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1 Retinopatia Diabética Indivíduos diabéticos frequentemente desenvolvem complicações oculares, como instabilidade da refração, paralisia dos nervos oculares motores, úlceras de córnea, glaucoma, neovascularização de íris e catara. No entanto, a mais comum é a retinopatia. A retinopatia diabética (RD) é a principal causa de casos novos de cegueira não reversível. Nos estágios iniciais, os pacientes são assintomáticos, mas à medida que a doença progride, o paciente percebe manchas no campo visual, distorção da imagem e redução da acuidade visual. Os microaneurismas são os sinais mais precoces de RD. Fatores de Risco Pode-se dividir em fatores genéticos e não genéticos, embora os hereditários ainda não estejam completamente elucidados. Os fatores de risco não genéticos englobam: tempo de doença, glicemia mal controlada, HAS, puberdade, gestação, nefropatia diabética, sexo masculino, tabagismo, dislipidemia e obesidade. Fisiopatologia Microangiopatia (caracterizada por espessamento da membrana basal do capilar) e oclusão capilar, devido à hiperglicemia crônica, são a base da patogênese da retinopatia diabética. A hiperglicemia crônica desvia o metabolismo de glicose para vias alternativas (via do poliol, via da proteinoquinase C, via da hexosamina), formando fatores inflamatórios, trombogênicos e vasoconstritores, além de aumentar a suscetibilidade ao estresse oxidativo, resultando em oclusão e fragilidade vascular com perda de periquitos (células que revestem os vasos sanguíneos dando suporte e estabilidade). Esse processo de enfraquecimento dos capilares causa a quebra da barreira hematorretiniana, o que possibilita a formação de microaneurismas e extravasamento de plasma, resultando em hemorragias e edema, o que provocará a diminuição da visão central. Nas oclusões podem-se formas shunts arteriovenosos, bem como quando ocorre isquemia há liberação de fatores angiogênicos com proliferação de neovasos, cujo rompimento resulta em hemorragias intravítreas. A hiperglicemia leva a conversão de açúcar em álcool (via do poliol), assim os periquitos intramurais são afetados pelo nível elevado de sorbitol, prejudicando a autorregulação dos capilares, isso predispõe a fraqueza da parede do capilar e favorece a formação de microaneurismas. A ruptura dos microaneurismas provoca hemorragias retinianas superficiais e profundas. O edema macular é a causa mais comum da baixa acuidade visual em pacientes com RD, ele surge devido ao aumento da proteinoquinase C que leva a modificação da permeabilidade e do fluxo sanguíneo. 2 Classificação A RD é dividida em dois estágios: não proliferativa (RDNP) e proliferativa (RDP). ✓ A RDNP é caracterizada por aumento da permeabilidade capilar e à oclusão vascular. É dividida em retinopatia precoce (microaneurismas, pontos hemorrágicos exudatos duros) e avançada (manchas algodonosa, alterações das vênulas, hemorragias em chama de vela – superficiais). ✓ A RDP é caracterizada pela presença de neovasos e as complicações estão relacionadas durante essa fase. Manifestações Clínicas A principal manifestação clínica da RD é a baixa acuidade visual (BAV) que pode ser súbita ou progressiva. A BAV aguda, na maioria das vezes é unilateral, ocorre por dois mecanismos principais: hemorragia vítrea e deslocamento de retina do tipo tracional. A BAV crônica é devido ao edema macular, podendo ainda ser provocado por outras complicações, como o glaucoma neovascular. O acometimento é geralmente bilateral e assimétrico, sendo um sintoma tardio. Diagnóstico O diagnóstico da RD se faz pelo exame de fundo de olho. Os achados nesse exame são: Microaneurismas: são os achados mais precoces da doença, representados por pequenos pontos vermelhos bem delimitados. Hemorragias intrarretinianas: podem ser puntiformes (sendo confundidas com os microaneurismas). Quando ocorrem na cama de fibras nervosas, podem configurar imagem semelhante a uma “chama de vela”. Edema macular: primeira causa de cegueira legal no diabetes. Exsudatos duros: lesões amareladas, pequenas, com margens definidas, formadas por lipídeos. Ocorrem por extravasamento de plasma, formam a “estrela macular” quando depositados na camada externa. Anormalidades microvasculares intrarretinianas: linhas vermelhas e finas que partem das arteríolas em direção às vênulas. Correspondem à circulação colateral. 3 Manchas algodonosos: correspondem a um infarto de áreas retinianas que se apresentam como manchas esbranquiçadas, relativamente grandes e mal delimitadas. Dilatações venosas: podem apresentar forma de alça, aspecto de rosário e segmentação tipo “salsicha”. Neovasos: típicos das RD proliferativa, geralmente originam-se do disco óptico ou das vênulas proximais. Exames complementares: angiofluoresceinografia, ultrassonografia, tomografia. Tratamento Principal parte do tratamento é a educação do paciente. Isso inclui acompanhamento multiprofissional regular, mudança nos hábitos de vida, reeducação alimentar, atividade física frequente, combate ao tabagismo e à obesidade, rigoroso controle da glicemia, dos lipídeos e das comorbidades como HAS e a nefropatia. - Controle da glicemia. - Fotocoagulação com laser: através de um feixe de luz, um nível de energia é absorvido pela retina gerando a coagulação no tecido. - Antiangiogênicos e esteroides intravítreos. - Vitrectomia: remoção cirúrgica do vítreo em casos de hemorragias vítreas de longa duração que atrapalhem a visão. - Crioterapia: realizar ablação da retina periférica isquêmica.
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