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DIREITO E LEGISLAÇÃO IMOBILIÁRIA PROFESSORA Esp. Claudete Cristina Iwata ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/2339 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. IWATA, Claudete Cristina. Direito e Legislação Imobiliária. Claudete Cristina Iwata. Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 176 p. “Graduação - EaD”. 1. Direito 2. Legislação 3. Imobiliária. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Luciano Santana Pereira Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Lucas Pinna Silveira Lima Design Educacional Bárbara Neves Revisão Textual Nágela Neves da Costa Ilustração Bruno Cesar Pardinho André Azevedo Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 342.145 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-048-2 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacio- nal Débora Leite Diretoria de Graduação Kátia Coelho Diretoria de Pós-Graduação Bruno do Val Jorge Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Esp. Claudete Cristina Iwata Possui graduação em Curso de Bacharelado em Direito, pela Universidade Esta- dual de Maringá (1987), graduação em Letras pela Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jandaia do Sul (1987) e graduação em Pedagogia, pela Univer- sidade do Oeste Paulista (1997). Atualmente, é professora do Centro Universitário de Maringá. Atua, principalmente, nos seguintes temas: atitude, desenvolvimento, consciência, liderança e fundos garantidores de locação. http://lattes.cnpq.br/7867304750238505 A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A DIREITO E LEGISLAÇÃO IMOBILIÁRIA Caro(a) colega, apreciador(a) do mercado imobiliário, será um prazer compartilhar com você alguns aspectos importantes desta profissão, digna e honrada, de Gestor de Negócios Imobi- liários, entre eles o aspecto jurídico. O ponto alto do exercício da profissão é intermediar uma negociação, proporcionando total segurança às partes. Toda operação imobiliária precisa ser realizada por meio de documentação correta e atenção às determinações legais aplicáveis. Nesta produção, faremos um apanhado sobre Direito e Legislação Imobiliária rumo à capaci- tação e qualificação. Inicialmente, conheceremos o direito no mercado imobiliário, por meio das normas no Direito Brasileiro, Hierarquia das Leis, Direito Público e Privado e os Ramos do Direito. Estudaremos as Pessoas e o Bens no mundo jurídico. Na realização das operações imobiliárias, trabalharemos tanto com pessoas físicas quanto jurídicas. A seguir, analisaremos a sucessão, pois, por meio desta, a propriedade, também, pode ser transferida. Estudaremos os Bens Imóveis, nosso principal objeto de trabalho, mas também outros tipos de bens, como verá no decorrer das unidades. Passaremos pelos negócios jurídicos, fatos jurídicos lícitos e ilícitos, prescrição e decadência e os tipos de provas existentes. Conhecere- mos os Contratos Imobiliários, tanto particulares quanto públicos, assim como as Escrituras Públicas, a Corretagem, Posse e Propriedade, os tipos de contratos usuais e as documenta- ções pertinentes, os procedimentos recomendados e a Ata Notarial. Essas informações são muito importantes, porque, caso alguma das partes envolvidas na negociação não cumpra o combinado, ou ocorrer outro fato que impeça a concretização efetiva e eficaz da operação imobiliária, é o documento hábil e elaborado corretamente que assegurará os direitos. Conforme determinação legal, o gestor imobiliário e/ou corretor de imóveis é responsável por toda e qualquer intermediação realizada por ele, não podendo alegar desconhecimento dos aspectos legais, sob pena de ser responsabilizado, juridicamente. Encerraremos nossos estudos preparados, tecnicamente, para embasar um processo judicial, caso necessário, e hábeis para o maior de todos os desafios, atuar como elemento conciliador e facilitador, em eventuais contendas. ÍCONES Sabe aquela palavra ou aquele termo que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-la(o) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes online e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO O DIREITO NO MERCADO IMOBILIÁRIO 8 PESSOAS E BENS 34 67 FATOS JURÍDICOS DA DISCIPLINA 99 CONTRATOS IMOBILIÁRIOS 135 O GESTOR IMOBILIÁRIO E O DIREITO 171 CONCLUSÃO GERAL 1 O DIREITO NO MERCADO imobiliário PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade:• Normas no Direito Brasileiro • Hierarquia das Leis • Direito Público e Direito Privado • Ramos do Direito. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender as Normas no Direito Brasileiro, sua vigência e eficácia • Conhecer a Hierarquia das Leis e forma de atuação • Diferenciar os Direitos Público e Privado • Conhecer os vários ramos do direito e vislumbrar novas e possíveis atuações para o gestor imobiliário. PROFESSORA Esp. Claudete Cristina Iwata INTRODUÇÃO Uma das necessidades básicas do ser humano é uma moradia segura e habitável, local onde possa realizar a sua higiene, fazer suas refeições, re- pousar, guardar os seus pertences e ter momentos de lazer, com familiares e amigos. Por este motivo, ser dono de um imóvel, ou seja, ter a casa própria, é o sonho da maior parte da população do mundo. Em termos jurídicos, ser dono de um imóvel significa ser o proprietário, mas de que forma se assegura essa propriedade? Qual lei se aplica? Estas são algumas das perguntas feitas pelos nossos clientes, o que significa que, como profissionais do mercado imobiliário, precisamos ter as respostas corretas. Sem dúvida, é impossível termos conhecimento absoluto, entretanto, quanto mais informados, melhor desempenharemos nossa profissão. O consumidor (deste universo, fazemos parte você e eu está cada dia melhor informado e, em consequência, muito mais exigente. Consciente do valor do seu dinheiro, não está disposto a pagar pela intermediação de uma ne- gociação imobiliária (que pode ser a única na trajetória de sua vida inteira) a um profissional sem capacitação, que desconhece as leis aplicáveis e co- loca em risco a segurança do negócio imobiliário. Por isso, nesta unidade, estudaremos juntos o Direito no Mercado Imobiliário, que são, em palavras mais simplificadas, a regra do jogo. Antes mesmo de começarmos a atuar como Gestores Imobiliários, pre- cisamos saber o que pode ser feito e o que não pode; o que deve ser feito e o que não deve; o recomendável e o reprovável e, finalmente, as consequências para cada uma dessas ações. Para isso, aprenderemos o que são Normas no Direito Brasileiro, a Hierarquia das Leis, compreenderemos o significado de Direito Público e Direito Privado bem como os Ramos do Direito. O futuro do mercado imobiliário depende da atuação de profissionais preparados, por isso, invista em seu potencial e aumente o seu conhecimento. U N ID A D E 1 10 1 NORMAS NO DIREITO BRASILEIRO Iniciaremos o nosso caminho pelo mundo do Direito, compreendendo a diferen- ça entre norma e norma jurídica. A convivência, que significa “com” viver ou viver “junto” de uma ou mais pessoas, requer algumas normas. Estas são, naturalmente, estabelecidas no dia a dia, não é feito por escrito, por meio de leis ou decretos, mas surgem para garantir o bem-estar de todos. É muito fácil compreender se você observar o cotidiano em sua casa. Como não “convivo” com você, exemplificarei com as normas que existem na minha casa. Por exemplo, nós não gostamos de andar pela casa com os calçados que usamos para circular na rua, então, eu e os meus filhos, ao entrarmos em casa, deixamos os calçados na sala, em local apropriado. O ambiente dos quartos fica livre da sujeira que vem da rua. Essa é uma norma, simplesmente, norma. E se acontecer de alguém entrar no quarto com o calçado que veio da rua? Terá que pagar alguma multa? Sofrerá alguma consequência jurídica punitiva? Não, claro que não. Causará apenas certo aborrecimento para os outros, consi- derando que é apenas uma norma. Por outro lado, quando falamos de norma jurídica, referimo-nos às regras de conduta, que tem como principais características a coercitividade, a imposição ou obrigatoriedade sob pena de sanção, e a imperatividade, que vem da autoridade para a imposição. Assim, a norma jurídica precisa de um poder que a autorize e o seu efeito é obrigatório. Se o sujeito não se comportar conforme o esperado, U N IC ES U M A R 11 arcará, obrigatoriamente, com as consequências, também chamadas de sanções. Agora que diferenciamos “norma” de “norma jurídica”, ficou fácil compreen- der a importância do Direito no Mercado Imobiliário e por que precisamos nos capacitar para proporcionar segurança aos negócios, por nós intermediados. O exercício de todas as operações imobiliárias está sujeito às normas jurídicas. Ob- serve, a seguir, os apontamentos que apresentam as operações imobiliárias mais recorrentes e algumas normas jurídicas