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Maus tratos ao idoso

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Maus tratos ao idoso (GT-5) 1
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Maus tratos ao idoso (GT-5)
Definir maus tratos e negligência. Classificar os maus tratos (violência 
física, psicológica ...)
O abuso de idosos é um ato simples ou repetido, ou ausência de ação 
apropriada, que ocorre no contexto de qualquer relacionamento em que haja 
uma expectativa de confiança, que causa dano ou tensão a uma pessoa 
idosa. 
O termo abuso tem sido livremente utilizado por estudiosos, podendo significar 
violência física, emocional ou psicológica. 
Frequentemente não está claro quem é a vítima ou o agressor, mesmo em 
casos de violência interpessoal. Algumas formas de violência em idosos 
podem ser classificadas como violência mútua, como aquelas que envolvem 
pacientes com demência e seus cuidadores. É sempre importante levar em 
conta nas definições fatores específicos dos indivíduos adultos, como o direito à 
liberdade de expressão e direitos individuais, que podem se chocar com a 
necessidade de proteção a pessoas adultas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde [OMS] (2002), a violência contra a 
pessoa idosa consiste em ações ou omissões cometidas uma vez ou 
muitas vezes, prejudicando sua integridade física e emocional e 
impedindo o desempenho de seu papel social. Esse fenômeno se expressa 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 2
na quebra de expectativa por parte das pessoas que a cercam, sobretudo 
filhos, cônjuges, parentes, cuidadores e comunidade.
Estatuto do Idoso (2003) estabelece que a violência contra esse grupo etário 
se constitui como “qualquer ação ou omissão praticada em local público ou 
privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico“
O estatuto também afirma: casos de suspeita ou de confirmação de 
violência, praticados contra idosos, devem ser objeto de notificação 
compulsória pelos serviços de saúde públicos ou privados à autoridade 
sanitária, bem como devem ser obrigatoriamente comunicados por eles a 
quaisquer dos seguintes órgãos: autoridade policial; ministério público; conselho 
municipal do idoso, conselho estadual do idoso; conselho nacional do idoso”
OMS (OMS, 2002) quando analisa o impacto da violência sobre a vida, utiliza 
também um conceito operacional de “causas externas”. 
As causas externas dizem respeito às consequências das várias 
expressões de violência.
Por causas externas, entendem -se as consequências da violência que 
aparecem sob forma de mortalidade por homicídios, suicídios e acidentes; e, 
também, de agravos provocados por lesões e traumas provenientes de 
agressões, quedas, tentativas de suicídio, acidentes de transporte, 
afogamentos, sufocamentos e envenenamentos. O termo “causas externas” 
não é sinônimo de violência. Ele é um recurso para classificar os vários tipos de 
abusos e maus -tratos.
“violência” é a ação de um ser humano contra o outro provocada pelo abuso da 
força e do poder, ou pela omissão de socorro quando esse outro pede ou 
precisa dele. 
A natureza da violência contra a pessoa idosa pode ser resumida em alguns 
conceitos: maus tratos físicos; abuso psicológico, sexual, financeiro; abandono e 
negligência e autonegligência. Neste texto, usam -se, como sinônimos, os 
termos maus- tratos e abusos para se referirem às violências.
Classificação: 
Maus-tratos físicos 
Como o termo indica, ocorrem por meio de empurrões, beliscões, tapas, 
agressões com cintos, objetos caseiros, armas brancas e armas de fogo, 
desferidos contra a pessoa idosa frágil. O ambiente familiar é o espaço 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 3
onde mais ocorrem, vindo a seguir, a rua e as instituições de prestação de 
serviços como as de saúde, de assistência social e instituições de longa 
permanência (ILPI). Frequentemente a pessoa idosa que sofre violência 
física se cala sobre os maus- tratos a ela infligidos e se isola para que 
estranhos não tomem conhecimento desse tipo de sofrimento que prejudica 
sua saúde mental e sua qualidade de vida. Muitos têm vergonha por não 
serem capazes de reagir e outros não querem denunciar os familiares 
agressores.
 A incidência comprovada no mundo é que 5 a 10% de pessoas idosas 
sofram violência física (OMS, 2002). O “Módulo Disque Idoso” do “Disque 100 
Direitos Humanos” da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da 
República mostra que as agressões físicas contra idosos corresponderam, 
entre 2010 e 2012, a 34% das denúncias recebidas por intermédio desse 
órgão (Brasil, 2013). É importante dizer que embora o “Disque Idoso” não 
represente uma estatística das violências contra as pessoas idosas no Brasil, 
ele vocaliza o que a própria pessoa maltratada e a comunidade que a cerca tem 
coragem de denunciar. 
