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Maus tratos ao idoso (GT-5) 1 � Maus tratos ao idoso (GT-5) Definir maus tratos e negligência. Classificar os maus tratos (violência física, psicológica ...) O abuso de idosos é um ato simples ou repetido, ou ausência de ação apropriada, que ocorre no contexto de qualquer relacionamento em que haja uma expectativa de confiança, que causa dano ou tensão a uma pessoa idosa. O termo abuso tem sido livremente utilizado por estudiosos, podendo significar violência física, emocional ou psicológica. Frequentemente não está claro quem é a vítima ou o agressor, mesmo em casos de violência interpessoal. Algumas formas de violência em idosos podem ser classificadas como violência mútua, como aquelas que envolvem pacientes com demência e seus cuidadores. É sempre importante levar em conta nas definições fatores específicos dos indivíduos adultos, como o direito à liberdade de expressão e direitos individuais, que podem se chocar com a necessidade de proteção a pessoas adultas. Segundo a Organização Mundial da Saúde [OMS] (2002), a violência contra a pessoa idosa consiste em ações ou omissões cometidas uma vez ou muitas vezes, prejudicando sua integridade física e emocional e impedindo o desempenho de seu papel social. Esse fenômeno se expressa Maus tratos ao idoso (GT-5) 2 na quebra de expectativa por parte das pessoas que a cercam, sobretudo filhos, cônjuges, parentes, cuidadores e comunidade. Estatuto do Idoso (2003) estabelece que a violência contra esse grupo etário se constitui como “qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico“ O estatuto também afirma: casos de suspeita ou de confirmação de violência, praticados contra idosos, devem ser objeto de notificação compulsória pelos serviços de saúde públicos ou privados à autoridade sanitária, bem como devem ser obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: autoridade policial; ministério público; conselho municipal do idoso, conselho estadual do idoso; conselho nacional do idoso” OMS (OMS, 2002) quando analisa o impacto da violência sobre a vida, utiliza também um conceito operacional de “causas externas”. As causas externas dizem respeito às consequências das várias expressões de violência. Por causas externas, entendem -se as consequências da violência que aparecem sob forma de mortalidade por homicídios, suicídios e acidentes; e, também, de agravos provocados por lesões e traumas provenientes de agressões, quedas, tentativas de suicídio, acidentes de transporte, afogamentos, sufocamentos e envenenamentos. O termo “causas externas” não é sinônimo de violência. Ele é um recurso para classificar os vários tipos de abusos e maus -tratos. “violência” é a ação de um ser humano contra o outro provocada pelo abuso da força e do poder, ou pela omissão de socorro quando esse outro pede ou precisa dele. A natureza da violência contra a pessoa idosa pode ser resumida em alguns conceitos: maus tratos físicos; abuso psicológico, sexual, financeiro; abandono e negligência e autonegligência. Neste texto, usam -se, como sinônimos, os termos maus- tratos e abusos para se referirem às violências. Classificação: Maus-tratos físicos Como o termo indica, ocorrem por meio de empurrões, beliscões, tapas, agressões com cintos, objetos caseiros, armas brancas e armas de fogo, desferidos contra a pessoa idosa frágil. O ambiente familiar é o espaço Maus tratos ao idoso (GT-5) 3 onde mais ocorrem, vindo a seguir, a rua e as instituições de prestação de serviços como as de saúde, de assistência social e instituições de longa permanência (ILPI). Frequentemente a pessoa idosa que sofre violência física se cala sobre os maus- tratos a ela infligidos e se isola para que estranhos não tomem conhecimento desse tipo de sofrimento que prejudica sua saúde mental e sua qualidade de vida. Muitos têm vergonha por não serem capazes de reagir e outros não querem denunciar os familiares agressores. A incidência comprovada no mundo é que 5 a 10% de pessoas idosas sofram violência física (OMS, 2002). O “Módulo Disque Idoso” do “Disque 100 Direitos Humanos” da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República mostra que as agressões físicas contra idosos corresponderam, entre 2010 e 2012, a 34% das denúncias recebidas