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CASO 02

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Nathália Machado – MED FTC 
Tutoria 
 
 
 
ID: A.C.S., sexo feminino, 10 anos de idade, estudante, natural e procedente do Bairro de 
Cajazeiras X da cidade de Salvador. 
Informante: A genitora. 
Queixa Principal: Dor abdominal e vomito há dois dias. 
HMA: A genitora informa que a paciente há 2 dias iniciou quadro de vômitos (3-4 episódios/dia) 
associado a dor abdominal periumbilical e a um único episódio de fezes amolecidas há mais de 
24 horas. Desde então se mantem sem evacuar. Refere também, ter aferido sua temperatura 
durante esse período, com registro máximo de 37,8oC, quando medicou com dipirona (30 
gotas). Hoje procurou atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento do seu bairro, 
preocupada com a pouca aceitação de dieta, com os vômitos e com persistência da dor 
abdominal, que de forma intermitente incomoda o sono e as atividades habituais da criança. 
Interrogatório Sistemático: Nega outros sintomas além dos já referidos na HMA. 
História Patológica Pregressa: Teve varicela na infância e 1 internamento aos 6 meses de vida 
por quadro de Bronquiolite. Calendário Vacinal atualizado. 
História Fisiológica: Nascido de parto Natural, a termo, teve seu desenvolvimento 
neuropsicomotor dentro do esperado. 
História Familiar: Genitor hipertenso, Genitora diabética, Avô materno diabético e hipertenso, 
Avô paterno falecido por IAM, Avó materna sem comorbidades, avó paterna hipertensa. 
História Social: Natural de Salvador, residindo toda infância no Bairro de Cajazeiras X, estudante 
do 5o ano do ensino fundamental, mora em casa própria, com rede elétrica, água encanada e 
filtrada, com rede de esgoto. 
História Alimentar: Alimenta-se mal, com horários irregulares para as suas refeições. 
Alimentação pobre em frutas, legumes e verduras, consumindo muito açúcar e frituras. 
Exame Físico: 
Geral: Regular estado geral, com fáceis de dor, corada, hidratada, anictérica, normotensa, 
eupneica em ar ambiente. 
Altura 1,35m; Peso 35Kg; IMC 19,23 PA: 100x60mmHg; FC 102bpm; FR 26ipm; Tax 37,6oC 
 
Nathália Machado – MED FTC 
Pele: Corada, com turgor e elasticidade normais, mucosas normocoradas, não palpo linfonodos 
em cadeias cervicais, submandibulares, axilares, infraclavicular, sem alterações dos pelos. 
Cabeça: forma normal, sem lesões aparentes. Olhos, ouvidos, nariz e boca sem anormalidades, 
dentes em perfeito estado de conservação. Orofaringe sem hiperemia em úvula e palato, sem 
presença de petéquias, sem hipertrofia de amígdalas. 
Pescoço: nuca livre, traqueia na linha média, istmo da tireoide pouco palpável, lobos palpáveis, 
sem nódulos, consistência elástica. 
Ap. Respiratório: Tórax e pulmões: simétrico, sem esforço respiratório (tiragens ou uso de 
musculatura acessória) Expansibilidade preservada bilateralmente. FTV uniformemente 
palpável bilateralmente. Som claro atimpânico à percussão. Murmúrio vesicular bem 
distribuídos sem ruídos adventícios (MVBD s/ RA). 
AP. Cardiovascular: Precórdio normodinâmico. Ictus de VE invisível, palpável em 5o EIC na LHCE 
medindo cerca de 2 polpas digitais, não propulsivo. Ausência de atritos. RCR 2T c/ BNF. Ausência 
de sopros ou extrassístoles. Ausência de turgência de jugular patológica (TJP) Pulsos arteriais 
periféricos simétricos, sincrônicos e com boa amplitude. 
Abdome: plano, sem lesões de pele, cicatrizes, circulação colateral ou herniações. Peristalse 
normal presente nos quatro quadrantes e ausência de sopros em focos arteriais abdominais. 
Hepatimetria medindo cerca de 10 cm (lobo direito). A Percussão do espaço de Traube 
apresenta som timpânico. Sem visceromegalias. Abdome doloroso a palpação difusamente, 
mais em região periumbilical. Ausência de massas. 
Membros: Ausência de edema, lesões de pele, sinais de insuficiência venosa ou arterial. 
Panturrilhas livres. Pulsos periféricos palpáveis simétricos e amplos. 
Sistema nervoso: lúcida e orientada. Sem déficit motor aparente. Pupilas isocóricas e 
fotorreagentes. Reflexos superficiais profundos presentes simétricos e sem anormalidades. 
Ausência de sinais de irritação meníngea. Glasgow 15. 
Conduta: Prescrito Analgésico e Antiemético, hidratação venosa, solicitado exames laboratoriais 
e USG de Abdômen total 
 
 
 
 
 
Nathália Machado – MED FTC 
INFORMAÇÕES RELEVANTES DO CASO 
 
Feminino, 10 anos, Salvador. 
Dor abdominal e vômito há dois dias (3/4 
episódios por dia) 
Dor periumbilical 
Um episódio de fezes amolecidas há 24 horas, 
sem evacuação posterior 
T: máx de 37.8ºC 
Pouca aceitação de dieta 
Dor importante, acorda e atrapalha as 
atividades habituais 
Alimentação pobre em fibras, rico em açúcar 
e fritura 
Regular estado geral, fáceis de dor 
Abdome doloroso a palpação difusamente, 
mais intenso em regiao periumbilical 
 
 
Exames laboratoriais: 
Hemograma 
VHS 
PCR 
Parasitológico de fezes 
Pesquisa de vírus nas fezes (colpocultura) 
TC de Abdome 
HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS 
1 – GECA (Parasitose) 
2 – Obstrução intestinal 
3 – Abdome agudo (Diverticulite, apendicite) 
O QUE ESTUDAR 
GECA 
Quando tem febre em GECA 
Exames complementares solicitados 
Quando pedir VHS e PCR 
Hemograma 
Prexo celíaco 
Intussuscepção e volvo 
Parasitológico de fezes 
Pesquisa de vírus nas fezes (colpocultura) 
TC de Abdome 
 
 
Introdução 
Dor abdominal aguda em crianças, até que 
se prove o contrário, deve ser sempre 
manejado como abdome agudo, a fim de 
evitar rápida progressão de uma patologia 
grave. 
Necessário colher uma história detalhada, 
obervar a faixa está do paciente, 
caracterizar a dor (quanto ao tipo – se 
cólica, queimação, facada, pontada – 
localização, irradiação, intensidade, tempo 
de aparecimento dos sintomas, fator de 
melhora e piora, presença de sintomas 
associados como vômitos, distensão 
abdominal, hematêmese ou melena, 
icterícia, alterações urinárias ou intestinais, 
emagrecimendo, febre. 
A dor pode ser de origem extra-abdominal, 
decorrente de pneumonia, infarto, 
cetoacidose diabética, por exemplo. Pode 
ainda ter origem parietal, visceral ou 
referida. 
A dor pode ser transmitida ao cérebro por 
dois tipos de fibras aferentes: 
- Tipo Delta: a fibra termina no tálamo e faz 
com que o cérebro reconheça com maior 
precisão a localização da dor. Essas fibras 
estão presentes na pele e no peritônio 
parietal. A estimulação dessas fibras 
 
