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Transtorno por uso de alucinógenos
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João Victor Pinheiro
INTRODUÇÃO
Os alucinógenos ou drogas psicodélicas são substâncias capazes de alterar a percepção do indivíduo, pois podem borrar os limites entre o sonho e a realidade causando alucinações (experiências sensoriais, como ilusões e alucinações visuais, aumento da percepção de estímulos externos e consciência ampliada dos pensamentos e estímulos internos);
As substâncias podem ser encontradas na natureza, em plantas, ou são produzidas em laboratórios;
Essas alucinações ocorrem com clareza de consciência e sem confusão mental e podem ser:
· Psicodélicas: experiência subjetiva de que, devido à consciência sensorial ampliada, a própria mente esteja sendo expandida ou encontre-se em união com a humanidade e o universo, apresentando algum tipo de experiência religiosa.
· Psicotomiméticas: experiência que imita um estado de psicose (como as distorções da sensopercepção), porém a semelhança entre a viagem e a psicose é, na melhor das hipóteses, superficial.
O uso de substâncias alucinógenas faz parte dos primórdios da história da humanidade;
O consumo de drogas alucinógenas é característico da “psiquiatria folclórica” da América latina → Uso medicinal;
A utilização de alucinógenos em festas por jovens;
Os efeitos podem ser variados de acordo com a forma, o tipo de substância, associação e a intenção para que é utilizada.
FENCICLIDINA (PCP)
· Popularmente conhecida como pó de anjo, a classe das fenciclidinas incluem compostos menos potentes, mas de ação semelhante, como quetamina, cicloexamina e dizocilpina;
· Tanto a fenciclidina (PCP) quanto a quetamina exercem ações nas sinapses glutamatérgicas do sistema de recompensa;
· Elas produzem sensação de separação da mente e do corpo em pequenas doses (dissociativa);
· O consumo em doses elevadas, podem resultar em estupor e coma;
· Os efeitos psicoativos primários da PCP duram poucas horas;
· A taxa de eliminação total dessa droga do corpo geralmente dura oito dias ou mais;
· Os efeitos alucinógenos em indivíduos vulneráveis podem durar semanas e precipitar um episódio psicótico persistente que lembra esquizofrenia.
Administração: normalmente são fumadas ou administradas via oral, mas também podem ser inaladas ou injetada.
OUTROS ALUCINÓGENOS
A classe dos alucinógenos compreende um grupo de substâncias variadas que, apesar de apresentarem estruturas químicas diferentes, e de possivelmente envolverem diferentes mecanismos moleculares, produzem alterações semelhantes da percepção, do humor e da cognição em seus usuários;
Os alucinógenos apresentam interações bastante complexas nos sistemas de neurotransmissores, porém uma das mais proeminentes é a ação comum como agonistas nos sítios receptores 5HT2A;
 Os alucinógenos inclusos nesta categoria são:
· Fenilalquilaminas (p. ex., mescalina, DOM e MDMA; também chamada de ecstasy]);
· Ergolinas (p. ex., LSD e sementes de ipomeia);
· Indolaminas (p. ex., psilocibina e dimetiltriptamina (DMT).
Substâncias que se assemelha à noradrenalina e à dopamina;
Substâncias que se assemelham à serotonina.
 Além destes, vários outros compostos etnobotânicos são classificados como "alucinógenos. Excluídos desse grupo estão a Cannabis e seu composto ativo (THC);
 Essas substâncias podem ter efeitos alucinógenos, mas são diagnosticadas separadamente devido a diferenças significativas em seus efeitos psicológicos e comportamentais.
TRANSTORNOS MENTAIS INDUZIDOS POR USO DE ALUCINÓGENOS
Os transtornos mentais induzidos por substância são potencialmente graves, geralmente temporários, mas às vezes desenvolvem-se síndromes persistentes do sistema nervoso central (SNC) no caso dos efeitos de substâncias de abuso, medicamentos ou de várias toxinas;
Elas se distinguem dos transtornos por uso de substância, nos quais um grupo de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos contribui para o uso continuado de uma substância apesar dos problemas significativos relacionados a ela;
Há indícios de que o consumo de substâncias de abuso ou de determinados medicamentos com efeitos colaterais psiquiátricos no caso de um transtorno mental preexistente provavelmente resulte em intensificação da síndrome independente preexistente;
O risco de transtorno mental induzido por substância/medicamento provavelmente irá aumentar tanto com a quantidade quanto com a frequência do consumo da substância em questão;
Sintomas de transtornos mentais induzidos por substância/medicamento podem ser idênticos se comparados aos sintomas dos transtornos mentais independentes, mas têm tratamentos e prognósticos diferentes da condição independente.