aplicáveis. COMPRA E VENDA a) O imóvel precisa estar com a documentação correta e possível de ser negociado/vendido, para isso, será preciso verificar se está, devidamente, registrado no competente Registro de Imóveis; se tem a Escritura Pública, sem o registro ou, apenas, o Compromisso de Compra e Venda ou qual- quer outro documento hábil. b) As partes, sendo pessoas físicas, precisam ser capazes, legalmente, para realizar o negócio; se forem pessoas jurídicas, precisam, da mesma forma, acordar com todas as normas pertinentes. c) O documento que formalizará a negociação deverá seguir as determinações legais, relativas aos contratos, para que seja considerado válido e se torne exequível, ou seja, possível de se tornar, por lei, obrigatório entre as partes. d) Os impostos e taxas como o IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano e Taxas Condominiais, por exemplo, devem estar com o pagamento em dia. LOCAÇÃO a) O imóvel poderá ser locado, apenas, pelo proprietário ou pessoa que, legalmente, o represente por meio de procuração. b) O locatário, assim como ocorre na venda, sendo pessoa física, precisa ser, legalmente, capaz e, se for pessoa jurídica, precisa, da mesma forma, acordar com todas as normas pertinentes. c) O contrato de locação deverá observar as leis pertinentes, especialmente, a Lei de Locação que trata do assunto. U N ID A D E 1 12 Ao estudarmos a Hierarquia das Leis, mencionamos a Lei 6.530/78. Acesse o site do Pla- nalto e conheça essa legislação aplicável ao exercício de nossa profissão. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6530.htm conecte-se PERMUTA A permuta exige do gestor imobiliário atenção duplicada, porque deve atender a todos os elementos citados na compra e venda, tanto para um imóvel quanto para o outro. Por esse motivo, a legislação específica do COFECI - Conselho Federal de Corretores de Imóveis ([2020], on-line)1 sugere que a comissão seja cobrada das duas partes, ou seja, em dobro. Apenas nos exemplos anterior abordamos o Código Civil que trata do bem imóvel, da compra e venda, dos contratos e das pessoas, da Lei de Registros públicos que trata da escritura pública, do registro de imóveis e procurações, Leis Federais, Estaduais e Municipais, Código Tributário, Lei de Locação, Le- gislação COFECI, dentre outros. Percebe como é importante compreendermos as normas jurídicas no Direito Imobiliário? Sabendo disso, consolidaremos, passo a passo, nosso conhecimento, compreendendo a origem de cada elemento estudado. A Norma Jurídica tem por base o Decreto Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Esse decreto trata da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, nele, são abordados os aspectos seguintes: Da vigência: dispõe quando começa a vigorar a lei, de que forma e até quando. Da obrigatoriedade: estabelece que ninguém pode descumprir a lei, alegando que não a conhece. Por esse motivo, cabe a todo profissional zelar pela sua capa- citação, buscando informações e conhecimentos acerca das leis aplicáveis. Das omissões: determina que, nos casos em que a lei for omissa, caberá ao juiz decidir o caso, de acordo com a analogia, que é a comparação, buscando seme- lhanças em casos diferentes, os costumes e os princípios gerais do direito. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6530.htm U N IC ES U M A R 13 Do fim social: define que, na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Dos efeitos: estipula que a Lei em vigorterá efeito imediato e geral. Respeita-se, assim: (a) o ato jurídico perfeito, refere-se ao consumado, segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, por exemplo: um proprietário abre um estabele- cimento comercial, com apenas um banheiro, em janeiro de determinado ano, de acordo com a lei municipal em vigência na época, em março do mesmo ano, surge nova lei municipal, exigindo, para o mesmo tipo de comércio, a existência de dois banheiros, um feminino e um masculino; (b) o direito adquirido, que se refere ao produzido por fato idôneo tem incorporação definitiva ao patrimônio do seu titular e culmina com o surgimento de lei nova, por exemplo: a convenção de condomínio permitia a locação para república de estudantes e o locador, na época, firmou contrato de locação para 4 rapazes, em seguida, houve a modi- ficação da convenção de condomínio. O proprietário poderá continuar com a locação até o seu término porque teve o direito adquirido legalmente; (c) a coisa julgada, qualidade da sentença judicial contra a qual não cabe mais recursos. Dos estrangeiros: estabelece que a Lei do país em que domicilia a pessoa deter- mina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. É importante, em todos os aspectos, como casamentos realizados fora do país por brasileiros, casamentos de estrangeiros no Brasil, re- gime de bens, divórcios, domicílio, propriedades, penhor, obrigações e sucessões. Sempre que você estiver intermediando qualquer operação imobiliária, fique atento para saber qual norma jurídica é aplicável, para isso, mantenha-se bem informado(a) e sempre atualizado(a). É recomendável contar com a ajuda de um bom advogado. O mercado imobiliário sempre foi muito competitivo e, en- tre tantos gestores imobiliários, o cliente será fiel a você, se oferecer elementos diferenciadores em relação a seus concorrentes. Não se trata, simplesmente, de um escritório moderno e sofisticado, tampouco roupas de grifes famosas, equi- pamentos eletrônicos de ponta ou carros importados. O cliente quer ser atendido por um gestor imobiliário ético, que conduz a nego- ciação com transparência e proporciona, acima de tudo, segurança jurídica. Se todo o trâmite for acompanhado pelo seu advogado parceiro, que conhece bem o Direito Imobiliário, o risco de acontecer algum imprevisto ou erro diminui, significativa- U N ID A D E 1 14 2 HIERARQUIA DE LEIS mente. Como profissional, atuante no mercado imobiliário há quase duas décadas e com formação em Direito, afirmo a você, com propriedade, que essa parceria não é um gasto, mas um excelente investimento. Para Iwata (2019, p.10), “ao dominar quais são os direitos e os deveres, o corretor estará capacitado a oferecer transparência na negociação e segurança às partes envolvidas, incluindo a própria segurança”. Agora que compreendemos que a atenção às normas jurídicas é obrigatória e que a falta da observância pode gerar sanções como consequência, estamos prontos para compreendermos a hierarquia das leis. Nos últimos anos, os noticiários políticos do nosso país abordam, frequentemente, as leis. Qual lei é superior, o que tem validade e o que não tem. Vimos decisões ju- diciais serem modificadas, aplicadas e, até mesmo, extintas, tudo isso porque existe uma ordem de prioridade, de importância dos elementos, é a hierarquia das leis. Ao conhecer a hierarquia das leis, você poderá, com mais facilidade, com- preender qual caminho escolher na condução de uma negociação. Engana-se quem pensa que o papel do gestor imobiliário se restringe a aproximar as partes. U N IC ES U M A R 15 A Constituição Federal do Brasil é conhecida também como Carta Magna. A expressão é originária do latim. Segundo os historiadores, a origem do Direito é Greco-romano, por isso, ao estudar o Direito Imobiliário, encontraremos várias palavras em latim. Fonte: a autora. conceituando De acordo com as normas jurídicas, ele é responsável pelo trabalho e pode ser responsabilizado por eventuais prejuízos que causar às partes envolvidas. A ordem de prioridade e de importância dos elementos em uma hierarquia pode seguir uma ordem crescente, que vai do elemento menor para o maior, ou uma ordem decrescente, que vai do elemento maior para o menor. No caso da hie- rarquia das leis, a mais importante é a Constituição Federal, conhecida também como Carta Magna ou “Grande Carta”. De acordo com Führer (2005, p.56): “ convém lembrar que, no alto da hierarquia legislativa, predomi-na, soberana, a Lei Magna, a Constituição do Brasil, com domínio geográfico e domínio de competência sobrepostos aos domínios de todas as demais leis. Contra a Constituição Federal, nenhuma lei prevalece, nenhuma impera. Conheceremos um pouco mais a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, começando pelo preâmbulo que contém os seguintes dizeres: “ Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, des-tinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, plu- ralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e compro- metida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (BRASIL, 1988, on-line). U N ID A D E 1 16 Para conhecer as normas jurídicas aplicáveis ao exercício de nossa profis- são, vá até o CRECI - Conselho Regional de Corretores de Imóveis de sua região e solicite um exemplar da Legislação COFECI- Conselho Federal de Corretores de Imóveis, ou acesse o link a seguir. https://www.cofeci.gov.br/ conecte-se Esse pequeno trecho