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1 TRANSMISSÃO ZIKV RNA fita-única Flavivirus (o mesmo da dengue e da febre amarela) Em 2015 foi identificado pela primeira vez no Brasil Pelo vetor: Aedes aegypti (em regiões tropicais) e Aedes albopictus (em regiões temperadas). Transmissão vertical Transmissão sexual Transfusional Por acidente ocupacional em profissionais de laboratório. Doença aguda Manifestações clinicas ocorrem em 20% dos pacientes Inicio agudo: febre baixa, exantema pruriginoso maculopapular, artralgia (pequenas articulações), conjuntivite não purulenta Neurotropismo demonstrado in vivo e in vitro: complicações neurológicas (microcefalia congênita, síndrome de Guillain-Barré, Mielite e Meningoencefalie) 2016 – OMS declarou o vírus zika e sua complicações associadas uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional Infecção congênita associada a anomalias congênitas graves Em pacientes não gestantes e sem complicações da doença, o período de viremia costuma ser inferior a uma semana. Nas grávidas e nos doentes que evoluem com complicações (ex.: lesões neurológicas – ver adiante), a viremia pode persistir por mais tempo (10 semanas nas gestantes). Curiosamente, um estudo mostrou que o ZIKV pode ser encontrado no sêmen até 62 dias após a infecção sintomática, num momento em que o mesmo já não está mais presente no sangue. Na fase aguda da doença, a carga viral no sêmen chega a ser até 100.000 vezes mais alta que no sangue O vírus também pode ser encontrado na saliva e no leite materno, mas não está claro se o contato direto com este tipo de secreção é capaz de transmitir a doença. INTRODUÇÃO PATOGÊNESE ZIKA Vírus são colocados no mesmo grupo por: replicação, transmissão e/ou doença. Classificação Genoma (RNA, DNA, fita-s, fita-d, etc) Morfologia do virion, morfolovia do envelope Tipo de replicação viral Parentesco sorológico (sorotpios) Estrutura Sensibilidade a solventes orgânicos Sequencia de nucleotídeos Parentesco antigênico Tipos de genoma ARBOVIROSES: Vírus de família diferentes, que têm em comum a transmissão (artrópodes) e a sintomatologia. Habitat natural: áreas de clima temperado e tropical (a maioria, não exclusivamente) Grupos virais: togavirus, buniavirus, reovirus, arenavirus, filovirus, flavivírus 100 são patógenos ao homem 2 TRANSMISSÃO VERTICAL E MICROCEFALIA Período de incubação: 2-14 dias A maioria dos infectados (cerca de 80%) não desenvolve sintomas Doença febril aguda autolimitada, com duração entre 2-7 dias, de evolução branda Sintomas comuns: Febre baixa (37,8-38,5ºC), fadiga, exantema maculopapular pruriginoso e hiperemia conjuntival (conjuntivite não purulenta*) *mas pode ser purulenta se fizer infecção bacteriana secundária Outras queixas: cefaleia, dor retro-orbital, mialgia, artralgia (predominando nas pequenas articulações das mãos e pés), dor abdominal, diarreia, vômitos, dor de garganta, tosse e úlceras mucosas Alguns pacientes persistem com artralgia por até um mês após o término da fase aguda. Complicações neurológicas são raras, mas podem levar ao óbito. Crianças e gestantes saudáveis que adquirem zika após o nascimento apresentam curso clínico semelhante ao dos adultos. A viremia persistente na gestação está fortemente associada à transmissão vertical e suas complicações. O ZIKV consegue invadir e se proliferar na placenta (principalmente em macrófagos placentários), local onde ele ficaria “protegido” do sistema imune do hospedeiro. Há risco de transmissão vertical durante toda a gravidez e em mães sintomáticas e assintomáticas Maior risco de sequelas fetais/neonatais graves no 1º e 2º trimestre Risco no 3º trimestre de causar anormalidades neurológicas que se manifestem mais tarde na infância Taxa de transmissão vertical e a taxa na qual fetos infectados manifesta complicações são desconhecidas Não é porque a mãe teve infecção por zikv na gravidez que obrigatoriamente o bb terá microcefalia A criança pode nascer sem anormalidade anatômica e ter zika com