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Conhecer as diretrizes básicas para a realização da sutura. Algumas diretrizes básicas são utilizadas com a finalidade de se obter uma linha de sutura eficaz, tais com o: 1. Manipulação a apresentação dos tecidos. As bordas teciduais devem ser elevadas e apresentadas para se efetuar a sutura. Para isto, deve-se evidenciar primeiro uma borda, depois a outra, fazendo uso de pinças elásticas que as mantenham reparadas, uma de cada vez, de modo que possam ser comodamente transfixadas pela agulha. Geralmente, se utilizam uma pinça delicada com dentes delicados, tipo Adson (sem dentes), para suturas de tecidos friáveis, e uma pinça dente de rato mais robusta para os tecidos mais resistentes (com o a própria pele). Quando se faz a síntese da pele, deve - se, sempre, o melhor resultado possível. Para isto, não se deve pinçar a pele de fato, mas apenas apoiá-la com o um aparato para a transfixação da agulha. 2. Colocação da agulha no porta- agulha. Comumente, a agulha é presa em sua parte média (ou pouco atrás) pelo porta-agulha (a preensão muito próxima a ambas as extremidades, isto é, na ponta ou n o olho, pode quebrá-la). 3. Direção da linha de sutura. Quando cirurgiões destros realizam suturas com agulhas curvas ou retas, contínuas ou descontínuas, comumente as iniciam da direita a esquerda, com a pinça que mantém as bordas a serem suturadas sendo sustentada por sua mão esquerda; com agulhas curvas, o sentido da sutura é da borda distal para a proximal, em relação ao seu posicionamento; com agulhas retas, o sentido se inverte, indo da borda proximal para a distal. 4. Transfixação das bordas. A passada de agulha pelas duas bordas do tecido pode ser feita em um ou dois tempos (sendo esta preferível para tecidos muito rígidos). A quantidade de tecido a ser englobada em cada passada da agulha deve ser a menor possível para que se consiga propiciar firme apoio ao fio cirúrgico. Dessa forma, além de propiciar bom resultado estético, estaremos seguindo um dos principais postulados da técnica operatória: englobar o mínimo possível de tecido em ligaduras e suturas, de modo a manter o máximo de vitalidade tecidual. Para um a boa sutura e um bom efeito estético, deve- se seguir os seguintes parâmetros: Inserir a agulha (curva) na pele em um ângulo de 90º. Adotar um c aminho curvilíneo através dos tecidos. Ter certeza quanto à simetria entre os extremos da agulha inseridos no tecido, tanto dos lados como na profundidade. A profundidade da agulha deve ser maior que a distância entre cada extremo da agulha e a ferida. 5. Extração das agulhas. As agulhas devem ser extraídas dos tecidos em que foram passadas com a sua forma e com a direção de suas pontas. Assim, uma agulha curva deve ser tracionada para cima, de modo a completar um semicírculo semelhante à sua forma; similarmente, uma agulha reta deve ser tracionada para adiante, e, somente após transfixar totalmente as duas bordas, deve ser aponta da para cima. Preconiza-se que também as agulhas retas sejam manuseadas com o porta- agulha, haja vista o grande risco de ferimento inadvertido que a carretam para toda a equipe cirúrgica. Entretanto, muito mais comumente, elas são utilizadas com as mãos. Nesses casos, também, ou o auxiliar as pega com uma pinça forte, ou o próprio cirurgião com uma pinça dente de rato. Para se realizar uma boa sutura, algumas normas básicas são necessárias: Assepsia adequada: infecções podem fazer deiscência de sutura, por que enfraquecem e destroem os tecidos. Bordas regulares: facilita a exposição das suturas e sua execução. Boa captação das bordas: bordas bem alinhadas e coaptadas facilitam o processo de cicatrização, reduz formação de queloides e contribui para uma melhor estética. Hemostasia: hematomas dificultam a cicatrização e favorece infecções (meio de cultura para os microrganismos). Cuidado! Excesso de hemostasia pode fazer isquemia e promover necrose tecidual. Evitar espaço morto: pode haver acúmulo de líquidos e afastar os tecidos. Realizar por planos: promove bom confrontamento das bordas e evita o espaço morto. Realizar a técnica adequadamente: adequar a sutura ao tecido, com relação a tensão, tipo de fio e espaçamento correto entre os pontos. Evitar isquemia e corpos estranhos Utilizar material apropriado Conhecer os tipos de suturas. Sutura pode ser definida como o ato de aproximar estruturas (tecidos histológicos), mediante a utilização de instrumental cirúrgico. Todas as suturas promovem em maior ou menor