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Diagnóstico O diagnóstico se baseia na história clínica e exames físicos. História clínica Maioria das lesões do PB é devido a traumas, principalmente decorrentes de acidentes automobilísticos e de motocicleta. Também pode haver lesão por quedas, sustentação de carga pesada nos ombros, agressões por objetos cortantes e armas de fogo. Logo na anamnese deve perguntar se houve algum desses fatores. Exame físico O exame clínico detalhado diagnostica com precisão o tipo de lesão do plexo braquial em 90% dos casos. O exame físico do paciente deve avaliar a força muscular (pode apresentar perda ou ausência de força), movimentação ativa e passiva, tônus, trofismo, sensibilidade (a depender do território de inervação), sinais de alterações vasomotoras de ombros, braço, antebraço, punho e mãos e reflexos profundos. Deve haver uma comparação entre os músculos do membro afetado com o do membro sadio Obs: Dois achados do exame físico são característicos da lesão e predizem o prognóstico do paciente: o sinal de Horner, que consiste em miose, enoftalmia e ptose palpebral ipsilateral, na avulsão de C8 a T1, havendo uma dor incontrolável de manejo difícil, sendo indicativo de pior prognóstico; e o sinal de Tinel, que consiste na presença de choque à percussão digital sobre o trajeto anatômico nervoso, indicando lesão periférica e, por isso, com melhor prognóstico Exames de imagem Radiografia A radiografia pode ser utilizada para detectar fraturas. Algumas fraturas, como por exemplo a luxação da extremidade proximal do úmero, podem levar à disfunção do plexo braquial, por meio de mecanismos de contusão ou tração. É útil também na detecção de alterações congênitas, como no caso das costelas cervicais, que podem comprimir o plexo braquial e levar à conseqüente sintomatologia. Lesões osteolíticas e/ou áreas de reabsorções ósseas associadas a tumores adjacentes também podem ser Neurolocomoção avaliadas por meio de radiografia simples. Mielotomografia TC-mielo ainda é muito utilizado para o diagnóstico de avulsão radicular. Auxiliará na decisão pelo procedimento cirúrgico e qual técnica a ser empregada Algumas vantagens da mielografia/mielotomografia em relação à RM seriam a maior facilidade na avaliação de fraturas adjacentes. As principais limitações desses métodos são o seu caráter invasivo, o uso de contrastes iônicos e o uso de radiação ionizante. Ressonância magnética A indicação mais habitual de realização da RM do plexo braquial são os traumas que podem provocar lesão de suas estruturas por mecanismo de tração, por compressão ocasionada por hematomas ou tecidos adjacentes lesados ou por trauma direto fechado. Através desse método, é possível identificar a presença de fibrose e formação de neuromas extraforaminais pós-traumáticos, além de sinais indiretos de avulsão de componentes do plexo braquial manifestos na musculatura adjacente. Pode, ainda, auxiliar na definição do nível em que se encontram determinadas lesões, intraforaminal (pré-ganglionar) ou extraforaminal, critério fundamental na escolha do tratamento a ser realizado. Tem a vantagem de não expor o paciente à radiação ionizante, além de ser um método não-invasivo Eletroneuromiografia Este exame é capaz de registrar a condução de um impulso elétrico em um nervo e avaliar a atividade do músculo durante um determinado movimento Eletroneurografia ou neurocondução: consiste na captação de potenciais evocados em um ponto de tronco nervoso distal a uma lesão em continuidade, após um estímulo efetuado em um ponto do nervo proximal à lesão, ou vice-versa Eletromiografia: um eletrodo em forma de agulha é inserido na pele até alcançar o músculo, para avaliar diretamente a atividade. Para isso, é pedido para que o paciente realize alguns movimentos ou então dá um estimulo elétrico enquanto o eletrodo detecta os sinais. Fluxograma 1. Paciente chega com suspeita de lesão no plexo braquial. 2. Primeiro vai avaliar se tem déficit sensitivo (hipoestesia, anestesia), avalia déficit motor (paresia, paralisia (plegia)). 3. Caso tenha tem que ver se é possível fazer ressonância magnética. a. Caso não tenha como fazer RM deve encaminhar para cirurgião de nervos periféricos. b. Pode solicitar uma eletroneuromiografia após 4 semanas para avaliar se esse déficit foi por conta de uma lesão dos nervos. Objetivo é tentar saber qual porção foi acometida. Se a eletroneuromiografia der positiva significa que a lesão foi no nervo periférico. c. Nesse caso pode começar fazer fisioterapia para tratar esse déficit. d. Caso não tenha melhora entre 3 a 4 meses, deve ser feita cirurgia. a) Caso tenha ressonância já consegue observar se teve lesão de nervos espinhais que forma o plexo braquial – neurotmese. b) Nesse caso já encaminha para cirurgião fazer a cirurgia, sem antes fazer tratamento conservador. Neurotmese: não vai ter inervação cutânea nem muscular, logo vai ter perda sensitiva e motora. Assim o primeiro passo é avaliar se o paciente teve perda sensitiva ou motora. a. Se ele não teve nenhuma perda significa que não houve lesão. b. Se ele teve perda sensitiva ou motora, deve avaliar o tipo de lesão que o paciente teve. Se houve lesão cortante, lesionou o epineuro, perineuro e endoneuro (neurotmese) a conduta é cirurgia na fase aguda para que