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FARMACOLOGIA VETERINÁRIA AULA 13 ANESTÉSICOS LOCAIS, ANTICONVULSIVANTES, TRANQUILIZANTES E RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO CENTRAL – PARTE III 1 ANESTÉSICOS LOCAIS 2 FARMACODINÂMICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Mecanismo de ação: os anestésicos locais impedem a geração e a condução de impulsos nervosos na membrana nervosa através de sua interação com canais de sódio, isto faz com que haja uma ação estabilizadora do potencial de ação na membrana dos neurônios. À medida que o efeito anestésico progride em um nervo, o limiar para a sua excitabilidade elétrica se eleva gradualmente, o potencial de ação declina e a condução do impulso nervoso se torna mais lenta. Assim, diminui a probabilidade de propagação do potencial de ação e a condução nervosa é reduzida. 3 FARMACOCINÉTICA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS O anestésico local atravessa as membranas do nervo por difusão, obedecendo a um gradiente de concentração que depende basicamente da lipossolubilidade do medicamento, do pH do meio e da concentração do medicamento. Possuem alta absorção na aplicação tópica na mucosa (lidocaína em spray na orofaringe); e o agente vasoconstritor pode ser empregado para diminuir a absorção. A distribuição do anestésico local ocorre quando estes são inadvertidamente administrados na corrente sanguínea. A biotransformação ocorre no plasma pelas esterases plasmáticas e hepáticas; praticamente não se acumulam no plasma e nos tecidos. 4 PRINCIPAIS ANESTÉSICOS LOCAIS Cloridrato de procaína – menos tóxica que os demais. anestesia infiltrativa: 1 a 2 % (descorna, caudectomia, ruminotomia); 4% 5 a 10 ml na anestesia epidural (cirurgias obstétricas e perineais em grandes animais); anestesia perineural 4% (bloqueio de nervos digitais, enucleação em equinos e bovinos). Anestesia de curta duração (30 a 60 min). Não deve ser empregada juntamente com sulfonamidas, por inibir as ações do antibiótico. Dose máxima – 10 mg/Kg. 5 PRINCIPAIS ANESTÉSICOS LOCAIS Cloridrato de lidocaína – mais potente que a procaína. anestesia tópica 10%, 5% ou 1-2% (intubação orotraqueal em felinos e equinos); infiltração em pequenos e grandes animais 0,5 a 2%; soluções de 1 a 2% anestesia perineural, epidural e intra- ocular (principalmente equinos) em pequenos e grandes animais. Anestesia de duração moderada (60 a 120 min). Atravessa a barreira placentária – desencadeia problemas cardíacos no feto. Efeito antiarrítmico – dose 1 a 2 mg/Kg IV (arritmias ventriculares em cães e gatos). Efeitos tóxicos – convulsão é o sinal mais comum da intoxicação, enquanto que bradiarritmias e distúrbios na condução são mais raros (em equinos mais comum tremores musculares). Cloridrato de prilocaína, bupivacaína, levobupivacaína, ropivacaína. 6 USOS DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Procedimentos cirúrgicos – mais comum Alívio de dores intensas Antiarrítmico 7 FORMAS DE USOS DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Anestesia superficial ou tópica – mucosas de olho, nariz e boca (apresentação sob a forma pomadas ou spray – bloqueio de terminações nervosas e indução da perda da sensibilidade dolorosa). Anestesia por infiltração – método mais usual aplicados em pequenas quantidades nos tecidos por via intradérmica, subcutânea ou mais profundamente em áreas musculares – o medicamento se difunde até as terminações nervosas para produzir seu efeito. 