por intermédio desse órgão (Brasil, 2013). É importante dizer que embora o “Disque Idoso” não represente uma estatística das violências contra as pessoas idosas no Brasil, ele vocaliza o que a própria pessoa maltratada e a comunidade que a cerca tem coragem de denunciar. Abuso psicológico Significa menosprezo, desprezo, preconceito e discriminação da pessoa pelo fato de ela ser idosa. Por exemplo, ele ocorre quando se diz: “você já não serve para nada”; “você já deveria ter morrido mesmo”; “você só dá trabalho”; “você é só um problema para a família”! Muitas vezes, as pessoas até nem dizem, mas o idoso sente a atitude preconceituosa e menosprezível de quem o trata! Estudos mostram que o sofrimento mental provocado por esse tipo de abuso contribui para processos depressivos e autodestrutivos, como ideações, tentativas ou suicídio consumado (Minayo e Cavalcante, 2010). As pessoas idosas muito pobres e as que sofrem dependência financeira, física e mental em grau elevado são as mais abusadas. Estudos realizados em municípios brasileiros, como o de Melo et al. (2006), ressaltam que percentual elevado de idosos se queixa mais de violência psicológica (62,5%) do que física (32%). No referido “módulo disque idoso” do “Disque 100 Direitos Humanos”, a segunda forma de abuso mais denunciado no período citado foi o psicológico (59,3%) (Brasil, 2013). Maus tratos ao idoso (GT-5) 4 Violência sexual Consiste no ato ou no jogo em relações hétero ou homossexuais que estimulam ou utilizam a vítima para obter excitação sexual e práticas eróticas e pornográficas, por meio de aliciamento, violência física e ameaças. Segundo estudos internacionais (Teaster e Roberto, 2003) e nacionais (Melo et al., 2006), a violência sexual acontece contra menos de 1% dos idosos. Desse total, um décimo acontece em casa e o restante, em residências geriátricas. A maioria (95%) envolve mulheres com problemas em pelo menos dois de três domínios cognitivos de tempo, espaço e nível pessoal. As mulheres com maior dificuldade de andar são as mais vulneráveis. Os principais tipos de abuso são beijos forçados, atos sexuais não consentidos e bolinação. Uma forma de violência pouco comentada é o controle da sexualidade da pessoa idosa por parte de familiares ou funcionários de ILPI que os consideram assexuados. Frequentemente, atitudes repressivas de filhos ou cuidadores impedem os idosos de terem uma vida afetiva saudável, abortando seus desejos e sentimentos, nos diferentes ambientes onde vivem. Idosos têm sexualidade! Abandono e negligência Abandono: retirar a pessoa idosa da sua casa contra sua vontade; trocar seu lugar na residência da qual é dona por outro pior, dando prioridade aos casais jovens; conduzi- la a uma ILPI contra a sua vontade, deixando a essas entidades o domínio sobre sua vida, sua vontade, sua saúde e seu direito de ir e vir. Negligência: privá -la da assistência de que precisa: deixar que passe fome, se desidrate e seja privada de medicamentos e de outras necessidades básicas, antecipando sua imobilidade, aniquilando sua personalidade ou promovendo seu lento adoecimento e morte. Maus tratos ao idoso (GT-5) 5 Consideram- se também negligências as omissões que podem provocar acidentes por vezes irreversíveis: inadequação das casas às necessidades do idoso, por exemplo, pisos escorregadios, escadas sem corrimão, banheiros sem proteção para que possam se sentar e se levantar com segurança. Violência autoinfligida Diz respeito aos maus -tratos que a própria pessoa idosa provoca em si mesma (autoviolência). Esse tipo de abuso se manifesta em autonegligências,ideações, tentativas de suicídio e suicídio consumado. Primeiros sinais de autonegligência é a atitude de se isolar, de não sair de casa e de se recusar a tomar banho, de não se alimentar e de não tomar os medicamentos, manifestando clara ou indiretamente a vontade de morrer. Estudos de Cavalcante e Minayo (2012; 2015) e Minayo e Cavalcante (2010; 2015) mostram aumento de suicídios particularmente entre homens idosos; e de tentativas de suicídio e ideações em pessoas de ambos os sexos. Os índices de ocorrência já são o dobro do que é a média nacional e estão associados à autodesvalorização, ao abandono familiar, à solidão, ao sofrimento insuportável provocado doenças