grau três efeitos básicos nos tecidos vivos onde são aplicadas. Há o efeito de síntese (aproximação), em que a tensão da sutura terá o efeito de propiciar a cicatrização primária da ferida. Secundariamente, ocorrerá o recobrimento das estruturas em planos anatômicos imediatamente abaixo dessa, estejam eles adequadamente tratados ou não. E associado aos anteriores, há o efeito hemostático da sutura, decorrente da tensão dos pontos, da aproximação dos tecidos e do recobrimento dos planos. A interação apropriada desses efeitos, resultando em tratamento adequado das feridas, dependerá do material a ser utilizado e de correta técnica cirúrgica a ser empregada. Condições para uma Boa Sutura Algumas condições contribuem para o sucesso do procedimento de sutura dos tecidos: lavagem com solução salina para retirada de corpos estranhos; a antissepsia ao redor da lesão evitará a deiscência da sutura devido a processos infecciosos; apresentação adequada das bordas da ferida permite uma sutura sem irregularidades ou falhas de aproximação a hemostasia prévia diminui a possibilidade de infecções e infiltração dos tecidos, além de evitar a perda da sutura por formação de coleções (hematomas); a ausência de tensão entre as bordas, por aproximação de planos profundos, quando necessário, evita deiscências por erro técnico e propicia cicatrizes com melhor qualidade; evitar espaços mortos e remover corpos estranhos ou tecidos desvitalizados previne complicações e necessidade de reintervenções; anestesia local diminuirá a dor e tratá mais conforto para o paciente, permitindo a realização da técnica corretamente; a escolha do material adequado (instrumental, fios, agulhas) contribui substancialmente para o sucesso do procedimento. Deve-se escolher o instrumental mais delicado possível para cada tipo de sutura, porém que cumpra sua utilidade de maneira eficaz. Além disso, deve ser observado o tipo de ferida, e se há ou não possibilidade de suturá-la, considerando o tamanho e a gravidade da lesão, e o risco de infecção. Nem toda lesão é passível de sutura imediata, muitas vezes será necessário lançar mão do uso de retalhos, por exemplo, ou realizar profilaxias infecciosas. Tipos de suturas: Ponto Simples Separado: é a técnica mais utilizada, pois é fácil e rápida. É o ponto ideal para uma aproximação correta das bordas de uma ferida. Utiliza-se agulha curva, portanto sua introdução na pele deve acompanhar seu círculo. Técnica para o ponto simples invertido: para sua execução, é revertida a sequência listada anteriormente, começando com a borda de saída e terminando com a ponta de entrada (de cima para baixo), de modo que as duas extremidades do segmento serão amarradas dentro da ferida. Ponto Donati (“longe-longe, perto-perto”): Permite aproximação uniforme das bordas mesmo quando for uma incisão incorreta ou quando as bordas forem irregulares, apesar de ter uma execução mais trabalhosa. Ele começa de forma semelhante ao ponto simples, mas uma vez completado o ponto simples a agulha é voltada no sentidodo início do ponto, pegando uma pequena porção de derme e epiderme, dos dois lados da ferida, de tal forma que, quando o nó é atado, as bordas serão suspensas. Ponto em U Horizontal: Na sutura em U horizontal, ou ponto de Gillies, a agulha penetra a pele de forma intradérmica na fase inicial, em uma das bordas. Na borda contralate- ral a passagem do fio é totalmente intradérmica, de forma horizontal, em U. O fio não é exteriorizado nesta borda. Após a confecção do U horizontal intradérmico, a agulha retorna verticalmente e ao lado de sua entrada, também intradérmica. Ponto em X: Utilizada em regiões com grandes resistências submetidas à tensão. O fio é passado em um lado da incisão e, após, a um nível abaixo nas duas bordas, iniciando pela borda contrária à inicial. Ao final, para finalizar a sutura, o fio é passado em mesmo nível ao inicial, em borda oposta. Suturas Contínuas Este tipo de sutura tem maior indicação nos casos em que há grandes extensões para suturar e é necessário ganhar tempo, porém seus resultados deixam a desejar. Ponto Simples Contínuo (chuleio simples): consiste na confecção de pontos simples, seriados e sem interrupção. O nó é realizado no início e no final da sutura. Possui técnica rápida e de fácil execução. Ponto Contínuo Ancorado (chuleio festonado): Realizado da mesma forma que a sutura simples contínua, porém com o cruzamento do fio entre os nós. É utilizado para dar firmeza à sutura, principalmente nas suturas longas, conferindo