8 FORMAS DE USOS DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Anestesia perineural – bloqueio da condução do nervo sensorial que inerva a região onde será executada a cirurgia. O próprio campo cirúrgico não é tocado, mas é necessário que se leve o anestésico bastante próximo ao nervo a ser bloqueado. Anestesia espinal – injeção do anestésico local em alguma parte do canal espinhal, paralisando temporariamente regiões do organismo inervadas por aquelas por aquela área Na anestesia subaracnóidea, a solução anestésica é introduzida abaixo da aracnoide, em contato direto com o líquor; na anestesia epidural ou peridural, o anestésico é injetado ao redor da dura máter). 9 FORMAS DE USOS DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Anestesia intravenosa – realizada através da injeção do anestésico local IV com a circulação sanguínea interrompida por torniquete – promove a anestesia local por embebição. Cuidados devem ser tomados na retirada precoce (menos de 10 a 15 min – toxicidade anestésica) e mais de 60 minutos (necrose tecidual). Anestesia intra-articular. 10 ANTICONVULSIVANTES 11 ASPECTOS GERAIS DOS ANTICONVULSIVANTES Anticonvulsivantes são medicamentos utilizados em pacientes que apresentam convulsões ou alterações cerebrais como agressividade e síndrome cerebral. Podem ser usados como medicamentos únicos em cães que apresentam epilepsia idiopática ou em associação com outros medicamentos quando a origem das convulsões se deve a alterações metabólicas ou orgânicas em progressão. 12 FENOBARBITAL Mecanismo de ação: induz aumento da concentração do GABA no SNC. É absorvido completamente por via oral. Cerca de 40 a 60% ligam-se às proteínas plasmáticas, os níveis plasmáticos se estabilizam entre 7 e 10 dias e meia-vida está em torno de 47 a 74h no cão; é um potente indutor enzimático para sua própria metabolização, aumentando a sua eliminação que varia de 30 a 102h; sofre biotransformação hepática lenta e eliminação renal lenta. 13 FENOBARBITAL Efeitos farmacológicos: o fenobarbital limita a difusão dos potenciais de ação e eleva o limiar de convulsões – por isso é utilizado em animais com convulsões generalizadas e focais, ou quando o custo da terapia é um fator a ser considerado (baixo custo). A maioria dos barbitúricos tem efeitos anticonvulsivantes, mas o fenobarbital é exclusivo em produzir o efeito anticonvulsivo com doses menores do que as necessárias para causar sedação pronunciada. Não é útil para controlar convulsões que estejam ocorrendo porque o lapso de tempo entre a administração até o aparecimento do efeito é de 20 minutos aproximadamente; cães desenvolvem tolerância à sedação em duas semanas; pode desenvolver hepatotoxicidade. 14 PRIMIDONA O mecanismo de ação da primidona é similar ao do fenobarbital, uma vez que após sua biotransformação o metabólito mais potente é o fenobarbital. 15 BENZODIAZEPÍNICOS Diazepam, clonazepam e o clorazepato dipotássico. Os benzodiazepínicos são prontamente absorvidos pelo TGI, a injeção IM provoca absorção irregular, o uso IV é mais utilizado. Distribuição ampla por todo o organismo, atravessam a BHE e alcançam concentrações fetais semelhantes às maternas; ligam-se intensamente ás proteínas plasmáticas. Biotransformação hepática e eliminação renal. Mecanismo de ação: No SNC os benzodiazepínicos agem profundamente sobre o sistema límbico (septum, hipocampo, amígdala, formação reticular) e também reduzem a atividade funcional do hipotálamo e do córtex. Essas ações se dão através da potencialização dos efeitos inibitórios do GABA no referidos locais do cérebro e na medula, bloqueiam a excitação e deprimem centralmente os reflexos espinais. 