degenerativas, ao medo de tornar se dependente, à perda do gosto pela vida e a processos depressivos de maior ou menor gravidade. Violência patrimonial e financeira Diferentes formas de violência econômica e financeira, combinadas com discriminações e maus tratos, são praticados principalmente pelas próprias famílias. Cometida principalmente pelas famílias Suas manifestações mais comuns são: tomar o quarto do idoso ou da idosa quando ele fica viúvo, relegando -lhe uma habitação minúscula na casa; apossar- se de seus bens sem o seu consentimento; assenhorear -se de seus cartões de banco e de crédito usufruindo de seus rendimentos; fazer dívidas em seu nome; provocar -lhe uma tutela judicial sem que isso tenha respaldo em seu comprometimento mental para apossar se antecipadamente de seus bens. As situações de uso do dinheiro das pessoas internadas em ILPI por funcionários é também um problema citado pelos próprios idosos. Maus tratos ao idoso (GT-5) 6 A violência financeira é também praticada por bancos, lojas, planos de saúde que aplicam aumentos abusivos e frequentemente se recusam a bancar determinados serviços essenciais à saúde das pessoas idosas. As pessoas idosas são ainda vítimas de estelionatários e de várias modalidades de abusos financeiros cometidos por criminosos que tripudiam sobre sua vulnerabilidade física e mental, impingindo lhes, por exemplo, modalidades de crédito consignado, com o conluio de parentes. Vítimas de roubos e furtos nas agências bancárias, nos caixas eletrônicos, nas lojas, nas ruas, nas travessias ou nos transportes. No “Disque Idoso”, os abusos financeiros e patrimoniais corresponderam a 40% das denúncias entre 2010 a 2012. É preciso ressaltar, ao terminar essa classificação, que as expressões de violência contra a pessoa idosa quase sempre se manifestam de modo cumulativo. Por isso, os percentuais do sistema “Disque Idoso” nunca somarão 100% e sim, muito mais que esse total. Chama atenção, também, como um sintoma social de elevada gravidade que a maioria das denúncias ao “Disque Idoso” seja de queixas por negligências cometidas pelas famílias e pelos órgãos de prestação de serviços, o que evidencia o pouco caso com que a população idosa é tratada no Brasil. Violência intrafamiliar A família é o maior porto seguro das pessoas idosas: no Brasil, mais de 90% delas moram com filhos, filhas, netos ou outros parentes, uma parte vive sozinha e outra em ILPI. Embora haja aumento de pessoas de 60 anos ou mais que vivem sozinhas (cerca de sete milhões) é na família que ocorre grande parte das violências contra elas. A maioria dos maus tratos não é denunciada. Sentimentos de culpa e de vergonha para falar sobre os abusos que sofrem, medo de retaliação ou de represália fazem parte das atitudes dos idosos frente aos agressores. Muitos preferem conviver com os abusos a abrir mão de um relacionamento afetivo de toda a vida. Pesquisas revelam que cerca de 2/3 dos agressores são filhos, parentes e cônjuges (Abath et al., 2012; Oliveira et al., 2012; Minayo, 2013). Maus tratos ao idoso (GT-5) 7 Os motivos: choque de gerações, aglomeração de pessoas nas residências ou falta de condições ou de disponibilidade de tempo e vontade para cuidar dos idosos, muitas vezes considerados por familiares como decadentes, problemáticos e descartáveis (Minayo, 2005; Debert, 1999; Minayo, 2014). Pesquisas de base populacional (Moraes et al., 2008; Sanches, 2006) indicam que os idosos que mais sofrem são os que têm depressão, transtornos mentais, incontinência urinária e fecal, diabetes e reumatismo e comorbidades. Lebrão et al. (2005) mostram a maior vulnerabilidade dos que têm idade avançada, baixa escolaridade, sexo feminino e são solteiros ou viúvos. A maioria das pesquisas hoje existentes mostra sinergia entre os familiares agressores e as pessoas idosas agredidas e um perfil típico do abusador familiar: filhos mais que filhas, noras, genros e cônjuges. A caracterização dessa relação em grande parte dos estudos é coincidente: agressor e vítima viverem na mesma casa; filhos dependentes financeiramente dos pais de idade avançada; idosos e idosas dependentes dos filhos para sua sobrevivência; abuso de álcool e drogas por parte dos familiares; ambiente de vínculos afetivos frouxos na família; isolamento social