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Mutações pontuais e reparo do dna Os nucleotídeos são as sequências estruturais que formam o DNA. Os principais tipos de mutações mutuais são: por substituição (SNPs) ou por inserção/deleção (indels). Na deleção, como ocorrerá a leitura? A leitura continuará, mas com novos códons, uma vez que o nucleotídeo seguinte do que foi removido será lido na trinca modificada. Assim, todos os códons a partir do ponto de mutação serão mudados. Ou seja, sempre nas mutações indels a matriz de leitura é modificada, modifica a forma como as sequências são lidas. As substituições ainda possuem subclassificações: transições (quando você substitui uma base por outra do mesmo grupo) e transversões (substituição de bases de grupos diferentes). As purinas possuem dois anéis aromáticos, enquanto as pirimidinas possuem apenas um. Macete: “a água é pura” → A G = PURINAS Consequências das mutações pontuais--------------- Podemos dizer quais são as consequências? Depende do local onde a mutação acontece. Nós temos regiões do DNA com capacidade de codificação (éxons) e outras sem essa capacidade (íntrons) e ambas podem sofrer uma mutação. As regiões não codificantes podem ou não afetar o indivíduo, uma vez que, apesar de não formarem proteínas (sabendo que não são traduzidas), possuem algumas funções regulatórias ou produzem RNA funcionais. Na região codificante é mais provável ter um problema, visto que produzirá uma proteína. Determinar os efeitos de uma mutação nessa área é mais fácil, desde que são sejam mutações silenciosas. Classificações a cerca dos efeitos: – Mutações silenciosas/sinônimas: alteram um códon de um aminoácido por outro códon do mesmo. Como acontece? Pode ser que, apesar de ocorrer a mutação, pelo fato do código genético ser degenerado, o aminoácido codificado permanecer o mesmo. – Mutações não-sinônimas (missense)/sentido trocado: o códon para um aminoácido é trocado por um códon para outro aminoácido. Como assim conservativa e não conservativa? A mutação conservativa é quando ocorre uma substituição de um aminoácido por outro do mesmo grupo bioquímico. Enquanto a não conservativa troca por um grupo bioquímico diferente. Mutações pontuais e reparo do dna Então vai ter “menos problema” se for conservativa? Depende da função da proteína. Como uma proteína de canal iônico seleciona os seus íons? Tamanho e carga. Assim, caso a proteína tenha essa mesma função, não gerará um efeito tão deletério, sendo uma troca de aminoácidos com a mesma característica. Caso ela seja uma proteína enzimática, o formato não será mais apropriado para o encaixe no substrato, podendo apresentar algum problema. – Mutações sem sentido (nonsense): o códon para um aminoácido é trocado por um códon de término (stop códon) [UAG; UGA; UAA]. Quanto mais próximo da região 3´, menor o impacto na função ou estrutura da proteína. A proteína ficará menor do que ela deveria ser. E essa proteína será funcional? Depende. Existem proteínas que funcionam com um tamanho menor do que elas deveriam ter. Quanto mais próximo da região 3´, menor o impacto na função ou estrutura da proteína, uma vez que estará mais perto do local que ele deveria terminar. Quando a proteína não consegue funcionar, o próprio organismo identificar e manda um proteassomo para digerir essa proteína, a qual é denominada (proteína truncada). Assim, quanto menor a proteína, maior a probabilidade do impacto. As mutações nem sempre gerarão problemas ou funções deletérias, uma vez que elas também são fonte de geração de diversidade, variabilidade genética, novas proteínas. – Mutações de matriz de leitura (frameshift): a adição ou deleção de um único par de bases na sequência muda a matriz de leitura no processo de tradução. É possível determinar os efeitos das mutações genicas das regiões não Mutações pontuais e reparo do dna codificantes? Às vezes sim. Inclusive, a maior parte das mutações ocorrem nessa região, uma vez que ela ocupa a