Nathália Machado – MED FTC 
permite a localização mais precisa da 
origem da dor. 
- Tipo C: as visceras abdominais recebem 
invervação do tipo C, com terminação no 
tronco cerebral, e torna a perpecção da dor 
no sistema nervoso mais difícil de localizar. 
Portanto, a dor é mais profunda, tem um 
caráter mais lento e localização mais 
vaga/difusa. 
Então, se a dor é facilmente localizável, tem 
caráter agudo, indica que o peritônio está 
sofrendo algum tipo de estímulo e que o 
evento que está ocasionando a dor se 
estendeu para fora das vísceras. 
A paciente do caso tem dor a palpação 
difusa com predomínio da dor em região 
periumbilical. Portanto, provavelmente não 
se trata de uma origem peritonial. 
Pode-se ainda suspeitar da origem das 
patologias segundo a localização da dor: 
 Quadrante superior direito: 
doenças da vesícula, hepatite, 
hepatomegalia; 
 Quadrante superior esquerdo: IAM, 
pneumonia, crise falcêmica, 
linfoma, esplenomegalia, 
"gastrite". 
 Quadrante inferior direito: 
apendicite, doença de crohn, 
doenças ginecológicas (ruptura de 
cisto de ovário, gravidez ectópica, 
DIP), causas renais (litíase, 
pielonefrite). 
 Quadrante inferior esquerdo: 
diverticulite, obstrução intestinal, 
colite 
isquêmica/ulcerativa/ulcerosa 
sacroileíte, doenças ginecológicas 
(ruptura de cisto de ovário, gravidez 
ectópica, DIP), causas renais (litíase, 
pielonefrite). 
 Mesogástrio: dispepsia, DRGE, 
pancreatite, apendicite inicial, 
doença ulcerosa péptica. 
 Suprapúbica: cistite, prostatite, 
retenção urinária aguda, causas 
ginecológicas. 
 Difusa ou generalizada:parede 
abdominal, doença celíaca, 
constipação, diarreia crônica, 
síndrome do intestino irritável, 
ruptura de aneurisma de aorta 
abdominal, traumatismo. 
Importante contextualizar o paciente no 
meio em que ele vive, os hábitos de vida, 
ocupação, comorbidades, cirurgias prévias, 
uso de etanol e tabaco, antecedentes 
familiares, história familiar de neoplasia, 
DII, litíase biliar ou renal, aneurisma, 
anemia falciforme, entre outros. A 
abordagem deve ser centrada na pessoa. 
Sinais de alarme 
São fatores preditivos de ocorrência de 
patologia de maior gravidade, os seguintes 
sinais: 
→ Dor que muda de localização; 
→ Dor que desperta o sono; 
→ Dor que persiste por um período maior 
que 6h; 
→ Dor seguida de vômitos; 
→ Emagrecimento involuntário. 
Ao exame físico: 
Geral: verificar sinais de desidratação, 
anemia, icterícia, fáceis de dor, posição 
antálgica (geralmente ocorre quando há 
irritação peritoneal por quadros 
inflamatórios). Verificar PA, temperatura, 
FC e FR. 
Paciente com fáceis de dor, corada, 
hidratada, PA 100x60 (hipotensa), FC (102 – 
taquicárdica), FR 26 irpm (taquipneica). 
Inspeção: verificar se tem cicatrizes 
cirúrgicas prévias (aderências? Hérnias 
incisionais?) Distensão abdominal (abdome 
 
Nathália Machado – MED FTC 
agudo obstrutivo?) equimoses 
(hemoperitônio?) circulação colateral 
(hepatopatia?) abaulamentos assimétricos 
(tumores?) peristaltismo visível em parede 
abdominal (oclusão intestinal?). 
Ausculta: ruidos hidroaéreos podem estar 
aumentados em casos de gastroenterite, 
fase inicial de quadro obstrutivo, podem 
estar diminuidos ou abolidos em casos de 
fase tardia de quadro obstrutivo ou íleo 
paralítico. Buscar sopros abdominais que 
podem sugerir aneurisma de aorta 
abdominal ou de artéria renal. 
Palpação: observar rigidez abdominal 
(sugere um sinal de defesa abdominal, 
nesse caso podemos pensar em abdome 
inflamatório ou perfurativo), identificar o 
local da dor, presença de massas, hepato ou 
esplenomegalia. 
Percussão: podemos verificar se existem 
áreas de hipertimpanismo, presença de 
ascite, delimitar o tamanho do fígado e baço 
se aumentados. 
Sinais e manobras 
Carnett: útil para diferenciar dor de origem 
visceral e dor de parede abdominal. O teste 
é realizado ao definir-se a área de maior dor 
à palpação. Em seguida, o paciente flete a 
parede abdominal e o ponto é palpado de 
novo. A dor que é menos intensa à palpação 
com o abdome fletido tem alta 
probabilidade de ser visceral. E se a dor 
permanecer igual ou piorar com essa 
manobra, provavelmente é proveniente da 
parede abdominal (teste positivo) ou de 
causa não orgânica. 
 
Murphy: Cessação abrupta do esforço 
respiratório do paciente durante a palpação 
profunda do quadrante superior direito. 
Sugestivo de colecistite aguda. 
Blumberg: Dor no ponto de McBurney à 
descompressão súbita. Sugere irritação 
peritoneal secundária a apendicite aguda. 
 
Rovsing: Aparecimento de dor no 
quadrante inferior direito durante a 
compressão exercida no lado esquerdo. 
Sugere irritação peritoneal, como na 
apendicite aguda e na pelveperitonite. 
Psoas: Pede-se ao paciente que se deite 
sobre o lado não afetado e estenda sua 
outra perna contra a resistência da mão do 
examinador. Quando positivo (dor durante 
a manobra), sugere processo inflamatório 
adjacente ao músculo psoas. 
 
Obturador: Com o paciente em decúbito 
dorsal, o examinador flexiona a coxa dele 
com os joelhos fletidos e rota a perna, 
interna e externamente. Quando positivo 
(dor hipogástrica durante a manobra), 
sugere processo inflamatório adjacente ao 
músculo obturador. 
 
Nathália Machado – MED FTC 
 
Analisando os dados vitais: 
Altura 1,35m; Peso 35Kg; IMC 19,23 PA: 
100x60mmHg; FC 102bpm; FR 26ipm; Tax 
37,6oC 
Paciente hipotensa, taquipneica e 
taquicardica. 
Exames complementares 
Serão indicados na dependência da suspeita 
clínica. De uma forma geral, os pacientes 
que demandem exames subsidiários de 
urgência serão encaminhados. Porém, é 
necessário que o médico saiba solicitar 
estes exames ou conhecê-los a fim de 
orientar os pacientes quanto à rotina 
propedêutica a qual será submetido. 
Laboratoriais: Hemograma (quadro 
infeccioso?), glicemia, ureia, creatinina e 
eletrólitos. As transaminases quando 
houver dor em hipocôndrio direito, amilase 
e lipase se houver suspeita clínica de 
pancreatite (amilase tem maior 
sensibilidade e lipase maior especificidade). 
Exame sumário de urina (cistites? 
pielonefrites?). Mulheres em idade fértil, 
solicitar teste de gravidez. 
Exames de imagem: Os exames de imagem 
são necessários para confirmar as 
patologias que envolvem decisões 
cirúrgicas. Radiografia simples (RX) de 
abdome - frente a quadros abdominais 
agudos deve-se solicitar o Rx de abdome. 
Procurar identificar níveis hidroaéreos, 
distensão de alças abdominais (em quadros 
obstrutivos); presença de ar 
subdiafragmático em posição ortostática 
(quadros perfurativos); perda da definição 
do psoas (quadros inflamatórios) e 
presença de litíase. 
USG abdominal e pélvica: Possui maior 
fidedignidade na avaliação de doenças do 
sistema biliar e órgãos pélvicos, quando 
comparado com o rx simples de abdome e 
tomografia computadorizada. Indicada 
quando os quadros dolorosos se localizarem 
em região suprapúbica e aquelas localizadas 
em quadrante superior direito. 
Tomografia computadorizada abdominal e 
pélvica: Deve ser solicitada criteriosamente 
devido ao alto custo e ao risco cumulativo 
de exposição à radiação. Tem maior 
acurácia para as patologias intra-
abdominais. Solicitar quando houver 
suspeita de apendicite, diverticulite, 
obstrução intestinal, pancreatite, 
aneurisma de aorta abdominal, isquemia 
mesentérica. 
Ressonância magnética: Restringe-se a 
avaliação das afecções pancreáticas e vias 
biliares, quando houver intolerância à 
utilização de contrastes ou insuficiência 
renal. 
Tratamento: Recomenda-se a utilização de 
opióides para alívio da dor, sem prejuízo 
para o diagnóstico ou decisão terapêutica, 
exceção quando houver suspeita clínica de 
pancreatite, pois há possibilidade de 
agravação dos sintomas pelo espasmo do 
esfíncter de Oddi secundário à utilização da 
morfina. 
Esfíncter de oddi: É um músculo que 
envolve a junção dos ductos colédoco e 
pancreático, antes de desembocarem no 
duodeno. 
O tratamento deve ser direcionado à causa 
basal. 
 