TRANSTORNO POR USO DE ALUCINÓGENOS
Abusos e intoxicações por alucinógenos naturais são levados a emergências de hospitais ou a outros serviços de saúde, muitas vezes associados a pânico, ansiedade grave ou medo. Estas condições são chamadas popularmente de viagens ruins, muitas vezes, mesmo no Brasil, ditas, em inglês, bad trip;
Os alucinógenos sintéticos podem causar riscos físicos imediatos e maiores.
CRITÉRIOS DE DEPENDÊNCIA
1. Uso em maiores quantidades; 
1. Desejo persistente e esforços de redução ou controle do uso malsucedidos; 
1. Gasto exacerbado de tempo dedicado ao alucinógeno; 
1. Desejo exacerbado ou necessidade de usar o alucinógeno; 
1. Fracasso em cumprir obrigações importantes;
1. Problemas sociais ou interpessoais;
1. Abandono de atividades sociais importantes; 
1. Perigo para a integridade física; 
1. Ter a consciência dos problemas causados e continuar o uso do alucinógeno;
1. Tolerância.
· Baixo controle;
· Deterioração social;
· Uso arriscado;
· Critérios farmacológicos.
INTOXICAÇÃO
INTOXICAÇÃO POR FENCICLIDINA
Critérios diagnósticos:
· Uso recente de fenciclidina (ou substância farmacologicamente semelhante);
· Alterações comportamentais clinicamente significativas e problemáticas (p. ex., beligerância, agressividade, impulsividade, imprevisibilidade, agitação psicomotora, julgamento prejudicado);
No prazo de 1 hora, dois (ou mais) dos seguintes sinais ou sintomas:
Nota: Quando a droga for fumada, cheirada ou usada na forma intravenosa, o início pode ser bem mais rápido.
1.Nistagmo vertical ou horizontal.
2.Hipertensão ou taquicardia.
3.Torpor ou resposta diminuída à dor.
4.Ataxia.
5.Disartria.
6.Rigidez muscular.
7.Convulsões ou coma.
8.Hiperacusia.
Consequências da intoxicação
A intoxicação por fenciclidina produz toxidade cardiovascular e neurológica (p. ex., convulsões, distonias, discinesias, catalepsia, hipotermia ou hipertermia) extensa.
INTOXICAÇÃO POR OUTROS ALUCINÓGENOS
· A intoxicação por outros alucinógenos reflete as alterações comportamentais ou psicológicas clinicamente relevantes que ocorrem logo após a ingestão de um alucinógeno;
· Dependendo do alucinógeno em questão, a intoxicação pode durar apenas minutos (p. ex., com sálvia) ou várias horas ou ainda mais tempo (p. ex., com LSD [dietilamida do ácido lisérgico] ou MDMA [3,4-metilenodioximetanfetamina]).
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS:
· Uso recente de alucinógeno (que não fenciclidina);
· Alterações comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas e problemáticas (p. ex., ansiedade ou depressão acentuadas, ideias de referência, medo de perder o juízo, ideação paranoide, julgamento prejudicado) desenvolvidas durante ou logo após o uso de alucinógenos;
· Alterações da percepção ocorrendo em um estado de plena vigília e alerta (p. ex., intensificação subjetiva de percepções, despersonalização, desrealização, ilusões, alucinações, sinestesias) que se desenvolveram durante ou logo após o uso de alucinógenos.
· Dois (ou mais) dos seguintes sinais desenvolvidos durante ou logo após o uso de alucinógenos:
 1. Midríase.
 2. Taquicardia.
 3. Sudorese.
 4. Palpitações.
 5. Visão borrada.
 6. Tremores. 
7. Incoordenação.
Consequências da intoxicação
Intoxicação por outros alucinógenos pode apresentar consequências graves. As perturbações da percepção e o julgamento prejudicado associados à intoxicação por outros alucinógenos podem resultar em lesões ou mortes decorrentesde acidentes automobilísticos, brigas de natureza física ou lesão auto infligida involuntariamente (p. ex., tentativas de “voar” de lugares altos);
Fatores ambientais e a personalidade e expectativas do indivíduo ao usar o alucinógeno podem contribuir para a natureza e a gravidade da intoxicação por alucinógenos;
O uso contínuo de tais substâncias, especialmente de MDMA, também já foi ligado a efeitos neurológicos. 
