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1 PATOGÊNESE Inoculação do vírus pela picada do mosquito -> vírus se replica nas células mononucleares dos linfonodos locais ou nas células musculares esqueléticas -> viremia -> vírus penetra nos monócitos no sangue (segunda replicação) -> dissemina-se por todo organismo (dentro das células ou livre no plasma) -> replicação passa a ocorrer nos macrófagos do sistema reticuloendotelial (mantendo a viremia) É a arbovirose mais importante o Mais frequente o Grande impacto na produtividade TRANSMISSÃO VERTICAL Alguns casos já foram relatados, gerando dengue neonatal TRANSFUSÃO SANGUÍNEA o Taxa de mortalidade crescente nos últimos anos AGENTE ETIOLÓGICO Arbovírus Gênero: Falvivirus Família: Flaviviridae Vírus de RNA, envelopado Sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 Obs.: formas graves são mais comuns em pacientes com história prévia de dengue que se infectam novamente com um sorotipo diferente EPIDEMIOLOGIA A distribuição da dengue acompanha a distribuição do mosquito transmissor Incidência é maior no verão (período quente e úmido, que favorece a proliferação do vetor) TRANSMISSÃO PELO VETOR Mosquitos hematófagos adaptados ao meio urbano Aedes aegypti (principal transmissor) Aedes albopictus (endêmico na Ásia, introduzido recentemente nas Américas) Fêmea faz ovopostura em água parada (os ovos podem permanecer viáveis e resistir ao dessecamento por até um ano) É possível se o indivíduo infectado doe o sangue na fase virêmica (1 dia antes da febre ao 6º dia de doença) Obs.: não há transmissão horizontal (pessoa-pessoa) por secreções, fômites, etc. PRINCIPIOS GERAIS Tropismo celular: macrófago/monócito e células musculares esqueléticas (mialgia) A replicação viral estimula a produção e citocinas (TNF- alfa e IL-6) pelos macrófagos e por linfócitos T helper (que interagem com HLA classe II dos macrófagos). RESPOSTA IMUNOLÓGICA Começa a surgir na primeira semana de doença Imunidade celular + Imunidade humoral Linfócitos T CD8+ citotóxicos destroem células infectadas pelo vírus por intermédio da ação de anticorpos. Vírus podem ser também neutralizados diretamente pelos anticorpos. IgM: surge no 6º dia de doença; pico no final da 1º semana; persiste por alguns meses. IgG: surge na primeira semana; pico no final da 2ª semana; persiste por vários anos (imunidade sorotipo- específica) DENGUE INTRODUÇÃO O Aedes aegypti adquire o vírus se alimentando do sangue de um indivíduo infectado, na fase de viremia, que começa um dia antes do aparecimento da febre e vai até o sexto dia de doença. Seus hábitos são diurnos (início da manhã) e vespertinos (final da tarde). O mosquito tem autonomia de voo limitada, afastando-se não mais de 200 m do local de oviposição. Isto significa que a eliminação dos criadouros peridomiciliares impede totalmente o contato intradomiciliar com o vetor da dengue. 2 QUADRO CLÍNICO FORMA GRAVE Ocorre em pacientes que já se infectaram por outro sorotipo do vírus Ordem decrescente de virulência: 2, 3, 4 e 1 (ou seja, a chance de dengue grave é maior quando a segunda infecção pelo sorotipo 2). OBS.: Alguns pacientes podem evoluir de forma crítica já na primoinfecção, e a explicação mais provável para isso é a existência de predisposição genética TEORIA DE HALSTEAD Na primeira infecção formam-se anticorpos homólogos contra o sorotipo infectado. Quando o indivíduo se infecta depois por um sorotipo diferente, os anticorpos serão heterólogos para o novo sorotipo, não sendo capaz de neutraliza-los. Essa capacidade “subneutralizante” facilitaria a penetração dos vírus nos macrófagos, por mecanismo de opsonização. Ou seja, uma quantidade muito maior de vírus ganharia o interior dos fagócitos, onde podem se proliferar em larga escala, aumentando a viremia e estimulando a produção de uma “tempestade” de citocinas (TNF-alfa, IL-6), além de proteases ativadoras do sistema complemento e tromboplastina (fator pró- coagulante). Linfócitos T helper CD4+ específicos para o vírus secretam IFN-gama, que age sobre os macrófagos infectados, potencializando a internalização viral e a expressão de moléculas do HLA classe II em sua membrana que, por sua vez, ativa mais linfócitos T