maior parte do nosso material genético (aproximadamente 97%). Apesar de não gerarem proteínas, elas podem controlar a expressão das regiões codificantes [que geram proteínas]. Assim, as regiões não codantes podem perturbar ou criar sítios de ligação para os fatores envolvidos na transcrição. O controle da expressão fará que você tenha o aumento ou a diminuição do número de proteínas. Então, por exemplo, você tinha uma concentração 20x de um produto e, por causa da mutação, passou a ter 5x do produto. É assim que pode avaliar os efeitos das mutações nas regiões não codificantes, ou seja, de maneira quantitativa. Como surgem as mutações no DNA? Espontâneas (surgem a partir dos próprios processos celulares) x induzidas (a partir da exposição da célula a elementos físicos, químicos ou biológicos do meio). As mutações possuem ocorrência aleatória (não há um ponto de preferência para que aconteça) e podem ser evitadas ou reparadas. Origem das mutações no DNA Mutações espontâneas: o nosso próprio corpo produz substâncias nocivas para o nosso material genético. Assim, os nucleotídeos podem ser atacados por radicais de oxigênio, por exemplo, prejudicando a polimerase no processo de replicação. Ou seja, o DNA pode ser prejudicado em seu próprio ambiente celular. Isso acontece, majoritariamente, no processo de replicação, quando o DNA está descompactado. Desde os procariotos se tem um mecanismo de reparo. E, hoje, o nosso principal mecanismo é o desenvolvido pela DNA polimerase. Ela vai no sentido 3´→ 5´ a fim de conferir erros, sendo uma atividade denominada exonucleasica. As glicosilases atuam nesse processo quando há grandes trechos de DNA que precisam ser reparados. No entanto, a polimerase pode ser induzida ao erro em processos como, por exemplo, o de depurinação. O que é isso? O nucleotídeo é formado por uma pentose, um fosfato e uma base nitrogenada. E, quando ocorre uma ruptura da ligação glicosídica entre a pentose e a base nitrogenada das purinas, resulta na depurinação. Assim, o fosfato e a pentose são chamados de sítios apurínicos, sendo perigosos para o processo de replicação porque podem induzir a polimerase ao erro, fazendo com que ela coloque uma Mutações pontuais e reparo do dna estrutura que não possui a base nitrogenada. Para evitar isso, enzimas identificam esses sítios apurínicos, durante o mecanismo de reparo, e removem eles da célula, substituindo-os por outros nucleotídeos completos. Observação: a depurinação é uma mecanismo espontâneo, ele não está relacionado a uma patologia específica. Uma célula de mamífero perde espontaneamente cerca de 10.000 purinas de seu DNA em um ciclo celular. Se isso não fosse reparado, as consequências seriam graves. Porém, existem um mecanismo de reparo eficiente. Outro mecanismo espontâneo importante é a desaminação, ou seja, a remoção do grupamento amina. A citosina possui um grupamento amina e ela, ao sofrer essa desaminação, é transformada em uma uracila. Assim, pode induzir um pareamento errôneo, adicionando uma uracila estrutura de DNA. Os danos no DNA podem ser oriundos também do estresse oxidativo, provocados pelo próprio ambiente celular no processo de respiração, o qual formam radicais de hidrogênio tóxicos para os ácidos nucleicos. Existem algumas substâncias também que podem ser formadas no ambiente e serem muito similares as bases nitrogenadas e, então, a polimerase identificar essas moléculas como bases e adicioná-las ao nosso DNA. Existem produtos formados após o DNA ser atacado por radicais do oxigênio, formando danos oxidativos e isso induz o pareamento errôneo. Ex.: 8-Oxo-7- hidrodesoxiguanosina. Mutações induzidas: Essa mutação depende de fatores externos. Os principais grupos de agentes mutagênicos são: físicos (radiação, temperatura), químicos (substâncias que estamos em contato no nosso dia a dia que podem serem tóxicos), biológicos (vírus, bactérias).A indução pode ser proposital ou não proposital. Mecanismos pelos quais eles induzem a