manifestação neurológica tardia Somatório de dano fetal direto + dano placentário A MICROCEFALIA Relação identificada pela Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco ZIKAV é capaz de cruzar a barreira placentária e invadir e destruir neurônios primitivos do SNC em formação, impedindo a migração e diferenciação dessas células de modo a prejudicar o crescimento e desenvolvimento do tecido cerebral. O resultado final é um encéfalo pequeno e malformado, o que se expressa clinicamente através da microcefalia Microcefalia = Perímetro Cefálico (PC) mais de dois desvios padrões abaixo da média para a idade e sexo (CDC = PC < 3º percentil) o Um PC mais de 3 desvios padrões abaixo da média caracteriza a microcefalia como “grave”. o Para crianças nascidas a termo (37-42 semanas) é um PC ≤ 32 cm (31,9 meninos e 31,5 meninas; ANTIGAMENTE era 33), aferido na primeira semana de vida (após as primeiras 24h até seis dias e 23 horas de vida). A medida do PC não é confiável nas primeiras 24h de vida em crianças nascidas de parto vaginal, em virtude do cavalgamento dos ossos cranianos, que pode gerar resultado falso-positivo SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ Acontece por um mecanismo de neurotoxicidade direta. Intervalo médio entre o início dos sintomas de zika e o surgimento da SGB: 6 dias. A maioria dos pacientes não possuía autoanticorpos antiglicolipídeos (marcadores típicos da SGB esporádica) Padrão eletroneuromiográfico: neuropatia axonal motora aguda Tudo indica que, após a infecção, a maioria dos indivíduos adquire imunidade duradoura contra a reinfecção. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS NEUROTROPISMO O vírus prefere células em desenvolvimento Isso explica a ocorrência de lesões neurológicas graves como a microcefalia congênita e outras alterações do desenvolvimento em bebês nascidos de mães que tiveram zika durante a gravidez Além de síndrome de Guillain-Barré, mielite e meningoencefalite aguda em pacientes de qualquer idade 3 PC NORMAL NÃO EXCLUI INFECÇÃO PELO ZIKV MICROCEFALIA PROPORCIONAL NÃO É CONFIRMATORIO DE nada (LACTENTES QUE TEM UM PEQUENO PC E TAMBEM PEQUENO PESO E ALTURA PARA IG – PIGs) PC NÃO DEFINE ZIKA!! Define apenas microcefalia ou não Com exceção da forma primária (microcefalia sem danos neurológicos), de um modo geral os demais casos de microcefalia se acompanham de graus variáveis de disfunção neurológica, incluindo retardo mental (> 90%), epilepsia e paralisia cerebral, além de problemas de audição e visão. A microcefalia pós-natal é aquela em que o cérebro da criança é normal ao nascimento seu crescimento acaba sendo comprometido, afetando o desenvolvimento neuropsicomotor. A microcefalia e/ou malformações do SNC já pode ser percebida durante o pré-natal, através dos exames ultrassonográficos de rotina -> A chance de tais alterações serem observadas é maior no terceiro trimestre (em geral após a 20a semana de gestação)! *A presença de microcefalia fetal não classifica a gestação como de “alto risco”, podendo o acompanhamento pré- natal ser mantido na rede básica do SUS Obs.: “Padrão de infecção congênita do SNC” O diagnóstico clinicorradiológico de provável infecção congênita quando pelo menos um sinal maior ou dois sinais menores estiverem presentes Gestantes que se enquadrarem neste grupo deverão coletar sangue e urina para a realização de RT-PCR para zika (ver adiante, em diagnóstico) além de outros exames para pesquisa de STORCH. Uma amniocentese também pode ser realizada, se disponível e aceita pela paciente, devendo os mesmos exames serem feitos no líquido amniótico... A positividadepara zika em qualquer um desses exames, afastadas outras infecções congênitas e causas não infecciosas, faz com que o caso seja classificado como “sugestivo de infecção congênita pela zika”. Quando a criança nascer, ela e sua mãe deverão ser sub metidas a uma série de exames específicos visando a confirmação diagnóstica (Tabela 5) [a profa disse que não se coleta sangue do cordão] Todo