contém, para todo cidadão brasileiro, informações impor- tantíssimas. Começa com a declaração de que a Constituição Federal foi elabo- rada por representantes escolhidos, eleitos pelo povo brasileiro, com o objetivo de instituir um Estado Democrático e assegurar: a) O exercício dos direitos sociais e individuais. b) A liberdade. c) A segurança. d) O bem-estar. e) O desenvolvimento. f) A igualdade e a justiça, considerando-os como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. Por fim, a “Grande Carta” promulga, oficializa e invoca a proteção de Deus. Espero ter despertado em você a curiosidade de conhecer um pouco mais sobre a Cons- tituição Federal. Seja diferente, faça a diferença, compreenda que ser cidadão não é uma obrigação, mas um direito. Será muito bom se você concluir esse curso e receber um certificado, mas será sublime se você compreender todas as normas de Direito. São elas que que norteiam o seu trabalho, a sua vida e a sociedade em que você está inserido(a). Essas Leis, cabe ainda ressaltar, são elaboradas por pessoas, que eu e você escolhemos nos pleitos eleitorais, por isso, o futuro da nossa nação depende de pessoas conscientes. Seguindo em ordem hierárquica decrescente e sequencial, depois da Cons- tituição Federal, vem: Emendas Constitucionais, Leis Ordinárias/Complemen- tares/Delegadas e Medidas Provisórias, Decretos, Resoluções, Instruções Nor- mativas, Portarias etc. Desse modo, relacionaremos essa hierarquia das leis com o mercado imobiliário para que você compreenda melhor, para isso, observe o exemplo hipotético a seguir: U N IC ES U M A R 17 Carlos estuda a Lei 6.766 de 19 de dezembro de 1979, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências. Ele aprendeu, entre outras coisas, que, de acordo com o Art. 4, II da referida lei, os lotes terão área mínima de 125 m² (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frente mínima de 5 (cinco) metros. Seu primo Pedro, que mora em outra cidade, sabendo que Carlos estuda e pretende ser um ótimo gestor imobiliário, perguntou por qual motivo o lote de 300 m², que possui na cidade emque mora, não pode ser desmembrado em dois lotes de 150 m² cada um, visto que ele precisava de dinheiro, mas não gostaria de se desfazer do lote por inteiro. Para Pedro, o desmembramento seria a solução ideal. Carlos explicou para Pedro que podia, sim, pois a Lei 6.766/79 era bem clara. Pedro, porém, insistiu, dizendo que se informou junto à Prefeitura local, mas lhe disseram que, em sua cidade, não era permitido. Percebem como surge a dúvida? Conforme Führer (2005, p. 56), “a hierarquia das leis precisa ser bem entendida para se evitar confusões muito comuns. É que ela não depende somente do seu maior ou menor alcance territorial, mas também do domínio de competência de cada lei”. A Lei 6.766/79 estabelece uma área mínima em caráter Federal, entretanto o município tem assegurada a sua competência privativa. Para Führer (2005, p. 56, itálicos do original), “ as leis municipais, que são as de menor domínio geográfico, preva-lecem sobre as leis federais e estaduais, nas matérias de seu domínio de competência privativa. Da mesma forma, as leis estaduais, cujo domínio geográfico é inferior ao domínio geográfico das leis fede- rais, prevalecem contra as leis federais, nas matérias de seu domínio privativo de competência. Aprendemos, então, que as normas jurídicas obedecem à hierarquia das leis, sendo assim, antes mesmo de começar a atuar como profissional do mercado imobiliário, é imperativo conhecer a legislação aplicável e seu domínio de com- petência. Finalizaremos o assunto lembrando que nossa profissão foi legalizada, por meio da Lei 4.116 de 27 de agosto de 1962, hoje, revogada e substituída pela Lei 6.530 de 12 de maio de 1978. U N ID A D E 1 18 3 DIREITO PÚBLICO E DIREITO PRIVADO Vimos que as normas, de forma geral, buscam estabelecer moldes de conduta, com o objetivo de tornar mais harmônica a convivência entre as pessoas. Ao ser combinado, entre os colegas de uma empresa, que dividem o mesmo ambiente de trabalho, que a porta do banheiro precisa ficar sempre fechada, significa que houve um acordo prévio e que todos, ou a maioria dos colegas, concordam com a norma. Compreendemos, também, que, caso alguém vá ao banheiro e não feche a porta, não haverá consequência punitiva a ser aplicada, ou seja, não terá que pagar nenhuma multa, ou não será impedido de usar o banheiro novamente, o máximo que pode acontecer é algum colega o repreender com algumas palavras de alerta ou uma expressão facial de descontentamento. As normas jurídicas, por outro lado, não são facultativas. As pessoas são obri- gadas a respeitar sob pena de sanção. É, por exemplo, o pagamento mensal do aluguel. A Lei de locação permite estabelecer local e data para pagamento. Uma vez assinado contrato de locação, o locatário é obrigado a pagar o aluguel no prazo estipulado. Caso ele atrase o pagamento, será obrigado, legalmente, a pa- gar a multa contratual, o valor terá correção monetária e o locador pode, ainda, rescindir o contrato por infração legal. O Direito é, pois, o conjunto de normas jurídicas aplicáveis em determinado país. O direito brasileiro apresenta dentro de suas divisões o Direito Público e o U N IC ES U M A R 19 Direito Privado. O objetivo da disciplina de Direito e Legislação Imobiliária é, entre outros, proporcionar uma visão geral das leis e suas aplicabilidades. Para Führer (2005, p. 38), “o Direito Público disciplina os interesses gerais da coletividade e se caracteriza pela imperatividade de suas normas, que não podem nunca serem afastadas por convenção dos particulares”. Sendo assim, fica clara a ideia de que o Direito Público zela pela sociedade como um todo, razão pela qual a maior de todas as leis pertence ao Direito Público. A Constituição Federal tem por premissas o exercício dos direitos sociais e individuais com o objetivo de assegurar, principalmente, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvol- vimento, a igualdade e a justiça social. Considerando que a Constituição Federal, ou o Direito Constitucional, é o elemento mais importante que compõe o Direito Público, a seguir, abordaremos os demais: (a) Direito Administrativo, (b) Direito Penal, (c) Direito do Trabalho e, (d) Direito Processual. a) Direito Administrativo: é composto pelo conjunto de normas jurídicas que conduzem a administração pública. Por se tratar de direito público, não podem ser afastadas, nem por acordo entre as partes interessadas. Para a realização do trabalho do gestor imobiliário, é interessante pen- sar no Direito Administrativo em ordem hierárquica, ou seja, existe em nível federal, estadual e municipal. Um exemplo prático para melhor compreensão é a Lei municipal de uso e ocupação do solo. O gestor imo- biliário, quando angaria um imóvel para venda, precisa, antes, pesquisar, junto à Prefeitura Municipal, qual é o uso permitido para construção, pois, por descuido, ele pode vender um terreno para um cliente que deseja construir um edifício de 20 pavimentos, e a lei municipal não permitir que naquele local a construção passe de três pavimentos. Com certeza, ele poderá responder, judicialmente, por infringir norma do Código Civil Brasileiro de não executar a mediação com diligência e prudência. b) Direito Penal: trata do poder que o Estado tem de punir os delitos prati- cados com penas. Chamamos de tipos penais os atos proibidos e estabe- lecidos no Código Penal. Infelizmente, conheci, anteriormente, corretores de imóveis criminosos que falsificaram procurações, contratos e muitos outros documentos com o objetivo de prejudicar alguém, criar obrigações U N ID A D E 1 20 ou alterar a verdade dos fatos, mas, graças ao Direito Penal, foram punidos pelos seus atos. Vale destacar que as infrações penais podem ser praticadas não somente pela ação, mas também por omissão. c) Direito do Trabalho: norteia as relações de trabalho de forma a contem- plar para as partes envolvidas a garantia dos deveres e direitos. Conforme Führer (2005, p.161), “em princípio, as regras do Direito do Trabalho são de ordem pública, não podendo ser afastadas ou alteradas por convenção das partes, especialmente no que se refere às garantias mínimas do tra- balhador. São nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos trabalhistas (Art. 9 da CLT)”. Considerando estes aspectos, é imprescindível a assessoria de um bom advogado e, da mesma forma, de um bom contador nas relações do mercado imobiliário. A empresa que conta com a parceria de um ges- tor imobiliário autônomo deve prestar atenção nas determinações legais muito mais do que o combinado, porque, mesmo que as partes concordem, elas não possuem o poder legal de descumprir uma lei de Direito Público. d) Direito Processual: trata do procedimento a ser adotado quando se in- gressa com qualquer tipo de ação, solicitando a intervenção do