16 BENZODIAZEPÍNICOS Diazepan: absorvido por via oral, é rapidamente biotransformado pelo fígado em vários metabólitos; eliminação renal; meia vida plasmática é de 1 a 2 dias. Após administração IV o diazepam penetra imediatamente no SNC sendo por isso o anticonvulsivante de eleição em casos de emergência – indicado em status epilepticus, convulsões generalizadas e focais, convulsões mioclônicas e crises de ausência. Não se usa o diazepam como anticonvulsivante único em cães, pois este desenvolve tolerância em 1 a 2 semanas. Em gatos mantém a sua eficácia, sendo o segundo medicamento de eleição depois do fenobarbital. Efeitos colaterais – sedação e polifagia. Em gatos a administração oral pode levar a uma necrose hepática fulminante. 17 TRANQUILIZANTES MAIORES TRANQUILIZANTES MENORES RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO CENTRAL 18 TRANQUILIZANTES Esses termos são usadosem veterinária para se referir a drogas que acalmam o animal e promovem o sono, mas não necessariamente induzem o sono, mesmo em doses altas. Os animais tranquilizados usualmente são calmos e fáceis de lidar, mas podem ser despertados e responder a estímulos de modo normal (por exemplo, mordendo, arranhando, escoiceando). Quando usados como pré-anestésicos estas drogas permitem o uso de menos anestésico geral. 19 TRANQUILIZANTES Tranquilizantes, sedativos, calmantes são denominações empregadas para medicamentos que induzem a tranquilização dos animais. Divididos em tranquilizantes maiores - derivados fenotiazínicos (clorpromazina, levomepromazina, acepromazina) e butirofenônicos (haloperidol, droperidol, azaperona) e tranquilizantes menores (ansiolíticos, psicossedativos) – benzodiazepínicos, buspirona e bloqueadores 𝛽- adrenérgicos. 20 TRANQUILIZANTES MAIORES 21 TRANQUILIZANTES MAIORES Mecanismo de ação: os tranquilizantes maiores bloqueiam receptores da dopamina, da noradrenalina e serotonia centrais; e perificamente podem exercer efeitos α-adrenolítico, anti- histaminérgico,antisserotoninérgico e anticolinérgico. Atuam seletivamente em algumas regiões do SNC como núcleos talâmicos, hipotálamo, vias aferentes sensoriais, estruturas límbicas e sistema motor, e também podem atuar no sistema nervoso autônomo. 22 TRANQUILIZANTES MAIORES - FARMACOCINÉTICA Tanto fenotiazínicos quanto butirofenônicos são absorvidos pelo TGI e por via parenteral; são amplamente distribuídos pelos tecidos, principalmente fígado, pulmões e encéfalo; sofrem diferentes processos de biotransformação (oxidação, hidroxilação e conjugação), e são eliminados pela urina e fezes. 23 TRANQUILIZANTES MAIORES – EFEITOS FARMACOLÓGICOS Os tranquilizantes maiores atuam seletivamente em algumas regiões do SNC: núcleos talâmicos, hipotálamo, vias aferentes sensoriais, estruturas límbicas e sistema motor; também são capazes de atuar na periferia, afetando o sistema nervoso autônomo. Atuam bloqueando receptores pós-sinápticos da dopamina, neurotransmissor presente em particular no sistema nigroestriatal, mesocortical e mesolímbico. Atuam nos receptores pré-sinápticos da dopamina, receptores responsáveis pela regulação da síntese e liberação do neurotransmissor. O bloqueio dos receptores da dopamina promovem AUMENTO DA PRODUÇÃO E LIBERAÇÃO da dopamina, na tentativa de vencer o bloqueio – desenvolve-se um aumento na degradação enzimática da dopamina e consequentemente aumento dos metabólitos da dopamina cerebral – ácido homovanílico (HVA) e ácido dihidroxifenilacético (DOPAC), sem alterar os níveis de dopamina; ocorre ainda um aumento da taxa de renovação (turnover) da dopamina. 