TRATAMENTO
Nas intoxicações graves o tratamento é em prontos-socorros de hospitais gerais. Como regra, o seguimento é ambulatorial. Pode ser feito em unidades básicas de saúde (UBS), centros de atenção psicossocial (CAPS) e outros serviços ambulatoriais;
As condutas básicas da abordagem do paciente intoxicado de forma severa, fazem-se em quatro etapas: 
1) Abordagem emergencial ao paciente intoxicado (avaliação clínica e tratamento inicial) – fase em que situações de risco são identificadas e corrigidas; 
2) Diagnóstico (identificação da causa) – reconhecimento de síndromes tóxicas e identificação do agente causal através da anamnese, da análise de sinais e sintomas (exame físico) e de exames complementares;
3) Tratamento da intoxicação – mediante a utilização dos métodos disponíveis para descontaminação, administração de antídotos e antagonistas e aumento da eliminação do tóxico absorvido, e de tratamento sintomático e de suporte; 4) Considerações especiais – relacionadas ao encaminhamento do paciente (assintomático, suicida, usuário de drogas, etc.); para o estabelecimento de exposições não tóxicas, e para o atendimento do paciente pediátrico, idoso e gestante.
É fundamental avaliar o grau das intoxicações severas, especialmente diante do uso de alucinógenos sintéticos, para montar um esquema de preservação da vida. O tratamento das intoxicações é sintomático. Havendo complicações haverá abordagem clínica específica para cada complicação;
A avaliação e a abordagem de comorbidades, como esquizofrenia, transtorno afetivo bipolar, depressões e ansiedades são fundamentais, na montagem de estratégias de tratamento.
As equipes de saúde devem considerar intervenções psicossociais, e intervenções motivacionais para os casos leves, visando a reorganização de estilos de vida; Os casos graves precisarão de um projeto terapêutico singular, a ser montado em CAPS.
Ambiente calmo e tranquilizador, sob controle frequente da pressão arterial, do ritmo cardíaco e da respiração;
Ecstasy: No caso do ecstasy o tratamento poderá envolver hidratação endovenosa e possível controle da agitação através do uso de diazapam (reduzem a ansiedade e normalmente contribuem para que o paciente durma sem os efeitos do alucinógeno.);
LSD: As reações adversas com LSD, de ordem psiquiátrica, com insegurança e angústia, podem ser resolvidas, em geral, pelo diálogo tranquilizador, com técnicas meramente de conversa. Eventualmente, quando há sentimentos assustadores muito intensos, demorando para passar, a clorpromazina e o haloperidol são eficazes.
Fenciclidina: Aos intoxicados com fenilciclidina geralmente a conversa, no sentido de acalmar, não ajuda, pois a beligerância pode ser um efeito da droga. Pelo contrário, pode irritá-los mais. Se o ambiente tranquilo não os acalmar, o médico pode administrar diazepam via oral, preferencialmente.
Alucinógenos naturais: Em geral, as medidas farmacológicas são desnecessárias. O paciente deve ficar em observação até a extinção dos sintomas.
Emergência: os quadros ansiosos podem ser manejados com administração sintomática de benzodiazepínicos orais. Os quadros psicóticos podem ser aliviados com neurolépticos, entre os quais se destaca a clorpromazina, na dose de 25 a 125 mg, e o haloperidol, na dose de 5 mg.
Os antipsicóticos também são usados, mas raramente necessários. Os antipsicóticos de baixa potência devem ser evitados, por causa de seus efeitos anticolinérgicos, os quais podem exacerbar as alucinações.
Os estados de abstinência para o uso crônico de alucinógeno são muito raramente relatados, e nenhuma desintoxicação é necessária. O uso crônico é mais bem controlado por meio de intervenções psicossociais, como o aconselhamento sobre drogas e os grupos de apoio.

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