Poder Ju- diciário na solução de contendas. Em outras palavras, o direito processual determina quais atos devem ou podem ser realizados, quem pode ou deve ser o sujeito ativo ou passivo, de que forma, em que local e qual o prazo a ser respeitado. Um exemplo de Direito Processual muito comum é a Ação de Despejo. Para que ela seja possível, alguns elementos são fundamentais, como a legitimidade das partes, ou seja, o autor pode ser apenas o proprie- tário ou a pessoa em nome da qual esteja a titularidade da propriedade, precisa ter um motivo previsto no ordenamento jurídico, dentre outros. O Direito Privado é composto pelo conjunto de normas jurídicas que disciplinam as relações de interesse particular. Essas normas jurídicas são fundamentais para a evolução da sociedade e do convívio entre as pessoas. O ordenamento estabe- lece leis que são aceitas como obrigatórias. Da mesma forma, há um consenso de que o descumprimento acarreta algum tipo de sanção coercitiva. Não fossem as normas jurídicas, a sociedade ainda viveria como no tempo das cavernas, com o sujeito mais forte dominandoo mais fraco. U N IC ES U M A R 21 Para Führer (2005, p. 38), “ [...] o Direito Privado versa sobre as relações dos indivíduos entre si, tendo na supletividade de seus preceitos a nota característica, isto é, vigora apenas enquanto a vontade dos interessados não disponha de modo diferente que o pre- visto pelo legislador. As pessoas podem realizar negociações entre si, sem que, necessariamente, seja do interesse do Estado, por esse motivo, a denominação “privado”. Por exemplo, se o locador, por meio de um contrato de locação, permitir que o locatário comece a pagar o aluguel, apenas, no quinto mês de vigência do contrato, não terá ele in- fringido qualquer norma jurídica, visto que está em conformidade com a Lei de Locação, entretanto o poder público não tem interesse algum nessa negociação feita, legalmente, entre particulares. O Direito Privado pode ser compreendido em Direito Civil e Direito Comer- cial ou Empresarial. O Direito Civil trata na parte geral da pessoa natural ou física, da capacidade civil, da pessoa jurídica, do domicílio, dos bens e sua classificação do negócio jurídico, dos atos ilícitos e responsabilidade civil e da prescrição e da decadência. No direito das obrigações, versa sobre as modalidades de obrigações, da transmissão das obrigações, do adimplemento e da extinção das obrigações e do inadimplemento das obrigações. O capítulo de contratos apresenta o conceito e os elementos do contrato, classificação, estipulação em favor de terceiro, os vícios redibitórios, evicção, extinção, cláusula resolutiva, exceção de contrato não cumprido e resolução por onerosidade excessiva. Contemplam a compra e venda e suas modalidades, troca ou permuta, doação, locação de coisas, empréstimo, prestação de serviço, empreitada, depósito, mandato, comissão, agência e distribuição, corretagem, transporte, seguro, constituição de renda, jogo e aposta, fiança, transação e com- promisso ou arbitragem. Todos os elementos, até então, citados encontram-se no Código Civil Brasi- leiro e, para ter acesso a todo conteúdo, basta digitar em qualquer site de busca. O objetivo de apresentá-los no corpo deste material é chamar a sua atenção para a importância da matéria. Com certeza, o profissional que ganhará destaque na nossa profissão ou em qualquer outra é aquele que tem algo a mais para oferecer ao seu cliente. Continuando nosso estudo, vale destacar que o Direito Privado discorre, U N ID A D E 1 22 também, acerca dos contratos de leis especiais, entre elas, a alienação fiduciária de coisas móveis, de imóveis, arrendamento mercantil ou leasing, locação de imóvel urbano, faturização ou factoring, franquia ou franchising e concessão mercantil. Finalmente, o Direito Privado desenvolve os atos unilaterais, o direito das coisas onde apresenta posse, propriedade, usucapião, gozo e fruição, servidão, usufruto, compromisso de compra e venda de imóvel e direitos reais de ga- rantia. O direito de família discorrendo sobre casamento, regime de bens, se- paração judicial, divórcio, união estável, relações de parentesco, filiação, poder familiar, reconhecimento dos filhos, adoção, alimentos, tutela, curatela e bem de família e direito das sucessões. Todos os elementos abordados, até aqui, de uma forma ou de outra, podem compor as operações imobiliárias realizáveis por nós, gestores imobiliários. Por isso, o conhecimento da existência deles e onde encontrá-los, para even- tual pesquisa, facilitará muito a comunicação entre você e o advogado da sua confiança, em casos de necessidade. U N IC ES U M A R 23 O direito como conjunto de normas jurídicas reguladoras do convívio das pes- soas em sociedade apresenta uma composição completa e complexa. Divide-se, em primeiro lugar, entre Direito Positivo e Direito Natural. O Direito Positivo ramifica-se em dois: Direito Internacional e Direito Nacional. Ambos se subdi- videm em Direito Público e Direito Privado. Para facilitar a sua compreensão, segue um esquema: Figura 1 - Direito Positivo e Direito Natural / Fonte: a autora. 4 RAMOS DO DIREITO U N ID A D E 1 24 O Direito Positivo é composto pelo conjunto de normas jurídicas, elabora- das pelo poder político de cada país, em determinado período. Perceba como é importante, como cidadãos e profissionais, ter consciência política. Conforme a Constituição Federal Brasileira, a União é composta de três poderes indepen- dentes e harmônicos entre si: Legislativo, Executivo e Judiciário. Toda essa composição tem na base a vontade de toda população. Somos nós que escolhemos os Vereadores, os Deputados Estaduais, Deputados Federais e Senadores, e a esses competem representar o cidadão, legislar e fiscalizar. As leis são, de alguma forma, criadas pela população para serem aplicadas a favor dela mesma. Por isso, em todas as atividades que tiverem uma lei específi- ca aplicável, ela deve ser estudada previamente. Para nós, gestores imobiliários, ficará muito mais simples obter êxito no desenvolvimento das operações imo- biliárias se, antes de darmos início a cada uma delas, tomarmos conhecimento da lei aplicável. Para Führer (2005, p. 38, itálicos do original), “ O Direito Natural, para os que aceitam a sua existência, é aquele que fixa regras de validade universal, não consubstanciadas em regras impostas ao indivíduo pelo Estado. Ele se impõe a todos os povos pela própria força dos princípios supremos dos quais resulta, cons- tituídos pela própria natureza e não pela criação dos homens, como, por exemplo, o direito de reproduzir, o direito de viver etc. O Direito Natural seria aquele inerente a própria existência, como o direito à vida, direito de nos defender, de nos alimentar, entre outros. O Direito Internacional, por sua vez, objetiva normatizar a relação entre países, sendo assim, fazem-se neces- sárias as normas jurídicas aplicáveis para regular os interesses e as negociações tanto públicas quanto privadas. De acordo com Führer (2005, p. 38, itálicos do original): “ [...] se o Brasil e o Paraguai, na exploração da Usina Hidrelétrica de Itaipu, construída por ambos, tiverem alguma divergência, a questão será resolvida por meio da aplicação de normas de Direito Interna- cional Público. Já o inventário de um falecido que tenha deixado bens em vários países cria problemas de Direito Internacional Priva- do, por isso que em jogo estão interesses de particular em mais de um país. Direito Nacional é o que existe dentro das fronteiras de um país. U N IC ES U M A R 25 Dentro do Direito Internacional, há uma divisão também em público e privado. Além do exemplo da aplicabilidade do Direito Internacional Público, dado por Führer (2005), podemos citar os desastres ecológicos provocados pelo transporte de petróleo em águas internacionais. Há um conjunto de normas jurídicas que de- vem ser observadas e, também, as consequências em caso de desobediência, tudo isso compõe o Direito Internacional Público. O Direito Internacional Privado trata da relação internacional entre particulares, como em casos de importação de material para a construção civil. Ultimamente, temos percebido que os preços são muito atraentes e convidativos, entretanto o que fazer e para quem recorrer se o produto não chega, ou se vem avariado, ou se não corresponde ao esperado? Para solucionar todas essas contendas, existe o Direito Internacional Privado. O Direito Nacional é muito mais fácil compreender. É aquele aplicado nas fronteiras de um país. Da mesma forma que o Direito Internacional Público, o Direito Nacional se divide em Público e Privado, sendo atribuição do Direito Nacional Público zelar pelo bem-estar da sociedade, garantir os preceitos esta- belecidos pela Constituição Federal de liberdade, segurança, bem-estar, desen- volvimento, igualdade e justiça; e o Direito Nacional Privado, por sua vez, zelar