24 TRANQUILIZANTES MAIORES – EFEITOS FARMACOLÓGICOS – BLOQUEIO DE RECEPTORES DA DOPAMINA Sistema nigroestriatal – bloqueio dos receptores da dopamina são responsáveis pela catalepsia (perda da motilidade voluntária, com rigidez espástica dos músculos, permitindo que os membros permaneçam em qualquer posição em que sejam colocados, por tempo indeterminado); perda da estereotipia (movimentos que se repetem compulsivamente no tempo, sem variação e aparentemente sem objetivo). Obs.: estereotipia é provocada por agonistas dopaminérgicos (apomorfina) ou por agentes liberadores da dopamina (anfetamina) – e em uso prolongado em humanos a anfetamina manifesta-se com síndrome extrapiramidal (alterações no psiquismo, motricidade e das funções neurovegetativas). 25 TRANQUILIZANTES MAIORES – EFEITOS FARMACOLÓGICOS – BLOQUEIO DE RECEPTORES DA DOPAMINA Sistema mesocortical ou mesolímbico – o bloqueio dos receptores da dopamina nesses locais são responsáveis pela ação antipsicótica e pelo antagonismo da toxicidade provocada pela anfetamina. Sistema túbero-infundibular – o bloqueio dos receptores da dopamina nesse local é responsável pela hipersecreção de prolactina e algumas alterações endócrinas, como diminuição da secreção dos neuro-hormônios hipotalâmicos (TSH, ACTH, LH, FSH,ADH), e ainda a hipotermia. 26 TRANQUILIZANTES MAIORES – EFEITOS FARMACOLÓGICOS - BLOQUEIO DE RECEPTORES DA DOPAMINA Centro emético (localizado na formação reticular lateral do bulbo) – este centro se comunica com a zona deflagradora dos quimiorreceptores que possuem receptores de dopamina – o bloqueio desses receptores dopaminérgicos determina o efeito antiemético dos tranquilizantes maiores. Centros bulbares cardiovascular e respiratórios – tranquilizantes maiores deprimem estes locais, porém poucos efeitos são observados sobre a respiração, mas os reflexos vasomotores mediados pelo hipotálamo e tronco cerebral são deprimidos resultando em queda da pressão arterial mediada centralmente. Tranquilizantes maiores (neurolépticos) produzem um estado de indiferença aos estímulos exteriores sem efeito hipnótico e sem perda de consciência; outros efeitos – diminuição da agressividade, inibição das reações vegetativas emocionais, potencialização dos efeitos hipnóticos dos anestésicos gerais, dos opioides, dos analgésicos anti-inflamatórios e diminuição do limiar convulsivo (favorecem o aparecimento de convulsões). 27 TRANQUILIZANTES MAIORES – EFEITOS FARMACOLÓGICOS Além de atuarem em receptores da dopamina no SNC, os tranquilizantes maiores podem bloquear receptores da noradrenalina e da serotonina no SNC e também exercer efeitos antagonistas em receptores periféricos da noradrenalina, histamina, (receptores 𝐻1), serotonina e da acetilcolina. Esses efeitos podem ser maiores ou menores, dependendo do medicamento. Hipotensão – ocorre por bloqueio α-adrenérgico periférico e também por ação central, levando a taquicardia reflexa. Hipotermia – promovem queda da temperatura corporal devido à vasodilatação dos vasos sanguíneos da pele e parte por ação nos mecanismos termorreguladores do hipotálamo. Efeito antiarrítmico – semelhante aos anestésicos locais – estabilizam as membranas das células especializadas do coração. 28 TRANQUILIZANTES MAIORES Portanto, essas substâncias fazem bloqueio pós-sináptico, tornando o receptor da dopamina incapaz de responder ao neurotransmissor endógeno (dopamina). Derivados fenotiazínicos – clorpromazina, levomepromazina e acepromazina. Derivados butirofenônicos – haloperidol, droperidol, azaperona. 29 TRANQUILIZANTES MAIORES Usados em medicação pré-anestésica, potencializadores da analgesia (neuroleptoanalgesia) e antieméticos. Farmacocinética: tanto os derivados fenotiazínicos como os butirofenônicos são absorvidos pelo TGI e por via parenteral. Uma vez absorvidos são amplamente distribuídos pelos tecidos (principalmente fígado, pulmões e encéfalo) sofrendo processos de biotransformação hepática e eliminação renal e biliar. 