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Nathália Machado – MED FTC Tutoria ID: A.C.S., sexo feminino, 10 anos de idade, estudante, natural e procedente do Bairro de Cajazeiras X da cidade de Salvador. Informante: A genitora. Queixa Principal: Dor abdominal e vomito há dois dias. HMA: A genitora informa que a paciente há 2 dias iniciou quadro de vômitos (3-4 episódios/dia) associado a dor abdominal periumbilical e a um único episódio de fezes amolecidas há mais de 24 horas. Desde então se mantem sem evacuar. Refere também, ter aferido sua temperatura durante esse período, com registro máximo de 37,8oC, quando medicou com dipirona (30 gotas). Hoje procurou atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento do seu bairro, preocupada com a pouca aceitação de dieta, com os vômitos e com persistência da dor abdominal, que de forma intermitente incomoda o sono e as atividades habituais da criança. Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA. História Patológica Pregressa: Teve varicela na infância e 1 internamento aos 6 meses de vida por quadro de Bronquiolite. Calendário Vacinal atualizado. História Fisiológica: Nascido de parto Natural, a termo, teve seu desenvolvimento neuropsicomotor dentro do esperado. História Familiar: Genitor hipertenso, Genitora diabética, Avô materno diabético e hipertenso, Avô paterno falecido por IAM, Avó materna sem comorbidades, avó paterna hipertensa. História Social: Natural de Salvador, residindo toda infância no Bairro de Cajazeiras X, estudante do 5o ano do ensino fundamental, mora em casa própria, com rede elétrica, água encanada e filtrada, com rede de esgoto. História Alimentar: Alimenta-se mal, com horários irregulares para as suas refeições. Alimentação pobre em frutas, legumes e verduras, consumindo muito açúcar e frituras. Exame Físico: Geral: Regular estado geral, com fáceis de dor, corada, hidratada, anictérica, normotensa, eupneica em ar ambiente. Altura 1,35m; Peso 35Kg; IMC 19,23 PA: 100x60mmHg; FC 102bpm; FR 26ipm; Tax 37,6oC Nathália Machado – MED FTC Pele: Corada, com turgor e elasticidade normais, mucosas normocoradas, não palpo linfonodos em cadeias cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular, sem alterações dos pelos. Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, dentes em perfeito estado de conservação. Orofaringe sem hiperemia em úvula e palato, sem presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, istmo da tireoide pouco palpável, lobos palpáveis, sem nódulos, consistência elástica. Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de musculatura acessória) Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem distribuídos sem ruídos adventícios (MVBD s/ RA). AP. Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5o EIC na LHCE medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T c/ BNF. Ausência de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP) Pulsos arteriais periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. Abdome: plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse normal presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. Hepatimetria medindo cerca de 10 cm (lobo direito). A Percussão do espaço de Traube apresenta som timpânico. Sem visceromegalias. Abdome doloroso a palpação difusamente, mais em região periumbilical. Ausência de massas. Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. Sistema nervoso: lúcida e orientada. Sem déficit motor aparente. Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. Ausência de sinais de irritação meníngea. Glasgow 15. Conduta: Prescrito Analgésico e Antiemético, hidratação venosa, solicitado exames laboratoriais e USG de Abdômen total Nathália Machado – MED FTC INFORMAÇÕES RELEVANTES DO CASO Feminino, 10 anos, Salvador. Dor abdominal e vômito há dois dias (3/4 episódios por dia) Dor periumbilical Um episódio de fezes amolecidas há 24 horas, sem evacuação posterior T: máx de 37.8ºC Pouca aceitação de dieta Dor importante, acorda e atrapalha as atividades habituais Alimentação pobre em fibras, rico em açúcar e fritura Regular estado geral, fáceis de dor Abdome doloroso a palpação difusamente, mais intenso em regiao periumbilical Exames laboratoriais: Hemograma VHS PCR Parasitológico de fezes Pesquisa de vírus nas fezes (colpocultura) TC de Abdome HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS 1 – GECA (Parasitose) 2 – Obstrução intestinal 3 – Abdome agudo (Diverticulite, apendicite) O QUE ESTUDAR GECA Quando tem febre em GECA Exames complementares solicitados Quando pedir VHS e PCR Hemograma Prexo celíaco Intussuscepção e volvo Parasitológico de fezes Pesquisa de vírus nas fezes (colpocultura) TC de Abdome Introdução Dor abdominal aguda em crianças, até que se prove o contrário, deve ser sempre manejado como abdome agudo, a fim de evitar rápida progressão de uma patologia grave. Necessário colher uma história detalhada, obervar a faixa está do paciente, caracterizar a dor (quanto ao tipo – se cólica, queimação, facada, pontada – localização, irradiação, intensidade, tempo de aparecimento dos sintomas, fator de melhora e piora, presença de sintomas associados como vômitos, distensão abdominal, hematêmese ou melena, icterícia, alterações urinárias ou intestinais, emagrecimendo, febre. A dor pode ser de origem extra-abdominal, decorrente de pneumonia, infarto, cetoacidose diabética, por exemplo. Pode ainda ter origem parietal, visceral ou referida. A dor pode ser transmitida ao cérebro por dois tipos de fibras aferentes: - Tipo Delta: a fibra termina no tálamo e faz com que o cérebro reconheça com maior precisão a localização da dor. Essas fibras estão presentes na pele e no peritônio parietal. A estimulação dessas fibras Nathália Machado – MED FTC permite a localização mais precisa da origem da dor. - Tipo C: as visceras abdominais recebem invervação do tipo C, com terminação no tronco cerebral, e torna a perpecção da dor no sistema nervoso mais difícil de localizar. Portanto, a dor é mais profunda, tem um caráter mais lento e localização mais vaga/difusa. Então, se a dor é facilmente localizável, tem caráter agudo, indica que o peritônio está sofrendo algum tipo de estímulo e que o evento que está ocasionando a dor se estendeu para fora das vísceras. A paciente do caso tem dor a palpação difusa com predomínio da dor em região periumbilical. Portanto, provavelmente não se trata de uma origem peritonial. Pode-se ainda suspeitar da origem das patologias segundo a localização da dor: Quadrante superior direito: doenças da vesícula, hepatite, hepatomegalia; Quadrante superior esquerdo: IAM, pneumonia, crise falcêmica, linfoma, esplenomegalia, "gastrite". Quadrante inferior direito: apendicite, doença de crohn, doenças ginecológicas (ruptura de cisto de ovário, gravidez ectópica, DIP), causas renais (litíase, pielonefrite). Quadrante inferior esquerdo: diverticulite, obstrução intestinal, colite isquêmica/ulcerativa/ulcerosa sacroileíte, doenças ginecológicas (ruptura de cisto de ovário, gravidez ectópica, DIP), causas renais (litíase, pielonefrite). Mesogástrio: dispepsia, DRGE, pancreatite, apendicite inicial, doença ulcerosa péptica. Suprapúbica: cistite, prostatite, retenção urinária aguda, causas ginecológicas. Difusa ou generalizada:parede abdominal, doença celíaca, constipação, diarreia crônica, síndrome do intestino irritável, ruptura de aneurisma de aorta abdominal, traumatismo. Importante contextualizar o paciente no meio em que ele vive, os hábitos de vida, ocupação, comorbidades, cirurgias prévias, uso de etanol e tabaco, antecedentes familiares, história familiar de neoplasia, DII, litíase biliar ou renal, aneurisma, anemia falciforme, entre outros. A abordagem deve ser centrada na pessoa. Sinais de alarme São fatores preditivos de ocorrência de patologia de maior gravidade, os seguintes sinais: → Dor que muda de localização; → Dor que desperta o sono; → Dor que persiste por um período maior que 6h; → Dor seguida de vômitos; → Emagrecimento involuntário. Ao exame físico: Geral: verificar sinais de desidratação, anemia, icterícia, fáceis de dor, posição antálgica (geralmente ocorre quando há irritação peritoneal por quadros inflamatórios). Verificar PA, temperatura, FC e FR. Paciente com fáceis de dor, corada, hidratada, PA 100x60 (hipotensa), FC (102 – taquicárdica), FR 26 irpm (taquipneica). Inspeção: verificar se tem cicatrizes cirúrgicas prévias (aderências? Hérnias incisionais?) Distensão abdominal (abdome Nathália Machado – MED FTC agudo obstrutivo?) equimoses (hemoperitônio?) circulação colateral (hepatopatia?) abaulamentos assimétricos (tumores?) peristaltismo visível em parede abdominal (oclusão intestinal?). Ausculta: ruidos hidroaéreos podem estar aumentados em casos de gastroenterite, fase inicial de quadro obstrutivo, podem estar diminuidos ou abolidos em casos de fase tardia de quadro obstrutivo ou íleo paralítico. Buscar sopros abdominais que podem sugerir aneurisma de aorta abdominal ou de artéria renal. Palpação: observar rigidez abdominal (sugere um sinal de defesa abdominal, nesse caso podemos pensar em abdome inflamatório ou perfurativo), identificar o local da dor, presença de massas, hepato ou esplenomegalia. Percussão: podemos verificar se existem áreas de hipertimpanismo, presença de ascite, delimitar o tamanho do fígado e baço se aumentados. Sinais e manobras Carnett: útil para diferenciar dor de origem visceral e dor de parede abdominal. O teste é realizado ao definir-se a área de maior dor à palpação. Em seguida, o paciente flete a parede abdominal e o ponto é palpado de novo. A dor que é menos intensa à palpação com o abdome fletido tem alta probabilidade de ser visceral. E se a dor permanecer igual ou piorar com essa manobra, provavelmente é proveniente da parede abdominal (teste positivo) ou de causa não orgânica. Murphy: Cessação abrupta do esforço respiratório do paciente durante a palpação profunda do quadrante superior direito. Sugestivo de colecistite aguda. Blumberg: Dor no ponto de McBurney à descompressão súbita. Sugere irritação peritoneal secundária a apendicite aguda. Rovsing: Aparecimento de dor no quadrante inferior direito durante a compressão exercida no lado esquerdo. Sugere irritação peritoneal, como na apendicite aguda e na pelveperitonite. Psoas: Pede-se ao paciente que se deite sobre o lado não afetado e estenda sua outra perna contra a resistência da mão do examinador. Quando positivo (dor durante a manobra), sugere processo inflamatório adjacente ao músculo psoas. Obturador: Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador flexiona a coxa dele com os joelhos fletidos e rota a perna, interna e externamente. Quando positivo (dor hipogástrica durante a manobra), sugere processo inflamatório adjacente ao músculo obturador. Nathália Machado – MED FTC Analisando os dados vitais: Altura 1,35m; Peso 35Kg; IMC 19,23 PA: 100x60mmHg; FC 102bpm; FR 26ipm; Tax 37,6oC Paciente hipotensa, taquipneica e taquicardica. Exames complementares Serão indicados na dependência da suspeita clínica. De uma forma geral, os pacientes que demandem exames subsidiários de urgência serão encaminhados. Porém, é necessário que o médico saiba solicitar estes exames ou conhecê-los a fim de orientar os pacientes quanto à rotina propedêutica a qual será submetido. Laboratoriais: Hemograma (quadro infeccioso?), glicemia, ureia, creatinina e eletrólitos. As transaminases quando houver dor em hipocôndrio direito, amilase e lipase se houver suspeita clínica de pancreatite (amilase tem maior sensibilidade e lipase maior especificidade). Exame sumário de urina (cistites? pielonefrites?). Mulheres em idade fértil, solicitar teste de gravidez. Exames de imagem: Os exames de imagem são necessários para confirmar as patologias que envolvem decisões cirúrgicas. Radiografia simples (RX) de abdome - frente a quadros abdominais agudos deve-se solicitar o Rx de abdome. Procurar identificar níveis hidroaéreos, distensão de alças abdominais (em quadros obstrutivos); presença de ar subdiafragmático em posição ortostática (quadros perfurativos); perda da definição do psoas (quadros inflamatórios) e presença de litíase. USG abdominal e pélvica: Possui maior fidedignidade na avaliação de doenças do sistema biliar e órgãos pélvicos, quando comparado com o rx simples de abdome e tomografia computadorizada. Indicada quando os quadros dolorosos se localizarem em região suprapúbica e aquelas localizadas em quadrante superior direito. Tomografia computadorizada abdominal e pélvica: Deve ser solicitada criteriosamente devido ao alto custo e ao risco cumulativo de exposição à radiação. Tem maior acurácia para as patologias intra- abdominais. Solicitar quando houver suspeita de apendicite, diverticulite, obstrução intestinal, pancreatite, aneurisma de aorta abdominal, isquemia mesentérica. Ressonância magnética: Restringe-se a avaliação das afecções pancreáticas e vias biliares, quando houver intolerância à utilização de contrastes ou insuficiência renal. Tratamento: Recomenda-se a utilização de opióides para alívio da dor, sem prejuízo para o diagnóstico ou decisão terapêutica, exceção quando houver suspeita clínica de pancreatite, pois há possibilidade de agravação dos sintomas pelo espasmo do esfíncter de Oddi secundário à utilização da morfina. Esfíncter de oddi: É um músculo que envolve a junção dos ductos colédoco e pancreático, antes de desembocarem no duodeno. O tratamento deve ser direcionado à causa basal. Nathália Machado – MED FTC Abdome agudo Abdome agudo é um quadro de instalação súbita de dor abdominal, geralmente grave, demanda a realização de um diagnóstico rápido a fim de evitar complicações irreversíveis ou morte do paciente. Importante salientar que nem todos os quadros de abdome agudo terão desfecho cirúrgico, a exemplo da pancreatite aguda. Os quadros de abdome agudo podem ser agrupados em cinco diagnósticos sindrômicos: → Inflamatório → Perfurativo → Obstrutivo → Hemorrágico → Isquêmico Abdome agudo inflamatório As causas mais frequentes são apendicite, colecistite aguda, pancreatite e diverticulite. Apendicite aguda É a causa de maior frequência, provavelmente a doença cirúrgica mais comum no abdome. Tem maior incidência