pelas relações entre os particulares. Para os estudantes de um curso de Direito, a explicação anterior, tradicio- nalmente, compõeos ramos do direito, mas quero apresentar a você um novo ângulo de visão, uma nova oportunidade de trabalho em um molde moderno, diferente, e que pode ser mais uma fonte de renda. Fala-se muito em cursos na modalidade à distância, nos moldes deste que você faz, agora, como forma de obtenção de um certificado para auxiliar a trajetória profissional, mas, nessa corrida em busca de um diploma, percebo que, sem querer, as pessoas saem do caminho e acabam perdendo seus objetivos. O objetivo de todo e qualquer tipo de estudo é aprender, obter conhecimen- to e ampliar o raio de visão, entretanto, no decorrer do curso, o objetivo passa, simplesmente, a obter a pontuação necessária para aprovação. Por esse motivo, grande parte do material didático oferecido não é acessado, lido, estudado ou compreendido. Muitas vezes, o acadêmico observa o título “Ramos do Direito” e pensa: “faço um curso de Negócio Imobiliários, para que vai me servir saber sobre o Direito Imobiliário e Ramos do Direito? Quero apenas fechar muitos negócios e receber minha comissão”. U N ID A D E 1 26 O profissional que atua no mercado imobiliário com noções sobre Direito Imobiliário e que conta com grandes parceiros advogados, com certeza, terá muito mais oportunida- des de trabalho e chances de sucesso. pensando juntos Preciso dizer que este sonho de sucesso profissional e estabilidade financeira não é somente seu, você o compartilha com a maior parte das pessoas inseridas no mercado de trabalho, incluindo eu. Por isso, aproveite essa oportunidade de aprender um pouco mais sobre o direito e a importância que tem o conhecimento para o desenvolvimento de sua carreira. Com base em pesquisas, posso assegurar a você que poucos colegas chegarão a ler esse trecho do livro e, com certeza, perderão uma grande oportunidade de conquistar seus objetivos, por isso, insisto que você continue a leitura e reflita so- bre o tema. Os ramos do Direito que vou apresentar podem ser exercidos apenas por você, gestor de negócios imobiliários, trabalhando sozinho ou em parceria com outros profissionais da sua confiança, como advogados, contadores, enge- nheiros, arquitetos, enfim, aquele colega que, certamente, você tem no seu rol de conhecidos, estudioso, ético, dedicado e que, também, deseja fazer a diferença no mundo. Esse é seu potencial parceiro. Juntos, vocês observarão as operações imobiliárias e estudarão as normas jurídicas e técnicas, aplicáveis em cada uma delas. Por exemplo, no caso de uma compra e venda, analisem quais aspectos devem ser observados e mon- tem um tipo de lista de checagem, esta lista abrirá grandes possibilidades para juntos prestarem consultoria. Acontece, com certa frequência, o interesse de clientes que desejam vender um imóvel, em processo de inventário, ou seja, quando os pais morrem e é preciso regularizar a documentação para a venda. O gestor imobiliário fica feliz com a angariação, e mais feliz ainda, quando recebe uma proposta de compra, mas quando vai documentar a venda, depa- ra-se com um processo de inventário para finalizar ou iniciar. Se, ao angariar o imóvel, ele tivesse contatado um colega advogado, juntos poderiam adiantar a regularização dos documentos e, ao receber uma proposta, a negociação se concluiria com mais velocidade. U N IC ES U M A R 27 Houve um período em que trabalhavam comigo 15 corretores de imóveis (vou chamá-los assim, porque, na oportunidade, nenhum deles havia concluído curso superior tecnoló- gico em Negócios Imobiliários, caso contrário, seriam gestores imobiliários). Em todas as nossas reuniões, eu solicitava que, quando angariassem um imóvel para venda, que se dirigissem a um Tabelionato de Notas parceiro da nossa imobiliária para que fosse ve- rificada a situação do imóvel e do(s) proprietário(s) de forma a deixá-los aptos a serem transferidos ao comprador. Essa parceria com Tabelionato de Notas é muito interessante porque afere mais segurança ao nosso trabalho e antecipa algumas providências, caso necessárias. Como eram muitos profissionais trabalhando juntos, e muitos documentos a serem analisados, a parceira foi útil e necessária. Atualmente, trabalho com outra equipe e continuo a adotar o mesmo procedimento. Essa análise prévia vale muito a pena. Fonte: o autor. explorando Ideias O contador será um grande parceiro, por exemplo, para auxiliar seu cliente que deseja comprar imóveis, mas receia ter problemas na sucessão. Orientado pelo seu parceiro contador, o cliente pode criar uma holding, sociedade gestora de participações sociais, que ficará como administradora de todos os bens. Dessa forma, seu cliente atenderá a todas as normas jurídicas aplicáveis com mais segurança, eficácia e menos despesa. Da mesma forma, um engenheiro auxiliará no processo de averbação da cons- trução de uma residência, que, muitas vezes, existe há anos, mas sem que conste na matrícula do imóvel qualquer construção. Desatento ou mesmo sem conhecimento, o gestor, eventualmente, angaria um imóvel residencial para venda, trabalha com afinco para conseguir um bom negócio e, quando ele surge, ao providenciar os documentos para transferência de propriedade, depara-se com a matrícula do imóvel, constando apenas a existência de um terreno, sem nenhuma averbação de construção. O procedimento de averbação da construção precisa do acompanhamento de um engenheiro ou de um arquiteto, tem custo e demora certo tempo para ser concluído. Assim, como nos outros exemplos, se o gestor imobiliário tiver conhecimento e contar com a parceira de bons profissionais, poderá antecipar o procedimento técnico e jurídico, empenhando-se, efetivamente, em conseguir um comprador para o imóvel angariado. Em todas as operações imobiliárias a serem realizadas pelo gestor imobiliário, terá a presença de um ou mais elementos do ramo do Direito. Caberá a você se empenhar nos estudos, explorar o conteúdo que está a sua disposição e oferecer ao seu cliente muito mais do que ele espera. U N ID A D E 1 28 CONSIDERAÇÕES FINAIS O conhecimento representa, para o ser humano, um lago manso e cristalino, onde podemos enxergar até a profundeza com nitidez. Se as águas estiverem turvas, ou se houver movimentação brusca, podemos ter muita dificuldade para iden- tificar eventuais riscos ou perigos. Assim, ao compreendermos o que o Direito representa para o mercado imobiliário, podemos conhecer, com clareza, a regra do jogo, facilitando o desempenho das operações imobiliárias, o atendimento ao cliente e o sucesso de nossa carreira. Nesta unidade, você aprendeu que as normas são fundamentais para a con- vivência em sociedade, e que as normas jurídicas asseguram a aplicabilidade, por serem imperativas, e a falta de atenção a elas implica consequências. Da mesma forma, você tomou conhecimento que a Constituição Federal é a maior de todas as Leis, que fica no topo da hierarquia das Leis e pertence ao Direito Público. O Direito Privado, por sua vez, regula a relação entre os indivíduos e depende, acima de tudo, da vontade das partes. Todo ordenamento jurídico é constituído por um conjunto de normas, essas emanam do povo e regem uma sociedade. Estudamos que, conforme a Constituição Federal, a União é composta pelos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Esta composição tem como base a vontade de toda a população. Somos nós, eu e você, quem escolhe nossos polí- ticos. Ao tomarem seus assentos na Câmara dos Vereadores, Câmara dos Depu- tados Estaduais, Federais e no Senado, passam a atuar como representantes de nossa vontade, na qualidade de elementos do Poder Legislativo por conseguinte, criam as leis que nortearão as relações entre os indivíduos. Observe o período que antecede os pleitos eleitorais e veja que as pessoas que detêm mais conhecimento escolhem seus representantes com mais rigor e consciência, pois sabem que a má escolha tem consequências diretas sobre a nossa vida. Aproveite bem o conteúdo apresentado nessa unidade, para queseu oceano de conhecimento seja sempre cristalino. 29 na prática 1. Aprendemos que “norma jurídica” difere de “norma” por apresentar algumas carac- terísticas. Assinale a alternativa que apresenta tais características. a) Aleatória e facultativa. b) Opcional e flexível. c) Imperativa e coercitiva d) Voluntária e optativa. e) Dispensável e alternativa. 