maior fixação dos lábios da sutura. Ponto em U Horizontal Contínuo (barra grega ou colchoeiro): Sutura realizada em U, horizontalmente, transfixando a pele em suas bordas. A entrada e saída dos fios são realizadas lado a lado, de forma contínua. Sutura Intradérmica: É realizada por passagem do fio de forma horizontal, em plano mais superficial possível. A passagem do fio contra lateral deve ser realizada no mesmo nível do término da passagem imediatamente anterior. O fio deve ser cruzado. O fio pode ser exteriorizado, com ou sem nó externo, nas duas extremidades. Tem excelente confrontamento anatômico e efeito estético. Sutura em bolsa: A sutura em bolsa é aplicada com o intuito de inversão das bordas e de seu conteúdo. Realizada por sutura circunferencial, transfixando os planos parcialmente e espaçada entre 0,3 e 0,5 cm. Reparar e manter folga no fio em 0/360º e 180º permite que, ao realizar o nó cirúrgico, o auxiliar possa invaginar através de pinça o seu conteúdo. Suturas especiais: Suturas de mucosas: mucosa oral e lábio Fios absorvíveis; Pontos separados. Sutura gastrintestinal Bordas mucosas invertidas; Plano seromuscular; Fios absorvíveis de longa duração (polidioxanona); Fios inabsorvíveis(polipropileno/algodão); Pontos invaginantes: Schimieden(dentro-fora/dentro-fora); Sem tensão; Sem isquemia. Bexiga Fio absorvível multifilamentar(poliglactina); Sonda vesical de demora (7 a 14 dias). Pulmão Geralmente 2 planos: barra grega e chuleio; Uso de grampeadores. Conhecer os principais tipos de feridas da pele. Ferida – ou lesão - é quando ocorre a perda da continuidade dos tecidos. Ela modifica a estrutura normal da pele, o maior órgão de nosso corpo, cuja função é proteger de atritos, ajudar no controle da nossa temperatura corporal, dentre outras. A pele é formada por três camadas: a) epiderme, a camada mais externa, formada por várias camadas de células, cada uma com uma função; b) derme, composta de colágeno, que proporciona elasticidade à pele e onde há os vasos sanguíneos e linfáticos e as terminações nervosas; c) tecido subcutâneo, onde estão as células adiposas e é a parte que une a pele a outros órgãos. Dependendo de quais camadas uma ferida atinge, ela pode ser apenas superficial ou pode ser profunda. Normalmente, uma ferida fecha em até seis semanas. Agudas: são as feridas recentes e que estão nas camadas mais próximas à superfície (epiderme e derme). São normalmente causadas por fatores externos, como traumas biológicos, químicos ou físicos. Elas podem ainda serem causadas por cirurgias – neste caso, se não tratadas de forma adequada, podem ser transformar em crônicas. Crônicas: são as feridas cuja cicatrização demora mais do que o esperado, levando o tecido a demorar em se restabelecer, porque atingem camadas mais profundas, além das camadas mais externas, que são a epiderme e a derme. São, normalmente, causadas por fatores internos como infecções ou doenças vasculares ou metabólicas. Outro motivo pode transformá-las em crônicas: a falta de cuidados adequados, que as deixam expostas a organismos externos e acabam complicando a cicatrização. Classificação das feridas As feridas são classificadas de acordo com os mesmos fatores que as causam, divididos nas seguintes propriedades: cirúrgicas, patológicas e traumáticas. Feridas cirúrgicas: São normalmente causadas de forma premeditada e se originam de algum tratamento específico. Devem ser feitas de forma asséptica (livre de contaminação), e empregando os cuidados corretos, através de profissionais da área médica. Feridas patológicas: São as resultantes de fatores sistêmicos: deficiências proteicas ou doenças pré-existentes, como Diabetes Melito (DM) e Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). O "pé diabético" é um exemplo de ferida patológica. Úlceras de Pressão: A úlcera de pressão é uma área localizada de necrose celular, que resulta da compressão do tecido mole entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um período prolongado de tempo. Outros termos também são usados com freqüência como úlcera de decúbito, escara, escara de decúbito, porém, por ser a pressão o agente principal para a sua formação, o termo recomendado é úlcera de pressão. O termo “escara” não deve ser utilizado para a definição, porque ele é usado para designar apenas a parte necrótica ou crosta da ferida. A região sacral e os calcâneos são os locais mais freqüentes de aparecimento da úlcera de pressão. Os indivíduos mais propensos à formação desse tipo de ferida são aqueles: - Com alterações da mobilidade; - Com alterações da percepção sensorial; - Com alterações da circulação periférica; - Com alterações do nível de consciência; - Incontinentes; - Mal nutridos; - Imunodeprimidos. http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_do_pe_diabetico.pdf Os tecidos recebem oxigênio e nutrientes, eliminando os produtos tóxicos por via sangüínea. Qualquer fator que interfira neste mecanismo, afeta o metabolismo celular e a função ou vida da célula. O dano no tecido ocorre quando a pressão exercida contra o mesmo é suficiente para fechar os capilares (> 32 mmHg) e permanece por tempo prolongado até provocar a lesão isquêmica. Quando a pressão é retirada a tempo (alívio antes do ponto crítico), a circulação é restaurada através de um mecanismo fisiológico compensatório chamado hiperemia reativa. Úlceras Vasculares As úlceras vasculares, mais conhecidas como úlceras de perna, podem ser definidas como sendo a perda da continuidade da pele nos membros inferiores, abaixo dos joelhos, e cujo processo de cicatrização se prolonga por mais de seis semanas. Elas são altamente recidivantes, acometem principalmente pessoas idosas e estão freqüentemente associadas a outras doenças, tais como: diabetes mellitus, artrite, hipertensão arterial, hanseníase, entre outras. Estas feridas são uma das principais causas pelas quais as pessoas procuram as unidades de saúde, pois cerca de 80% delas podem ser tratadas ambulatorialmente. Elas podem causar dor, depressão, redução da movimentação, incapacidade para o trabalho, perda da auto-estima e isolamento social, ou seja, graves transtornos tanto individuais quanto coletivos. As úlceras vasculares apresentam etiologia de origem venosa, arterial ou mista. As úlceras de origemvenosa (maioria) são basicamente resultantes da hipertensão venosa crônica, que produz a estase venosa e edema. As úlceras de origem arterial são produzidas quando o fluxo sanguíneo para os membros inferiores está diminuído, resultando em isquemia e necrose. As úlceras de origem mista resultam da combinação da hipertensão venosa crônica com patologias arteriais periféricas. Uma maneira fácil de proceder a elevação dos membros, sem dobrar a perna na altura da cabeça do fêmur, é colocando tijolos ou blocos de madeira sob os pés da cama. É importante a continuidade do uso das meias compressoras após a cicatrização da úlcera venosa, para evitar as recidivas. Os exercícios também são indicados, com a finalidade de melhorar o retorno venoso, que está prejudicado na presença de patologias vasculares venosas. Importante lembrar que usar adequadamente meias e bandagens, aliando-se esta prática ao tratamento tópico adequado, existe a possibilidade de 97% de cicatrização nas úlceras venosas. Mesmo após a cicatrização, as orientações quanto à prevenção de recidivas devem ser meticulosas e o acompanhamento do paciente deverá ser constante. Úlceras Neuropáticas Úlcera Plantar na Hanseníase Uma das características da Hanseníase é o comprometimento dos nervos periféricos, com diminuição ou perda da sensibilidade nos membros. Também ocorre o comprometimento dos filetes nervosos, com a infiltração nos folículos pilosos, glândulas sudoríparas e glândulas sebáceas localizadas na derme, fazendo com que a pele fique sem umidade (anidrose). Assim sendo, a hidratação e a lubrificação da pele são cuidados que devem ser ensinados ao paciente, para que o mesmo os realize no domicílio, pois são indispensáveis ao cuidado preventivo. Úlcera Diabética: A úlcera diabética é uma ferida que pode acometer pessoas com Diabetes Mellitus. Seu surgimento pode ocorrer por dois mecanismos: A) Perda da sensibilidade O aumento do açúcar no sangue (hiperglicemia) pode afetar os nervos periféricos das pernas e pés, levando à diminuição ou perda da sensibilidade térmica, táctil e dolorosa.A pessoa diabética pode não perceber um sapato apertado, um objeto quente ou a dor após um corte inadequado das unhas.Esta deficiência de sensação é denominada neuropatia diabética. Características do pé neuropático: - Pontos de pressão anormais (calos); - Dedos deformados em garra; - Pé quente, rosado, com veias dilatadas; - Peito do pé saliente - pé encurvado; - Pele seca – rachaduras. B) Doença vascular A hiperglicemia também pode acarretar um endurecimento e estreitamento das artérias e conseqüentemente uma diminuição do fluxo sanguíneo para os membros inferiores. Feridas traumáticas 1. Incisas ou cortantes - são provocadas por agentes cortantes, como faca, bisturi, lâminas, etc.; suas características são o predomínio do comprimento sobre a profundidade, bordas regulares e nítidas, geralmente retilíneas. Na ferida incisa o corte geralmente possui profundidade igual de um extremo à outro da lesão, sendo que na ferida cortante, a parte mediana é mais profunda. 