nas segunda e terceira décadas de vida, sendo seu agente fisiopatológico a obstrução do lume apendicular por fecalito ou processo inflamatório. O quadro clínico caracteriza-se por dor iniciada em epigástrio e região periumblical e posteriormente em fossa ilíaca direita (FID); dor de caráter contínuo ou intermitente, agravada pelos movimentos, acompanhada de náuseas e vômitos, febre. Não há comprometimento do estado geral do paciente. Deve-se seguir um padrão semiológico de inspeção, ausculta, palpação e percussão: → Na palpação do abdome procura-se identificar a localização da dor, resistência voluntária ou espontânea, ou presença demassas (plastrão ou tumor inflamatório). → Na inspeção não há sinais característicos da patologia. → Ausculta: pode-se evidenciar a diminuição dos ruídos abdominais. No exame do abdome procure identificar os sinais classicamente conhecidos: → Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca em FID; → Sinal de Rovsing: dor referida em FID ao se realizar a palpação profunda de fossa ilíaca esquerda (FIE) e flanco esquerdo; → Sinal de Lapinsky: dor em FID quando realizada a palpação profunda em ponto de MacBurney com o membro inferior hiperestendido e elevado. A percussão deve começar em ponto distante do ponto de MacBurney, em direção à FID, nela ocorrerá dor à percussão, expressão do processo de irritação peritoneal Tratamento O paciente com apendicite será convidado para um passeio no centro cirúrgico, o tratamento é apenas cirúrgico. Colestite aguda Caracterizada como inflamação química ou bacteriana da vesícula biliar, geralmente desencadeada por obstrução do ducto cístico. A litíase biliar é a principal causa desta patologia, sendo que a obstrução é consequente à impactação do cálculo em região do infundíbulo- colocística, desencadeando estase, fenômenos Nathália Machado – MED FTC vasculares e inflamatórios e consequente proliferação de bactérias. Se o cálculo mover-se, o quadro involui. Se tal fato não ocorrer, há evolução do quadro com formação de empiema, necrose e perfuração da vesícula; esta pode ser bloqueada ou ser liberada para o peritônio. Eventualmente, pode ocorrer colecistite alitiásica, com fisiopatologia não esclarecida. A colecistite tem maior ocorrência no sexo feminino, podendo ser a primeira manifestação da litíase biliar. O quadro clínico é caracterizado por dor, inicialmente tipo cólica, havendo progressão do quadro a dor assume o padrão contínuo; a dor localiza-se em hipocôndrio direito, irradiando-se para epigástrio; geralmente acompanhada de náuseas e vômitos, febre e em 20% dos pacientes icterícia discreta. Ao exame físico há dor em hipocôndrio direito à palpação profunda, sendo o sinal de Murphy positivo. A vesícula pode estar palpável em 25 % dos pacientes. Tratamento Colecistectomia, hoje temos a opção de realizar o procedimento via videolaparoscopia. Pancreatite aguda Doença desencadeada por processo inflamatório, em decorrência da ativação incorreta de enzimas pancreáticas, que levam a edema, hemorragia e necrose pancreática e peripancreática. Tem repercussão sistêmica desde hipovolemia até a comprometimento de diversos órgãos e sistemas, podendo evoluir para óbito. A pancreatite necrotizante é a forma de maior gravidade, tendo maior mortalidade. Sendo que 80% dos casos estão relacionados ao Etanol e litíase biliar. Outras causas estão relacionados à hipertrigliceredemia, hipercalcemia, trauma abdominal, trauma operatório e reação à fármacos. No estudo de Ardengh (2009), 10 a 30% dos casos não tiveram etiologia aparente, sendo que 25 a 50% tiveram recidiva nos dois anos subsequentes, com alta morbimortalidade. Leve: quadros pouco sintomáticos, onde não há necessidade de internação. Grave: recebe a definição de pancreatite associada à falência orgânica e/ou surgimento de complicações locais: coleções líquidas, formadas a partir da instalação do quadro, não capsulado; pseudocistos com a evolução do quadro há tendência de formação de pseudo cápsulas, formadas pelas estruturas adjacentes; necrose que se estabelece em resultado da digestão do pâncreas e gordura adjacentes. Os dois últimos podem se infectar, sendo os agentes infecciosos a Escherichia coli, Klebsiella sp e Enterococcus sp. É essencial a correta classificação do quadro para instituição da melhor conduta, para isto recomenda-se a utilização de critérios como os de Ranson, Glasgow e Apache II. O exame físico irá depender da intensidade do quadro. Caracterizada por dor abdominal intensa, iniciada em epigástrio, com irradiação para região dorsal, em faixa, acompanhada de náuseas e vômitos e parada de eliminação de fezes e gases, com sintomas sistêmicos. Nas formas leves (80- 90%) o paciente encontra-se em regular estado geral, desidratado, taquicárdico e às vezes em posição antálgica. Apresenta abdome com distensão, difusamente doloroso à palpação profunda, particularmente em andar Nathália Machado – MED FTC superior de abdome. Os ruídos hidroaéreos estão diminuídos. Nas formas graves, há comprometimento geral do paciente que está desidratado, ansioso, hipotenso, taquicárdico e dispneico. Abdome distendido, doloroso difusamente, com sinais de irritação peritoneal, ruídos hidroaéreos diminuídos a abolidos. Pode estar presente o sinal de Cullen e o de Grey Turner. São sinais onde o paciente apresenta equimose, sendo Cullen mais na região periumbilical e Gray-Turner aparecem mais nas laterais do abdome. Tratamento: O tratamento irá depender da classificação da pancreatite. Nos casos classificados como leves, o paciente será submetido a analgesia, mantido dieta oral se aceitar, sonda nasogástrica se o paciente estiver com náuseas e vômitos. Não havendo melhora após 48 a 72 h, fazer nova estratificação de gravidade. Nos casos graves o paciente deve ser internado em unidade de terapia intensiva. Diagnóstico diferencial: Doença ulcerosa péptica complicada, coleciste aguda, obstrução intestinal, infarto mesentérico e isquemia miocárdica. Diverticulite dos cólons A doença diverticular pode estar presente em todo o cólon, com predominância em sigmoide e raramente abaixo da reflexão peritoneal. è uma patologia decorrente de dieta pobre em fibras, sua incidência aumenta com a idade, sendo estimado que 60% dos pacientes com idade superior a 80 anos tenham doença diverticular colônica. Cerca de 10 a 25% dos pacientes irão evoluir com diverticulite, de localização em 95% das vezes no sigmoide. As complicações como perfuração, fístulas, obstrução ou estenose irá acometer 1/4 destes pacientes. O quadro clínico é variável, sendo que os pacientes poderão referir dor aguda, geralmente em quadrante inferior esquerdo, porém pode localizar-se em hipogástrio e quadrante inferior direito de abdome. Apresentando ainda náuseas e vômitos, febre não muito elevada, alteração de ritmo intestinal- diarreia ou constipação. ao exame físico há sinais de irritação peritoneal. A confirmação diagnóstica será dada pela TC que tem valor preditivo de 88% na inflamação pericólica e 100 nos casos que houver espessamento de parede. Permite ainda classificar a diverticulite em não complicada e complicada, aliada à classificação de Hinchey, definindo o tratamento que deverá ser instituído. Classificação de Hinchey: Abscesso pericólico; Tratamento da diverticulite não complicada é clínico, podendo ser feito no ambulatório, sendo indicado dieta rica em fibras e antibióticos de largo espectro (gram negativos e anaeróbios). À exceção são pacientes idosos, imunossuprimidos ou que apresentarem falha no tratamento, Nathália Machado – MED FTC devendo ser internados para tratamento . 