2. Na realização de uma Compra e Venda, algumas normas jurídicas devem ser obser- vadas para segurança e validade do ato. Observe as afirmações seguintes: I - Os impostos do imóvel devem estar pagos. II - O comprador precisa ser capaz ou ser, legalmente, representado. III - O imóvel deve estar, devidamente, registrado no Registro de Imóveis. IV - O proprietário precisa ser corretor de imóveis. Assinale a alternativa correta. a) Apenas, I e II estão corretas. b) Apenas, II e III estão corretas. c) Apenas, I está correta. d) Apenas, II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 3. Ao estudarmos as normas jurídicas, aprendemos que as leis seguem ordem hie- rárquica. Sobre a hierarquia das leis, observe as alternativas e assinale a correta: a) Todas a leis existentes e aplicáveis, no Brasil, têm a mesma importância e o mesmo poder. b) As Leis municipais, por serem, hierarquicamente, inferiores, não têm importância. c) A Constituição Federal é a maior de todas as leis vigentes no Brasil. Por esse motivo é chamada de Carta Magna. d) As Medidas Provisórias estão posicionadas, hierarquicamente, acima das Emen- das Constitucionais. e) É preciso ter consciência política no momento de escolher nossos representantes, porque deles depende o Poder Judiciário. 30 na prática 4. Sobre Direito Público, observe as afirmações seguintes e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F): ( ) O Direito Público tem como objetivo zelar pelos interesses da sociedade. ( ) Uma das características do Direito Público é o poder de opção que temos de seguir ou não as normas. ( ) O patrão e o empregado podem convencionar por contrato que o empregado não terá direito ao recebimento de férias. Assinale a alternativa correta. a) V, V e F. b) F, F e V. c) V, F e V. d) F, F e F. e) V, V e V. 5. O Direito Privado disciplina as relações de interesse particular. Por meio dessas normas jurídicas, a sociedade pode evoluir com a segurança de que será mantida a ordem e a justiça. Observe as alternativas a seguir e assinale a correta: a) O Direito Administrativo faz parte do Direito Privado. b) Apenas o Direito Civil compõe o Direito Privado. c) O Direito Processual faz parte do Direito Público. d) Apenas o Direito Penal pertence ao Direito Privado. e) O Direito Internacional divide-se em Público e Privado. 31 na prática 6. Os Ramos do Direito referem-se à divisão das normas jurídicas. Analise as afirma- tivas a seguir: I - O Direito divide-se em: Positivo e Natural. II - Direito positivo é aquele que não implica nenhum tipo de punição. III - O Direito Natural divide-se em Público e Privado. IV - O Direito Nacional Privado zela pela relação entre particulares. Assinale a alternativa correta: a) Apenas, I e II estão corretas. b) Apenas, II e III estão corretas. c) Apenas, I está correta. d) Apenas, II, III e IV estão corretas. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 32 aprimore-se DIREITO IMOBILIÁRIO O conhecimento sobre direito imobiliário está cada vez mais em pauta, em razão, so- bretudo, da grande expansão do mercado imobiliário ocorrida nos últimos anos. No- vos instrumentos de investimentos imobiliários foram os grandes propulsores do cres- cimento do setor. O velho e bom investimento em tijolo foi substituído por papéis de emissão das grandes construtoras, o que deu mais agilidade nos negócios imobiliários. Recentemente, passamos por uma grave crise econômica mundial, que teve como origem a fragilidade do sistema imobiliário americano. Apesar de ter sido o vilão da vez nos Estados Unidos, o mercado imobiliário funciona aqui no Brasil como um forte sustentáculo de nossa economia, sendo um dos primeiros setores a sofrer a intervenção do Estado em momentos de crise. Por essa razão, as questões imobiliárias permeiam o cotidiano das pessoas, tan- to para o cidadão comum, na busca do sonho pela casa própria bem como nos simples contratos de locação de seu apartamento ou de seu ponto comercial, como para o grande investidor, seja adquirido imóveis, diretamente, para a realização de grandes empreendimentos imobiliários, seja investindo em papéis - fundos de in- vestimentos imobiliários, certificados de recebíveis imobiliários, entre outros. Dessa forma, Direito imobiliário dirige-se a todos os profissionais que atuam no mercado imobiliário, visando proporcionar uma maior compreensão dos institutos e temas tão presentes em nossas vidas. Fonte: Höhn e Batisda (2014, p.19). 33 eu recomendo! Manual de Direito Público & Privado Autor: Maximilianus C. A. Führer e Édis Milaré Editora: Revista dos Tribunais Sinopse: trata-se de verdadeiro guia dos distintos aspectos do universo do Direito para aqueles que procuram iniciação nos estudos jurídicos, nas faculdades de Direito e outras em que se lecione a cadeira de Direito Aplicado (Economia, Administração, Engenharia, Comunicações etc.). livro 2 PESSOAS E BENS PROFESSORA Esp. Claudete Cristina Iwata PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Pessoas Físicas • Pessoas Jurídicas • Da sucessão • Bens Imóveis e outros tipos de bens. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Estudar a capacidade das pessoas físicas • Compreender os tipos de pessoa jurídica • Analisar os as- pectos da sucessão • Identificar os Ramos do Direito. INTRODUÇÃO Pessoas e bens são os elementos principais do exercício da profissão de ges- tor imobiliário. Todo processo da negociação deve ser realizado segundo as normas jurídicas, por esse motivo, estudaremos, inicialmente, a definição de pessoas, no Direito Imobiliário, essas se dividem em físicas e jurídicas. Em relação às pessoas físicas, observaremos algumas perguntas, como: uma pessoa menor de 18 anos pode comprar ou vender um imóvel? O que fazer para vender um imóvel de um casal, quando o marido se encontra em local incerto e não sabido? Um idoso, que não consegue mais expressar, espontaneamente, a sua vontade, precisa de autorização para vender seu imóvel? As pessoas físicas seguem o curso da natureza humana: nascem, cres- cem, reproduzem-se e morrem. Para cada processo da evolução humana existem aspectos jurídicos a serem tratados e aprendidos. No caso da su- cessão, imagine um casal que tem doze filhos, e o marido vem a falecer. Dos doze filhos, dez são casados, sendo dois falecidos (estes deixaram filhos), e dois solteiros. Um dos filhos solteiros procura os seus préstimos para avaliar e, posteriormente, vender os cinco imóveis deixados como heran- ça. Você fica tão feliz com a possibilidade de angariar os imóveis que nem presta atenção na questão de sucessão que envolve o caso. Quando solicita a documentação do proprietário que é o filho solteiro, percebe que existem, além dele, vários proprietários que são, também, herdeiros e possuem o mesmo direito. Você pergunta se a documentação está correta e pronta para a venda, e o cliente diz que sim, pois todos concordam com a venda, só falta fazer o inventário. Na verdade, falta todo o processo do inventário. Todavia não se preocupe, após o estudo desta unidade, você perceberá que para todos os problemas existem soluções, o importante é saber quais serão os caminhos possíveis a serem adotados. Da mesma forma, em rela- ção às pessoas jurídicas, aprenderemos a classificação e a importância que tem este conhecimento para o desempenho da nossa profissão. U N ID A D E 2 36 1 PESSOAS FÍSICAS O livro “Das pessoas” é o primeiro que compõe a Lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002, também, conhecida como Código Civil Brasileiro (BRASIL, 2002). Nela, es- tabeleceu-seque toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil, seja a pessoa uma criança de dois anos seja um idoso de 100 anos, doente sem conseguir expressar a sua vontade, este terá, sempre, seus direitos e deveres garantidos por lei. Para efeitos legais, a personalidade civil da pessoa inicia-se a partir do nasci- mento com vida. Ao nascer, a pessoa recebe o registro de nascimento, pode obter a sua Carteira de Identidade e, também, o Cadastro de Pessoa Física (CPF). A lei, também, garante, desde o momento da concepção, os direitos de quem, ainda, está em gestação e não nasceu. Em termos jurídicos, é denominado nascituro, possui direitos, mas, ainda, não tem personalidade civil. Assim, quando você ouvir falar que uma criança, ainda, não nasceu, mas busca salvaguardar seu direito à pensão alimentícia, por meio de ação judicial, pode acreditar que a informação procede, por ter base jurídica. As pessoas físicas são classificadas em: pessoas, absolutamente, incapazes, relativamente capazes e capazes de exercer, pessoalmente, os atos da vida civil, mas atenção, essa classificação é para o “exercício pessoal” dos atos da vida civil, diz respeito ao menino com um ano de idade que não pode, pessoalmen- te e por si só, assinar uma Escritura de Compra e Venda, mas pode realizar a negociação, legalmente representada. Igualmente, uma mulher acamada e U N IC ES U M A R 37 impossibilitada de se movimentar sozinha, ou compreender uma situação, tem o direito de recebimento de uma pensão, também, representada por uma pessoa, legalmente, instituída para tal. Nos termos da lei, são consideradas pessoas absolutamente incapazes de exercer, pessoalmente, os atos da vida civil os menores de dezesseis anos. São consideradas pessoas relativamente incapazes a certos atos ou à maneira de