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Nathália Santana Rodrigues Sistemas Orgânicos Integrados III Síndrome de Marfan Objetivos: 1. Compreender a fisiopatologia da Síndrome de Marfan (sistema cardiovascular). 2. Descrever a sintomatologia e diagnóstico da síndrome de Marfan. 3. Analisar o tratamento dessa síndrome. Definição Doença dos tecidos conjuntivos de caráter genético: 70 a 85% dos casos – herança autossômica dominante – familiar; Restante surge mediante novas mutações. Fisiologia Fibrilina: é o principal componente de microfibrilas encontradas na matriz extracelular. Esses componentes são um suporte sobre os quais a tropoelastina é depositada para formar as fibras elásticas, essas permitem aos tecidos a capacidade de se deformar e voltar ao normal depois. As fibras elásticas consistem de um núcleo associada a uma malha entrecruzada composta de fibrilina; Microfibrilas mais abundantes na aorta, ligamentos e nas zônulas ciliares que sustentam o cristalino; Microfibrilinas normais sequestram esse TGF-beta. Tem duas formas: Fibrilina-1: codificada pelo gene FBN1. Fibrilina-2: codificada pelo gene FBN2 – mutações menos comuns e não se relacionam a essa síndrome. Fisiopatologia Defeito herdado na glicoproteína extracelular fibrilina-1. Existem dois mecanismos pelos quais esse defeito leva a essa síndrome e suas manifestações clinicas: Mutações no gene FBN1: Mais de 600 tipos foram observadas maioria dava origem à uma fibrilina-1 anormal inibição da polimerização de fibras de fibrilina quando tem uma redução de fibrilina abaixo de um certo limiar enfraquece o tecido conjuntivo. Excessiva ativação da sinalização de fator transformante do crescimento-beta (TGF-beta): Efeitos deletérios sobre o ML vascular; Aumento da atividade das metaloproteases levando a perda da matriz extracelular. Lesões cardiovasculares Valvas Perda do suporte de tecido conjuntivo nas válvulas da valva mitral valvas macias e alargadas = flacidez aumento do comprimento das cordoalhas tendíneas = regurgitação mitral, se em um alto grau pode levar ao prolapso da valva mitral e ICC (menos comum). Alterações parecidas pode acometer a valva tricúspide e raramente a aórtica. Aorta Nathália Santana Rodrigues Sistemas Orgânicos Integrados III Predisposição a dilatação aneurismática e dissecção aórtica pela fragmentação das fibras elásticas na túnica média– medionecrose cística, ocorre também com o envelhecimento e na HAS. Medioecrose cística (acúmulo de substância basofílica na camada média) perda da túnica média dilatação progressiva do anel da valva aórtica e da raiz da aorta insuficiência aórtica; A excessiva sinalização do fator TGF-beta na túnica adventícia pode também leva a dilatação. O enfraquecimento da média predispõe a ruptura da íntima, a qual pode começar um hematoma intramural que cliva as camadas da túnica média – dissecção aórtica (causa mais comum de morte). Achados clínicos Existe uma variação na expressão clínica e alguns pacientes podem exibir mais um tipo de achados que outros. Sistema esquelético Corpo longo e fino, com membros excepcionalmente longos e dedos compridos e afilados, às vezes chamados de dedos de aranha ou aracnodatilia; Articulações hiperextensíveis; Deformações espinais podem estar presentes; Tórax deformado: Alterações oculares A mais marcante é a subluxação/deslocamento bilateral do cristalino – ectopia da lente. Quando você vê já deve suspeitar dessa síndrome. Miopia e predisposição ao descolamento de retina também são comuns, resultantes do aumento do globo ocular devido a alterações no tecido conjuntivo que dá suporte às estruturas oculares. Sistema cardiovascular Valvas Regurgitação mitral, se em um alto grau pode levar ao prolapso da valva mitral e ICC. Aorta Dilatação aneurismática e dissecção aórtica; Insuficiência aórtica. Diagnóstico Nathália Santana Rodrigues Sistemas Orgânicos Integrados III O diagnóstico da Síndrome de Marfan é primariamente clínico: Aparência física e as características clínicas dos pacientes; História familiar dessa síndrome. Suspeita clínica é complementada pela investigação médica por meio de alguns exames: Ecocardiograma – detecção de lesões cardiovasculares; tomografia computadorizada; ressonância magnética. Exame de lâmpada de fenda, que verifica se há deslocamento de retina ou presença de outras condições oculares, como catarata ou luxação do cristalino Teste de pressão ocular – se há ou não presença de glaucoma. Testes genéticos. Tratamento Objetivo é evitar complicações e/ou reparar as anomalias antes do surgimento de complicações. Betabloqueadores – redução da FC, consequentemente da PA. Cirurgias: Reparo cirúrgico da aorta e das válvulas; Cirurgia para reparar a curvatura da coluna e as deformidades do tórax; Para correção do deslocamento do cristalino ou da retina.