 
 
Nathália Machado – MED FTC 
Abdome agudo 
Abdome agudo é um quadro de instalação 
súbita de dor abdominal, geralmente grave, 
demanda a realização de um diagnóstico 
rápido a fim de evitar complicações 
irreversíveis ou morte do paciente. 
Importante salientar que nem todos os 
quadros de abdome agudo terão desfecho 
cirúrgico, a exemplo da pancreatite aguda. 
Os quadros de abdome agudo podem ser 
agrupados em cinco diagnósticos 
sindrômicos: 
→ Inflamatório 
→ Perfurativo 
→ Obstrutivo 
→ Hemorrágico 
→ Isquêmico 
 
Abdome agudo inflamatório 
As causas mais frequentes são apendicite, 
colecistite aguda, pancreatite e 
diverticulite. 
Apendicite aguda 
É a causa de maior frequência, 
provavelmente a doença cirúrgica mais 
comum no abdome. Tem maior incidência 
nas segunda e terceira décadas de vida, 
sendo seu agente fisiopatológico a 
obstrução do lume apendicular por fecalito 
ou processo inflamatório. 
O quadro clínico caracteriza-se por dor 
iniciada em epigástrio e região periumblical 
e posteriormente em fossa ilíaca direita 
(FID); dor de caráter contínuo ou 
intermitente, agravada pelos movimentos, 
acompanhada de náuseas e vômitos, febre. 
Não há comprometimento do estado geral 
do paciente. 
Deve-se seguir um padrão semiológico de 
inspeção, ausculta, palpação e percussão: 
→ Na palpação do abdome procura-se 
identificar a localização da dor, resistência 
voluntária ou espontânea, ou presença demassas (plastrão ou tumor inflamatório). 
→ Na inspeção não há sinais característicos 
da patologia. 
→ Ausculta: pode-se evidenciar a 
diminuição dos ruídos abdominais. 
No exame do abdome procure identificar os 
sinais classicamente conhecidos: 
→ Sinal de Blumberg: dor à descompressão 
brusca em FID; 
→ Sinal de Rovsing: dor referida em FID ao 
se realizar a palpação profunda de fossa 
ilíaca esquerda (FIE) e flanco esquerdo; 
→ Sinal de Lapinsky: dor em FID quando 
realizada a palpação profunda em ponto de 
MacBurney com o membro inferior 
hiperestendido e elevado. 
A percussão deve começar em ponto 
distante do ponto de MacBurney, em 
direção à FID, nela ocorrerá dor à 
percussão, expressão do processo de 
irritação peritoneal 
Tratamento 
O paciente com apendicite será convidado 
para um passeio no centro cirúrgico, o 
tratamento é apenas cirúrgico. 
Colestite aguda 
Caracterizada como inflamação química ou 
bacteriana da vesícula biliar, geralmente 
desencadeada por obstrução do ducto 
cístico. A litíase biliar é a principal causa 
desta patologia, sendo que a obstrução é 
consequente à impactação do cálculo em 
região do infundíbulo- colocística, 
desencadeando estase, fenômenos 
 
Nathália Machado – MED FTC 
vasculares e inflamatórios e consequente 
proliferação de bactérias. 
Se o cálculo mover-se, o quadro involui. Se 
tal fato não ocorrer, há evolução do quadro 
com formação de empiema, necrose e 
perfuração da vesícula; esta pode ser 
bloqueada ou ser liberada para o peritônio. 
Eventualmente, pode ocorrer colecistite 
alitiásica, com fisiopatologia não 
esclarecida. 
A colecistite tem maior ocorrência no sexo 
feminino, podendo ser a primeira 
manifestação da litíase biliar. 
O quadro clínico é caracterizado por dor, 
inicialmente tipo cólica, havendo 
progressão do quadro a dor assume o 
padrão contínuo; a dor localiza-se em 
hipocôndrio direito, irradiando-se para 
epigástrio; geralmente acompanhada de 
náuseas e vômitos, febre e em 20% dos 
pacientes icterícia discreta. 
Ao exame físico há dor em hipocôndrio 
direito à palpação profunda, sendo o sinal 
de Murphy positivo. A vesícula pode estar 
palpável em 25 % dos pacientes. 
Tratamento 
Colecistectomia, hoje temos a opção de 
realizar o procedimento via 
videolaparoscopia. 
Pancreatite aguda 
Doença desencadeada por processo 
inflamatório, em decorrência da ativação 
incorreta de enzimas pancreáticas, que 
levam a edema, hemorragia e necrose 
pancreática e peripancreática. Tem 
repercussão sistêmica desde hipovolemia 
até a comprometimento de diversos órgãos 
e sistemas, podendo evoluir para óbito. 
A pancreatite necrotizante é a forma de 
maior gravidade, tendo maior mortalidade. 
Sendo que 80% dos casos estão 
relacionados ao Etanol e litíase biliar. Outras 
causas estão relacionados à 
hipertrigliceredemia, hipercalcemia, 
trauma abdominal, trauma operatório e 
reação à fármacos. No estudo de Ardengh 
(2009), 10 a 30% dos casos não tiveram 
etiologia aparente, sendo que 25 a 50% 
tiveram recidiva nos dois anos 
subsequentes, com alta morbimortalidade. 
Leve: quadros pouco sintomáticos, onde 
não há necessidade de internação. 
Grave: recebe a definição de pancreatite 
associada à falência orgânica e/ou 
surgimento de complicações locais: 
 coleções líquidas, formadas a partir 
da instalação do quadro, não 
capsulado; 
 pseudocistos com a evolução do 
quadro há tendência de formação 
de pseudo cápsulas, formadas pelas 
estruturas adjacentes; 
 necrose que se estabelece em 
resultado da digestão do pâncreas e 
gordura adjacentes. 
Os dois últimos podem se infectar, sendo os 
agentes infecciosos a Escherichia coli, 
Klebsiella sp e Enterococcus sp. 
É essencial a correta classificação do quadro 
para instituição da melhor conduta, para 
isto recomenda-se a utilização de critérios 
como os de Ranson, Glasgow e Apache II. 
O exame físico irá depender da intensidade 
do quadro. Caracterizada por dor 
abdominal intensa, iniciada em epigástrio, 
com irradiação para região dorsal, em faixa, 
acompanhada de náuseas e vômitos e 
parada de eliminação de fezes e gases, com 
sintomas sistêmicos. 
Nas formas leves (80- 90%) o paciente 
encontra-se em regular estado geral, 
desidratado, taquicárdico e às vezes em 
posição antálgica. Apresenta abdome com 
distensão, difusamente doloroso à palpação 
profunda, particularmente em andar 
 
Nathália Machado – MED FTC 
superior de abdome. Os ruídos hidroaéreos 
estão diminuídos. 
Nas formas graves, há comprometimento 
geral do paciente que está desidratado, 
ansioso, hipotenso, taquicárdico e 
dispneico. Abdome distendido, doloroso 
difusamente, com sinais de irritação 
peritoneal, ruídos hidroaéreos diminuídos a 
abolidos. Pode estar presente o sinal de 
Cullen e o de Grey Turner. 
São sinais onde o paciente apresenta 
equimose, sendo Cullen mais na região 
periumbilical e Gray-Turner aparecem mais 
nas laterais do abdome. 
 
Tratamento: 
O tratamento irá depender da classificação 
da pancreatite. Nos casos classificados 
como leves, o paciente será submetido a 
analgesia, mantido dieta oral se aceitar, 
sonda nasogástrica se o paciente estiver 
com náuseas e vômitos. Não havendo 
melhora após 48 a 72 h, fazer nova 
estratificação de gravidade. 
Nos casos graves o paciente deve ser 
internado em unidade de terapia intensiva. 
Diagnóstico diferencial: Doença ulcerosa 
péptica complicada, coleciste aguda, 
obstrução intestinal, infarto mesentérico e 
isquemia miocárdica. 
 