exercer, os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, os ébrios habituais e os viciados em tóxico. Nesse caso, o cuidado do legislador vem no sentido de salvaguardar direitos e obrigações do relativamente incapaz. Certamente, você já ouviu falar de pessoas que, por estarem sob efeito de bebida alcoólica ou tóxico, perdem dinheiro, assinam documentos, vendem ou doam bens, por não estarem no completo domínio de suas funções. Para evitar a perda do seu patrimônio, são consideradas como relativamente incapazes, por meio de ação competente, ins- tituindo um curador que os representem. Desse modo, os pródigos, aqueles que gastam e/ou dilapidam o seu patrimônio de forma imoderada e descontrolada, também, são considerados, por lei, relativamente incapazes. Em suma, são consideradas relativamente incapazes as pessoas que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. Por exemplo, uma pessoa está em coma, em razão de um acidente de trânsito, e precisa de dinheiro para pagar o tratamento, necessita, desse modo, vender um imóvel. A lei, por sua vez, permite, por meio do processo legal, que a pessoa seja declarada relativamente incapaz por causa transitória (se o tratamento for bem-sucedido, a pessoa pode melhorar e sair do estado de coma), e, por conseguinte, representada por um curador até o problema ser solucionado. Da mesma forma, acontece, entretanto, se a causa for permanente. Anterior à Lei 10.406/2002, a menoridade cessava aos vinte e um anos. Histo- ricamente, as meninas comemoravam os quinze anos como marco da transição de menina para mulher, e os homens, os vinte e um anos, quando passavam a ser considerados capazes de exercer, pessoalmente, os atos da vida civil. Com o advindo da referida lei, a menoridade passou a cessar aos dezoito anos completos. Para os termos da lei, é muito importante prestar atenção em datas e prazos. Ao serem realizados atos, antes ou depois dos prazos estabelecidos em lei, podem ser considerados nulos ou anuláveis. Desse modo, chamo a sua atenção para se manter, sempre, atualizado(a) e bem informado(a) sobre as questões relativas ao Direito Imobiliário. O(a) profissional que ingressou no mercado há anos e acha que não precisa mais U N ID A D E 2 38 estudar, porque já sabe tudo, ao pensar dessa forma, está ultrapassado(a). A sociedade, constantemente, evolui e se transforma, da mesma forma, seguem as leis. Ao compreendermos as normas jurídicas aplicáveis ao exercício de nossa profissão, aumentamos, assim, significativamente, nossas possibilidades de obter êxito no fechamento de bons negócios. Existem situações, todavia, em que cessará, para os menores, a incapacidade antes de completarem dezoito anos: a) Pela concessão dos pais ou de apenas um deles, na falta do outro. Refere- -se à emancipação, feita por instrumento público, por meio de Escritura Pública no Tabelionato de Notas. Depois de lavrada, deve ser levada à registro no Cartório de Registro Civil. Caso o menor tenha dezesseis anos completos e for órfão dos pais, também, pode ser emancipado, mas para isso o tutor (responsável legal) será ouvido pelo juiz e precisará de uma homologação judicial, o que não pode ser feito no tabelionato de notas. b) Pelo casamento. Se o menor se casar, cessará, automaticamente, a menori- dade. A certidão de casamento é o documento que legitima a maioridade. c) Pelo exercício de emprego público efetivo. d) Pela colação de grau em curso de Ensino Superior. e) Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego. Em ambos os casos, o importante é que o menor consiga obter economia própria, manter-se por si a sua subsistência. Conforme Art. 5º do Código Civil Brasileiro. Vale salientar, neste momento, que são considerados, absolutamente, incapazes de exercer, pessoalmente, os atos da vida civil os menores de dezesseis anos, con- forme o Art. 3º, do Código Civil. Estudamos que a personalidade civil da pessoa se inicia a partir do nasci- mento com vida, logo, termina com a morte. Existe a necessidade do registro de nascimento para atestar a personalidade civil, da mesma forma, é preciso que se ateste, também, o final da vida com o respectivo atestado de óbito. Para que se possa transacionar um imóvel, propriedade de uma pessoa falecida, é preciso que o trâmite sucessório comece com a apresentação da certidão de óbito. Finalmente, para encerrar a abordagem do tema capacidade, interessa-nos des- tacar algumas informações sobre registro e averbação. Observe que nascimentos, casamentos, óbitos, emancipação, interdição, ausência e morte presumida deverão U N IC ES U M A R 39 ser registrados em registro público, em contrapartida, observe o Artigo a seguir: “ Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do ca-samento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhe- cerem a filiação (BRASIL, 2002). Ao atender o cliente, não basta a declaração verbal de que é casado, divorciado ou separado, por exemplo, é preciso que ele apresente todos os documentos com- probatórios do estado civil, sob pena de consequências jurídicas. Nos casos abordados até agora, a pessoa estava presente: o capaz, o relativamente capaz e o absolutamente incapaz, mas existem situações em que o capaz, por exem- plo, simplesmente desaparece. Houve um caso, exemplifico, em que uma cliente me procurou para vender um imóvel de propriedade sua e dos irmãos, mas um irmão estava no Japão, a trabalho. Ele deixou a esposa e os filhos, no Brasil. Passado algum tempo, a família sentiu que ele não mandava mais notícias. Começaram a procurar por informações, sem sucesso. O tempo passou, e não souberam notícias dele. Então, a família ingressou uma ação judicial, solicitando a declaração de ausência. O juiz concedeu o pedido e nomeou um curador (representante legal do ausente). De acordo com a lei, pode ser nomeado curador o cônjuge do ausente, desde que não esteja separado, judicialmente ou separado de fato, por mais de dois anos, antes da declaraçãode ausência. Na falta do cônjuge, serão curadores os pais, na falta deles, os descendentes e, se o ausente não tiver nenhuma dessas pessoas que possam atuar como curadores, ao juiz compete escolher um curador, pensando, sempre, em proteger os interesses do ausente. Para concluir o caso da minha cliente, não tive dificuldade em vender o imóvel da família, porque o irmão já havia sido declarado ausente e já era representado, legalmente, por um curador. Sem dúvida nenhuma, para todas essas questões que requerem profundo conhecimento jurídico, é necessário que estejamos, sempre, amparados pelos conhecimentos de um advogado de nossa confiança, mas se tivermos o conheci- mento básico de Direito Imobiliário, podemos adiantar os trâmites documentais e tornar a operação imobiliária mais rápida e segura. U N ID A D E 2 40 2 PESSOAS JURÍDICAS Pessoas jurídicas referem-se às empresas, como as que conhecemos e lidamos no dia a dia. A Unicesumar é uma pessoa jurídica, as construtoras são pessoas jurídi- cas, a papelaria é uma pessoa jurídica, como também a escola de inglês e a própria imobiliária. Para Rios e Rios Júnior (2010), “as pessoas jurídicas são assim consi- deradas por uma ficção do direito. A pessoa jurídica ou as entidades jurídicas têm a sua personalidade dada pela lei a fim de facilitar a vida negocial. Iniciam-se pelo registro peculiar”. O Código Civil (BRASIL, 2002, on-line), por sua vez, define: “ Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de 2005) U N IC ES U M A R 41 V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu fun- cionamento, pelas normas deste Código. Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regres- sivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações; IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) V - os partidos políticos; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) (Vigência) § 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) § 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) U N ID A D E 2 42 § 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) Como a personalidade civil das pessoas físicas inicia-se no nascimento com vida, a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, que declarará, conforme a lei, a denominação, os fins a que se destina, a sede, o tempo de duração e o fundo social, se for o caso, o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores da pessoa jurídica e dos diretores. A pessoa jurídica precisa apresentar, ainda, além de outras informações, o modo como se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudi- cialmente. Portanto, quando estiver em alguma operação imobiliária, envolvendo uma pessoa jurídica de direito privado, é muito importante que leia o contrato social, nele, estará declarado quem é o representante legal da empresa, sendo crucial a assinatura dele nos documentos para validar o ato. Se a constituição da empresa constar declaração de que é reformável, no