85% dos pacientes terão seu quadro resolvido. Observar que há chance de recorrência do quadro, devendo estes pacientes ficar sob acompanhamento. Abscesso intra-abdominal ou retroperitoneal; Diverticulite Aguda complicada: a conduta difere segundo o tamanho do abscesso; nos pacientes com abscessos menores de 2 cm e/ou mesocólicos é realizado o tratamento clínico. Pacientes com abscesso maiores de 2 cm devem ser internados para receber drenagem percutânea guiada por US ou TC. Peritonite purulenta; Peritonite fecal; Nestes pacientes há complicação por peritonite, sendo indicada a cirurgia. De acordo com Dias et al (2009), deve- se seguir esta ordem: controleda septicemia, ressecção do tecido afetado e restabelecimento do transito intestinal. O acesso pode ser realizado por laparoscopia. Exames complementares O paciente será submetido a tratamento clínico-hospitalar, exceto nos casos onde houver complicações em decorrência da doença. Os princípios do tratamento são: Analgesia; Reposição Volêmica; Reposição de Eletrólitos; Tratamento do Íleo adinâmico; Tratamento de falências orgânicas, sendo as mais comuns: insuficiência renal, cardiocirculatória, respiratória, metabólica. Coagulopatia pode ocorrer na septicemia. Antibioticoterapia. Colangite Caracterizada por obstrução do ducto biliar e infecção secundária, podendo evoluir para septicemia. Pode ser causada por cálculos biliares, seguida de estenose, neoplasias e raramente parasitas, coledococele e manipulação de via biliar por colangiopancreatografia endoscópica retrógrada (CPRE). Os agentes etiológicos da infecção são a Escherichia coli, Klebsiella sp., Enterococcus e Bacterioides. O quadro clínico é caracterizado pela tríade de Charcot: dor em hipocôndrio direito, febre e icterícia. Este quadro pode evoluir para a Pentade de Reynalds, caracterizada por confusão mental e septicemia Tratamento Cerca de 5% dos casos o tratamento será cirúrgico. Os pacientes deverão ainda receber antibióticos de largo espectro. Abdome agudo obstrutivo Síndrome caracterizada por presença de obstáculo mecânico ou funcional que leve a interrupção da progressão do conteúdo intestinal. Pode ser classificado segundo: A altura do obstáculo: alto (delgado proximal) ou baixo (delgado distal ou cólon); Fatores desencadeantes: intraluminais ou extraluminais; Grau de oclusão: parcial ou total; Tempo de instalação: agudo ou crônico; Situação de irrigação e vitalidade de alças: simples ou estrangulada; Forma de obstrução: alça aberta (obstrução apenas distal) ou fechada (obstáculo em dois níveis). Nathália Machado – MED FTC Os quadros de obstrução intestinal são responsáveis por 20% das internações hospitalares e a mortalidade é menor que 10%. → Aderências é a principal causa dos quadros obstrutivos, seguido por hérnia estrangulada e neoplasia intestinal. Patologias que podem resultar em obstrução intestinal: Intestino delgado: aderências, hérnias inguinais, íleo biliar, bezoar, bolo de áscaris, estrongiloidíase, tuberculose, massas abdominais tumorais (adenocarcinoma, linfoma, metástases peritoniais, tumores mesentéricos e massas abdominais não tumorais tais como apendicite, diverticulite, invaginação, doença de crohn, pólipos, hematomas intramurais. Pode haver também obstrução intestinal desencadeada por abscessos, pseudocistos, aneurismas. Cólon: 55% dos pacientes têm adenocarcinoma primário de cólon, torção de volvo 12% dos casos, diverticulite em 10% dos pacientes. Se há comprometimento de grandes extensões abdominais é importante pensar em: carcinoma, divertculite e volvo. Em adultos as causas de maior frequência são as aderências, hérnias e doença de crohn, enquanto nos idosos deve-se pensar em neoplasias, diverticulites e fecalomas. Etiopatogenia A obstrução por causas mecânicas podem ser classificadas segundo a sua etiologia. Pode ocorrer redução da luz desencadeada por retração e espessamento de parede por doenças intestinais, obstrução desencadeadas por causas extrínsecas ao intestino, como nas aderências. Assim como fatores que podem desencadear alteração da motilidade intestinal levando a íleo paralítico ou neurogênico. Obstrução da luz intestinal: intussuscepção intestinal; íleo biliar, impactação por bolo de áscaris, bário ou bezoar. Doenças de parede: congênitas (atresias e estenoses, divertículo de Meckel); traumáticas; inflamatórias (Doença de Crohn, diverticulites); Neoplasias; endometriose. Doenças extrínsecas: aderências, hérnias, massas extrínsecas (pâncreas anular, vasos anômalos, abscessos, hematomas, neoplasia, volvo) Alterações de motilidade do intestino delgado: íleo paralítico, íleo espástico, oclusão vascular. Fisiopatologia É necessário entender os mecanismos fisiopatológicos que ocorrem na presença de uma obstrução intestinal, isto será importante para o manejo do paciente. Obstrução intestinal mecânica simples As alterações são em decorrência do acúmulo de gases e líquido acima da área obstruída e alteração da motilidade intestinal. Ocorre a perda de líquidos e eletrólitos por vômito e sequestro na alça intestinal. O líquido movimenta-se entre luz intestinal e sangue de duas formas: absorção (líquido da luz intestinal para a corrente sanguínea) e secreção (movimento do líquido do sangue para a luz intestinal). Levando a acúmulo de líquidos e eletrólitos no interir do intestino. Com a evolução do processo há incremento do processo de secreção, levando a comprometimento das porções proximais à Nathália Machado – MED FTC obstrução intestinal, com consequente congestão venosa, aumento da distensão de alças e edema de parede intestinal. O edema de parede intestinal provoca a perda de líquidos através da serosa para cavidade peritoneal. Estas perdas levam à hemoconcentração, hipovolemia, insuficiência renal, choque e morte se não forem corrigidas. A peristalse intestinal estará aumentada na tentativa de se promover a propulsão do bolo fecal. Os períodos de aumento de persitalse serão intercalados com momentos de acalmia, estes irão variar conforme a altura da obstrução; variando de 3 a 4 minutos na obstrução alta e 10 a 15 minutos na obstrução baixa. Os movimentos peristálticos aumentados poderão agravar o edema de parede por traumatizá-las. Obstrução intestinal com estrangulamento Nesta intercorrência há comprometimento do suprimento sanguíneo do intestino por compressão dos vasos mesentéricos levando à isquemia tecidual e necrose. A isquemia aliada ao acúmulo de líquidos e gases desencadeiam pequenos sangramentos na luz intestinal e nas paredes do intestino. Há também liberação de substâncias tóxicas geradas pelo segmento intestinal necrosado. Obstrução em