 
Diverticulite dos cólons 
A doença diverticular pode estar presente 
em todo o cólon, com predominância em 
sigmoide e raramente abaixo da reflexão 
peritoneal. è uma patologia decorrente de 
dieta pobre em fibras, sua incidência 
aumenta com a idade, sendo estimado que 
60% dos pacientes com idade superior a 80 
anos tenham doença diverticular colônica. 
Cerca de 10 a 25% dos pacientes irão evoluir 
com diverticulite, de localização em 95% 
das vezes no sigmoide. As complicações 
como perfuração, fístulas, obstrução ou 
estenose irá acometer 1/4 destes pacientes. 
O quadro clínico é variável, sendo que os 
pacientes poderão referir dor aguda, 
geralmente em quadrante inferior 
esquerdo, porém pode localizar-se em 
hipogástrio e quadrante inferior direito de 
abdome. Apresentando ainda náuseas e 
vômitos, febre não muito elevada, alteração 
de ritmo intestinal- diarreia ou constipação. 
ao exame físico há sinais de irritação 
peritoneal. 
A confirmação diagnóstica será dada pela 
TC que tem valor preditivo de 88% na 
inflamação pericólica e 100 nos casos que 
houver espessamento de parede. Permite 
ainda classificar a diverticulite em não 
complicada e complicada, aliada à 
classificação de Hinchey, definindo o 
tratamento que deverá ser instituído. 
Classificação de Hinchey: 
 Abscesso pericólico; Tratamento da 
diverticulite não complicada é 
clínico, podendo ser feito no 
ambulatório, sendo indicado dieta 
rica em fibras e antibióticos de largo 
espectro (gram negativos e 
anaeróbios). À exceção são 
pacientes idosos, 
imunossuprimidos ou que 
apresentarem falha no tratamento, 
 
Nathália Machado – MED FTC 
devendo ser internados para 
tratamento . 85% dos pacientes 
terão seu quadro resolvido. 
Observar que há chance de 
recorrência do quadro, devendo 
estes pacientes ficar sob 
acompanhamento. 
 Abscesso intra-abdominal ou 
retroperitoneal; Diverticulite 
Aguda complicada: a conduta difere 
segundo o tamanho do abscesso; 
nos pacientes com abscessos 
menores de 2 cm e/ou mesocólicos 
é realizado o tratamento clínico. 
Pacientes com abscesso maiores de 
2 cm devem ser internados para 
receber drenagem percutânea 
guiada por US ou TC. 
 Peritonite purulenta; 
 Peritonite fecal; Nestes pacientes 
há complicação por peritonite, 
sendo indicada a cirurgia. De 
acordo com Dias et al (2009), deve-
se seguir esta ordem: controleda 
septicemia, ressecção do tecido 
afetado e restabelecimento do 
transito intestinal. O acesso pode 
ser realizado por laparoscopia. 
Exames complementares 
O paciente será submetido a tratamento 
clínico-hospitalar, exceto nos casos onde 
houver complicações em decorrência da 
doença. 
Os princípios do tratamento são: 
 Analgesia; 
 Reposição Volêmica; 
 Reposição de Eletrólitos; 
 Tratamento do Íleo adinâmico; 
 Tratamento de falências orgânicas, 
sendo as mais comuns: insuficiência 
renal, cardiocirculatória, 
respiratória, metabólica. 
Coagulopatia pode ocorrer na 
septicemia. 
 Antibioticoterapia. 
Colangite 
Caracterizada por obstrução do ducto biliar 
e infecção secundária, podendo evoluir 
para septicemia. Pode ser causada por 
cálculos biliares, seguida de estenose, 
neoplasias e raramente parasitas, 
coledococele e manipulação de via biliar por 
colangiopancreatografia endoscópica 
retrógrada (CPRE). 
Os agentes etiológicos da infecção são a 
Escherichia coli, Klebsiella sp., Enterococcus 
e Bacterioides. 
O quadro clínico é caracterizado pela tríade 
de Charcot: dor em hipocôndrio direito, 
febre e icterícia. Este quadro pode evoluir 
para a Pentade de Reynalds, caracterizada 
por confusão mental e septicemia 
Tratamento 
Cerca de 5% dos casos o tratamento será 
cirúrgico. Os pacientes deverão ainda 
receber antibióticos de largo espectro. 
Abdome agudo obstrutivo 
Síndrome caracterizada por presença de 
obstáculo mecânico ou funcional que leve a 
interrupção da progressão do conteúdo 
intestinal. 
Pode ser classificado segundo: 
 A altura do obstáculo: alto (delgado 
proximal) ou baixo (delgado distal 
ou cólon); 
 Fatores desencadeantes: 
intraluminais ou extraluminais; 
 Grau de oclusão: parcial ou total; 
 Tempo de instalação: agudo ou 
crônico; 
 Situação de irrigação e vitalidade de 
alças: simples ou estrangulada; 
 Forma de obstrução: alça aberta 
(obstrução apenas distal) ou 
fechada (obstáculo em dois níveis). 
 
Nathália Machado – MED FTC 
Os quadros de obstrução intestinal são 
responsáveis por 20% das internações 
hospitalares e a mortalidade é menor que 
10%. 
→ Aderências é a principal causa dos 
quadros obstrutivos, seguido por hérnia 
estrangulada e neoplasia intestinal. 
Patologias que podem resultar em 
obstrução intestinal: 
 Intestino delgado: aderências, 
hérnias inguinais, íleo biliar, bezoar, 
bolo de áscaris, estrongiloidíase, 
tuberculose, massas abdominais 
tumorais (adenocarcinoma, 
linfoma, metástases peritoniais, 
tumores mesentéricos e massas 
abdominais não tumorais tais como 
apendicite, diverticulite, 
invaginação, doença de crohn, 
pólipos, hematomas intramurais. 
Pode haver também obstrução 
intestinal desencadeada por 
abscessos, pseudocistos, 
aneurismas. 
 Cólon: 55% dos pacientes têm 
adenocarcinoma primário de cólon, 
torção de volvo 12% dos casos, 
diverticulite em 10% dos pacientes. 
Se há comprometimento de grandes 
extensões abdominais é importante pensar 
em: carcinoma, divertculite e volvo. Em 
adultos as causas de maior frequência são 
as aderências, hérnias e doença de crohn, 
enquanto nos idosos deve-se pensar em 
neoplasias, diverticulites e fecalomas. 
Etiopatogenia 
A obstrução por causas mecânicas podem 
ser classificadas segundo a sua etiologia. 
Pode ocorrer redução da luz desencadeada 
por retração e espessamento de parede por 
doenças intestinais, obstrução 
desencadeadas por causas extrínsecas ao 
intestino, como nas aderências. Assim como 
fatores que podem desencadear alteração 
da motilidade intestinal levando a íleo 
paralítico ou neurogênico. 
 Obstrução da luz intestinal: 
intussuscepção intestinal; íleo 
biliar, impactação por bolo de 
áscaris, bário ou bezoar. 
 Doenças de parede: congênitas 
(atresias e estenoses, divertículo de 
Meckel); traumáticas; inflamatórias 
(Doença de Crohn, diverticulites); 
Neoplasias; endometriose. 
 Doenças extrínsecas: aderências, 
hérnias, massas extrínsecas 
(pâncreas anular, vasos anômalos, 
abscessos, hematomas, neoplasia, 
volvo) 
 Alterações de motilidade do 
intestino delgado: íleo paralítico, 
íleo espástico, oclusão vascular. 
Fisiopatologia 
É necessário entender os mecanismos 
fisiopatológicos que ocorrem na presença 
de uma obstrução intestinal, isto será 
importante para o manejo do paciente. 
Obstrução intestinal mecânica 
simples 
As alterações são em decorrência do 
acúmulo de gases e líquido acima da área 
obstruída e alteração da motilidade 
intestinal. 
Ocorre a perda de líquidos e eletrólitos por 
vômito e sequestro na alça intestinal. O 
líquido movimenta-se entre luz intestinal e 
sangue de duas formas: absorção (líquido 
da luz intestinal para a corrente sanguínea) 
e secreção (movimento do líquido do 
sangue para a luz intestinal). Levando a 
acúmulo de líquidos e eletrólitos no interir 
do intestino. 
Com a evolução do processo há incremento 
do processo de secreção, levando a 
comprometimento das porções proximais à 
 
