADAS PARA COMPOR O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS PARA O ESTUDO DIETÉTICO DE PACIENTES Como você descreve seu apetite? Ele mudou recentemente? Você está se alimentando diferentemente do seu estilo habitual? Você tem sentido náuseas ou corrido episódios de vômitos? Este sintoma está relacionado com os alimentos ou medicação? Qual é a frequência destes sintomas? Há quanto tempo? Seu hábito intestinal está regular ou houve mudanças? Se sim, há quanto tempo? Você tem tido diarreia? Está relacionado à alimentação? O cheiro dos alimentos traz desconforto para você? Tem tido dificuldade na mastigação? Sua dentadura está bem ajustada? Seus dentes atrapalham sua mastigação? Você tem dificuldades para deglutir? Sua boca tem estado seca? Sua saliva está diferente do habitual? Ela está mais espessa ou reduziu a quantidade? Você tem mais facilidade para engolir líquidos ou sólidos? O que você comeu ontem? (recordatório 24 horas) Alguns alimentos apresentam sabor diferente do que o habitual para você? Quais? Você já experimentou ou tem utilizado algum tipo de suplemente vitamínico ou alimentar? Quando? Quem indicou? Qual a frequência? Qual tem sido sua experiência com estes suplementos? Tolera-os bem? Você tem alguma alergia alimentar? É um sintoma recente ou sempre apresentou estas intolerâncias? Você mesmo é quem prepara suas refeições? Você tem prazer em preparar seu próprio prato de comida ou sua própria refeição? Como você divide o horário das suas refeições? Onde? Quais horários? Descreva-me o seu dia a dia alimentar. Ele sempre foi assim? O que mudou de mais significativo? Você tem apoio dos seus familiares/responsáveis para facilitar a sua alimentação? (cooperação na aquisição de alimentos, sugestões de receitas). Diagnóstico nutricional dietético Diagnóstico nutricional dietético INTERVENÇÃO Estimulando o uso da via oral DIDATICAMENTE PODE SER CONSIDERADO TRÊS ACÕES DIANTE DE UM DIAGNÓSTICO DIETÉTICO –NUTRICIONAL: Dieta adaptada ás condições do doente Dieta adaptada ás condições do doente + alimentação via sonda (enteral ou parenteral) Dieta adaptada ás condições do doente + suplemento nutricional O PLANO DE CUIDADOS É ESTABELECIDO TOMANDO POR BASE: A doença de base e o tratamento proposto (clínico ou cirúrgico) O risco nutricional A avaliação dietética quantitativa e qualitativa A avaliação do cenário dietpetico-nutricional O diagnóstico nutricional dietético confirmará a relação entre a adequação da ingestão de calorias e nutrientes, o déficit nutricional /metabólico e/ou a queda no estado geral apresentado pelo paciente. O cálculo teórico de calorias e PTNs e o que realmente foi ingerido pelo doente norteará as ações para os ajustes da via oral. Estes valores servirão como subsídio á adaptação quantitativa da dieta habitual. Cada profissional deve ter habilidade em adequar o plano de cuidados nutricionais teórico estabelecido para o doente e á realidade observada. CONHECER O PACIENTE CONSIDERANDO SEU COMPORTAMENTO ALIMENTAR DIAGNÓSTICO DIETÉTICO NUTRICIONAL DECISÃO PELO USO DA VIA ORAL INTERVENÇÃ SEGUIMENTO REABILITAÇÃO NUTRICIONAL Estudo dietético: registro 24 horas; análise qualiquantitativa, registro de tres dias... Identificar outros influenciadores: disfagia, mucosites, estado imunológico, aversões alimentares Avaliação do estado nutricional: índice corpóreo, força muscular, laboratoriais... Análise do estado nutricional e perfil dietético Estabelecer o diagnóstico nutricional e plano dietético Determinar os objetivos chave e cálculo das necessidades nutricionais propostas Elaborar prescrição: adaptando via oral, frequência das refeições, adaptando consistência, textura e viscosidade á capacidade de deglutição Uso de suplementos orais: caseiros, industrializados, lácteos e não lácteos e especializados Confirmação do diagnóstico nutricional Seguimento segundo indicadores nutricionais e protocolo Estímulo do uso via oral, sugestões de cardápios variados, preparações atraentes. Avaliação da reabilitação nutricional Alta nutricional Protocolo de qualidade de vida Decisão pela via oral ROADMAP da terapia nutricional oral Decisão pela via oral Exemplo de um cenário versus possível conduta dietética CENÁRIO O doente informa residir sozinho, em casa alugada dos fundos, é o responsável por cozinhar para si mesmo, não tem ânimo e refere ter dificuldades de sair para comprar alimentos. QUESTÃO Qual seria o resultado esperado em se fornecer um receituário com mais de 20 receitas bem elaboradas? Será que o problema alimentar do doente seria solucionado com o fornecimento do receituário? PROVAVELMENTE NÃO. SUGESTÃO Tentar identificar quem poderia ajudá-lo na compra e /ou preparo das refeições. Perceber se o problema é econômicos/ou de marginalização do doente pela família. Se necessário, recorrer aos Serviços Sociais de bairro e/ou da comunidade e/ou da própria Instituição. Elaborar uma orientação nutricional e criar mecanismos para que a mesma tenha condições de ser operacionalizada pelo doente, Faça-o a entender a importância dos cuidados de nutrição dentro do contexto do seu tratamento. 13 A ALIMENTACAO PELA VIA DIGESTIVA DIFERENCIA POR DOIS MODELOS DE ADMINISTRAÇÃOORAL ENTERAL Apesar de ambas utilizarem o TGI para efetuar a nutrição do doente, a via oral apresenta características peculiares que exigem a participação ativa do doente e/ou familiares no processo de cuidados, sua motivação e eventualmente até mudanças comportamentais significativas. Em geral, o sucesso de orientação nutricional que dependa da V.O , exige mudança de comportamento. Regra 1: Identifique com detalhes o problema nutricional-dietético do enfermo e busque entender o cenário do qual ele faz parte. Regra 2: Faça um plano de cuidados nutricionais realista e de fácil execução . Regra 3: Motive-o para a orientação nutricional seja colocada em prática na sua totalidade SUPLEMENTOS CASEIROS E MÓDULOS DE NUTRIENTES Dependendo da decisão do profissional, pode-se sugerir a preparação de suplementos caseiros com ou sem acréscimo de módulos. As vantagens do suplemento caseiro: Baixo custo; Grande variedade; Envolvimento do paciente e/ou familiares na preparação dos mesmos; Palatabilidade ajustada segundo preferências pessoais. Desvantagens: Apresentam-se nutricionalmente incompletos; Tem composição indefinida ou instável; Podem trazer transtornos digestivos/absortivos, dependendo da alquimia preparada; Exigem mais tempo para seu preparo; Dependem da disponibilidade de cozinha para o preparo; Apresentam difícil adaptação quando em ambientes fora de casa
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