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Insuficiência cardíaca

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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
● É quando o coração é incapaz de suprir a demanda dos tecidos, ou quando o
coração consegue suprir, mas ele tem que aumentar muito as pressões de
enchimento dentro das câmaras cardíacas.
Etiologias:
● Isquemia
● HAS
● Álcool
● Doença de Chagas
● Valvopatia reumática
● Drogas quimioterápicas
● Genética/familiar
Fisiopatologia:
Mecanismo da contração:
● Pré-carga = retorno venoso.
● Contratilidade = inotropismo.
● Pós-carga = resistência vascular sistêmica.
Sistemas que são ativados na IC:
● Sistema renina-angiotensina-aldosterona:
- Nos rins há a enzima pró-renina inativa → queda do fluxo sanguíneo no rim ou
diminuição na concentração de sódio → pró-renina é convertida em renina →
renina transforma o angiotensinogênio (que é produzido no fígado) em
angiotensina 1 (A1) → A1 é convertida em A2 pela ECA → A2 age no receptor
AT1R, gerando diferentes consequências dependendo da sua localização:
Obs: A retenção de H2O e sódio
causa vasoconstrição periférica,
portanto aumenta a pré-carga e
pós-carga.
● Sistema nervoso simpático:
- Há barorreceptores e quimiorreceptores no coração.
- Quando há uma queda do débito cardíaco, esses receptores ativam o SNC,
fazendo com o SN simpático aja em diversas regiões:
➔ Coração: ↑ FC e ↑ inotropismo.
➔ Rins: retenção de H2O e sódio.
➔ Endotélio: vasoconstrição.
- Essas alterações inicialmente são boas, pois aumentam o débito cardíaco, porém,
a longo prazo elas causam:
➔ Pelo coração: fibrose, remodelamento e ↑ pós-carga.
➔ Pelos rins: ↑ renina e ↑↑↑ pré-carga.
➔ Pelo endotélio: ↑ pós-carga.
● Portanto, o sistema renina-angiotensina-aldosterona e o SN simpático estimulam
um ao outro e causam um ciclo vicioso.
● Tônus vascular:
- Aumento dos vasoconstritores: endotelina e vasopressina (ADH).
- Diminuição dos vasodilatadores: óxido nítrico (NO) e bradicinina.
- Essas alterações aumentam a resistência periférica e consequentemente,
aumentam a pós-carga.
Classificação IC direita x IC esquerda:
● IC direita:
- Relacionada com a circulação sistêmica - pois o sangue que chega do lado direito
do coração vêm do organismo.
- Sintomas: sintomas de congestão sistêmica - edema de MMII, hepatomegalia,
estase jugular e ascite.
● IC esquerda:
- Relacionada com a circulação pulmonar - pois o sangue que chega do lado
esquerdo do coração vem do pulmão.
- Sintomas: sintomas de congestão pulmonar - crepitações na ausculta pulmonar,
dispneia, ortopneia e dispneia paroxística noturna.
Classificação IC de alto débito x IC de baixo débito:
● IC de alto débito:
- Coração tem um débito alto, porém a demanda está muito alta, fazendo com que o
coração não consiga suprir essa demanda.
- Etiologias: tireotoxicose, anemia, fístulas AV e doença de Béri Béri.
● IC de baixo débito:
- Coração não está tendo um débito adequado, e por isso não consegue suprir a
demanda.
- Etiologias: isquemia e HAS.
Classificação por estágios:
● Classificação pela AHA (american heart association):
● Classificação pela NYHA:
Classificação por fração de ejeção (FE):
● Para realizar essa classificação, precisa fazer um ecocardiograma e medir a força
de contração do coração.
● ICFE reduzida: < 40%.
● ICFE intermediária: 40 - 49%.
● ICFE preservada: > ou igual a 50%.
Classificação IC aguda x IC crônica:
● IC aguda: alterações rápidas ou graduais de sinais e sintomas resultando em
necessidade de terapia urgente.
- Situação clínica na qual uma determinada agressão leva ao desencadeamento da
síndrome clínica em pacientes sem sinais e sintomas prévios de IC.
● IC crônica: reflete a natureza progressiva e persistente da doença.
● IC descompensada: situação clínica na qual ocorre exacerbação aguda ou gradual
de sinais e sintomas de IC em repouso, em pacientes com diagnóstico prévio de
IC.
