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DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ FEBRE DE ORIGEM OBSCURA Regulação térmica ▪ Mecanismo aferente/sensor o Informam as variações de temperatura em diversas partes do organismo e do ambiente. o Receptores térmicos na pele, vasos sanguíneos, abdome, medula óssea e hipotálamo. ▪ Mecanismos integradores/central o Hipotálamo: área pré-ótica funciona como termostato, ajustando para manter a temperatura no set-point. ▪ Mecanismos efetores o Sistema vegetativo, SNC e sistema endócrino. FEBRE ▪ ↑temperatura que ultrapassa a variação diária. ▪ Aumento do ponto de ajuste hipotalâmico. ▪ Causada por pirógenos internos. HIPERTERMIA ▪ ↑temperatura que ultrapassa a variação diária. ▪ Ponto de ajuste do hipotálamo inalterado. ▪ Causada por ↑produção de calor ou aquisição externa (exercícios, drogas, endocrinopatias); incapacidade da perda de calor (sequelas de queimaduras, displasias ectodérmicas etc.); lesões no hipotálamo, atrapalhando homeostase térmica (AVE, traumas etc.) DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ Respostas de fase aguda ▪ Manifestações clínicas: sonolência, prostração, astenia, mialgia, artralgia, hiporexia etc. ▪ Alterações na síntese de proteínas hepáticas: proteína C reativa, fibrinogênio, complemento C3 e C4, ferritina etc. ▪ Alterações hormonais: ↑TSH/cortisol/aldosterona/catecolaminas/insulina/glucagon, ↑glicogênese/metabolismo lipídico, ↓concentração de ferro/zinco. ▪ Tendência a leucocitose, trombocitose e anemia. SEMIOLOGIA DA FEBRE Temperatura normal ▪ Axilar: em média 36 a 37°C (máximo de 37,7°C à tarde) ▪ Oral: 36,5 a 37,3°C (máximo de 38,2° à tarde) ▪ Retal: 37,5 a 38,3°C Variações fisiológicas: ritmo circadiano, variações populacionais, idade, atividades etc. Intensidade da febre ▪ Baixa: até 37,9°C ▪ Moderada: 38 a 38,9°C ▪ Alta: 39 a 40,5°C ▪ Hiperpirexia: acima de 40,5°C Início: súbito ou gradual Duração: curta (até 3 semanas) ou prolongada (acima de 3 semanas) Padrões ▪ Contínua: oscilações diárias menores que 1°C. Febre tifoide, malária grave, brucelose, febre maculosa etc. ▪ Remitente: oscilações diárias maiores que 1°C, mas sem voltar à temperatura normal. Pneumonias bacterianas, sepse, endocardite, abscessos viscerais etc. ▪ Intermitente: períodos de apirexia entre as crises de febre. Malária, tuberculose miliar, endocardites etc. ▪ Bifásica: entre dois períodos de febre há 1 a dois dias de apirexia. Febre amarela, leptospirose etc. ▪ Irregular, vespertina, febre inversa, Pel-Ebstein DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ FEBRE DE ORIGEM OBSCURA (FOO) Definição clássica (Petersdorf e Beeson, em 1961): febre acima de 38,3°C (Toral, equivalente a 37,8°C de Taxilar) em várias ocasiões, com duração de pelo menos 3 semanas e sem diagnóstico após 7 dias de investigação hospitalar. Clássica: febre acima de 37,8°C em várias ocasiões, com duração de pelo menos 3 semanas e diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada. Nosocomial: febre acima de 37,8°C em várias ocasiões, com duração maior que 3 dias e diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada. Pacientes hospitalizados, doença ausente e sem incubação antes da internação. Em pacientes neutropênicos: acima de 37,8°C em várias ocasiões, com duração maior que 3 dias e diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada (3 consultas ambulatoriais ou 3 dias de internação hospitalar). Menos de 500 neutrófilos por mm3. Em pacientes infectados pelo HIV: febre acima de 37,8°C em várias