Abuso psicológico 
Significa menosprezo, desprezo, preconceito e discriminação da pessoa 
pelo fato de ela ser idosa. Por exemplo, ele ocorre quando se diz: “você já não 
serve para nada”; “você já deveria ter morrido mesmo”; “você só dá trabalho”; 
“você é só um problema para a família”! Muitas vezes, as pessoas até nem 
dizem, mas o idoso sente a atitude preconceituosa e menosprezível de 
quem o trata! Estudos mostram que o sofrimento mental provocado por esse 
tipo de abuso contribui para processos depressivos e autodestrutivos, como 
ideações, tentativas ou suicídio consumado (Minayo e Cavalcante, 2010). 
As pessoas idosas muito pobres e as que sofrem dependência financeira, 
física e mental em grau elevado são as mais abusadas. Estudos realizados 
em municípios brasileiros, como o de Melo et al. (2006), ressaltam que 
percentual elevado de idosos se queixa mais de violência psicológica (62,5%) 
do que física (32%). 
No referido “módulo disque idoso” do “Disque 100 Direitos Humanos”, a 
segunda forma de abuso mais denunciado no período citado foi o 
psicológico (59,3%) (Brasil, 2013).
Maus tratos ao idoso (GT-5) 4
Violência sexual 
Consiste no ato ou no jogo em relações hétero ou homossexuais que 
estimulam ou utilizam a vítima para obter excitação sexual e práticas 
eróticas e pornográficas, por meio de aliciamento, violência física e 
ameaças. 
Segundo estudos internacionais (Teaster e Roberto, 2003) e nacionais (Melo et 
al., 2006), a violência sexual acontece contra menos de 1% dos idosos. 
Desse total, um décimo acontece em casa e o restante, em residências 
geriátricas. A maioria (95%) envolve mulheres com problemas em pelo 
menos dois de três domínios cognitivos de tempo, espaço e nível pessoal. 
As mulheres com maior dificuldade de andar são as mais vulneráveis. 
Os principais tipos de abuso são beijos forçados, atos sexuais não 
consentidos e bolinação. 
Uma forma de violência pouco comentada é o controle da sexualidade da 
pessoa idosa por parte de familiares ou funcionários de ILPI que os consideram 
assexuados. Frequentemente, atitudes repressivas de filhos ou cuidadores 
impedem os idosos de terem uma vida afetiva saudável, abortando seus 
desejos e sentimentos, nos diferentes ambientes onde vivem. Idosos têm 
sexualidade!
Abandono e negligência 
Abandono: retirar a pessoa idosa da sua casa contra sua vontade; trocar seu 
lugar na residência da qual é dona por outro pior, dando prioridade aos casais 
jovens; conduzi- la a uma ILPI contra a sua vontade, deixando a essas 
entidades o domínio sobre sua vida, sua vontade, sua saúde e seu direito de ir e 
vir. 
Negligência: privá -la da assistência de que precisa: deixar que passe fome, 
se desidrate e seja privada de medicamentos e de outras necessidades básicas, 
antecipando sua imobilidade, aniquilando sua personalidade ou promovendo 
seu lento adoecimento e morte.
Maus tratos ao idoso (GT-5) 5
Consideram- se também negligências as omissões que podem provocar 
acidentes por vezes irreversíveis: inadequação das casas às necessidades do 
idoso, por exemplo, pisos escorregadios, escadas sem corrimão, banheiros sem 
proteção para que possam se sentar e se levantar com segurança. 
Violência autoinfligida 
Diz respeito aos maus -tratos que a própria pessoa idosa provoca em si 
mesma (autoviolência). Esse tipo de abuso se manifesta em 
autonegligências,ideações, tentativas de suicídio e suicídio consumado. 
Primeiros sinais de autonegligência é a atitude de se isolar, de não sair de 
casa e de se recusar a tomar banho, de não se alimentar e de não tomar os 
medicamentos, manifestando clara ou indiretamente a vontade de morrer. 
Estudos de Cavalcante e Minayo (2012; 2015) e Minayo e Cavalcante (2010; 
2015) mostram aumento de suicídios particularmente entre homens idosos; e 
de tentativas de suicídio e ideações em pessoas de ambos os sexos. 
Os índices de ocorrência já são o dobro do que é a média nacional e estão 
associados à autodesvalorização, ao abandono familiar, à solidão, ao 
sofrimento insuportável provocado doenças degenerativas, ao medo de 
tornar se dependente, à perda do gosto pela vida e a processos 
depressivos de maior ou menor gravidade.
Violência patrimonial e financeira 
Diferentes formas de violência econômica e financeira, combinadas com 
discriminações e maus tratos, são praticados principalmente pelas próprias 
famílias. Cometida principalmente pelas famílias 
Suas manifestações mais comuns são: tomar o quarto do idoso ou da 
idosa quando ele fica viúvo, relegando -lhe uma habitação minúscula na 
casa; apossar- se de seus bens sem o seu consentimento; assenhorear -se de 
seus cartões de banco e de crédito usufruindo de seus rendimentos; fazer 
dívidas em seu nome; provocar -lhe uma tutela judicial sem que isso tenha 
respaldo em seu comprometimento mental para apossar se antecipadamente de 
seus bens. As situações de uso do dinheiro das pessoas internadas em ILPI por 
funcionários é também um problema citado pelos próprios idosos. 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 6
A violência financeira é também praticada por bancos, lojas, planos de 
saúde que aplicam aumentos abusivos e frequentemente se recusam a 
bancar determinados serviços essenciais à saúde das pessoas idosas. 
