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HIV EPIDEMIOLOGIA • Grupos com risco elevado de desenvolver AIDS: o Homens homossexuais ou bissexuais - 50% dos casos; o Usuários de drogas intravenosas sem antecedentes de homossexualidade - cerca de 20% dos infectados; o Hemofílicos, especialmente aqueles que receberam grandes quantidades de concentrados de fator VIII ou fator IX antes de 1985 – cerca de 0,5% dos os casos; o Receptores de sangue e componentes do sangue que não sejam hemofílicos, mas que receberam transfusões de sangue total ou componentes (p. ex., plaquetas, plasma) infectados pelo HIV - cerca de 1%; o Contactantes heterossexuais de membros de outros grupos de alto risco (principalmente usuários de drogas intravenosas) - 20%; • A propagação do vírus ocorre mais rapidamente nas parceiras sexuais de homens usuários de drogas intravenosas – nº de mulheres com AIDS está se elevando; • Infecção pelo HIV em recém-nascidos: quase 2% de todos os casos de AIDS ocorrem em crianças abaixo de 13 anos; • Dados UNAIDS (2017): o No mundo: 36,7 milhões de pessoas com HIV – 34,5 mi adultos; 17,8 mulheres; 2,1 mi crianças; o No Brasil: 830 mil pessoas com HIV – 13 mil pessoas com coinfecção entre TB e HIV; 20 a 29 anos; • Principais vias de transmissão: contato sexual, inoculação parenteral e passagem do vírus de mães infectadas para recém-nascidos; • Transmissão sexual é o modo predominante - mais de 75% dos casos; • Transmissão sexual é elevada por doenças sexualmente transmissíveis coexistentes (sífilis, cancroide e herpes); • Mães infectadas podem transmitir ao seu filho por três vias: o Intraútero por propagação transplacentária; o Durante o parto através de um canal de parto infectado; o Depois do nascimento, por ingestão de leite materno (principalmente nos primeiros 3 meses de vida); o Transmissão intraparto e periparto é considerada a via mais comum; ETIOLOGIA • HIV é um retrovírus – tipo HIV-1 e HIV-2; o A proteína p24 é o antígeno viral mais abundante e é detectado por um teste imunoabsorvente ligado à enzima - amplamente utilizado para o diagnóstico da infecção pelo HIV; o Faz transcrição reversa (RNA em DNA); • O vírus apresenta variabilidade em certas partes do genoma, principalmente em regiões específicas das glicoproteínas do envelope - a resposta imunológica humoral é direcionada contra o envelope e tal variabilidade dificulta o desenvolvimento de uma vacina com antígeno único. PATOGENIA DA INFECÇÃO PELO HIV E DA AIDS • HIV: pode infectar vários tecidos – principalmente sistema imunológico e o sistema nervoso central; • AIDS: quando ocorre imunodeficiência profunda, afetando primariamente a imunidade mediada por células – resulta da infecção e da perda de células T CD4+; • Passos da patogenia: o O HIV entra no corpo através das mucosas e do sangue; hiv o Infecta primeiro células T, células dendríticas e macrófagos; o A infecção se estabelece nos tecidos linfoides - vírus pode ficar latente por longos períodos; o A replicação viral ativa associa-se a maior infecção das células e progressão para a AIDS; CICLO DE VIDA E FISIOPATOLOGIA DO HIV • Consiste na infecção das células, integração do pro- vírus ao genoma das células do hospedeiro, ativação da replicação viral e produção e liberação dos vírus infectantes; Infecção das células pelo HIV e integração do pró- vírus ao genoma das células do hospedeiro: • O HIV infecta as células usando a molécula CD4 como receptor e receptores de quimiocinas como correceptores - tropismo seletivo do vírus por células T CD4+, macrófagos e células dendríticas; • A gp120 do HIV liga-se aos correceptores de quimiocinas (cepas R5 usam o CCR5 e cepas X4 usam o CXCR4); o Cepas R5 (M-trópicas): infectam macrófagos – 90% das infecções; o Cepas X4 (T-trópicas): infectam as células T; • A ligação da gp120 às moléculas de CD4 resulta em uma mudança conformacional - formação de um novo local de reconhecimento na gp120 para os correceptores CCR5 ou CXCR4; • Fusão do vírus com a célula hospedeira: mudanças de conformação na gp41 resultam em uma região com peptídio de fusão - se insere na membrana celular e nas células-alvo; • Após a fusão, o genoma do HIV entra no citoplasma da célula; Replicação Viral: • O RNA viral sofre transcrição reversa, - síntese do DNA complementar de dupla fita; • O pró-vírus pode ficar em latência por meses ou anos; • O DNA pró-viral pode formar partículas virais na membrana celular (infecção produtiva) - morte das células infectadas; • Nas células T CD4+ a ativação viral resulta em lise celular; PATOGENIA DO ENVOLVIMENTO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL • Macrófagos e a micróglia - tipos celulares no cérebro predominantemente infectados pelo HIV; • HIV é carregado para o cérebro por monócitos infectados; • Mecanismo de lesão cerebral induzida pelo HIV é desconhecido; • Déficit neurológico: causado indiretamente por produtos virais e por fatores solúveis (IL-1, o TNF e a IL-6) produzidos pela micróglia infectada; gp41 induz a liberação de óxido nítrico; HISTÓRIA NATURAL DA INFECÇÃO PELO HIV • Manifestações patológicas e clínicas são divididas em fases: síndrome retroviral aguda;fase média crônica, na qual (assintomática); AIDS clínica; INFECÇÃO PRIMÁRIA, DISSEMINAÇÃO DO VÍRUS E A SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA • Infecção das células T de memória CD4+ nos tecidos linfoides - morte de células infectadas; • Infecção das mucosas: associada a lesão epitelial, defeitos nas funções de barreira da mucosa e a translocação de microrganismos através do