helper CD4+ específicos – um mecanismo de retroalimentação positiva Outro eventro importante: antígeno NS1: É secretado em grande quantidade durante a infecção e neutraliza as moléculas do glicocálix (presentes na superfície das células endoteliais responsáveis pela “barreira de permeabilidade”). OBS.: os lactentes herdam anticorpos IgG antidengue da mãe por via transplacentária. Como esses anticorpos são passivos, a tendência é haver uma queda progressiva ao longo dos primeiros nove meses de vida, passando a níveis subneutralizantes. Uma infecção, neste caso até pelo mesmo sorotipo, pode desenca dear os fenômenos da teoria de Halstead. Doença sistêmica única e dinâmica, que pode se manifestar dentro de um amplo espectro clínico. Caminhos possíveis após a febre: o Recuperação completa o Forma grave Extravasamento plasmático (principal) Hemorragias graves Lesões de órgãos específicos FASE FEBRIL Febre alta (39-40ºC), de início súbito, com duração entre 2-7 dias. Acompanhada de comemorativos: Adinamia Cefaleia Dor retrorbitária Mialgia intensa (“febre quebra-ossos”) Artralgia Exantema maculopapular (50% dos casos): pode ou não ser pruriginoso, acomete faze, tronco e extremidades, sem polpar palmas das mãos e plantas dos pés. Costuma surgir durante o declínio da febre e dura no máximo 36-48h. Queixas gastrointestinais: anorexia, náuseas, vômitos e diarreia Obs.: a diarreia costuma ser branda, com fezes pastosas 3- 4x/dia. Diferente das enteroviroses, que cursam com febre e diarreia líquida volumosa, com frequência igual ou superior a 5x/dia. *A maioria dos pacientes passa direto da fase febril para a fase de recuperação, recuperando o bem-estar de maneira gradativa. FASE CRÍTICA POR EXTRAVASAMENTO PLASMÁTICO É a forma grave mais comum Se instala durante a defervescência (entre o 3º- 7º dia do início dos sintomas) As primeiras manifestações costumam ser os sinais de alarme. PERMEABILDIADE CAPILAR: Principal ponto fisiopatológico da dengue grave. Causada pela tempestada de citocinas + antígeno NS1. A permeabilidade capilar leva a ransferência de líquido intravascular para o interstício, causando hipovolemia relativa e hemoconcentração (redução do volume plas mático com aumento do hematócrito), o que pode evoluir para um estado de franco cho que circulatório (má perfusão tecidual gene ralizada) e falência orgânica múltipla/ A trom bocitopenia, comumente observada nesses pacientes, num primeiro momento é causada pela destruição periférica de plaquetas por ação de imunocomplexos e do sistema com plemento, agravando-se, surgimento Disseminada). posteriormente, em função do de CIVD (Coagulação Intravascular 3 DIAGNÓSTICO SINAIS DE ALARME NA DENGUE Choque circulatório: hipovolemia + má perfusão tecidual generalizada Intervalo de tempo entre o início do extravasamento e o choque é de 24-48h (geralmente entre 4-5 dias após o início da doença) Caso não tratado, leva a óbito em 12-14horas por falência orgânica múltipla. Repor volemia urgente! (VER TABELA NO FINAL DESSE RESUMO) HEMORRAGIA DIGESTIVA Mais frequente em pacientes com história de DUP, uso de AAS, AINES ou anticoagulantes LESÃO DE ÓRGÃOS ESPECÍFICOS MIOCARDITE Alterações no ritmo cardíaco (taqui ou bradicardia) Alterações da repolarização ventricular (ex.: inversão da onda T, desnivelamento do segmento ST) Disfunção contrátil (ex.: queda da fração de ejeçãodo ventrículo esquerdo) Pode ser acompanhado ou não de marcados de necrose miocárdica (ex.: troponina) AUMENTO LEVE DAS AMINOTRANSFERASES HEPÁTICAS (50% dos casos) Elevações pronunciadas (> 10x o LSN), principalmente quando acompanhadas de deficit sintético (ex.: alargamento do TAP/INR), indicam hepatite grave. MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS Irritabilidade (principalmente em crianças pequenas) Crises convulsivas Meningite linfomonocítica Síndrome de Reye Polirradiculoneurite (síndrome de Guillain-Barré) Encefalite INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA: Incomum na ausência de choque, mas quando presente piora o prognóstico. FASE DE RECUPERAÇÃO Dentro de poucos dias Líquido extravasado é reabsorvido Atentar-se a complicações da hiper-hidratação: hipervolemia, aumento do débito urinário, mudanças no padrão do ECG. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 1. INFLUENZA 2. OUTRAS ARBOVIROSES (ZIKA e CHIKUNGUNYA) 3. LEPTOSPIROSE (forma anictérica) 4. VIROSES EXANTEMÁTICAS (SARAMBO, RUBÉOLA, MONONUCLEOSE, ENTEROVIROSE) 5. HEPATITES VIRAIS 6. INFECÇÕES BACTERIANAS AGUDAS 7. ANEMIA APLÁSICA* 8. LEUCEMIA AGUDA* Leucocitose significativa, principalmente com desvio à esquerda, afasta dengue (sugere doença bacteriana piogênica ou leptospirose). *Presença de anemia moderada a grave (que não está presente na dengue) VER TABELAS DENGUE X ZIKA E DENGUE X CHIKUNGUNYA As formas graves de dengue podem ser confundidas com sepse bacteriana, meningococcemia, malária, febre amarela, febre maculosa brasileira, leptospirose, hantavirose etc. Obs.: MENINGOCOCCEMIA X DENGUE Na meningococcemia as petéquias ou equimoses podem aparecer desde o primeiro dia da síndrome febril! Já na dengue só são vistas após o terceiro ou quarto dia. *Outro dado que fala bastante contra o diagnóstico de dengue é a icterícia, mais comum na malária, leptospirose, hepatite viral, sepse e febre amarela. CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA Até o 5º dia (teste que identificam o vírus): (1) pesquisa de antígenos virais (dosagem do antígeno NS1 no sangue); (2) isolamento viral (cultura); (3) Teste de Amplificação Gênica (RT-PCR); (4) imunohistoquímica tecidual (em amostras obtidas por biópsia ou autópsia). *a negatividade desses testes não descarta o diagnóstico Dor abdominal intensa (referida à palpação) e contínua Vômitos persistentes Hipotensão ortostática e/ou lipotimia Hepatomegalia > 2cm abaixo do rebordo costal Sangramento de mucosas Letargia e/ou irritabilidade Acúmulo de líquido (ascite, derrame pleural e/ou pericárdico) Aumento progressivo do hematócrito 4 CLASSIFICAÇÃO DO CASO A partir do 6º dia: Sorologia – IgM antidengue (por ELISA) * Os anticorpos IgG antidengue, se positivos neste momento, refletem apenas contato prévio com o vírus, não sendo úteis para o diagnóstico do quadro de dengue aguda atual. até o tempo máximo ou antes dele, define a positividade da “prova do laço”. A prova do laço pode ser falso-negativa em indivíduos obesos e nos casos de choque. OBS.: O antígeno NS1 pode ser detectado no soro do paciente com dengue até o quinto dia de doença. O ideal é a sua realização dentro dos primeiros três dias, de preferência no mesmo dia de início da febre, já que a sensibilidade é decrescente com o tempo... Quando o paciente possui história prévia de dengue, a sensibilidade do NS1 diminui! Por causa da memória imunológica, a res posta de anticorpos que clareia o NS1 tende a ser mais precoce nesta situação. LOGO, A NEGATIVIDADE DO NS1 NÃO DESCARTA O DIAGNÓSTICO! A PROVA DO LAÇO Insuflação do manguito do esfigmomanômetro até o valor médio da pressão arterial aferida, de acordo com a fórmula (PAS + PAD)/2 o Não é a PAM (pressão arterial média) Um quadrado com 2,5 cm de lado deve ser desenhado no antebraço 1. CASO SUSPEITO DE DENGUE o Pessoa que vive em área com transmissão de dengue (ou presença de Aedes aegypti), ou que tenha viajado para esses locais nos últImos 14 dias, apresentando febre, com duração de dois a sete dias, e dois ou mais dos seguintes comemorativos: Náusea, vômitos; • Exantema; • Mialgias, artralgias; • Cefaleia, dor retro-orbital; • Petéquias; • Prova do laço positiva; • Leucopenia. o Deve ser notificado 2. CASO SUSPEITO DE DENGUE COM SINAIS DE ALARME 3. CASO SUSPEITO DE DENGUE GRAVE (choque e/ou sangramento grave e/ou lesão de órgãos específicos) 4. CASO CONFIRMADO (laboratorialmente) 5. CASO DESCARTADO o Caso suspeito com: • Exames laboratoriais negativos (desde que a coleta tenha sido feita no período adequado); • Confirmação laboratorial de outra doença; • Ausência de exames laboratoriais, porém, investigação clínica e epidemiológica sugestiva de outra doença. do paciente, e observaremos o surgimento de petéquias ou equimoses dentro dele. Adulto: esperar até 5 mim Criança: até 3 min O surgimento de 20 ou mais petéquias no antebraço de um adulto, e 10 ou mais petéquias na criança, TRATAMENTO (ver tabela resumida e revisar isso direitinho) 5 TABELAS 6
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