2. Corto-contusa - o agente não tem corte tão acentuado, sendo que a força do traumatismo é que causa a penetração do instrumento, tendo como exemplo o machado. 3. Perfurante - são ocasionadas por agentes longos e pontiagudos como prego, alfinete. Pode ser transfixante quando atravessa um órgão, estando sua gravidade na importância deste órgão. 4. Perfuro-contusas - são as ocasionadas por arma de fogo, podendo existir dois orifícios, o de entrada e o de saída. 5. Lacero-contusas - Os mecanismos mais frequentes são a compressão: a pele é esmagada de encontro ao plano subjacente, ou por tração: por rasgo ou arrancamento tecidual. As bordas são irregulares, com mais de um ângulo; constituem exemplo clássico as mordidas de cão. 6. Perfuro-incisas - provocadas por instrumentos perfuro-cortantes que possuem gume e ponta, por exemplo, um punhal. Deve-se sempre lembrar, que externamente, poderemos ter uma pequena marca na pele, porém profundamente podemos ter comprometimento de órgãos importantes como na figura abaixo na qual pode ser vista lesão no músculo cardíaco. 7. Escoriações - a lesão surge tangencialmente à superfície cutânea, com arranchamento da pele. 8. Equimoses e hematomas - na equimose há rompimento dos capilares, porém sem perda da continuidade da pele, sendo que no hematoma, o sangue extravasado forma uma cavidade. Também as feridas podem ser classificadas de acordo com o GRAU DE CONTAMINAÇÃO. Esta classificação tem importância, pois orienta o tratamento antibiótico e também nos fornece o risco de desenvolvimento de infecção. 1. Limpas - são as produzidas em ambiente cirúrgico, sendo que não foram abertos sistema como o digestório, respiratório e gênito-urinário. A probabilidade da infecção da ferida é baixa, em torno de 1 a 5%. 2. Limpas-contaminadas – também são conhecidas como potencialmente contaminadas; nelas há contaminação grosseira, por exemplo, nas ocasionadas por faca de cozinha, ou nas situações cirúrgicas em que houve abertura dos sistemas contaminados descritos anteriormente. O risco de infecção é de 3 a 11%. 3. Contaminadas – há reação inflamatória; são as que tiveram contato com material como terra, fezes, etc. Também são consideradas contaminadas aquelas em que já se passou seis horas após o ato que resultou na ferida. O risco de infecção da ferida já atinge 10 a 17%. 4. Infectadas - apresentam sinais nítidos de infecção. Conhecer as condutas a serem adotadas no tratamento dos ferimentos, incluindo o uso de antibióticos e profilaxia anti-tetânica. O tratamento, tanto de feridas crônicas quanto de agudas, deve ser realizado a partir da orientação de um profissional da saúde, de forma individualizada e holística. Para isso, devem ser consideradas a evolução do quadro, as características físicas da ferida e o estado de saúde do paciente de forma geral. O acompanhamento da equipe de enfermagem, principalmente do enfermeiro estomaterapeuta (especialista em feridas), é essencial, pois o tratamento de feridas está diretamente relacionado com a qualidade de vida do paciente, podendo influenciar fortemente no aumento da morbilidade e mortalidade, principalmente de idosos. A detecção precoce de infecção nas feridas irá limitar a quantidade de tecido local destruído e minimizar a interrupção do processo de cura. Os objectivos do tratamento das feridas infectadas são: - Identificação do organismo infectante; - Eliminação da infecção da ferida através de agentes antimicrobianos; - Remoção de tecido desvitalizado e de exsudado em excesso do leito da ferida; - Protecção da pele circundante dos efeitos da maceração. O tratamento das feridas infectadas deve ter como objetivo providenciar condições de cicatrização ideais. Isto pode ser conseguido pela remoção de tecido necrosado (células mortas) pus e exsudado excedente, que, em si mesmo, providenciam um ambiente propício à multiplicação de bactérias e interrupção de atividade de "limpeza" dos glóbulos brancos, prolongando a fase inflamatória do processo de cura. Existem hoje no mercado aproximadamente 2.500 itens que se destinam ao tratamento de feridas agudas e crônicas, desde a mais simples cobertura, soluções para higienização e anti-sepsia até os mais complexos tipos de