Nathália Machado – MED FTC 
obstrução intestinal, com consequente 
congestão venosa, aumento da distensão 
de alças e edema de parede intestinal. 
O edema de parede intestinal provoca a 
perda de líquidos através da serosa para 
cavidade peritoneal. Estas perdas levam à 
hemoconcentração, hipovolemia, 
insuficiência renal, choque e morte se não 
forem corrigidas. 
A peristalse intestinal estará aumentada na 
tentativa de se promover a propulsão do 
bolo fecal. 
Os períodos de aumento de persitalse serão 
intercalados com momentos de acalmia, 
estes irão variar conforme a altura da 
obstrução; variando de 3 a 4 minutos na 
obstrução alta e 10 a 15 minutos na 
obstrução baixa. Os movimentos 
peristálticos aumentados poderão agravar 
o edema de parede por traumatizá-las. 
Obstrução intestinal com 
estrangulamento 
Nesta intercorrência há comprometimento 
do suprimento sanguíneo do intestino por 
compressão dos vasos mesentéricos 
levando à isquemia tecidual e necrose. A 
isquemia aliada ao acúmulo de líquidos e 
gases desencadeiam pequenos 
sangramentos na luz intestinal e nas 
paredes do intestino. Há também liberação 
de substâncias tóxicas geradas pelo 
segmento intestinal necrosado. 
Obstrução em alça fechada 
Há obstrução em extremidades proximal e 
distal simultaneamente, podendo progredir 
rapidamente para estrangulamento. 
Íleo paralítico 
Podendo ser de três tipos- íleo adinâmico, 
espástico e da oclusão vascular. A 
fisiopatologia do íleo adinâmico pode estar 
relacionada a alteração da resposta neuro- 
hormonal do intestino, é a situação mais 
comum, ocorrendo em cirurgias abdominais 
e extra-abdominais. 
O íleo espástico surge devido a 
hiperatividade do intestino. No íleo com 
oclusão vascular há incapacidade de 
coordenação da motilidade intestinal em 
função da isquemia. 
Quadro clínco 
O quadro clínico é caracterizado por: 
 Alteração do estado geral, com 
desidratação, hipotensão arterial. A 
febre pode ocorrer quando há 
complicação do quadro. 
 Dor abdominal: tipo cólica, início 
brusco, evolui em salvas, de 
localização variável, dependendo 
da etiologia. Quando há mudança 
do padrão da dor para continuada, 
pode-se suspeitar de 
comprometimento vascular. Os 
sítios de localização das dores 
levam à suspeição do fator que 
desencadeou o quadro. 
 Dores em região superior de 
abdome indicam obstrução 
intestinal alta (estenose pilórica, 
tumores duodenais, tumores 
periampulares). 
 Dores em região periumbilical 
demonstram a ocorrência de 
obstrução de intestino delgado 
(bridas e aderências, hérnias 
encarceradas, bolo de áscaris, 
estenoses inflamatórias, tumores e 
carcinomatose). 
 Dores em hipogástrio sugere 
obstrução de intestino grosso 
(hérnias encarceradas, corpo 
estranho, intussuscepção, volvo de 
cólon, fecaloma, tumores de cólon 
e reto). 
 Náuseas evômitos: surgem 
precocemente nas obstruções 
altas, eliminando material 
 
Nathália Machado – MED FTC 
estagnado e de aspecto biliar. Nos 
quadros onde há obstrução baixa, 
pode não haver vômitos com 
conteúdo entérico. 
 Parada de eliminação de fezes e 
gases: estes são sintomas tardios e 
demonstram a completa obstrução 
do intestino. Quando há suboclusão 
intestinal, o paciente pode 
continuar a eliminar gases. 
 Distensão abdominal simétrica ou 
assimétrica: surge após poucas 
horas da instalação do quadro, 
sendo discreta ou inexistente nos 
quadros de obstrução alta. 
O exame físico inicial é pobre, os sinais vitais 
estarão alterados somente na vigência dos 
sintomas de dor. Em abdome, observa-se 
defesa de parede à palpação, presença de 
massas. Os ruídos hidroaéreos estão altos, 
agudos e metálicos na vigência das cólicas; 
tornam-se diminuídos com a evolução do 
quadro, podendo tornar-se ausentes. 
Com a evolução do quadro há instalação de 
desidratação e aumento da distensão 
abdominal. 
Tratamento 
Reposição de líquidos e eletrólitos, jejum, 
descompressão do trânsito intestinal 
através de instalação de sonda 
nasogástrica. Os pacientes devem ser 
reavaliados entre 24 a 48 h, não tendo 
resolução espontânea, avalia-se a 
necessidade de cirurgia. 
Os quadros de abdome agudo obstrutivo 
causados por hérnia estrangulada, volvo de 
sigmoide, intussuscepçao, neoplasia 
intestinal, e isquemia mesentérica devem 
receber tratamento cirúrgico com maior 
brevidade possível. 
Abdome agudo perfurativo 
Dentre as urgências abdominais não 
traumáticas, o Abdome Agudo Perfurativo é 
uma das síndromes mais frequentes. É a 
terceira causa de abdome agudo, depois do 
inflamatório e do obstrutivo. Sua etiologia é 
variada e podem ser decorrentes de 
processos inflamatórios (úlcera péptica e 
diverticulite), neoplásicos, infecciosos, 
ingestão de corpo estranho, traumatismos e 
iatrogênicas. 
Uma das principais características desta 
urgência médica é a dor de início súbito, 
intensa e difusa em todo abdome, levando 
o paciente a procurar rapidamente os 
serviços de urgência/emergência. 
Frequentemente a dor vem acompanhada 
de choque e sinais de septicemia. 
O quadro normalmente exuberante pode 
ser mascarado pela idade avançada do 
paciente e outras entidades que levem à 
imunossupressão. 
Nas perfurações altas, como por exemplo, 
as causadas pela úlcera péptica, os sucos 
digestivos que extravasam, levam a uma 
peritonite química, seguido de proliferação 
bacteriana e consequente processo 
infeccioso. 
Nas perfurações baixas do trato digestivo, a 
peritonite é infecciosa desde o início, 
evoluindo rapidamente de um quadro focal, 
para um sistêmico. 
Outro fator que interfere na localização, 
intensidade e gravidade do quadro é o grau 
de distribuição dos líquidos extravasados na 
cavidade abdominal. Pode haver um 
bloqueio parcial da área lesionada, com 
consequente localização da dor e dos sinais 
de peritonite. 
O tempo decorrido do início do quadro até 
a intervenção médica e a etiologia da 
perfuração, também são fatores 
determinantes da evolução e desfecho do 
caso. 
Tem como fatores etiológicos processos 
inflamatórios (Úlcera péptica, Crohn), 
 
Nathália Machado – MED FTC 
infecções por salmonella, citomegalovírus, 
tuberculose intestinal e neoplasia intestinal 
e iatrogênicas (procedimentos diagnósticos 
e terapêuticos). 
O quadro abaixo mostra as principais causas 
de abdome perfurativo não traumático. 
 
O quadro clínico é caracterizado por dor 
abdominal súbita, intensa, irradiada para 
todo o abdome, agravada pelo movimento, 
acompanhada por náuseas e vômitos, 
febre, alteração de ritmo intestinal. O 
quadro clínico dependerá do tamanho da 
lesão, quantidade de líquido extravasado, 
comorbidades, situação de nutrição e 
tempo de atendimento. Sinais de 
septicemia, hipotensão ou choque são 
frequentes. 
No exame físico além da dor à palpação é 
possível identificar a presença do sinal de 
Jobert, caracterizado pela perda da macicez 
hepática à percussão. 
Importante avaliar os seguintes 
parâmetros: 
 Peritonite é química ou bacteriana; 
 Nível da perfuração; 
 Tempo de evolução do quadro; 
 Presença de comprometimento 
sistêmico; 
 Etiologia da perfuração; 
Tratamento 
O tratamento é cirúrgico. Entretanto, as 
ações do médico da atenção básica 
começam na prevenção do evento 
perfurativo , através do diagnóstico precoce 
e tratamento dos agravos que podem 
evoluir com complicações agudas. Uma vez 
que o profissional se depare com um 
paciente em Abdome Agudo Perfurativo, 
realizar o diagnóstico sindrômico, com a 
identificação dos riscos imediatos e 
estabilização do paciente visando à 
prevenção do choque, com 
encaminhamento imediato para os serviços 
de urgência/emergência. 
Úlcera péptica 
A perfuração da úlcera péptica é 
responsável por 5-10% das cirurgias 
abdominais de urgência. Caracteriza-se pela 
ruptura da lesão, com extravasamento do 
conteúdo digestivo (alimentos e suco 
gástrico, etc). 
Pode ser decorrente de úlceras agudas 
(história de Etanol, corticoterapia, 
antinflamatórios, aas), ou úlceras de 
evolução crônica, cujos sintomas habituais 
subitamente mudam, com exacerbação da 
dor, desaparecimento dos movimentos 
peristálticos e sinais de peritonite. 
A dor é o sintoma preponderante, com as 
características citadas no início do capítulo. 
No exame físico observa-se defesa 
involuntária, com contratura de todo 
abdome. Além disso, existe a diminuição ou 
paralização dos movimentos peristálticos, 
distensão abdominal e com a evolução, 
sinais de septicemia. 
A história clínica é essencial para 
determinar a etiologia do evento 
perfurativo. São pacientes que geralmente 
tem história arrastada de epigastralgia, 
pirose e/ou azia. É necessário também 
investigar o uso de medicamentos como 
corticoides e antinflamatórios não 
hormonais, além do uso de Etanol. No 
exame do abdome, há sinais evidentes de 
peritonite, ausência de macicez hepática 
(sinal de Jobert) e de ruídos hidroaéreos. 
 