alça fechada Há obstrução em extremidades proximal e distal simultaneamente, podendo progredir rapidamente para estrangulamento. Íleo paralítico Podendo ser de três tipos- íleo adinâmico, espástico e da oclusão vascular. A fisiopatologia do íleo adinâmico pode estar relacionada a alteração da resposta neuro- hormonal do intestino, é a situação mais comum, ocorrendo em cirurgias abdominais e extra-abdominais. O íleo espástico surge devido a hiperatividade do intestino. No íleo com oclusão vascular há incapacidade de coordenação da motilidade intestinal em função da isquemia. Quadro clínco O quadro clínico é caracterizado por: Alteração do estado geral, com desidratação, hipotensão arterial. A febre pode ocorrer quando há complicação do quadro. Dor abdominal: tipo cólica, início brusco, evolui em salvas, de localização variável, dependendo da etiologia. Quando há mudança do padrão da dor para continuada, pode-se suspeitar de comprometimento vascular. Os sítios de localização das dores levam à suspeição do fator que desencadeou o quadro. Dores em região superior de abdome indicam obstrução intestinal alta (estenose pilórica, tumores duodenais, tumores periampulares). Dores em região periumbilical demonstram a ocorrência de obstrução de intestino delgado (bridas e aderências, hérnias encarceradas, bolo de áscaris, estenoses inflamatórias, tumores e carcinomatose). Dores em hipogástrio sugere obstrução de intestino grosso (hérnias encarceradas, corpo estranho, intussuscepção, volvo de cólon, fecaloma, tumores de cólon e reto). Náuseas evômitos: surgem precocemente nas obstruções altas, eliminando material Nathália Machado – MED FTC estagnado e de aspecto biliar. Nos quadros onde há obstrução baixa, pode não haver vômitos com conteúdo entérico. Parada de eliminação de fezes e gases: estes são sintomas tardios e demonstram a completa obstrução do intestino. Quando há suboclusão intestinal, o paciente pode continuar a eliminar gases. Distensão abdominal simétrica ou assimétrica: surge após poucas horas da instalação do quadro, sendo discreta ou inexistente nos quadros de obstrução alta. O exame físico inicial é pobre, os sinais vitais estarão alterados somente na vigência dos sintomas de dor. Em abdome, observa-se defesa de parede à palpação, presença de massas. Os ruídos hidroaéreos estão altos, agudos e metálicos na vigência das cólicas; tornam-se diminuídos com a evolução do quadro, podendo tornar-se ausentes. Com a evolução do quadro há instalação de desidratação e aumento da distensão abdominal. Tratamento Reposição de líquidos e eletrólitos, jejum, descompressão do trânsito intestinal através de instalação de sonda nasogástrica. Os pacientes devem ser reavaliados entre 24 a 48 h, não tendo resolução espontânea, avalia-se a necessidade de cirurgia. Os quadros de abdome agudo obstrutivo causados por hérnia estrangulada, volvo de sigmoide, intussuscepçao, neoplasia intestinal, e isquemia mesentérica devem receber tratamento cirúrgico com maior brevidade possível. Abdome agudo perfurativo Dentre as urgências abdominais não traumáticas, o Abdome Agudo Perfurativo é uma das síndromes mais frequentes. É a terceira causa de abdome agudo, depois do inflamatório e do obstrutivo. Sua etiologia é variada e podem ser decorrentes de processos inflamatórios (úlcera péptica e diverticulite), neoplásicos, infecciosos, ingestão de corpo estranho, traumatismos e iatrogênicas. Uma das principais características desta urgência médica é a dor de início súbito, intensa e difusa em todo abdome, levando o paciente a procurar rapidamente os serviços de urgência/emergência. Frequentemente a dor vem acompanhada de choque e sinais de septicemia. O quadro normalmente exuberante pode ser mascarado pela idade avançada do paciente e outras entidades que levem à imunossupressão. Nas perfurações altas, como por exemplo, as causadas pela úlcera péptica, os sucos digestivos que extravasam, levam a uma peritonite química, seguido de proliferação bacteriana e consequente processo infeccioso. Nas perfurações baixas do trato digestivo, a peritonite é infecciosa desde o início, evoluindo rapidamente de um quadro focal, para um sistêmico. Outro fator que interfere na localização, intensidade e gravidade do quadro é o grau de distribuição dos líquidos extravasados na cavidade abdominal. Pode haver um bloqueio parcial da área lesionada, com consequente localização da dor e dos sinais de peritonite. O tempo decorrido do início do quadro até a intervenção médica e a etiologia da perfuração, também são fatores determinantes da evolução e desfecho do caso. Tem como fatores etiológicos processos inflamatórios (Úlcera péptica, Crohn), Nathália Machado – MED FTC infecções por salmonella, citomegalovírus, tuberculose intestinal e neoplasia intestinal e iatrogênicas (procedimentos diagnósticos e terapêuticos). O quadro abaixo mostra as principais causas de abdome perfurativo não traumático. O quadro clínico é caracterizado por dor abdominal súbita, intensa, irradiada para todo o abdome, agravada pelo movimento, acompanhada por náuseas e vômitos, febre, alteração de ritmo intestinal. O quadro clínico dependerá do tamanho da lesão, quantidade de líquido extravasado, comorbidades, situação de nutrição e tempo de atendimento. Sinais de septicemia, hipotensão ou choque são frequentes. No exame físico além da dor à palpação é possível identificar a presença do sinal de Jobert, caracterizado pela perda da macicez hepática à percussão. Importante avaliar os seguintes parâmetros: Peritonite é química ou bacteriana; Nível da perfuração; Tempo de evolução do quadro; Presença de comprometimento sistêmico; Etiologia da perfuração; Tratamento O tratamento é cirúrgico. Entretanto, as ações do médico da atenção básica começam na prevenção do evento perfurativo , através do diagnóstico precoce e tratamento dos agravos que podem evoluir com complicações agudas. Uma vez que o profissional se depare com um paciente em Abdome Agudo Perfurativo, realizar o diagnóstico sindrômico, com a identificação dos riscos imediatos e estabilização do paciente visando à prevenção do choque, com encaminhamento imediato para os serviços de urgência/emergência. Úlcera péptica A perfuração da úlcera péptica é responsável por 5-10% das cirurgias abdominais de urgência. Caracteriza-se pela ruptura da lesão, com extravasamento do conteúdo digestivo (alimentos e suco gástrico, etc). Pode ser decorrente de úlceras agudas (história de Etanol, corticoterapia, antinflamatórios, aas), ou úlceras de evolução crônica, cujos sintomas habituais subitamente mudam, com exacerbação da dor, desaparecimento dos movimentos peristálticos e sinais de peritonite. A dor é o sintoma preponderante, com as características citadas no início do capítulo. No exame físico observa-se defesa involuntária, com contratura de todo abdome. Além disso, existe a diminuição ou paralização dos movimentos peristálticos, distensão abdominal e com a evolução, sinais de septicemia. A história clínica é essencial para determinar a etiologia do evento perfurativo. São pacientes que geralmente tem história arrastada