epitélio; seguida por disseminação do vírus e desenvolvimento de respostas imunológicas do hospedeiro; • Conforme a infecção se espalha, o indivíduo forma respostas imunológicas antivirais humorais e mediadas por células; • Síndrome retroviral aguda: apresentação clínica da disseminação viral e da resposta do hospedeiro; o 40% a 60% dos infectados desenvolvem a síndrome; o Sintomas inespecíficos: faringite, mialgias, febre, perda de peso, cefaleia astenia, adenopatia e fadiga, assemelhando- se a uma síndrome gripal; o Pode ocorrer exantema, adenopatia cervical, diarreia e vômitos; o É autolimitada – ocorre entre 3 a 6 semanas depois da infecção e a maior parte dos sinais e sintomas desaparece em 3 a 4 semanas; • Tem-se CV-HIV elevada e níveis decrescentes de linfócitos (LT-CD4+);1 • O indivíduo é altamente infectante; • Cefaleia e dor ocular: manifestações neurológicas mais comuns - pode ocorrer raramente meningite asséptica, neurite periférica sensitiva ou motora, paralisia do nervo facial ou síndrome de Guillan- Barré; • A sorologia para a infecção pelo HIV pode variar bastante nessa fase, dependendo do ensaio utilizado; • Diagnóstico da infecção aguda: detecção da CV- HIV; INFECÇÃO CRÔNICA: FASE DE LATÊNCIA CLÍNICA • Linfonodos e baço são os locais de replicação do HIV e destruição celular contínuas; • Poucas ou nenhuma manifestação clínica - período de latência clínica.; • Concomitantemente com a perda de células T CD4+, as defesas do hospedeiro começam a diminuir e aumenta a proporção de células CD4+ sobreviventes infectadas pelo HIV, assim como a carga viral por célula CD4+; • Pacientes assintomáticos ou desenvolvem infecções oportunistas menores - candidíase oral (sapinho), a candidíase vaginal, o herpes-zóster e a tuberculose; • Pode ser observada trombocitopenia autoimune; • Exame físico: pode apresentar linfadenopatia; • Alterações nos exames laboratoriais: plaquetopenia; anemia (normocrômica e normocítica) e leucopenia leves podem estar presentes; o Diminuição na contagem de LT-CD4+: entre 200 e 300 céls/mm³; AIDS • Colapso das defesas do hospedeiro, aumento do vírus no plasma e doença clínica grave; • Manifestaçõesclínicas: febre de longa duração (mais de 1 mês), fadiga, perda de peso e diarreia; • Presença de infecções oportunistas graves, neoplasias secundárias ou doenças neurológicas clínicas; • Ausência de tratamento: maioria dos pacientes com HIV evolui para AIDS depois de uma fase crônica de 7 a 10 anos; • Aparecimento de infecções oportunistas (pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus) e neoplasias é definidor da aids; • A contagem de LT-CD4+ situa-se abaixo de 200 céls/mm³, na maioria das vezes; • Pode causar doenças por dano direto a certos órgãos ou por processos inflamatórios (miocardiopatia, nefropatia e neuropatias); DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Exames complementares iniciais: Periodicidade de consultas: • Após a introdução ou alteração da TARV: recomenda-se retorno entre 7 e 15 dias para avaliar eventos adversos e dificuldades relacionadas à adesão; em seguida, podem ser necessários retornos mensais até a adaptação; • Paciente em TARV com quadro clínico estável: intervalos de até seis meses - exames de controle poderão ser realizados semestralmente; Monitoramento laboratorial: Investigação de tuberculose: • Questionar sobre a presença de: tosse, febre, emagrecimento e/ou sudorese noturna; • A infecção pelo HIV eleva o risco de desenvolvimento de TB ativa em indivíduos com TB latente; • Prova tuberculínica (PT): diagnóstico da infecção latente da tuberculose (ILTB); o PT < 5 mm: recomenda-se sua repetição anual e também após a reconstituição imunológica com o uso da TARV; • Tratamento da infecção latente: deve-se excluir TB ativa - critérios clínicos, exame de escarro e radiografia de tórax; TRATAMENTO ANTIRRETROVIRAL • O início imediato da TARV está recomendado para todas as PVHIV, independentemente do seu estágio clínico e/ou imunológico; • Uma vez iniciada, a TARV não deverá ser interrompida; • Terapia inicial: deve sempre incluir combinações de três ARV, sendo dois ITRN/ ITRNt associados a uma outra classe de antirretrovirais (ITRNN, IP/r ou INI); o No Brasil: associação de dois ITRN/ITRNt – lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) – associados ao inibidor de integrase (INI) – dolutegravir (DTG); TARV COMO PREVENÇÃO • Uso de ARV: prevenção da transmissão do HIV - o tratamento de indivíduos infectados pelo HIV pode reduzir significativamente a transmissão sexual; • Uma pessoa com HIV, sem nenhuma outra IST, seguindo TARV corretamente e com CV-HIV suprimida, tem mínimas chances de transmitir o HIV pela via sexual; • O uso do preservativo continua sendo recomendado como forma de cuidado adicional para evitar reinfecção pelo HIV e para prevenção de outras IST e hepatites; • . A política brasileira de enfrentamento ao HIV/aids reconhece que nenhuma intervenção de prevenção isolada é sufi ciente para reduzir novas infecções, e que diferentes fatores de risco de exposição, transmissão e infecção operam, de forma dinâmica, em diferentes condições sociais, econômicas, culturais e políticas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: Veronesi: Tratado de Infectologia. 5. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2015. Brasileiro Filho, Geraldo. Bogliolo: Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia. Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; Brasil. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
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