curativos, chamados "curativos inteligentes" ou "bioativos", que interferem de forma ativa nas diversas fases do processo cicatricial, dos vários tipos de feridas. Os produtos para tratamentos de feridas podem ser reunidos em dois grandes grupos: agentes tópicos e curativos. Agentes tópicos são aqueles aplicados diretamente sobre o leito da ferida ou destinados à limpeza ou proteção da área em seu redor. Curativo, também chamado por alguns autores de cobertura, é o recurso que cobre uma ferida, com o objetivo de favorecero processo de cicatrização e protegê-la contra agressões externas, mantendo-a úmida e preservando a integridade de sua região periférica. O tratamento da ferida envolve, após verificação dos sinais vitais e de uma anamnese sucinta sobre as condições em que ocorreram as lesões os seguintes tópicos: 1. Classificação das feridas: se existe perda de substância, se há penetração da cavidade, se há perda funcional ou se existem corpo estranho e a necessidade de exames auxiliares. 2. Anti-sepsia: básicamente a irrigação vigorosa e intensa com soro fisiológico é bastante eficaz para a diminuição da infecção. Limpeza das feridas: Limpar de cima para baixo ou de dentro para fora simplesmente redistribui as bactérias na ferida, para além de o ato mecânico de limpeza poder desalojar tecido solto e desvitalizado, embora não remova os agentes patogénicos ativamente. Materiais tradicionais usados para limpar as feridas, como o algodão em rama ou gaze, introduzem fibras na superfície da ferida que podem ser responsáveis por reações a corpos estranhos, resposta inflamatória prolongada e um risco acrescido de infecção. Hoje recomenda-se algodão não filamentado, gaze ou espumas para a limpeza de feridas. 3. Anestesia 4. Hemostasia, exploração e desbridamento: a hemostasia deve ser muitas vezes realizada antes de qualquer outro procedimento, até em via pública. 5. Sutura da lesão. As soluções mais utilizadas nos curativos são: soro fisiológico para limpeza e como emoliente; soluções anti-sépticas como polvidine tópico ou tintura a 10% (PVPI – Polivinil Pirrolidona) ou cloro-hexidine a 4%; álcool iodado com ação secante e cicatrizante e o éter que remove a camada gordurosa da pele, sendo útil na retirada de esparadrapos e outros adesivos. Existem alguns tipos de ferida que devem ser particularizadas: nas lesões por mordeduras, em princípio, as mesmas não devem ser suturadas, pois são potencialmente infectadas; apenas naquelas que são profundas, com comprometimento do plano muscular, este deve se aproximado. Nas feridas por arma de fogo, a decisão da retirada do projétil deve ser avaliado caso à caso; caso haja apenas um orifício, este não deve ser suturado, devendo-se lavar bem o interior do ferimento, sendo que quando houver dois orifícios, um deles poderá ser suturado. As lesões por prego devem ser limpas e não suturadas, tomando-se o cuidado com a profilaxia do tétano. A seguir, citaremos algumas das substâncias mais utilizadas em curativos de feridas abertas e infectadas, principalmente no tocante de indicação, mecanismo de ação e maneira de utilização. PAPAÍNA - é uma enzima proteolítica extraída do látex da caricapapaya. Indicação: em todo tecido necrótico, particularmente naqueles com crosta Mecanismo de ação: ação antiinflamatória, bactericida e cicatricial; atua como desbridante Modo de usar: preparar a solução em frasco de vidro, irrigar a lesão e deixar gaze embebida na solução Observações: a diluição é feita de acordo com a ferida: 10% em tecido necrosado, 6% nas com exudato purulento e 2% naquelas com pouco exudato. HIDROCOLÓIDE - partículas hidroativas em polímero inerte impermeável Indicação - lesões não infectadas com ou sem exudato, áreas doadoras e incisões cirúrgicas Mecanismo de ação - promove barreira protetora, isolamento térmico, meio úmido, prevenindo o ressecamento, desbridamento autolítico, granulação e epitelização Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, secar as bordas e aplicar hidrocolóide e fixar o curativo à pele Observações - não devem ser utilizados para feridas infectadas TRIGLICÉRIDES DE CADEIA MÉDIA (TCM) - ácidos graxos essenciais, lipídios insaturados ricos em ácido linolêico. Indicação - todos os tipos de lesões, infectadas ou não, desde que desbridadas previamente. Mecanismo de ação - promove quimiotaxia para leucócitos, facilita a entrada de fatores de crescimento nas células, promove proliferação e mitose celular, acelerando as fases da cicatrização. Modo de usar - irrigar a lesão com soro