não seja formado neuroma. Lesão contusa ou infectada causa geralmente axoniotmese, assim não lesa nervo em todas camadas, tendo regeneração espontânea na maioria dos casos. Nesse caso tem chance de recuperação espontânea, logo não tem pressa para cirurgia. Tratamento Existem prioridades no tratamento da lesão completa do plexo braquial: estabilização do ombro, flexão do cotovelo, extensão do punho, sensibilidade da mão e flexão dos dedos, devido ao fato de que os músculos mais proximais têm maior capacidade de reinervação comparado aos distais. Em traumas fechados, está indicada cirurgia entre o 3-4 meses após o trauma. Quando a lesão for do tipo neurotmese com espaços entre cotos maiores do que 5 cm, faz-se necessária a utilização de reparos cirúrgicos. O método clássico utilizado é a sutura, sendo a sutura epineural a mais tradicional sendo de fácil realização e sem trauma, mas não assegura uma correta junção das estruturas internas fasciculares devido ao mau alinhamento destas. Os enxertos de nervo também são utilizados para o reparo cirúrgico. Esse método foi proposto como escolha, quando a sutura do nervo não for possível sem uma tensão indevida. Estes podem ser obtidos da mesma pessoa (autoenxerto), de outro ser humano (aloenxerto) ou de outra espécie (xenoenxerto). O nervo mais utilizado para enxerto é o nervo sural. Fisioterapia A abordagem fisioterapêutica do paciente com lesão dos nervos periféricos tem como objetivos a recuperação funcional e a redução de possíveis complicações A fisioterapia inclui atividades que visam recuperação da força muscular, restauração da mobilidade das articulações e da flexibilidade dos músculos, prevenção de deformidades e alterações posturais, melhora da dor e treino das atividades funcionais que foram comprometidas. Não há consenso sobre o tempo exato para inicio do tratamento fisioterapêutico, entretanto alguns estudos mostram que uma intervenção precoce deve ser realizada para uma boa recuperação funcional e para se evitar atrofia muscular, neuromas, alterações no mapa cortical etc. A estimulação galvânica reduz a atrofia muscular pode ser um benefício psicológico ao paciente durante a fase de recuperação prolongada, mas não está claro se obtém ou aceleraa recuperação do nervo. O uso da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) controla dor nos estágios iniciais da lesão. Obs: TENS é um método que utiliza corrente elétrica aplicada à pele com finalidade analgésica. É uma corrente de baixa frequência que estimula fibras de alguns mecanorreceptores. Acredita-se que os impulsos desses mecanorreceptores reduzem efetivamente a excitabilidade das células nociceptoras aos estímulos geradores de dor. Pesquisas apontam para o uso da estimulação elétrica no processo de acelerar a reinervação. Tal estudo concluiu que a estimulação elétrica promove o início da regeneração do axônio motor sem aumentar a sua velocidade. Complicações secundárias à lesão, como a atrofia por desuso, podem ser prevenidas com a estimulação elétrica. O tratamento do músculo denervado com estimulação elétrica ainda é controverso devido ao fato de o músculo denervado ser complexo O laser de baixa freqüência é um dos métodos estudados para tentar acelerar o processo de recuperação das lesões dos nervos periféricos. Tem vários efeitos na função do nervo, crescimento e regeneração do tecido neural in vitro e in vivo Alongamentos e exercícios passivos ou ativos são indicados para manter a amplitude de movimento e prevenir contraturas. Um estudo verificou que exercício diário suave aumenta a recuperação funcional na primeira fase após o esmagamento do nervo, e que o treinamento com exercícios acelera as respostas de brotamento do neurônio motor e diminui o tempo de latência (intervalo entre a lesão axonal e a resposta de brotamento), e que foi possível adquirir retorno da função sensório-motora. Durante a recuperação motora inicial pode ser utilizada a piscina terapêutica para mobilizações articulares As órteses são úteis para prevenir contraturas e deformidades. As mobilizações são necessárias enquanto se espera a regeneração axonal e ajudam a manter o fluxo sangüíneo e linfático e prevenir aderência do tendão. A extremidade deve ser mantida aquecida, pois a exposição ao frio danifica o músculo e leva a uma fibrose. Psicólogo O acompanhamento psicológico tem objetivo de reabilitação biopsicossocial do paciente. Visa à reestruturação da autoimagem e autoestima. Diante do impacto da perda física. Alguns pacientes apresentam grande dificuldade de adaptação às mudanças, e essa adaptação dependerá das características de personalidade, história de vida, dinâmica familiar entre outros fatores ambientais e comportamentais Referências: 1. Diagnóstico e tratamento da lesão traumática do plexo braquial em adultos. Igor Loureiro dos Santos e André Maurício Borges de Carvalho. Rev Med Minas Gerais 2016 2. Diagnóstico por Imagem do Plexo Braquial. Érica Narahashi e colaboradores. Rev Bras Reumatol. 2005 3. Lesões nervosas periféricas: uma revisão. Rinaldo Siqueira. REVISTA NEUROCIENCIA 2007 4. Aspectos Gerais das Lesões Traumáticas Agudas dos Nervos Periféricos. Benedicto Oscar Colli 5. Manejo das lesões de nervos periféricos. Dr. Marcelo J. S. Magalhães. 2018
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