30 TRANQUILIZANTES MAIORES– EFEITOS FARMACOLÓGICOS Efeitos cardiovasculares: hipotensão por bloqueio de receptores adrenérgicos α1 e diminuição do tônus do sistema nervoso simpático. Animais com tônus simpático aumentado devido a hipovolemia podem se tornar profundamente hipotensos após a administração de fenotiazínicos devido à reversão da adrenalina. 31 TRANQUILIZANTES MAIORES – EFEITOS FARMACOLÓGICOS Efeitos respiratórios: doses altas deprimem a respiração. Em combinação com opióides para produzir neuroleptoanalgesia, os tranquilizantes fenotiazínicos são associados com depressão respiratória. Efeitos gastrointestinais: a motilidade é deprimida. Porque interferem com a ação da dopamina na zona disparadora quimiorreceptora no bulbo; causa depressão do centro termorregulador no cérebro (diminui a temperatura). 32 TRANQUILIZANTES MAIORES - USOS TERAPÊUTICOS Tranquilização, geralmente sem efeito analgésico. A maioria das drogas são efetivas como anti-eméticos. A administração de um fenotiazínico prévio ao uso de anestésico inalatório pode reduzir a incidência de arritmias causadas pela sensibilização do miocárdio às catecolaminas. Usos: via oral, IV, IM ouSC. 33 CONTRAINDICAÇÕES TRANQUILIZANTES MAIORES Administração da adrenalina é contraindicada quando se faz uso dos derivados fenotiazínicos – uma vez que receptores α-adrenérgicos estão bloqueados. Quando se empregam anestésicos epidurais os derivados fenotiazínicos são contraindicados por potencializar a hipotensão induzida pelos anestésicos locais. Envenenamento por organofosforados. Tratamento com anti-helmíntico organofosforado. Histórico de convulsões – diminuem o limiar para causar a convulsão. 34 TRANQUILIZANTES MENORES 35 TRANQUILIZANTES MENORES - BENZODIAZEPÍNICOS Farmacocinética: prontamente absorvidos pelo TGI; injeção IM provoca absorção irregular com risco de formação de precipitados; uso IV bastante difundido na pré- anestesia e no controle das convulsões. Distribuição ampla; atravessam a barreira hematoencefálica e alcançam concentrações feitais semelhantes às maternas; ligam-se intensamente às proteínas plasmáticas. Reações de biotransformação dos benzodiazepínicos: desalquilação e hidroxilação com posterior conjugação glicurônica realizada no microssomo hepático; metabólitos ativos são produzidos de forma variada de acordo com o benzodiazepínico original. A eliminação se faz fundamentalmente pela urina, na forma de metabólitos conjugados com o ácido glicurônico e portanto inativos. 36 TRANQUILIZANTES MENORES - BENZODIAZEPÍNICOS Efeitos terapêuticos: No SNC os benzodiazepínicos agem sobre o sistema límbico (septum, hipocampo, amígdala, formação reticular) e também reduzem a atividade funcional do hipotálamo e do córtex. 37 TRANQUILIZANTES MENORES Benzodiazepínicos – mecanismo de ação - atuam em receptores do ácido-γ-amino-butírico A (𝐺𝐴𝐵𝐴𝐴) no cérebro. O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do SNC, existindo em quase todas as regiões do encéfalo, embora em concentrações variáveis. Os benzodiazepínicos são considerados agonistas de receptores do 𝐺𝐴𝐵𝐴𝐴 (receptores ionotrópicos, acoplados aos canais de cloro, cuja abertura reduz a excitabilidade da membrana neuronal), assim como os barbitúricos, o etanol, o mucimol, a bicuculina e a picrotoxina. Os benzodiazepínicos ao se ligarem ao receptor do 𝐺𝐴𝐵𝐴𝐴, abrem o canal de cloreto, induzindo uma hiperpolarização da membrana pós sináptica, impedindo a passagem do estímulo nervoso. Induzindo efeitos miorrelaxantes (ação depressora sobre reflexos supraespinhais), efeitos ansiolóticos (atuação sobre sistema reticular), efeito sedativo/hipnótico (atuação sobre formação reticular e sistema límbico) e efeito anticonvulsivante. 