fisiológico, aplicar AGE por toda a área da ferida e cobrir. Observações - não é agente desbridante, porém estimula o desbridamento autolítico. Outras substâncias Carvão ativado - nas feridas infectadas exudativas Alginato de cálcio - nas lesões exudativas com sangramento Filme com membrana de poliuretano - para proteção de lesões profundas não infectadas. Antibióticos É comum o uso empírico de antibióticos em feridas crônicas, porém, eles devem ser restritos aos casos com sinais clínicos evidentes de infecção, como edema, hiperemia, calor, empastamento, supuração e dor até que se conheça o resultado da cultura. A cultura deve ser coletada através de biópsia, visto que o swab pode identificar apenas microorganismos de superfície não necessariamente patogênicos. Os agentes mais encontrados nas úlceras crônicas entre os gram positivos são o Staphylococcus aureus e entre os gram-negativos a Pseudomonas aeruginosa e Proteus mirabilis. Os antibióticos mais utilizados podem ser incluídos em quatro grandes grupos: penicilinas, cefalosporinas, aminoglicosídeos, quinolonas. 1. Penicilinas atuam na membrana celular bacteriana e interferem na ligação cruzada. As ampicilinas e amoxicilinas são de largo espectro porém são inativadas pela penicilinas e produzida pelo S.aureus e E.coli. A associação amoxixilina-ácido clavulinico aumenta o espectro de ação e é eficaz tanto contra o S.aureus como contra a E.coli. 2. Cefalosporinas atuam de modo semelhante às penicilinas e têm amplo espectro de ação contra germes gram-positivos e negativos, porém, os altos índices de resistência das cepas de P.aeruginosa às cefalosporinas de 1a e 3a geração limitam o seu uso. A cefalexina, uma cefalosporina de 1a geração mostrou-se eficaz para mais de 70% das amostras positivas para S.aureus. 3. Aminoglicosídeos têm amplo espectro de ação mas são potencialmente nefrotóxicos e ototóxicos, necessitando de monitoração de seus níveis séricos. 4. Quinolonas impedem a formação do DNA no núcleo das células. São eficazes contra cepas grampositivas e negativas, mas há alta taxa de resistência de S.aureus. É ineficaz contra S. aureus meticilino-resistentes (MRSA). Profilaxia antitetânica: Devemos considerar a profilaxia para qualquer paciente ferido. Nunca devemos nos esquecer do paciente queimado. A profilaxia do tétano pode ser fundamental para o bom prognóstico do paciente. A história vacinal em conjunto com o tipo de lesão irá determinar a intervenção. Conhecer as etapas do processo de cicatrização das feridas. Fases da cicatrização São 3 as fases da cicatrização: inflamatória, proliferativa e de reparo. – Fase Inflamatória: Pode durar de 1 a 4 dias, variando de acordo com a extensão e o tipo da lesão. É caracterizada pela presença de secreção (exsudato). Nessa fase pode haver edema, vermelhidão e dor porque ocorre a liberação de mediadores químicos e a ativação do sistema de coagulação sanguínea. – Fase Proliferativa: É a fase da regeneração, que pode durar de 5 a 20 dias. Como o nome diz, as células se proliferam, resultando em rica vascularização e infiltração de macrófagos. Somados, esses processos formam o tecido de granulação, parte essencial da cicatrização da pele. https://www.vuelopharma.com/cicatrizacao-cutanea/%E2%80%A2%09https:/www.vuelopharma.com/entenda-as-fases-do-processo-de-cicatrizacao/ 4 fatos importantes sobre o tecido de granulação 1 – É resistente à infecções; 2 – O epitélio migrará sobre sua superfície; 3 – Dá suprimento para os fibroblastos produzirem colágeno; 4 – Ajuda no processo de contração da ferida (redução do tamanho da lesão). – Fase de Reparo: Essa última fase pode durar meses. O tecido formado na fase anterior é remodelado para aumentar sua resistência. Para amenizar o aspecto da cicatriz, as fibras são realinhadas, o que melhora progressivamentesua tonalidade, passando do vermelho escuro ao tom rosa claro. As feridas são eventos que podem afetar a fisiologia da pele, em especial aquelas que acometem a camada dérmica. O processo de cicatrização que se segue com a finalidade de cura das feridas pode ser dividido didaticamente em três fases que se superpõem: inflamatória, proliferativa e de remodelação. FASE INFLAMATÓRIA Inicia-se no exato momento da lesão. O sangramento traz consigo plaquetas, hemácias e fibrina, selando as bordas da ferida, ainda sem valor mecânico, mas facilitando as trocas. O coágulo formado estabelece uma barreira impermeabilizante que protege da contaminação. Com a lesão tecidual, há liberação local de histamina, serotonina