dos familiares e da pessoa idosa; o idoso e a idosa terem sido ou serem agressivos com os familiares; história de violência na família. Muitos estudos desmistificam a ideia comum de que cuidadores familiares seriam os principais agressores das pessoas idosas em casa. Pesquisadores como Kleinschmidt (1997) e Reay e Browne (2001) constataram que essa relação só se transforma em violenta quando o cuidador se isola socialmente; tem comprometimento emocional; sofre depressão ou problemas psiquiátricos; tem laços afetivos frouxos com o idoso; ou ele próprio foi vítima de violência por parte da pessoa a quem assiste. Conhecer os fatores de risco e a inter-relação entre eles O principal fator de risco para um idoso se tornar vítima de violência é a dependência em diversas formas, como a dependência para realizar Maus tratos ao idoso (GT-5) 8 atividades básicas como se locomover, se vestir, fazer sua higiene, se alimentar, a dependência econômica e a dependência psíquica. Mulheres e viúvas são as principais vítimas da violência financeira, pois nao recebem aposentadoria Isso é agravado pela inexistência de serviços intermediários de assistência, como centros-dia, hospitais-dia e centros de convivência que poderiam reduzir a sobrecarga sobre o cuidador. A omissão do estado é um fator plausível, haja vista que a violência a idosos é mais frequente nas famílias isoladas das redes de assistência. O estresse, uso de álcool e drogas por parte do cuidador, a dinâmica familiar e a dependência do idoso. Geralmente os que maltratam são os membros da família ou vivem com a pessoa idosa. Este idoso, incapaz de enfrentar o fato de ser maltratada por alguém tão próximo, nega ou releva o problema. Foi realizado um estudo que mostrou que quanto maior o nível de dependência do idoso, maior o tempo necessário de cuidado, menor a interação social dos cuidadores e maior os níveis de estresse e depressão dos cuidadores e isso concluiu que estes eram fatores potencialmente associados à negligência de cuidados com os idosos. Os padrões socioculturais podem induzir ou diminuir a tolerância frente à violência doméstica em geral e do idoso em particular. Falta de acesso a recursos, baixa renda, isolamento social, minoria social, baixo nível educacional, dependência funcional, mau uso de substâncias pelo idoso ou cuidador, história pregressa de violência familiar de ambos os lados, história de problemas psicológicos, sobrecarga do cuidador e distúrbios cognitivos do idoso são outros fatores que influenciam. Perfil mais comum de vítima e agressor: Uma idosa de 75 anos de idade, viúva, física e/ou emocionalmente dependente, convivendo com um filho de meia idade, financeiramente dependente da vítima, muitas vezes com problemas mentais ou viciado em álcool e drogas. Senilismo: Essa expressão foi definida como um processo de estereotipia sistemática e discriminação contra as pessoas idosas, semelhantemente ao que os termos racismoe sexismo indicam para a cor da pele e o gênero, respectivamente. Maus tratos ao idoso (GT-5) 9 Consequências: A violência contra o idoso traz reflexos que interferem no seu convívio social, familiar e institucional, comprometendo sua qualidade de vida. As consequências podem ser manifestadas desde um pequeno sinal à situação mais complexa. Existe uma convergência entre fatores de risco e as consequências que muitas vezes constituem motivos de internação ou óbito. Analisar os maus tratos em idosos no contexto da saúde pública Epidemiologia Na população acima de 60 anos no Brasil, atualmente, as seis primeiras causas gerais de mortalidade são pela ordem: (1) doenças do sistema circulatório (35,6%); (2) neoplasias (16,7%); (3) enfermidades respiratórias (14,0%); (4) doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais, particularmente as diabetes (7,9%); (5) enfermidades do sistema digestório (4,7%) e (6) causas externas: violências e acidentes (3,4%). Analisando se os dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e o Sistema de Administração Hospitalar (SIAH/SUS), impressiona a magnitude dos números: 24.669 pessoas idosas morreram em 2011 por violências e acidentes (68 óbitos por dia) e 169.673 deram entrada em hospital por quedas, traumas Maus tratos ao idoso (GT-5) 10 de