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Microbiologia da Cárie

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Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 
 
 
CONCEITO 
 A cárie é definida tradicionalmente como: 
“Doença de natureza infecciosa que decorre 
da interação de uma série de fatores, 
resultando na perda de estruturas 
mineralizadas do elemento dentário, causada 
por ácidos orgânicos provenientes da 
fermentação dos carboidratos da dieta pelas 
bactérias orais”; 
 Muitos autores atualmente não 
consideram a cárie como uma doença, muito 
menos de natureza infecciosa; 
 Consideram, então, a cárie como uma 
condição fisiológica decorrente de um 
desequilíbrio do ambiente bucal 
(devido a produção dos ácidos 
orgânicos que diminuem o pH da 
boca) que ocasiona a perda de 
minerais do esmalte dentário. 
CARACTERÍSTICAS 
 É a doença oral mais prevalente; 
 É considerada endógena, pois é causada 
por microrganismos endógenos; 
 Possui um caráter infeccioso, visto que é 
considerada transmissível quando uma 
criança ainda está formando sua microbiota 
oral; 
 Em adultos ela não é transmissível, 
devido a sua microbiota já 
estabelecida e seu sistema imune ser 
mais desenvolvido. 
 É uma doença multifatorial; 
 Possui uma ocorrência mundial; 
 Se não tratada, aumenta de tamanho e 
progride em direção à polpa dental. 
 
 
 
ETIOLOGIA 
- Hábitos de higiene oral do hospedeiro; 
- Microbiota oral endógena; 
- Hábitos alimentares; 
- Tempo. 
 Uma higiene oral inadequada, somada a 
uma microbiota com alta quantidade de 
microrganismos cariogênicos e uma dieta 
rica em sacarose, por um determinado 
período de tempo, podem aumentar a 
propensão do hospedeiro ao 
desenvolvimento da cárie! 
- Além dos fatores citados anteriormente, o 
comportamento, educação, renda, 
conhecimento e atitude são fatores 
importantes no desenvolvimento da cárie. 
REQUISITOS BACTERIANOS DE 
CARIOGENICIDADE 
 São os requisitos que um microrganismo 
precisa possuir para ser considerado 
cariogênico. São quatro os requisitos: 
A) Requisito 1: 
 O microrganismo deve possuir uma 
atividade acidogênica intensa; 
 Tais microrganismos devem possuir um 
metabolismo predominantemente 
sacarolítico, produzindo uma alta 
concentração de ácidos orgânicos como 
produto desse metabolismo; 
 O Ácido Lático é o principal ácido 
orgânico produzido. 
B) Requisito 2: 
Microbiologia da Cárie 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 O microrganismo deve possuir aderência 
ou retenção a superfície dental, para formar o 
biofilme dental; 
 A formação do biofilme atenua a 
capacidade tamponante da saliva. 
C) Requisito 3: 
 O microrganismo deve realizar a produção 
de polissacarídeos de reserva 
(intracelulares), principalmente de Glucano 
insolúvel, e polissacarídeos de aderência 
(extracelulares). 
D) Requisito 4: 
 O microrganismo deve conseguir 
sobreviver em ambientes ácidos (acidofilia); 
 S. mutans (pH = 4,0); 
 Lactobacillus (pH = 3,0). 
MICRORGANISMOS CARIOGÊNICOS 
- Streptococcus  estão relacionados com a 
cárie de superfície; 
- Lactobacillus  estão relacionados com a 
cárie de cavidade; 
- Actinomyces  estão relacionados com a 
cárie de raiz; 
 Muitos autores o consideram como o 
microrganismo iniciador da doença 
periodontal. 
STREPTOCOCCUS DO GRUPO MUTANS 
 São cocos GRAM +; 
 Formam cadeias curtas a médias; 
 Não são esporulados; 
 São anaeróbios facultativos ou 
microaerófilos; 
 Habitam superfícies sólidas de dentes e 
próteses, principalmente em sulcos, fissuras 
e superfícies livres; 
 Na ausência de dentes, eles não 
sobrevivem. 
 Estão associados à cárie, pois apresentam 
os quatro requisitos de cariogenicidade; 
 São fermentadores de grande quantidade 
de carboidratos (a maioria das cepas 
fermenta manitol e sorbitol, sendo os 
açúcares que os fazem produzir mais ácidos 
orgânicos); 
 Armazenam polissacarídeos intracelulares 
na forma de amilopectina. 
OBS: PEC’s são os carboidratos 
extracelulares que atuam como principais 
fontes de agregação/aderência. Já os PIC’s 
são os carboidratos intracelulares 
responsáveis pela reserva energética. 
METABOLISMO DA SACAROSE PELO 
STREPTOCOCCUS MUTANS 
 O S. mutans secreta enzimas que vão 
degradar a sacarose proveniente da dieta do 
hospedeiro em glicose + frutose; 
 A frutose vai formar amilopectina (PIC); 
 A glicose vai formar dextrana e mutana 
(que são dois PEC’s); 
OBS: A dextrana é mais solúvel e se adere 
mais fortemente ao elemento dental. Já a 
mutana é insolúvel e possui baixa aderência. 
 Então, a dextrana está mais associada à 
aderência, enquanto a mutana a reserva 
energética do Streptococcus mutans; 
Figura 1 – Metabolismos de S. mutans 
 