to- cante à administração e de que modo pode ocorrer, é possível que haja mudan- ça quanto ao responsável legal, por esse motivo, solicita-se o contrato social e a última alteração. Como prevê o Código Penal, em seu Art. 46, “os membros respondem ou não subsidiariamente, pelas obrigações sociais; as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso” (BRASIL, 2002, on-line). Se os administradores possuírem poder para tomadas de decisão, definido no ato de constituição da empresa, fica, legalmente, obrigada à pessoa jurídica. A lei, contudo, separam-nos, não se confunde, portanto, a pessoa jurídica com seus sócios, associados, instituidores ou administradores. O conhecimento das leis aplicáveis às pessoas jurídicas é interessante para o atendimento ao cliente bem como para você e todos os colegas que pretendem constituir uma pessoa jurídica com sócios ou associados, por exemplo. Observe o Artigo a seguir: “ Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracteriza-do pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos U N IC ES U M A R 43 bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contrapres- tações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (In- cluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsi- deração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa ju- rídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) (BRASIL, 2002, on-line) Se, no decorrer da existência da pessoa jurídica, em uma imobiliária, por exem- plo, acontecer o abuso de personalidade jurídica com desvio de finalidade, ou confusão patrimonial, a pessoa que se sentir prejudicada pode solicitar ao juiz que intervenha no processo para que os bens particulares dos administradores ou sócios beneficiados respondam, direta ou indiretamente, pelo abuso praticado. U N ID A D E 2 44 As associações, conforme vimos, também, são consideradas pessoas jurídicas de direito privado. Elas são constituídas pelaunião de pessoas que decidem se organizar para fins não econômicos. Existem, espalhadas pelo Brasil, inúmeras associações de empresas do ramo imobiliário que se unem com o objetivo de fortalecer sua atuação no mercado, por meio de cursos para os colaboradores, feiras e exposição de imóveis, ações de publicidade e propaganda, contratação de treinamentos e outros benefícios, advindos da representatividade de cada um, que, somados, possibilitam estratégias mais ousadas. Nas associações, de acordo com a lei, não existem direitos e obrigações re- cíprocos. Para sua constituição, terá um estatuto e nele deverá conter a deno- minação, os fins a que se destina, a sede da associação, que é o local, endereço utilizado para a associação, os requisitos para admissão, demissão ou exclusão de associados, os direitos e deveres, como será constituída, a forma de funciona- mento dos órgãos deliberativos, a maneira como serão obtidos os recursos para a manutenção, entre outros itens. Conheço várias associações que são muito eficientes, e o resultado é muito além do esperado para os associados e colaboradores, a sociedade e o mercado imobiliário da região como um todo. U N IC ES U M A R 45 As fundações, por sua vez, serão criadas pelo seu instituidor. Este deverá fazer, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especifican- do como fim assistência social, cultura, defesa ou conservação de patrimônio histórico e artístico, educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, defesa e preservação e conservação do meio ambiente, pesquisa científica, promoção da ética e cidadania, atividades religiosas, entre outros. Também, poderá declarar a forma como será administrada. Existem várias fundações famosas, lembre-se, porém, que elas somente po- dem ser constituídas para as seguintes finalidades: “ Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artísti- co; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promo- ção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternati- vas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) U N ID A D E 2 46 IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) (BRA- SIL, 2002, on-line) De acordo com Führer (2005, p. 229, itálicos do original), “ A fundação, por sua vez, é a organização de um patrimô-nio destacado pelo instituidor com uma finalidade. A funda- ção pode ser criada por escri- tura pública ou testamento, devendo o instituidor doar os meios necessários e espe- cificar o fim a que se destina e a maneira de administrá-la. Para muitos autores, as funda- ções públicas são uma espécie de autarquia. Em todas as operações imobiliárias para as quais somos habilitados a exercer, a pessoa jurídica pode ocupar qualquer um dos polos, como incorporadora, loteadora, administrado- ra de locação, locadora, locatária, compradora e vendedora. O importante é termos conheci- mento de que para todos os casos, o documento que institui e legitima a pessoa jurídica deve ser solicitado e, em casos de dúvida, consulte o seu parceiro advogado ou contador. U N IC ES U M A R 47 Os imóveis são nossos objetos de trabalho, por isso, angariar ou captar um imóvel é tão importante. Na maior parte das vezes, o cliente procura nos para vender, alugar, trocar, incorporar o imóvel de sua propriedade, todavia ocorre, também, a possibilidade de a pessoa tornar-se proprietária de um imóvel, em razão da morte do pai ou da mãe, por exemplo. Isso se dá porque os bens transmitem-se por sucessão; passam, em tese, de pai/mãe para filho(a). Para Führer (2005, p. 289), “ [...] a sucessão abre-se no momento da morte do autor de herança. A propriedade e a posse dos bens deixados pertencem, desde logo, aos herdeiros legítimos ou testamentários. Mas há que se proceder ao inventário, para se verificar o que foi deixado e o que foi transmitido. Dessa forma, por falta de informação, o cliente procura nos dizendo-nos que her- dou um imóvel e quer colocá-lo à venda, desconhece, porém, que há necessidade prévia de legitimar a propriedade, ou seja, proceder o inventário. É interessante termos noção sobre o direito sucessório para que possamos imprimir velocidade e praticidade nas negociações, envolvendo imóveis desta natureza. Quando não temos ideia do que está por vir, atendemos o cliente, na ânsia de angariar e, posteriormente, receber a devida comissão, pulamos etapas que podem nos custar muito caro em todos os sentidos, principalmente, o desgaste emocional, porque as situações formam-se, envolvendo-nos sem percebermos. 3 DA SUCESSÃO U N ID A D E 2 48 Ocorreu, em um momento, de um corretor de imóveis que trabalhava comi- go angariar um imóvel muito bem localizado em nossa cidade e, por descuido, deixar de prestar atenção na documentação do imóvel. A cliente que o procurou era sua amiga de longa data e, ao procurá-lo para a venda do imóvel, informou que o bem era oriundo de uma herança, que o processo de inventário estava em andamento e que ela havia sido nomeada inventariante, por este motivo, detinha poderes para vender o imóvel e assinar em nome de todos os outros herdeiros. A princípio, no entanto, eram cinco irmãos: ■ A cliente. ■ Uma irmã divorciada, com duas filhas. Com essa irmã, porém, não se entendia muito bem. ■ Um irmão solteiro, que residia em Portugal a trabalho. Esse, todavia, não dava notícias, por isso, passado o tempo, legalmente estipulado, foi decla- rado judicialmente ausente. ■ Um irmão falecido que deixou um casal de filhos. Estes o representam, porém, não gostavam da inventariante. ■ Uma irmã solteira com a qual tinha grande afinidade. O corretor de imóveis que chamaremos de Lucas, para facilitar a compreensão, com base nas informações prestadas, preencheu a Opção de venda e anunciou no site da nossa imobiliária e em sites de venda. Logo, na primeira semana, recebeu uma ligação de uma das sobrinhas da cliente dizendo que não concordava com o valor, e que a cliente não os representava. A cliente falou com a irmã com quem se dava bem e marcaram uma reunião no escritório do advogado que conduzia o inventário para que ele prestasse esclarecimentos e explicasse para Lucas como estava o andamento do processo. Nessa reunião, as irmãs se desentenderam com o advogado. Enfim, foi uma aula para o Lucas e para todos nós da empresa, porque ele havia conseguido um cliente interessado em comprar o imóvel, mas precisava concluir o inventário e ter a anuência de todos os herdeiros. Passaram-se quase três anos até que fosse tudo concluído. Nesse lapso de tempo, houve muito desgaste emocional. É incrível, mas tenho a impressão de que há formato pronto para os herdeiros, porque tem sempre o mais difícil (não concorda com nada), o emocional (fica abalado com qualquer acontecimento), o que precisa muito de dinheiro (pressiona muito para a conclusão do negócio), o abastado (tem dinheiro e, por isso, não se importa para a necessidade dos ir- U N IC ES
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