trânsito, envenenamentos, agressões, sufocações, tentativas de suicídio em 2012. Do total, internaram se 15.342 homens (62,2%) e 9.325 mulheres (37,8%). Desse conjunto, 50,9% o foram por quedas; 19,2% por acidentes de trânsito; 6,5% por agressões e 0,3% por lesões autoprovocadas. Em 2011, a taxa de morte por causas externas em homens foi de 166/100.000. Em mulheres, 81/100.000, menos da metade dos óbitos do grupo masculino. Para os dois sexos, a taxa média de mortes por causas externas foi de 119/100.000 idosos, no referido ano. Desde 1996 até 2011, as duas principais formas de mortalidade de idosos são quedas e acidentes de transporte e, em seguida, homicídios. Os suicídios também são importantes nesse conjunto de agravos: representam hoje mais de 8% do total das mortes violentas e mostram leve tendência de crescimento ao longo do tempo. Nesse caso, é também notória a sobremortalidade masculina. Estudos como os de Minayo e Cavalcante (2010) e de Cavalcante e Minayo (2012; 2015) mostram que a morte autoinfligida de pessoas idosas acaba sendo um indicador de falta de qualidade de vida: isolamento, negligências com sua situação social e de saúde, doenças graves, deficiências e transtornos mentais juntos formam as principais causas, seguidas de depressão, conflitos familiares e conjugais. Problema de saúde pública A violência no Brasil constitui sério problema de saúde pública, provocando impacto significativo na morbidade e mortalidade da população idosa, embora esses registros não retratem a violência como causa. Essa subnotificação associa-se, muitas vezes, à solidão, ao isolamento, à tendência dos indivíduos idoso de não relatar sua adversidade e à omissão das pessoas que presenciam a violência. Deve-se também ao não reconhecimento por parte de alguns profissionais de saúde, muitas vezes despreparados para identificar o problema. A violência contra os idosos, se comparada ao mesmo evento em outras faixas etárias, foi a última a ser contemplada como um fenômeno político e uma questão de saúde pública. Um estudo realizado entre 1979 e 1994 no Rio de Janeiro utilizando dados secundários de causas externas de óbitos em indivíduos maiores de 60 anos indicou que as mortes violentas representavam a sexta causa de óbitos, com 70% concentrando-se nna região metropolitana. A faixa etária mais vitimada foi de 70 anos ou mais, e o sexo masculino Maus tratos ao idoso (GT-5) 11 apresentou um excesso de mortalidade de até três óbitos para cada feminino. Destacou-se o significativo crescimento das mortes por afogamento e sufocação. No período estudado, 25,8% (ano 1980) a 33,7% (ano 1994) das mortes ocorridas por causas externas foram ocasionadas por lesões ignoradas, e, destas, 92,5% se concentravam na região metropolitana do Rio de Janeiro. O fenômeno da violência se expressa, também, com agressões sofridas no seio da própria família, abandono em asilos, perda de direitos próprios ao exercício da cidadania, preconceito e, em última instância, ostracismo e exclusão social. Por causas externas, entendem -se as consequências da violência que aparecem sob forma de mortalidade por homicídios, suicídios e acidentes; e, também, de agravos provocados por lesões e traumas provenientes de agressões, quedas, tentativas de suicídio, acidentes de transporte, afogamentos, sufocamentos e envenenamentos. O termo “causas externas” não é sinônimo de violência. Ele é um recurso para classificar os vários tipos de abusos e maus -tratos. Identificar o papel do profissional de saúde relacionado aos maus tratos (identificar como proceder,caso tenha maus tratos...) ABORDAGEM: • É fundamental considerar que o idoso está inserido num contexto familiar, social e institucional; • As relações entre o idoso e seu familiares são importantes no estabelecimento de uma rede de suporte e na manutenção de uma família estável; • A equipe deve apurar os fatos e fornecer soluções sem julgar a culpabilidade; A abordagem envolve necessariamente o assistente social, sempre que possível um psicólogo, e quando necessário a Delegacia do Idoso e o Conselho tutelar → Diante da suspeita de violência e maus tratos a equipe deve conversar Maus tratos ao idoso (GT-5) 12 com o idoso e seu cuidador, juntos e separadamente. Pode conversar também com os vizinhos e outros familiares de modo