bebê com microcefalia deve ser reavaliado após o nascimento com métodos de imagem o Método de escolha: USG transfontanela (se alterada, fazer exame adicional com TC/RM) o Na microcefalia “grave” (-3 DP abaixo da média), pode-se partir direto para a TC ou RNM de crânio, já que as fontanelas são pequenas demais para garantir uma boa “janela” ultrassonográfica. Não há tratamento específico para as crianças com microcefalia congênita pela zika -> indica-se de estimulação precoce e medidas específicas de suporte POSSÍVEIS ALTERAÇÕES VISTAS NA USG o Crânio colapsado o Sobreposição de suturas e dobras cutâneas o Herniação intracraniana da gordura orbitária e presença de trombose na confluência dos seis o Calcificações intracranianas 2º ou 3º trimestre (junção das substancias branca/cinzenta) o Outros achados: anatomia irregular do crânio, ventriculomegalia, calcificações parenquimatosas, lesões císticas, aderências intraventriculares, disgenesia calosa ou agenesia, hipoplasia cerebelar ou disgenesia vermiana, cisterna magna alargada, desenvolvimento cortical anormal (diminuição do parênquima cerebral e aumento do LCR), artrogripose e microftalmia. ALTERAÇÕES OCULARES o Subluxação do cristalino o Atrófica macular o Lesões maculares e perimaculares com atrofia do nervo óptico QUEM DEVEMOS TESTAR PARA ZIKV?? 1. TODA gestante (STORCH + Zika) nos 1T, 2T e 3T 2. RN de mães com provas laboratoriais de infecção pelo ZIKV durante a gravidez 3. RNs com alterações ao nascer que podem ser zika (clinica, imagem, neuro, optica, etc) – mesmo com historia epidemiológica negativa 4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. rRT-PCR em soro e urina 2. ELISA IgM no soro metodologia adicional: o PRNT O PRNT pode não distinguir anticorpos maternos e infantis. Por isso, se PRNT positivo, repetir quando o lactente tiver 18 ou mais meses de vida e o IgG materno adquirido pela mãe tiver diminuído. 3. Se o LCR for disponível: testar com rRT-PCR para ZIKV e IgG anti ZIKV Amostras iniciais devem ser coletadas dentro de 2 dias do nascimento para distinguir entre infecção congênita, perinatal e pós-natal Testar o sangue do cordão não é recomendado pelo CDC Além de testar o RN, o soro materno deve ser testado com IgM anti-ZIKV e IgM anti-DENV, caso o teste não tenha sido realizado durante a gravidez Observações da profa rRT-PCR negativa não exlcui a infecção congênita: viremia transitória? Rrt-pcr negativa e IgM anti ZIKV positivo indicam provável infecção congênita Parvovirose (Eritema infeccioso) o Cursa com rash fácil “em bofetada” Rubéola o Rubéola cursa com coriza e linfadenopatia generalizada. Seu exantema sempre segue um padrão crânio-caudal de disseminação, iniciando- se pelo rosto e “descendo” pelo tronco e membros. o História de vacinação prévia afasta o diagnóstico. Sarampo o Sarampo cursa com tosse, coriza e dor de garganta, manchas de Kolplik. o História de vacinação afasta o diagnóstico Malária o Malária causa febre mais alta, com frio e calafrio, e tem mais mialgia, dor abdominal, vômitos e diarreia, além de anemia e sinais de hemólise Leptospirose o Leptospirose tem icterícia mais alaranjada (rubínica) – o resto realmente pode parecer muito com zika Streptococcus do grupo a o Cursa com intensa prostração e faringoamigdalite evidente Avaliação adicional com especialistas Neurologista Oftalmologista Infectologia Endocrinologista Geneticista Pneumologista Otorrinolaringologista TO Fisioterapeuta Fisitatra Ortopedista Dengue o Dengue causa febre mais alta, mialgia e cefaleia mais intensas e faz mais forma grave o Zika tem mais hiperemia conjuntival Chukungunya o Chikungunya causa febre mais alta e artralgia mais intensa e acomete grandes circulações o Zika tem mais hiperemia conjuntival O método de escolha para confirmação diagnóstica de zika é o RT-PCR no soro, urina ou tecidos coletados por biópsia/autópsia. No soro, sua positividade é mais provável nos primeiros cinco dias de doença, podendo acontecer até o 7º dia. Na urina, o RT-PCR