de epigastralgia, pirose e/ou azia. É necessário também investigar o uso de medicamentos como corticoides e antinflamatórios não hormonais, além do uso de Etanol. No exame do abdome, há sinais evidentes de peritonite, ausência de macicez hepática (sinal de Jobert) e de ruídos hidroaéreos. Nathália Machado – MED FTC Tratamento É baseado em uma abordagem cirúrgica de emergência. Divertículos A doença diverticular predomina no sigmoide, podendo entretanto, surgir em todo cólon, atingindo até 60% dos pacientes com mais de 80 anos. Destes, até 25% irão evoluir com diverticulite, sendo que ¼ destes pacientes vão apresentar complicações como a perfuração. A dor é aguda e intensa, variando entre localizada e generalizada, dependendo de fatores como extensão da lesão, conteúdo extravasado e bloqueio ou não. Ainda sinais de septicemia e de irritação peritoneal. Ferimentos O trauma abdominal é muito comum em situações de emergência. A dificuldade em determinar a dinâmica do trauma, lesões em tórax e nádegas que podem repercutir no abdome e alterações do sensório, devido a traumatismo cranioencefálico, podem dificultar o diagnóstico e o tratamento do trauma abdominal. As manifestações clínicas do traumatismo abdominal, são decorrentes tanto de manifestações hemorrágicas, quanto das perfurativas. As vísceras ocas podem ser lesadas em traumas contusos, mas o mais comum, é que as manifestações relacionadas ao pneumoperitôneo ocorram pela ação de agentes penetrantes. Nas armas brancas, as lesões são limitadas à trajetória da arma, enquanto nas lesões por projéteis de arma de fogo, as lesões são variadas, pois o trajeto é variado, além da ação da força de cavitação. Os ferimentos de dorso, períneo, nádegas e tórax podem comprometer estruturas abdominais. Assim, todos os ferimentos que comprometem essas regiões devem ser considerados abdominais, até prova em contrário. Tratamento O médico da atenção básica, caso receba um paciente vítima de trauma, deve avaliar as condições hemodinâmicas do paciente, estabilizare encaminhar imediatamente para unidades de emergência. O tratamento depende muitas vezes de uma laparatomia exploratória para identificar a extensão das lesões, especialmente nos pacientes com pneumoperitonio, hipotensão persistente, sinais de irritação peritoneal e sangramento anal ou oral. O uso de drogas opióides deve ser evitado em pacientes com hipovolemia, trauma encefálico ou trauma abdominal, pois podem agravar a hipotensão, levar a depressão respiratória e impedir a valorização clínica dos achados. Abdome agudo isquêmico O Abdome Agudo Isquêmico é uma síndrome em que uma das principais características é a dor abdominal intensa, desproporcional às alterações do exame físico. A apresentação da doença isquêmica intestinal irá depender da localização, comprometimento do órgão e acometimento vascular. Recebe a classificação de: isquemia mesentérica aguda, isquemia mesentérica crônica e isquemia colônica. Tem como fatores de risco: idade avançada, cardiopatia, doença vascular, fibrilação arterial, doenças valvares e hipercoagulação. A ocorrência deste tipo de abdome agudo não é frequente, porém a mortalidade é alta. Tem seus diagnóstico e conduta realizados de forma tardia. Nathália Machado – MED FTC A fisiopatologia baseia-se em uma redução acentuada do fluxo sanguíneo mesentérico, que incapaz de suprir as demandas metabólicas do intestino, leva a graus variados de lesão isquêmica. A extensão e gravidade do episódio dependem da duração e da intensidade do fenômeno isquêmico e da presença de circulação colateral capaz de compensar a diminuição do fluxo na área comprometida. → Isquemia mesentérica aguda Tem como fator desencadeador o tromboembolismo que leva a interrupção súbita do suprimento arterial, comprometendo o tronco celíaco, artéria mesentérica superior e inferior (principalmente os ramos anteriores emergentes da aorta) ou ramos menores. Pode levar a necrose, infarto e morte de extensas porções do aparelho digestivo. A isquemia mesentérica representa uma das mais devastadoras condições abdominais em pacientes idosos. Ela pode atingir tanto o intestino delgado quanto o grosso. Pode ser segmentar ou difusa, parcial ou transmural. Responde por cerca de 1% dos casos de abdome agudo, com índice de mortalidade que pode chegar a 90%. As diferentes manifestações clínicas e patologias associadas determinam um alto grau de complexidade e a mortalidade elevada depende da causa e da extensão da lesão isquêmica. O infarto mesentérico ocorre por oclusão arterial ou venosa. As oclusões da artéria mesentérica superior (AMS) correspondem a 60-70% dos casos, e frequentemente é resultado de tromboembolismo. A trombose venosa representa 5-10% e as condições não oclusivas representam aproximadamente 20-30% dos casos. Várias condições podem causar oclusão dos vasos mesentéricos como a fibrilação atrial, doença aterosclerótica, diabetes, amiloidose e vasculites. Em pacientes jovens, as microangiopatias trombóticas são as causas mais comuns. Em crianças, a displasia fibromuscular é a grande responsável pelos casos de infarto mesentérico. As oclusões venosas podem ser primárias ou secundárias e proximais ou distais. Podem ser causadas por neoplasias, doenças inflamatórias e estados de hipercoagulabilidade (policitemia , anemia falciforme, carcinomatose, etc). A trombose distal, comum nos estados de hipercoagulabilidade, provoca infarto transmural, enquanto a trombose proximal, determina quadros mais amenos devido à circulação colateral. Nos casos obstrutivos intestinais, pode ocorrer compressão e estrangulamento das veias, com ou sem subsequente trombose ou infarto. Além da dor intensa, vômitos, alteração nas características das fezes e distensão abdominal são sintomas frequentes. A ausculta abdominal varia muito e pode ser aumentada, nos casos de isquemia segmentar em que a porção acometida funciona como uma obstrução, ou diminuída, quando a extensão comprometida for muito extensa, não sendo assim de muito valor prático. O toque retal pode ajudar quando se detecta a presença de fezes com aspecto de “geleia de amoras”, indicativo de necrose da mucosa intestinal. Nos quadros agudos há instalação de dor abdominal intensa, súbita, em região periumbilical, logo evoluindo para quadro de abdome agudo. Nathália Machado – MED FTC Tratamento O tratamento, geralmente, é a ressecção do segmento comprometido. O índice de mortalidade por isquemia mesentérica antes da instalação de necrose é de 90%. → Colite isquêmica A colite isquêmica, como exemplo de lesão parcial ou superficial, é o tipo de colite mais comum em pacientes acima de 50 anos e é autolimitada. Esta condição é resultante do baixo fluxo no mesentério, associada a diferentes fatores como hipotensão, desidratação, hipercoagulabidade e vasculite. O lado esquerdo do cólon, especialmente o ângulo esplênico é a região mais frequentemente afetada. Neste caso deve ser feito o diagnóstico diferencial com o megacólon tóxico da retocolite ulcerativa, que apesar da baixa incidência, tem alta mortalidade (25% a 30%). A dor abdominal, associada à diarreia, sangramento