ocasiões, com duração maior que 3 dias, se internado, ou maior que 3 semanas, se ambulatorial, e diagnóstico incerto após 3 dias de investigação apropriada. Infecção por HIV confirmada. Etiologia ▪ Infecções: 25-52%. Tuberculose extrapulmonar e miliar (principal causa no Brasil e mundo, incluindo idosos e crianças), abscessos, sinusites, otites, infecções das vias biliares etc. ▪ Doenças inflamatórias não infecciosas: 4-35%. Doença de Still do adulto, LES, polimialgias reumáticas, arterite temporal, doenças inflamatórias intestinais etc. ▪ Neoplasias: 2-33%. Linfomas, leucoses, carcinoma de ap. digestivo, hepatomas, síndromes mielodisplásicas etc. ▪ Miscelânea: 3-31%. Febre factícia, febre por fármacos, TVP e embolia pulmonar, tireoidite subaguda, hipertireoidismo etc. ▪ Sem diagnóstico: 3-33% DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________ Abordagem ao paciente com FOO ✓ Constatação da febre e suas características ✓ Sintomas de infecção de vias aéreas, queixas digestivas, sintomas urinários, sinais de uretrite, lesões de pele e exantema, sintomas neurológicos. ✓ História patológica (comorbidades, uso de drogas imunossupressoras etc.) ✓ História epidemiológica (idade, trabalho, moradia, saneamento no trabalho e em casa, viagem para áreas endêmicas de infecções, casos na família ou na localidade onde vive, riscos de DST, história alimentar, vacinal, uso de drogas etc.) Exame físico: minucioso e repetido sistematicamente durante evolução ✓ Sinais de gravidade ✓ Sinais para diagnóstico anatômico ou sindrômico ✓ Sinal de Faget (dissociação pulso temperatura): brucelose, febre amarela, febre tifoide, meningites, encefalites Investigação laboratorial inicial ✓ Hemograma completo, VHS e proteína C reativa. ✓ Bioquímica (AST, ALT, bilirrubinas, fosfatase alcalina, ureia, creatinina, glicemia, LDH, CPK, proteínas totais e frações, Ca, P, K, Na, TSH, T4l, T3, Fe sérico, ferritina). ✓ Parasitológico de fezes, sangue oculto nas fezes, colonoscopia. ✓ EAS e urinocultura. ✓ Hemocultura (pelo menos 3 amostras para aeróbios, anaeróbios, fungos e micobactérias) ✓ RX tórax, USG abdominal e pélvica, TC abdome, pelve e tórax, Doppler de MMII. ✓ Ecocardiograma transtorácico e, se persistir hipótese de EI, transesofágico. ✓ Sorologia (HIV, CMV, Epstein-Barr, toxoplasmose, outros de acordo com a investigação) ✓ Testes intradérmicos (PPD ou IGRA, Montenegro, Mitsuda) ✓ Coleta de material biológico (escarro, biópsia de pele/linfonodo/MO, exame de líquor, líquido pleural etc.) para cultura, exame direto, sorologia, bioquímica e histopatológico. ✓ Provas inflamatórias (FAN, Anti-dsDNA, Anti-Sm, fator reumatoide, ANCA) ✓ Antígenos tumorais (CEA, PSA, CA-125, alfafetoproteína, ácido vanilmandélico etc.) ✓ Medicina nuclear Proceder investigação de acordo com o encontrado. Pareceres especializados, se necessário, e criteriosos. Suspender todos os medicamentos possíveis e trocar os que não puderem ser suspensos. Causas de dificuldade no diagnóstico: omissões na HDA, anamnese incompleta, falha no exame físico, uso prévio de antimicrobianos/antiinflamatórios/corticoides/imunossupressores, falta de recurso para investigação, apresentações atípicas de doenças comuns, doenças raras, limitações dos exames laboratoriais (tempo para o resultado, falso-positivo/negativo, interpretação errada). Abordagem terapêutica ▪ Provas terapêuticas ▪ Antitérmicos ▪ 5 a 35% ficam sem diagnóstico DIP João Vitor P. Gama – MED 103 UV _______________________________________________________________________________________