pode permanecer positivo por até 14 dias após o início dos sintomas. * *esses prazos são para não gestantes! Já existem testes sorológicos para detecção de anticorpos IgM anti-zika. No entanto, dada a baixa especificidade dos kits atuais, organismos internacionais (como a OMS e o CDC) recomendam que um resultado positivo seja confirmado pela realização de uma metodologia adicional: o PRNT (Plaque- Reduction Neutralization Test), para determinar se o IgM anti-zika encontrado é verdadeiro ou falso-positivo (poderia ser reação cruzada com o vírus da dengue). Logo, pacientes não gestantes que se apresentam nos primeiros sete dias após o início do sintomas devem realizar RT-PCR no soro (com ou sem RT-PCR concomitante na urina). Pacientes não gestantes que DIAGNÓSTICO TESTES LABORATORIAIS PARA INFECÇÃO PELO VÍRUS ZIKA NO RN A infecção congênita só é excluída se ambos os exames forem negativos (mas ainda assim são necessários dados adicionais para ter essa confirmação) 5 TRATAMENTO Os AINEs devem ser evitados, pela possibilidade de infecção simultânea pelo vírus da dengue (e consequente risco de hemorragia com essas drogas). se apresentam entre o 8º e o 14º dias e só podem realizar RT-PCR na urina, que idealmente deve ser complementado com sorolgia (pesquisa de IgM anti- zika no soro, acrescentando o PRNT nos casos de sorologia positiva). Quinze ou mais dias após o início dos sintomas apenas a sorologia poderá ser utilizada em não gestantes, lembrando mais uma vez que um resultado positivo requer confirmação pelo PRNT. Como vimos anteriormente, se uma gestante apresentar feto com microcefalia e/ou alterações estruturais do SNC sugestivas de infecção congênita (conforme evidenciado nos exames ultrassonográficos do pré- natal), está indicada a realização de RT-PCR no soro e na urina concomitantemente, podendo-se fazer também o RT-PCR no líquido amniótico (caso a paciente seja submetida a uma amniocentese). IMPORTANTE: Seja como for, a orientação prática mais importante é: OS EXAMES LABORATORIAIS ESPECÍFICOS SÓ SÃO OBRIGATÓRIOS PARA GESTANTES, CRIANÇAS COM SUSPEITA DE EXPOSIÇÃO VERTICAL e PACIENTES QUE EVOLUEM COM COMPLICAÇÕES. Em áreas com transmissão autóctone, como o Brasil, adultos e crianças saudáveis que apresentam uma síndrome clínica compatível com zika (sem complicações) podem receber o diagnóstico apenas por critérios clinicoepidemiológicos, sem necessidade de confirmação laboratorial com testes específicos! 1. Medidas para prevenir a picada do mosquito 2. Prevenção da transmissão sexual fora das áreas endêmicas: (1) homens que apresentaram infecção sintomática devem se abster de realizar sexo desprotegido (vaginal, oral e/ou anal) por pelo menos 6 meses. Se a parceira for uma mulher grávida, o sexo desprotegido (sem camisinha) deve ser evitado durante toda a gestação; (2) homens que não residem em áreas endêmicas, mas viajaram para essas regiões, mesmo sem ter apresentado sintomas da doença devem se abster de realizar sexo desprotegido por pelo menos 8 semanas 3. Gestantes ou mulheres que planejam engravidar evitem viajar para localidades com altitude < 2.000 metros em países onde existe transmissão autóctone do ZIKAV. E SE TIVEREM QUE IR, USEM REPELENTE.*Acima de 2.000 m de altitude o mosquito transmissor não se prolifera, logo, nestas regiões a chance de adquirir a doença se torna bastante reduzida, e as viagens podem ser feitas sem restrições. Não há tratamento antiviral específico, tampouco vacina. Orienta-se uma abordagem sintomática lançando mão de antitérmicos/analgésicos/ antipruriginosos, como paracetamol ou dipirona e anti- histamínicos. Todo caso suspeito ou confirmado de zika (em qualquer paciente) deve ser notificado às autoridades sanitárias. Em se tratando de gestantes ou óbitos possivelmente relacionados à infecção, a notificação deve ocorrer em até 24h. PREVENÇÃO 6 MANEJO AMBULATORIAL NO PRIMEIRO ANO DE VIDA PARA CRIANÇAS COM POSSÍVEL INFECÇÃO POR ZIKV
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