intestinal e inflamação no angulo esplênico do cólon caracteriza a colite isquêmica. Tratamento O tratamento de colite isquêmica consiste em hidratação e antibioticoterapia. Menos de 20% de pacientes necessitarão de cirurgia. Abdome agudo hemorrágico A hemorragia intra-abdominal espontânea é rara. Está presente em aproximadamente 2% dos pacientes adultos que procuram os serviços de emergência com dor abdominal. Apesar de rara, pode ser fatal, com taxas de mortalidade que chegam a 40% nos pacientes não-operados e de 100% nos operados sem identificação do foco hemorrágico. A avaliação dos fatores de risco e das etiologias é essencial em pacientes onde se suspeita de Abdome Agudo Hemorrágico. As causas são numerosas e incluem doenças como a ruptura de aneurisma da aorta ou de outras artérias viscerais, o traumatismo abdominal, as neoplasias malignas de vísceras sólidas, os processos inflamatórios erosivos (pancreatite, por exemplo) e, nas mulheres, além dessas mencionadas, as afecções ginecológicas e obstétricas como a gravidez ectópica rota. A hemorragia intra-abdominal, que não deve ser confundida com hemorragia digestiva (intraluminar), é mais frequente após os 50 anos de idade, podendo ocorrer em qualquer idade. É mais comum em homens na proporção de 2:1. As causas variam de acordo com o sexo e a idade. A dor abdominal varia de intensidade e localização de acordo com a causa da hemorragia. Pode estar associada à manifestações de hipovolemia e choque. A apresentação clínica varia de acordo com o volume perdido, a velocidade da perda sanguínea, as condições gerais do paciente e a causa da hemorragia. Quando a perda sanguínea é lenta e inferior a 15% da volemia, o quadro pode passar despercebido. Nesta situação observa-se a pele pálida e fria, lentificação do enchimento capilar, pulso fino e aumento da frequência respiratória. Com a piora do quadro, os sinais ficam mais evidentes, surgindo a taquicardia, hipotensão, taquipnéia, redução do débito urinário e agitação. Nos casos de hemorragia intra-abdominal, súbita, maciça e contínua, o paciente pode evoluir rapidamente para o choque. Nessa situação, deve-se iniciar as medidas de reanimação e adiar os procedimentos diagnósticos. Nathália Machado – MED FTC Deve-se buscar sinais de irritação peritoneal, visceromegalias, massas palpáveis pulsáteis ou não e de sopros no abdome. Ainda pode-se visualizar o sinal de Cullen, que é a presença de equimoses na cicatriz umbilical e sugere hemorragia intraperitoneal, ou o sinal de Gray-Turney,onde as equimoses são visualizadas na região dos flancos, e sugere hemorragia retroperitonial. Outras causas para abdome agudo hemorrágico são: ruptura de vísceras, ruptura de aneurismas e o hameatoma retroperitoneal espontâneo. Hemorragia digestiva É uma das causas que levam à internações de urgência. A hemorragia digestiva caracteriza-se por hematêmese e melena (hemorragias por causas situadas acima do ligamento de Treitz, alta), enterorragias (hemorragias por causas abaixo do ligamento de Treitz, baixa). Geralmente as expressões da hemorragia digestiva alta (HDA) são a hematêmese e a melena, contudo em HDA com grande volume, pode ocorrer enterorragias, assim como lesões de cólon direito ou delgado terminal, podem ocasionar melena. → Hemorragia digestiva alta (HDA) a) HDA com varizes esofagianas Presentes em pacientes com hepatopatia crônica que apresentam hipertensão portal. HDA varicosa tem como fator causal a hipertensão portal, secundária à cirrose; é tida como a principal causa de morbimortalidade neste grupo de pacientes, podendo acometer de 50 a 90 % dos pacientes portadores de hipertensão portal. Quando ocorre a HDA deve-se avaliar as fases aguda e tardia. O quadro clínico inicia- se com sangramento ativo, sendo que cerca de 50% destes pacientes terão remissão espontânea do sangramento, índice este, menor que nas HDA não varicosas, onde até 90% dos pacientes tem remissão espontânea do sangramento. A recorrência de sangramento no período de 48 a 72 h após o primeiro episódio de HDA é alto, sendo que 50 % dos sangramentos irão ocorrer no período de até 10 dias do quadro inicial. São considerados fatores de risco para novos episódios de sangramento: Idade > 60 anos. Insuficiência renal crônica; Presença de varizes de grosso calibre; HDA maciça (Hb < 8mg/dl, na admissão). Fatores preditores de ressangramento: Localização das varizes- quando localizadas na transição esofagogástrica, são mais superficiais, tendo maior possibilidade de novo sangramento. Tamanho das varizes; Aparência das varizes - presença de vergões vermelhos, manchas de cereja, hematocistos, eritema difuso. Fatores clínicos - grau de disfunção hepática, escore de Child, história de sangramentos anteriores. Pressão nas varizes. Importante apontar que os cirróticos que sobrevivem ao primeiro episodio de sangramento deverão receber terapia para prevenção de recorrências de sangramento. Nathália Machado – MED FTC A melhor terapia é a combinação de beta- bloqueadores e ligadura elástica para a profilaxia de novas hemorragias. b) HDA de etiologia não varicosa São causadas geralmente em pacientes com úlcera péptica gastroduodenal, lesão aguda de mucosa gastroduodenal, laceração aguda da transição esofagogástrica (Síndrome de Mallory- Weiss), neoplasia gástrica e esofagite. A etiologia de maior frequência é a úlcera péptica. Conduta Todos os pacientes com cirrose hepática deverão ser investigados a fim de identificar varizes de esôfago, a identificação precoce permite a adoção de medidas de profilaxia primária de hemorragia varicosa. A HDA é a principal complicação da hipertensão portal, tem mortalidade ainda elevada apesar do decréscimo nos últimos ano (15 a 20%), isto em consequência aos tratamentos endoscópico e farmacológico, junto à profilaxia antibiótica. Tratamento O objetivo do tratamento da HDA é a correção do choque hipovolêmico, realização da hemostasia, prevenção do ressangramento e complicações associadas à HDA. Frente a um paciente com hemorragia digestiva deve-se avaliar estado hemodinâmico, existência de palidez cutâneo mucosa, temperatura de extremidades, enchimento do leito ungueal, sinais clínicos de doença hepática, pulso e pressão. → Hemorragia digestiva alta (HDA) Os quadros de HDB geralmente são autolimitados, podendo ter quadros com pequenos sangramentos até hemorragias maciças. No adulto as causas de sangramento de maior frequência são: doença diverticular de cólon, angiodisplasias e as doenças proctológicas. Em menor frequência temos como etiologias as neoplasias, colites isquêmicas, doenças inflamatórias intestinais e utilização de anti-inflamatórios não hormonais. - Doenças Proctológicas: A doença hemorroidária é causa frequente de HDB, sendo caracterizada por sangramentos de pequeno volume, não se mistura às fezes, apresenta gotejamento no vaso. A história e exame físico permitem o diagnóstico da doença, confirmada por exame de retossigmoidoscopia. - Doença Diverticular do cólon: Pode ocasionar hemorragias volumosas de caráter súbito, autolimitada, originárias principalmente de divertículos localizados em