Nathália Machado – MED FTC 
Tratamento 
É baseado em uma abordagem cirúrgica de 
emergência. 
Divertículos 
A doença diverticular predomina no 
sigmoide, podendo entretanto, surgir em 
todo cólon, atingindo até 60% dos pacientes 
com mais de 80 anos. Destes, até 25% irão 
evoluir com diverticulite, sendo que ¼ 
destes pacientes vão apresentar 
complicações como a perfuração. 
A dor é aguda e intensa, variando entre 
localizada e generalizada, dependendo de 
fatores como extensão da lesão, conteúdo 
extravasado e bloqueio ou não. Ainda sinais 
de septicemia e de irritação peritoneal. 
Ferimentos 
O trauma abdominal é muito comum em 
situações de emergência. A dificuldade em 
determinar a dinâmica do trauma, lesões 
em tórax e nádegas que podem repercutir 
no abdome e alterações do sensório, devido 
a traumatismo cranioencefálico, podem 
dificultar o diagnóstico e o tratamento do 
trauma abdominal. 
As manifestações clínicas do traumatismo 
abdominal, são decorrentes tanto de 
manifestações hemorrágicas, quanto das 
perfurativas. As vísceras ocas podem ser 
lesadas em traumas contusos, mas o mais 
comum, é que as manifestações 
relacionadas ao pneumoperitôneo ocorram 
pela ação de agentes penetrantes. Nas 
armas brancas, as lesões são limitadas à 
trajetória da arma, enquanto nas lesões por 
projéteis de arma de fogo, as lesões são 
variadas, pois o trajeto é variado, além da 
ação da força de cavitação. 
Os ferimentos de dorso, períneo, nádegas e 
tórax podem comprometer estruturas 
abdominais. Assim, todos os ferimentos que 
comprometem essas regiões devem ser 
considerados abdominais, até prova em 
contrário. 
Tratamento 
O médico da atenção básica, caso receba 
um paciente vítima de trauma, deve avaliar 
as condições hemodinâmicas do paciente, 
estabilizare encaminhar imediatamente 
para unidades de emergência. O 
tratamento depende muitas vezes de uma 
laparatomia exploratória para identificar a 
extensão das lesões, especialmente nos 
pacientes com pneumoperitonio, 
hipotensão persistente, sinais de irritação 
peritoneal e sangramento anal ou oral. 
O uso de drogas opióides deve ser evitado 
em pacientes com hipovolemia, trauma 
encefálico ou trauma abdominal, pois 
podem agravar a hipotensão, levar a 
depressão respiratória e impedir a 
valorização clínica dos achados. 
Abdome agudo isquêmico 
O Abdome Agudo Isquêmico é uma 
síndrome em que uma das principais 
características é a dor abdominal intensa, 
desproporcional às alterações do exame 
físico. 
A apresentação da doença isquêmica 
intestinal irá depender da localização, 
comprometimento do órgão e 
acometimento vascular. Recebe a 
classificação de: isquemia mesentérica 
aguda, isquemia mesentérica crônica e 
isquemia colônica. 
Tem como fatores de risco: idade avançada, 
cardiopatia, doença vascular, fibrilação 
arterial, doenças valvares e 
hipercoagulação. 
A ocorrência deste tipo de abdome agudo 
não é frequente, porém a mortalidade é 
alta. Tem seus diagnóstico e conduta 
realizados de forma tardia. 
 
Nathália Machado – MED FTC 
A fisiopatologia baseia-se em uma redução 
acentuada do fluxo sanguíneo mesentérico, 
que incapaz de suprir as demandas 
metabólicas do intestino, leva a graus 
variados de lesão isquêmica. 
A extensão e gravidade do episódio 
dependem da duração e da intensidade do 
fenômeno isquêmico e da presença de 
circulação colateral capaz de compensar a 
diminuição do fluxo na área comprometida. 
→ Isquemia mesentérica aguda 
Tem como fator desencadeador o 
tromboembolismo que leva a interrupção 
súbita do suprimento arterial, 
comprometendo o tronco celíaco, artéria 
mesentérica superior e inferior 
(principalmente os ramos anteriores 
emergentes da aorta) ou ramos menores. 
Pode levar a necrose, infarto e morte de 
extensas porções do aparelho digestivo. 
A isquemia mesentérica representa uma 
das mais devastadoras condições 
abdominais em pacientes idosos. Ela pode 
atingir tanto o intestino delgado quanto o 
grosso. Pode ser segmentar ou difusa, 
parcial ou transmural. 
Responde por cerca de 1% dos casos de 
abdome agudo, com índice de mortalidade 
que pode chegar a 90%. As diferentes 
manifestações clínicas e patologias 
associadas determinam um alto grau de 
complexidade e a mortalidade elevada 
depende da causa e da extensão da lesão 
isquêmica. 
O infarto mesentérico ocorre por oclusão 
arterial ou venosa. As oclusões da artéria 
mesentérica superior (AMS) correspondem 
a 60-70% dos casos, e frequentemente é 
resultado de tromboembolismo. A 
trombose venosa representa 5-10% e as 
condições não oclusivas representam 
aproximadamente 20-30% dos casos. 
Várias condições podem causar oclusão dos 
vasos mesentéricos como a fibrilação atrial, 
doença aterosclerótica, diabetes, 
amiloidose e vasculites. Em pacientes 
jovens, as microangiopatias trombóticas 
são as causas mais comuns. Em crianças, a 
displasia fibromuscular é a grande 
responsável pelos casos de infarto 
mesentérico. 
As oclusões venosas podem ser primárias 
ou secundárias e proximais ou distais. 
Podem ser causadas por neoplasias, 
doenças inflamatórias e estados de 
hipercoagulabilidade (policitemia , anemia 
falciforme, carcinomatose, etc). A trombose 
distal, comum nos estados de 
hipercoagulabilidade, provoca infarto 
transmural, enquanto a trombose proximal, 
determina quadros mais amenos devido à 
circulação colateral. 
Nos casos obstrutivos intestinais, pode 
ocorrer compressão e estrangulamento das 
veias, com ou sem subsequente trombose 
ou infarto. 
Além da dor intensa, vômitos, alteração nas 
características das fezes e distensão 
abdominal são sintomas frequentes. A 
ausculta abdominal varia muito e pode ser 
aumentada, nos casos de isquemia 
segmentar em que a porção acometida 
funciona como uma obstrução, ou 
diminuída, quando a extensão 
comprometida for muito extensa, não 
sendo assim de muito valor prático. O toque 
retal pode ajudar quando se detecta a 
presença de fezes com aspecto de “geleia 
de amoras”, indicativo de necrose da 
mucosa intestinal. 
Nos quadros agudos há instalação de dor 
abdominal intensa, súbita, em região 
periumbilical, logo evoluindo para quadro 
de abdome agudo. 
 