38 BENZODIAZEPÍNICOS Diazepam, clonazepam e o clorazepato dipotássico. Os benzodiazepínicos são prontamente absorvidos pelo TGI, a injeção IM provoca absorção irregular, o uso IV é mais utilizado. Distribuição ampla por todo o organismo, atravessam a BHE e alcançam concentrações fetais semelhantes às maternas; ligam-se intensamente ás proteínas plasmáticas. Biotransformação hepática e eliminação renal. Mecanismo de ação: No SNC os benzodiazepínicos agem profundamente sobre o sistema límbico (septum, hipocampo, amígdala, formação reticular) e também reduzem a atividade funcional do hipotálamo e do córtex. Essas ações se dão através da potencialização dos efeitos inibitórios do GABA no referidos locais do cérebro e na medula, bloqueiam a excitação e deprimem centralmente os reflexos espinais. Diazepan: absorvido por via oral, é rapidamente biotransformado pelo fígado em vários metabólitos; eliminação renal; meia vida plasmática é de 1 a 2 dias. Após administração IV o diazepam penetra imediatamente no SNC sendo por isso o anticonvulsivante de eleição em casos de emergência – indicado em status epilepticus, convulsões generalizadas e focais, convulsões mioclônicas e crises de ausência. Não se usa o diazepam como anticonvulsivante único em cães, pois este desenvolve tolerância em 1 a 2 semanas. Em gatos mantém a sua eficácia, sendo o segundo medicamento de eleição depois do fenobarbital. Efeitos colaterais – sedação e polifagia. Em gatos a administração oral pode levar a uma necrose hepática fulminante. 39 RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO CENTRAL 40 RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO CENTRAL Guaifenesina, metocarbamol, benzodiazepínicos, baclofeno. Guaifenesina – um relaxante muscular de ação central comumente utilizado com esta finalidade em equinos, e menos comumente em cães, bovinos e suínos. Mecanismo de ação: possível atuação como agonista de receptores da glicina. Este neurotransmissor é encontrado no tronco cerebral e na medula espinhal promovendo hiperpolarização pós sináptica dos neurônios motores. Os primeiros músculos nos quais se observa o relaxamento são aqueles dos membros, ao contrário dos– contrariamente aos bloqueadores musculares periféricos, a músculos respiratórios, que, em geram, não são afetados guaifenesina não causa relaxamento do diafragma, podendo por isso ser utilizada sem a necessidade de respiração artificial. 41 RELAXANTES MUSCULARES DE AÇÃO CENTRAL A guaifenesina possui a vantagem de apresentar leve efeito analgésico e sedativo, assim ela potencializa o efeito da medicação pré-anestésica. Administrada via oral ou IV, atravessa a barreira placentária e promove depressão dos movimentos fetais. Usos em equinos para MPA, tratamento do tétano, intoxicação por estricnina, contenção química e em manobras obstétricas. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cortopassi SRG, Fantoni DT, Bernardi MM. Anestésicos locais. Spinosa HS, Górniak SL, Bernardi MM. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. p. 140-146. Andrade Neto JP. Anticonvulsivantes. Spinosa HS, Górniak SL, Bernardi MM. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. p 147-156. Spinosa HSS, Górniak SL. Tranquilizantes, antidepressivos, agonistas alfa 2 adrenérgicos e relaxantes musculares de ação central. Spinosa HS, Górniak SL, Bernardi MM. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 5ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. p. 157-169. Riedesel DH. Drogas que atuam no sistema nervoso central. Ahrens FA. Farmacologia veterinária. Porto Alegre: Artes médicas, 1997. p. 81-106. 43
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