e bradicinina que causam vasodilatação e aumento de fluxo sanguíneo no local e, conseqüentemente, sinais inflamatórios como calor e rubor. A permeabilidade capilar aumenta causando extravasamento de líquidos para o espaço extracelular, e conseqüente edema. A resposta inflamatória, que perdura cerca de três dias,e na qual ocorre a migração seqüencial das células para a ferida é facilitada por mediadores bioquímicos que aumentam a permeabilidade vascular, favorecendo a exsudação plasmática e a passagem de elementos celulares para a área da ferida. Os mediadores bioquímicos de ação curta são a histamina e serotonina e as mais duradouras são a leucotaxina, bradicinina e prostaglandina. A prostaglandina é um dos mediadores mais importantes no processo de cicatrização, pois além de favorecer a exsudação vascular, estimula a mitose celular e a quimiotaxia de leucócitos. Os primeiros elementos celulares a alcançar o local da ferida são os neutrófilos e os monócitos, com a função de desbridar as superfícies da ferida e fagocitar as partículas antigênicas e corpos estranhos. O pico de atividade dos polimorfonucleares ocorre nas primeiras 24-48 horas após o trauma, seguindo-se de um maior aporte de macrófagos durante os dois a três dias seguintes. O macrófago, também ativa os elementos celulares das fases subseqüentes da cicatrização tais como fibroblastos e células endoteliais. FASE PROLIFERATIVA A fase proliferativa é constituída por quatro etapas fundamentais: epitelização, angiogênese, formação de tecido de granulação e deposição de colágeno. Esta fase tem início ao redor do 4º dia após a lesão e se estende aproximadamente até o término da segunda semana. A epitelização ocorre precocemente. Se a membrana basal estiver intacta, as células epiteliais migram em direção superior, e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias. Se a membrana basal for lesada, as células epiteliais das bordas da ferida começam a proliferar na tentativa de restabelecer a barreira protetora. A angiogênese é estimulada pelo fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), e é caracterizada pela migração de células endoteliais e formação de capilares, essencial para a cicatrização adequada. A parte final da fase proliferativa é a formação de tecido de granulação. Os fibroblastos e as células endoteliais são as principais células da fase proliferativa. Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, porém precisam ser ativados para sair de seu estado de quiescência. O fator de crescimento mais importante na proliferação e ativação dos fibroblastos é o PDGF. Em seguida é liberado o TGF-β, que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I e a transformarem-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida. Entre os fatores de crescimento envolvidos no processo cicatricial podem ser citados o PDGF, que induz a proliferação celular, a quimiotaxia e a síntese matricial; o fator epidérmico, que estimula a epitelização; o fator transformador alfa, responsável pela angiogênese e pela epitelização; o fator fibroblástico, que estimula a proliferação celular e angiogênese e o fator transformador beta, responsável pelo aumento da síntese matricial. FASE DE MATURAÇÃO Contração da Ferida A ferida sofre um processo de contração, por meio de um movimento centrípeto de toda a espessura da pele circundante, reduzindo a quantidade e o tamanho da cicatriz desordenada. Este processo é um importante aliado da cicatrização das feridas, principalmente nas abertas. Porém, se ocorre de forma exagerada e desordenada causa defeitos cicatriciais importantes por causa da diferenciação dos fibroblastos em miofibroblastos, estimulados por fatores de crescimento. Remodelação A maturação da ferida tem início durante a 3ª semana e caracteriza-se por um aumento da resistência, sem aumento na quantidade de colágeno. Há um equilíbrio de produção e destruição das fibras de colágeno neste período, por ação da colagenase. O desequilíbrio desta relação favorece o aparecimento de cicatrizes hipertróficas e quelóides. O aumento da resistência deve-se à remodelagem das fibras de colágeno, com aumento das ligações transversas e melhor alinhamento do colágeno, ao longo das linhas de tensão. A fase de maturação dura toda a vida da ferida, embora o aumento da força tênsil se estabilize, após um ano, em 70 a 80% da pele intacta. A inclinação da curva de maturação é mais aguda durante as primeiras seis a oito semanas.
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