 
Nathália Machado – MED FTC 
Tratamento 
O tratamento, geralmente, é a ressecção do 
segmento comprometido. O índice de 
mortalidade por isquemia mesentérica 
antes da instalação de necrose é de 90%. 
→ Colite isquêmica 
A colite isquêmica, como exemplo de lesão 
parcial ou superficial, é o tipo de colite mais 
comum em pacientes acima de 50 anos e é 
autolimitada. 
Esta condição é resultante do baixo fluxo no 
mesentério, associada a diferentes fatores 
como hipotensão, desidratação, 
hipercoagulabidade e vasculite. 
O lado esquerdo do cólon, especialmente o 
ângulo esplênico é a região mais 
frequentemente afetada. Neste caso deve 
ser feito o diagnóstico diferencial com o 
megacólon tóxico da retocolite ulcerativa, 
que apesar da baixa incidência, tem alta 
mortalidade (25% a 30%). 
A dor abdominal, associada à diarreia, 
sangramento intestinal e inflamação no 
angulo esplênico do cólon caracteriza a 
colite isquêmica. 
Tratamento 
O tratamento de colite isquêmica consiste 
em hidratação e antibioticoterapia. Menos 
de 20% de pacientes necessitarão de 
cirurgia. 
Abdome agudo hemorrágico 
A hemorragia intra-abdominal espontânea 
é rara. Está presente em aproximadamente 
2% dos pacientes adultos que procuram os 
serviços de emergência com dor abdominal. 
Apesar de rara, pode ser fatal, com taxas de 
mortalidade que chegam a 40% nos 
pacientes não-operados e de 100% nos 
operados sem identificação do foco 
hemorrágico. 
A avaliação dos fatores de risco e das 
etiologias é essencial em pacientes onde se 
suspeita de Abdome Agudo Hemorrágico. 
As causas são numerosas e incluem doenças 
como a ruptura de aneurisma da aorta ou 
de outras artérias viscerais, o traumatismo 
abdominal, as neoplasias malignas de 
vísceras sólidas, os processos inflamatórios 
erosivos (pancreatite, por exemplo) e, nas 
mulheres, além dessas mencionadas, as 
afecções ginecológicas e obstétricas como a 
gravidez ectópica rota. 
A hemorragia intra-abdominal, que não 
deve ser confundida com hemorragia 
digestiva (intraluminar), é mais frequente 
após os 50 anos de idade, podendo ocorrer 
em qualquer idade. É mais comum em 
homens na proporção de 2:1. As causas 
variam de acordo com o sexo e a idade. 
A dor abdominal varia de intensidade e 
localização de acordo com a causa da 
hemorragia. Pode estar associada à 
manifestações de hipovolemia e choque. A 
apresentação clínica varia de acordo com o 
volume perdido, a velocidade da perda 
sanguínea, as condições gerais do paciente 
e a causa da hemorragia. 
Quando a perda sanguínea é lenta e inferior 
a 15% da volemia, o quadro pode passar 
despercebido. Nesta situação observa-se a 
pele pálida e fria, lentificação do 
enchimento capilar, pulso fino e aumento 
da frequência respiratória. Com a piora do 
quadro, os sinais ficam mais evidentes, 
surgindo a taquicardia, hipotensão, 
taquipnéia, redução do débito urinário e 
agitação. 
Nos casos de hemorragia intra-abdominal, 
súbita, maciça e contínua, o paciente pode 
evoluir rapidamente para o choque. Nessa 
situação, deve-se iniciar as medidas de 
reanimação e adiar os procedimentos 
diagnósticos. 
 
Nathália Machado – MED FTC 
Deve-se buscar sinais de irritação 
peritoneal, visceromegalias, massas 
palpáveis pulsáteis ou não e de sopros no 
abdome. Ainda pode-se visualizar o sinal de 
Cullen, que é a presença de equimoses na 
cicatriz umbilical e sugere hemorragia 
intraperitoneal, ou o sinal de Gray-Turney,onde as equimoses são visualizadas na 
região dos flancos, e sugere hemorragia 
retroperitonial. 
Outras causas para abdome agudo 
hemorrágico são: ruptura de vísceras, 
ruptura de aneurismas e o hameatoma 
retroperitoneal espontâneo. 
Hemorragia digestiva 
É uma das causas que levam à internações 
de urgência. 
A hemorragia digestiva caracteriza-se por 
hematêmese e melena (hemorragias por 
causas situadas acima do ligamento de 
Treitz, alta), enterorragias (hemorragias por 
causas abaixo do ligamento de Treitz, 
baixa). 
Geralmente as expressões da hemorragia 
digestiva alta (HDA) são a hematêmese e a 
melena, contudo em HDA com grande 
volume, pode ocorrer enterorragias, assim 
como lesões de cólon direito ou delgado 
terminal, podem ocasionar melena. 
→ Hemorragia digestiva alta (HDA) 
a) HDA com varizes esofagianas 
Presentes em pacientes com hepatopatia 
crônica que apresentam hipertensão portal. 
HDA varicosa tem como fator causal a 
hipertensão portal, secundária à cirrose; é 
tida como a principal causa de 
morbimortalidade neste grupo de 
pacientes, podendo acometer de 50 a 90 % 
dos pacientes portadores de hipertensão 
portal. 
Quando ocorre a HDA deve-se avaliar as 
fases aguda e tardia. O quadro clínico inicia-
se com sangramento ativo, sendo que cerca 
de 50% destes pacientes terão remissão 
espontânea do sangramento, índice este, 
menor que nas HDA não varicosas, onde até 
90% dos pacientes tem remissão 
espontânea do sangramento. 
A recorrência de sangramento no período 
de 48 a 72 h após o primeiro episódio de 
HDA é alto, sendo que 50 % dos 
sangramentos irão ocorrer no período de 
até 10 dias do quadro inicial. 
São considerados fatores de risco para 
novos episódios de sangramento: 
 Idade > 60 anos. 
 Insuficiência renal crônica; 
 Presença de varizes de grosso 
calibre; 
 HDA maciça (Hb < 8mg/dl, na 
admissão). 
Fatores preditores de ressangramento: 
 Localização das varizes- quando 
localizadas na transição 
esofagogástrica, são mais 
superficiais, tendo maior 
possibilidade de novo 
sangramento. 
 Tamanho das varizes; 
 Aparência das varizes - presença de 
vergões vermelhos, manchas de 
cereja, hematocistos, eritema 
difuso. 
 Fatores clínicos - grau de disfunção 
hepática, escore de Child, história 
de sangramentos anteriores. 
 Pressão nas varizes. 
Importante apontar que os cirróticos que 
sobrevivem ao primeiro episodio de 
sangramento deverão receber terapia para 
prevenção de recorrências de sangramento. 
 
Nathália Machado – MED FTC 
A melhor terapia é a combinação de beta-
bloqueadores e ligadura elástica para a 
profilaxia de novas hemorragias. 
b) HDA de etiologia não varicosa 
São causadas geralmente em pacientes com 
úlcera péptica gastroduodenal, lesão aguda 
de mucosa gastroduodenal, laceração 
aguda da transição esofagogástrica 
(Síndrome de Mallory- Weiss), neoplasia 
gástrica e esofagite. A etiologia de maior 
frequência é a úlcera péptica. 
Conduta 
Todos os pacientes com cirrose hepática 
deverão ser investigados a fim de identificar 
varizes de esôfago, a identificação precoce 
permite a adoção de medidas de profilaxia 
primária de hemorragia varicosa. 
A HDA é a principal complicação da 
hipertensão portal, tem mortalidade ainda 
elevada apesar do decréscimo nos últimos 
ano (15 a 20%), isto em consequência aos 
tratamentos endoscópico e farmacológico, 
junto à profilaxia antibiótica. 
Tratamento 
O objetivo do tratamento da HDA é a 
correção do choque hipovolêmico, 
realização da hemostasia, prevenção do 
ressangramento e complicações associadas 
à HDA. 
Frente a um paciente com hemorragia 
digestiva deve-se avaliar estado 
hemodinâmico, existência de palidez 
cutâneo mucosa, temperatura de 
extremidades, enchimento do leito 
ungueal, sinais clínicos de doença hepática, 
pulso e pressão. 
→ Hemorragia digestiva alta (HDA) 
Os quadros de HDB geralmente são 
autolimitados, podendo ter quadros com 
pequenos sangramentos até hemorragias 
maciças. 
No adulto as causas de sangramento de 
maior frequência são: doença diverticular 
de cólon, angiodisplasias e as doenças 
proctológicas. Em menor frequência temos 
como etiologias as neoplasias, colites 
isquêmicas, doenças inflamatórias 
intestinais e utilização de anti-inflamatórios 
não hormonais. 
- Doenças Proctológicas: A doença 
hemorroidária é causa frequente de HDB, 
sendo caracterizada por sangramentos de 
pequeno volume, não se mistura às fezes, 
apresenta gotejamento no vaso. A história e 
exame físico permitem o diagnóstico da 
doença, confirmada por exame de 
retossigmoidoscopia. 
- Doença Diverticular do cólon: Pode 
ocasionar hemorragias volumosas de 
caráter súbito, autolimitada, originárias 
principalmente de divertículos localizados 
em cólon direito. A colonoscopia está 
indicada nestes casos, junto a estudo 
histológico para definir a existência de 
neoplasias, doenças inflamatórias 
intestinais, colites infecciosas e colites 
isquêmicas. 
- Doença do Intestino Delgado: São 
responsáveis pela maioria dos casos de 
hemorragia obscura, pois as lesões que a 
originam não podem ser visualizadas pela 
colonoscopia. São causadas por lesões 
vasculares angiodisplásicas ou neoplasias. 
Conduta 
Nas HDB os sangramentos são de pequeno 
volume em sua maioria, devendo-se realizar 
o tratamento dirigido à causa primária do 
sangramento. 
Intussuscepção e volvo 
A intussuscepção é a telescopagem de uma 
porção do intestino (intussusceptum) 
dentro de um segmento adjacente 
(intussuscipiens), causando obstrução 
intestinal e, às vezes, isquemia intestinal. O 
 