reservado → Deve indagar ao idoso, em caráter particular sobre a possível violência ou maus tratos, utilizando algumas perguntas norteadores, sem, contudo, deixar de observar a linguagem não verbal, como o olhar, o tom da voz, a expressão facial → Ao conversar com o cuidador é necessário demonstrar compreensão das dificuldades que ele vem enfrentando → Se for confirmada sobrecarga psíquica→oferecer apoio psicológico AÇÃO: → Curso para cuidadores de idoso→ensinar a família acuidardoidosoehaverámelhoradasrelações familiares; → Grupo psicoterapêutico→cuidadores angustiados podem desabafar e receber apoio e reforço; → Minimizar a sobrecarga do cuidador; → Visitas domiciliares → permitirá detectar precocemente e encaminhar adequadamente demandas urgentes da família: a visita do enfermeiro para curativos, do médico para novas doenças agudas, o acompanhamento do psicólogo ou uma entrevista com o assistente social; → O assistente social pode orientar sobre benefícios que o idoso tem direito, aumentado a renda da família; → Oferta de algumas facilidades para o próprio cuidador→como a prioridade para realizar consultas e exames e adquirir medicamentos. OBS: o cuidador também tem que cuidar de sua própria saúde física e mental → Outros profissionais podem contribuir para resolver alguns problemas comuns como dor ou sangramento gengival, distúrbios de marcha, equilíbrio ou contraturas, dietas por sondas e gastrostomia, disfagia e aspiração de alimentos, e reabilitação na doença de Parkinson→redução da dependência do idoso→minimiza a sobrecarga do cuidador; Maus tratos ao idoso (GT-5) 13 → Institucionalização temporária do idoso→em alguns casos, caso o cuidador precise de férias; → Institucionalização definitiva→caso de famílias completamente desestruturadas ou cuidadores inaptos por motivos como alcoolismo ou drogadição. OBS: os profissionais devem priorizar as medidas preventivas, entendidas em seu sentido mais amplo, abrangendo aquelas inerentes à promoção da saúde e as voltadas a combater a violência, promovendo a recuperação, reabilitação e reinserção familiar e social do idoso. Conhecer o Estatuto do idoso e as legislações em relação aos maus tratos Art. 4.o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão,e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. § 1.o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do idoso. § 2.o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados. Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra idosos serão objetos de notificação compulsória pelos serviços públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: → Autoridade policial; → Ministério Público; → Conselho Municipal do Idoso; → Conselho Estadual do Idoso; → Conselho Nacional do Idoso. § 1.o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. § 2.o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória prevista no caput Maus tratos ao idoso (GT-5) 14 deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de outubro de 1975. Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada § 1.o A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência será prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família. § 2.o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a manter identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender toda a legislação pertinente. § 3.o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei. Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I. Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II. Por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; III. Em razão de sua condição pessoal. Notícias Os casos aumentaram durante a pandemia Idoso morre dentro de casa e polícia suspeita de maus-tratos em Natal | Rio Grande do Norte | G1 Idosos sofriam maus-tratos em casa de repouso de R$ 4 mil na Freguesia Idosos sofriam maus-tratos em casa de repouso de R$ 4 mil na Freguesia | Rio de Janeiro | O Dia https://www.notion.so/Idoso-morre-dentro-de-casa-e-pol-cia-suspeita-de-maus-tratos-em-Natal-Rio-Grande-do-Norte-G1-57ea967a25ec4b028123f053639c70e8 https://www.notion.so/Idosos-sofriam-maus-tratos-em-casa-de-repouso-de-R-4-mil-na-Freguesia-Idosos-sofriam-maus-tratos-em-05221b2dae2942259d2b32e7e618dd6e
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