mutação: podem substituir uma base na sequência do DNA (análogos de base); podem alterar a composição química de uma base (pareamento errôneo); ou podem danificar uma base de modo que ela não faça mais pareamentos. Mutações pontuais e reparo do dna Os análogos de base podem simular uma base nitrogenada. Ex: análogo da timina (isoformas) – 5-bromouracil (keto form) e 5- bromouracil (enol form). Em laboratório pode modificar a base por meio de mecanismos de protonação, transformando, por exemplo, timina em citosina. Agentes alquilantes também podem transformar as bases. No exemplo da imagem, a guanina sofre aquilação transformando a base em uma O-6- Etilguanina, induzindo um pareamento errado. Pensando no mecanismo de reparo, as alquiltransferases são enzimas que revertem o mau pareamento induzido pela adição de um grupo alquil na base nitrogenada. Assim, a base restaurada volta à posição normal. O brometo de etídio é um agente químico que identifica o DNA, se intercalando nele, sendo muito utilizado na biotecnologia como corante. No entanto, ele se liga com muita avidez, bloqueando a base nitrogenada e, portanto, o processo de replicação. Agentes podem causar danos às bases, danificando elas e impedindo, assim, pareamentos específicos (bloqueia a replicação). Esse processo é muito utilizado na esterilização de materiais cirúrgicos. Ex: calor, radiação. Analisando o reparo de mutações causadas da radiação ultravioleta, esse processo pode ser realizado pela enzima fotoliase, a qual quebra a ligação realizada pelas pirimidinas, liberando o DNA para a polimerase. Algumas radiações ionizantes também são preocupantes nesse sentido, uma vez que podem formar moléculas instáveis capazes de danificar o DNA, assim como pode danificar diretamente o DNA. A fibrose cística Também chamada de doença do “beijo salgado”, a fibrose cística é uma doença genética autossômica recessiva. Mutações pontuais e reparo do dna Nessa doença, há um problema em um gene que se localiza no braço longo do cromossomo 7. Esse gene é chamado CFTR, que codifica para a proteína CFTR, que é uma proteína de condutância do íon cloreto. Geralmente essa proteína se localiza nas células produtoras de muco e, por isso, essa doença também é conhecida como mucoviscosidade. Na literatura já temos cerca de 2000 mutações descritas para essa patologia. Com a proteína CFTR o muco fica bem mais hidratado e menos espesso do que uma situação sem a proteína. Por que? Porque a proteína CFTR transporta cloreto para fora da célula e, assim, ela acaba gerando a saída de água também. Quando a água sai, ela hidrata o muco. No caso da situação sem essa proteína, o cloreto e a água não saem, fazendo o muco ser muito concentrado e espesso, o que gera um biofilme propício para o acúmulo de patógenos (vírus, bactérias, …). Ou seja, pacientes com fibrose cística apresentam infecções recorrentes em nível de sistema respiratório e digestório [uma vez que são os principais sistemas com células produtoras de muco]. No entanto, depende um pouco do tipo de mutação para saber se a sintomatologia será mais grave ou branda. Possibilidades de mutação e consequências dentro dessa patologia: – Normal; – Indivíduos que não produzem ou produzem a proteína mas não é translocada para a superfície onde ela atua; – A proteína é produzida e translocada para a superfície, mas ela não é funcional; – A proteína é produzida e transportada, mas é produzida em pequena quantidade. Essa patologia pode ser identificada no teste do pezinho, no teste do suor e no teste genético. Tratamentos para essa patologia: cuidado paliativo para redução do muco utilizando enzimas, tratamentos voltados para a funcionalidade da proteína (ajudam a transportá-la, com a funcionalidade dela) por meio de medicamentos (ivacaftor - faz com que as proteínas pouco funcionais “abram o portão” para a passagem do cloreto; Lumacaftor - auxilia com o transporte), terapia gênica, etc.
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