Nathália Machado – MED FTC 
diagnóstico é feito por ultrassonografia. O 
tratamento é com enema de ar e, algumas 
vezes, cirurgia. 
A intussuscepção geralmente acontece 
entre as idades de 6 meses e 3 anos, com 
65% dos casos ocorrendo antes do 1º ano e 
80% a 90% antes dos 2 anos de idade. É a 
causa mais comum de obstrução intestinal 
nessa faixa etária e ocorre mais ou menos 
igualmente em crianças do sexo masculino 
e feminino < 4 anos de idade. Nas crianças 
com mais de quatro anos de idade, a 
intussuscepção é muito mais comum nos 
meninos (8: 1). 
O segmento da telescopagem provoca 
obstrução intestinal e, por fim, impede o 
fluxo sanguíneo para o segmento da 
intussuscepção (Intussuscepção), causando 
isquemia, gangrena e perfuração. 
 
Volvo: 
Trata-se uma emergência cirúrgica. Tem 
baixa incidência na faixa etária pediátrica, e 
há maior incidência no sexo masculino. 
O quadro clínico apresenta distensão 
abdominal, dor abdominal e constipação, 
fazendo parte do espectro do abdome 
agudo obstrutivo. Diagnóstico por exames 
de imagem (radiografia e tomografia 
computadorizada de abdome) com sinais 
sugestivos de distensão de alças, rotação 
intestinal e comprometimento vascular. 
Tratamento padrão ouro pela intervenção 
cirúrgica com ressecção da alça 
comprometida e anastomose termino-
terminal. 
Os principais fatores de risco para o volvo de 
sigmoide são: constipação crônica (dieta, 
secundário a drogas, doenças 
neuropsicológicas); dietas com muita fibra; 
tumores/cistos pélvicos; bridas6. Tanto 
aumento do trânsito intestinal pelo 
aumento da motilidade, como a diminuição 
do trânsito, levando a um aumento da 
pressão intraluminal, podem ser fatores de 
risco para o volvo. 
Volvo de sigmóide – Sinal do grão de café, 
sinal de “U” invertido e sinal do bico de 
passaro ao raio X. 
Prexo celíaco 
O Plexo celíaco é um dos principais plexos 
responsáveis pela inervação de órgãos da 
porção retrodiafragmática do sistema 
digestório, principalmente do estômago, 
intestinos, glândulas anexas (fígado e 
pâncreas) e ainda contribui para a inervação 
do baço. Este plexo nervoso visceral é 
responsável pelo controle da motilidade 
gastrointestinal e participa na 
fisiopatogenia das afecções do sistema 
digestório,tais como as atonias digestivas, 
gastroenterites hemorrágicas, torções 
gástricas, invaginações intestinais, que se 
caracterizam por distúrbios metabólicos e 
da peristalse. 
Parasitológico de fezes 
O exame parasitológico de fezes (EPF) é de 
suma importância na clínica médica, 
considerando que as parasitoses intestinais 
são um problema de saúde pública de alta 
prevalência no Brasil. A solicitação do EPF, 
diante de suspeita de uma parasitose 
intestinal durante anamnese detalhada e 
exame físico minucioso, pode diagnosticar 
com antecedência as doenças parasitárias e 
evitar a progressão da patologia para 
 
Nathália Machado – MED FTC 
formas mais complicadas, além de evitar a 
realização de procedimentos invasivos. 
Fatores que influenciam na prevalência 
brasileira das parasitoses incluem 
precariedade no saneamento básico, 
condições sociais, econômicas, 
educacionais, climáticas e hábitos de 
higiene inadequados. 
Coletar 3 amostras de fezes em dias 
alternados (duração de 6 dias) 
Por que coletar mais de uma amostra em 
algumas situações? 
 Intermitência da eliminação de 
alguns parasitos, dependendo do 
ciclo de vida. 
 Distribuição não uniforme de ovos 
nas fezes. 
 Estágios dos protozoários, segundo 
o ciclo de vida. 
 Limitação da técnica, falta de 
sensibilidade ou especificidade do 
método. 
Pesquisa de vírus nas fezes 
(colpocultura) 
ORIENTAÇÕES GERAIS: 
 Coletar a amostra durante a fase 
aguda da diarreia (primeiros 5 dias), 
preferencialmente antes da 
antibioticoterapia; 
 Coletar as fezes em um recipiente 
limpo e seco, fornecido pelo 
laboratório; 
 Retirar o swab da embalagem, 
passar a ponta que contém o 
algodão na amostra de fezes (de 
preferência nas partes da amostra 
contendo muco, sangue ou pus, 
quando presentes); 
 Abrir o tubo contendo meio de 
transporte (gel); 
 Colocar a parte de algodão 
impregnada de fezes dentro do 
meio de transporte (gel); 
 Identificar o tubo, de forma legível, 
com nome do paciente, dia e a hora 
da coleta; 
 Transferir para o frasco de boca 
larga com tampa rosca fornecido 
pelo laboratório uma porção da 
amostra de aproximadamente 5 ml 
de fezes diarreicas, ou 5g de fezes 
formadas (porção do tamanho de 
uma noz), 
 Fechar bem a tampa do frasco; 
 Identificar, de forma legível, com 
nome do paciente, dia e a hora da 
coleta; 
 Encaminhar o tubo com o swab e o 
frasco com a amostra 
imediatamente ao laboratório ou 
refrigerar por no máximo 24 horas. 
Quando pedir VHS e PCR 
A velocidade de hemossedimentação (VHS) 
é um exame laboratorial que mede 
inflamação sistêmica de qualquer causa: 
infecciosa, inflamatória, alérgica, 
neoplásica, entre outros. A proteína C 
reativa (PCR) também é inespecífica e mede 
inflamação sistêmica, mas de caráter 
agudo. Ambas são conhecidas como provas 
inflamatórias de fase aguda porque 
refletem a presença de inflamação ativa e 
sistêmica. 
A PCR é um componente da resposta imune 
inata, com características primárias 
antiinflamatórias. É importante por 
desempenhar uma das primeiras reações 
diante de uma agressão. Sua ação, 
entretanto, não é específica. Atualmente é 
utilizada, inclusive, como indicador de risco 
para doença coronariana e acidente 
vascular cerebral. 
É uma das provas de fase aguda mais 
utilizada na prática, por ser ótimo 
 
Nathália Machado – MED FTC 
parâmetro de monitorização terapêutica. 
Isso ocorre porque pode se elevar 
precocemente no curso da doença e sua 
concentração é capaz de mudar 
conjuntamente com a evolução da doença, 
quer esta melhore ou piore. Há situações 
em que as medidas da PCR têm valor 
prognóstico, como na AR. 
VHS: Corresponde à medida da velocidade 
do empilhamento espontâneo das 
hemácias durante o período de uma hora, 
quando colocadas em um tubo na vertical 
(mm/h). É uma medida indireta da atividade 
das proteínas de fase aguda. O processo 
pode ser acelerado pela presença de 
proteínas como o fibrinogênio em quadros 
agudos, ou por imunoglobulinas em 
quadros crônicos. É bastante sensível, mas 
pouco específica. Exceção deve ser feita a 
valores muito elevados, próximos a 100 
mm/h, verificados na arterite temporal, 
processos infecciosos graves e algumas 
neoplasias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conduta:

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