Gleyson de Souza Lima 
Odontologia – 2019.2 
 Por fim, ocorre a metabolização de todos 
os carboidratos citados anteriormente para 
dar origem a ácidos orgânicos, 
principalmente o ácido lático, que vai atuar 
na redução do pH oral. 
STREPTOCOCCUS SANGUIS 
 Colonizam os dentes em grande número; 
 Possuem baixo potencial cariogênico; 
 Não toleram pH ácido por muito tempo; 
 Estão relacionados com a cárie 
principalmente em sulcos; 
 Está envolvido em 50% dos casos de 
endocardites bacterianas de válvulas 
humanas. 
STREPTOCOCCUS SALIVARIUS 
 O seu habitat natural é o dorso da língua; 
 Produzem levana, um PEC proveniente 
da frutose e sacarose; 
 Estabelece-se muito cedo na boca de 
recém-nascidos (microbiota pioneira); 
 Uma das primeiras colonizadoras na 
formação do biofilme; 
 Apresenta baixo potencial cariogênico. 
LACTOBACILLUS 
 São infectantes secundários – quando o 
pH começa a cair, o S. mutans morre e esses 
Lactobacillus começam a crescer mais; 
 São bastonetes GRAM +; 
 São anaeróbios facultativos e às vezes 
microaerófilos; 
 Não esporulam; 
 Representam 1% da microbiota oral; 
 São cariogênicos, pois produzem ácidos 
orgânicos (acidogênicos) e conseguem 
sobreviver ao ambiente ácido. 
OBS: São invasores secundários das lesões 
de cáries, chamados agentes progressores 
da cárie, ou seja, a cárie não evolui sem a 
presença destes microrganismos. 
ACTINOMYCES 
 São bactérias GRAM +; 
 São pleomórficas (bacilos curvos – 
cocobacilus); 
 São anaeróbios; 
 São imóveis e não esporulam; 
 Estão envolvidos em cáries de raiz e 
doença periodontal; 
 Podem habitar dentes, mucosas e língua; 
 São cariogênicos, pois fermentam 
carboidratos, produzindo PEC’s e PIC’s, e 
apresentam fímbrias (aumenta a aderência). 
ETAPAS DE FORMAÇÃO DA CÁRIE 
- Cárie incipiente: formação de manchas 
brancas; 
- Cárie de esmalte: ocorre desgaste do 
esmalte dentário; 
- Cárie de dentina: os microrganismos 
avançam para a dentina; 
- Infecção pulpar: cárie chega na polpa 
dental, causando infecções na região. 
Figura 2 – Etapas da formação da cárie

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