cólon direito. A colonoscopia está indicada nestes casos, junto a estudo histológico para definir a existência de neoplasias, doenças inflamatórias intestinais, colites infecciosas e colites isquêmicas. - Doença do Intestino Delgado: São responsáveis pela maioria dos casos de hemorragia obscura, pois as lesões que a originam não podem ser visualizadas pela colonoscopia. São causadas por lesões vasculares angiodisplásicas ou neoplasias. Conduta Nas HDB os sangramentos são de pequeno volume em sua maioria, devendo-se realizar o tratamento dirigido à causa primária do sangramento. Intussuscepção e volvo A intussuscepção é a telescopagem de uma porção do intestino (intussusceptum) dentro de um segmento adjacente (intussuscipiens), causando obstrução intestinal e, às vezes, isquemia intestinal. O Nathália Machado – MED FTC diagnóstico é feito por ultrassonografia. O tratamento é com enema de ar e, algumas vezes, cirurgia. A intussuscepção geralmente acontece entre as idades de 6 meses e 3 anos, com 65% dos casos ocorrendo antes do 1º ano e 80% a 90% antes dos 2 anos de idade. É a causa mais comum de obstrução intestinal nessa faixa etária e ocorre mais ou menos igualmente em crianças do sexo masculino e feminino < 4 anos de idade. Nas crianças com mais de quatro anos de idade, a intussuscepção é muito mais comum nos meninos (8: 1). O segmento da telescopagem provoca obstrução intestinal e, por fim, impede o fluxo sanguíneo para o segmento da intussuscepção (Intussuscepção), causando isquemia, gangrena e perfuração. Volvo: Trata-se uma emergência cirúrgica. Tem baixa incidência na faixa etária pediátrica, e há maior incidência no sexo masculino. O quadro clínico apresenta distensão abdominal, dor abdominal e constipação, fazendo parte do espectro do abdome agudo obstrutivo. Diagnóstico por exames de imagem (radiografia e tomografia computadorizada de abdome) com sinais sugestivos de distensão de alças, rotação intestinal e comprometimento vascular. Tratamento padrão ouro pela intervenção cirúrgica com ressecção da alça comprometida e anastomose termino- terminal. Os principais fatores de risco para o volvo de sigmoide são: constipação crônica (dieta, secundário a drogas, doenças neuropsicológicas); dietas com muita fibra; tumores/cistos pélvicos; bridas6. Tanto aumento do trânsito intestinal pelo aumento da motilidade, como a diminuição do trânsito, levando a um aumento da pressão intraluminal, podem ser fatores de risco para o volvo. Volvo de sigmóide – Sinal do grão de café, sinal de “U” invertido e sinal do bico de passaro ao raio X. Prexo celíaco O Plexo celíaco é um dos principais plexos responsáveis pela inervação de órgãos da porção retrodiafragmática do sistema digestório, principalmente do estômago, intestinos, glândulas anexas (fígado e pâncreas) e ainda contribui para a inervação do baço. Este plexo nervoso visceral é responsável pelo controle da motilidade gastrointestinal e participa na fisiopatogenia das afecções do sistema digestório,tais como as atonias digestivas, gastroenterites hemorrágicas, torções gástricas, invaginações intestinais, que se caracterizam por distúrbios metabólicos e da peristalse. Parasitológico de fezes O exame parasitológico de fezes (EPF) é de suma importância na clínica médica, considerando que as parasitoses intestinais são um problema de saúde pública de alta prevalência no Brasil. A solicitação do EPF, diante de suspeita de uma parasitose intestinal durante anamnese detalhada e exame físico minucioso, pode diagnosticar com antecedência as doenças parasitárias e evitar a progressão da patologia para Nathália Machado – MED FTC formas mais complicadas, além de evitar a realização de procedimentos invasivos. Fatores que influenciam na prevalência brasileira das parasitoses incluem precariedade no saneamento básico, condições sociais, econômicas, educacionais, climáticas e hábitos de higiene inadequados. Coletar 3 amostras de fezes em dias alternados (duração de 6 dias) Por que coletar mais de uma amostra em algumas situações? Intermitência da eliminação de alguns parasitos, dependendo do ciclo de vida. Distribuição não uniforme de ovos nas fezes. Estágios dos protozoários, segundo o ciclo de vida. Limitação da técnica, falta de sensibilidade ou especificidade do método. Pesquisa de vírus nas fezes (colpocultura) ORIENTAÇÕES GERAIS: Coletar a amostra durante a fase aguda da diarreia (primeiros 5 dias), preferencialmente antes da antibioticoterapia; Coletar as fezes em um recipiente limpo e seco, fornecido pelo laboratório; Retirar o swab da embalagem, passar a ponta que contém o algodão na amostra de fezes (de preferência nas partes da amostra contendo muco, sangue ou pus, quando presentes); Abrir o tubo contendo meio de transporte (gel); Colocar a parte de algodão impregnada de fezes dentro do meio de transporte (gel); Identificar o tubo, de forma legível, com nome do paciente, dia e a hora da coleta; Transferir para o frasco de boca larga com tampa rosca fornecido pelo laboratório uma porção da amostra de aproximadamente 5 ml de fezes diarreicas, ou 5g de fezes formadas (porção do tamanho de uma noz), Fechar bem a tampa do frasco; Identificar, de forma legível, com nome do paciente, dia e a hora da coleta; Encaminhar o tubo com o swab e o frasco com a amostra imediatamente ao laboratório ou refrigerar por no máximo 24 horas. Quando pedir VHS e PCR A velocidade de hemossedimentação (VHS) é um exame laboratorial que mede inflamação sistêmica de qualquer causa: infecciosa, inflamatória, alérgica, neoplásica, entre outros. A proteína C reativa (PCR) também é inespecífica e mede inflamação sistêmica, mas de caráter agudo. Ambas são conhecidas como provas inflamatórias de fase aguda porque refletem a presença de inflamação ativa e sistêmica. A PCR é um componente da resposta imune inata, com características primárias antiinflamatórias. É importante por desempenhar uma das primeiras reações diante de uma agressão. Sua ação, entretanto, não é específica. Atualmente é utilizada, inclusive, como indicador de risco para doença coronariana e acidente vascular cerebral. É uma das provas de fase aguda mais utilizada na prática, por ser ótimo Nathália Machado – MED FTC parâmetro de monitorização terapêutica. Isso ocorre porque pode se elevar precocemente no curso da doença e sua concentração é capaz de mudar conjuntamente com a evolução da doença, quer esta melhore ou piore. Há situações em que as medidas da PCR têm valor prognóstico, como na AR. VHS: Corresponde à medida da velocidade do empilhamento espontâneo das hemácias durante o período de uma hora, quando colocadas em um tubo na vertical (mm/h). É uma medida indireta da atividade das proteínas de fase aguda. O processo pode ser acelerado pela presença de proteínas como o fibrinogênio em quadros agudos, ou por imunoglobulinas em quadros crônicos. É bastante sensível, mas pouco específica. Exceção deve ser feita a valores muito elevados, próximos a 100 mm/h, verificados na arterite temporal, processos infecciosos graves e algumas neoplasias. Conduta:
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