Obs: Respiração de Cheyne-Stokes:
● Comum na IC avançada.
● Incursões respiratórias que vão ficando cada vez mais profundas até atingir
amplitude máxima, neste momento os movimentos começam a diminuir
gradativamente, podendo chegar a apneia.
● Períodos alternados de apnéia e respiração rápida/profunda.
Caso clínico:
● “Identificação: MDS , 32 anos, branca, casada, técnica de enfermagem, natural e
procedente de São Paulo.
● Queixa e duração: falta de ar há 15 dias.
● HPMA: Paciente refere dispneia enquanto caminhava para a feira (4 quadras de
sua casa) há 15 dias. Na última semana apresentou 2 episódios de dispneia
enquanto tomava banho. Refere também 1 episódio de “batedeira” há cerca de 5
dias. Há 1 dia apresentou dispneia durante o sono. Devido a esse episódio, ficou
assustada e veio procurar ajuda médica.
● ISDA:
- Geral: refere enxaqueca desde os 20 anos.Nega perda de peso, febre, tonturas ou
desmaios.
- Cabeça e pescoço: nega linfonodomegalias ou alterações na tireóide.
- Aparelho respiratório: Nega dor torácica.
- Aparelho cardiovascular: vide HPMA.
- Aparelho gastrointestinal: evacuação 1 x ao dia, sem alterações no aspecto de
suas fezes.
- Aparelho geniturinário: nega disúria, polaciúria, poliúria.
- Aparelho locomotor: refere dores articulares na infância. Ficou internada por cerca
de 4 dias quando tinha 8 anos.
- Sistema nervoso e psiquismo: refere ser um pouco deprimida.
● Antecedentes pessoais:
- Comorbidades: refere alguns episódios de dor de garganta na infância.
- Alergia medicamentosa: alergia à dipirona.
- Vacinação: em dia.
- Hábitos alimentares: bons hábitos alimentares.
- Hábitos e vícios: nega tabagismo, etilismo, uso de drogas ilícitas.
● Antecedentes familiares: Pai vivo com 60 anos com HAS e DM; mãe viva com 54
anos com doença cardíaca (não sabe referir a etiologia) pois moram em estados
diferentes e não tem contato há muitos anos.
● Condições sociais e habitação: boas condições de saneamento.
● Condições de trabalho e ocupação: faz 2 turnos em hospitais diferentes há muitos
anos. Tem tido contato com pacientes com COVID.
Exame físico
● Sinais vitais: PA= 122/76 mmHg. FC= 96 bpm. FR= 23 irpm. Oximetria: 94%.
● Aparelho respiratório:
- Inspeção: tórax atípico, sem cicatriz ou retração, sem tiragem intercostal.
- Palpação: elasticidade preservada bilateralmente, expansibilidade normal, frêmito
tóraco-vocal sem alterações.
- Percussão: som claro pulmonar difusamente.
- Ausculta: murmúrio vesicular presente bilateralmente com estertores finos em
bases.
● Aparelho cardiovascular:
- Sem sinais de estase jugular
- Inspeção: íctus não visível.
- Palpação: íctus não palpável e não visível.
- Ausculta: bulhas rítmicas a 2 tempos com B1 hiperfonética; presença de sopro
diastólico +4/+6 em região do 5º EICE na linha clavicular média; melhor audível
em decúbito lateral esquerdo.
- Extremidades: pulsos periféricos cheios, sem edemas.
● Aparelho abdominal:
- Inspeção: abdome plano, sem cicatriz ou abaulamentos.
- Ausculta: ruídos hidroaéreos normoativos nos 4 quadrantes, ausência de sopro
aórtico, em renais, ilíacas ou femorais.
- Percussão: fígado percutível do 5 espaço intercostal direito até o rebordo costal,
espaço de Traube livre.
- Palpação: indolor a palpação superficial e profunda, sem visceromegalias.
● Ecocardiograma: Valva mitral com folhetos espessados, fusão das comissuras,
calcificação e diminuição da mobilidade dos folhetos.”
Hipótese diagnóstica sindrômica: síndrome da IC.
Hipótese diagnóstica anatomia/topográfica: valva mitral e interstício pulmonar.
Hipótese diagnóstica etiológica: febre reumática.
Hipótese diagnóstica nosológica: estenose de valva mitral.

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