As pessoas idosas são ainda vítimas de estelionatários e de várias 
modalidades de abusos financeiros cometidos por criminosos que tripudiam 
sobre sua vulnerabilidade física e mental, impingindo lhes, por exemplo, 
modalidades de crédito consignado, com o conluio de parentes. 
Vítimas de roubos e furtos nas agências bancárias, nos caixas eletrônicos, 
nas lojas, nas ruas, nas travessias ou nos transportes.
No “Disque Idoso”, os abusos financeiros e patrimoniais corresponderam 
a 40% das denúncias entre 2010 a 2012. 
É preciso ressaltar, ao terminar essa classificação, que as expressões de 
violência contra a pessoa idosa quase sempre se manifestam de modo 
cumulativo. Por isso, os percentuais do sistema “Disque Idoso” nunca somarão 
100% e sim, muito mais que esse total. Chama atenção, também, como um 
sintoma social de elevada gravidade que a maioria das denúncias ao “Disque 
Idoso” seja de queixas por negligências cometidas pelas famílias e pelos 
órgãos de prestação de serviços, o que evidencia o pouco caso com que a 
população idosa é tratada no Brasil.
Violência intrafamiliar 
A família é o maior porto seguro das pessoas idosas: no Brasil, mais de 90% 
delas moram com filhos, filhas, netos ou outros parentes, uma parte vive 
sozinha e outra em ILPI. Embora haja aumento de pessoas de 60 anos ou mais 
que vivem sozinhas (cerca de sete milhões) é na família que ocorre grande 
parte das violências contra elas. 
A maioria dos maus tratos não é denunciada. Sentimentos de culpa e de 
vergonha para falar sobre os abusos que sofrem, medo de retaliação ou de 
represália fazem parte das atitudes dos idosos frente aos agressores. Muitos 
preferem conviver com os abusos a abrir mão de um relacionamento 
afetivo de toda a vida. 
Pesquisas revelam que cerca de 2/3 dos agressores são filhos, parentes e 
cônjuges (Abath et al., 2012; Oliveira et al., 2012; Minayo, 2013). 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 7
Os motivos: choque de gerações, aglomeração de pessoas nas 
residências ou falta de condições ou de disponibilidade de tempo e 
vontade para cuidar dos idosos, muitas vezes considerados por familiares 
como decadentes, problemáticos e descartáveis (Minayo, 2005; Debert, 1999; 
Minayo, 2014).
Pesquisas de base populacional (Moraes et al., 2008; Sanches, 2006) indicam 
que os idosos que mais sofrem são os que têm depressão, transtornos mentais, 
incontinência urinária e fecal, diabetes e reumatismo e comorbidades. Lebrão et 
al. (2005) mostram a maior vulnerabilidade dos que têm idade avançada, 
baixa escolaridade, sexo feminino e são solteiros ou viúvos.
A maioria das pesquisas hoje existentes mostra sinergia entre os familiares 
agressores e as pessoas idosas agredidas e um perfil típico do abusador 
familiar: filhos mais que filhas, noras, genros e cônjuges. 
A caracterização dessa relação em grande parte dos estudos é coincidente: 
agressor e vítima viverem na mesma casa; filhos dependentes financeiramente 
dos pais de idade avançada; idosos e idosas dependentes dos filhos para sua 
sobrevivência; abuso de álcool e drogas por parte dos familiares; ambiente 
de vínculos afetivos frouxos na família; isolamento social dos familiares e 
da pessoa idosa; o idoso e a idosa terem sido ou serem agressivos com 
os familiares; história de violência na família.
Muitos estudos desmistificam a ideia comum de que cuidadores familiares 
seriam os principais agressores das pessoas idosas em casa. 
Pesquisadores como Kleinschmidt (1997) e Reay e Browne (2001) constataram 
que essa relação só se transforma em violenta quando o cuidador se isola 
socialmente; tem comprometimento emocional; sofre depressão ou 
problemas psiquiátricos; tem laços afetivos frouxos com o idoso; ou ele 
próprio foi vítima de violência por parte da pessoa a quem assiste.
Conhecer os fatores de risco e a inter-relação entre eles 
O principal fator de risco para um idoso se tornar vítima de violência é a 
dependência em diversas formas, como a dependência para realizar 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 8
atividades básicas como se locomover, se vestir, fazer sua higiene, se 
alimentar, a dependência econômica e a dependência psíquica. 
Mulheres e viúvas são as principais vítimas da violência financeira, pois nao 
recebem aposentadoria 
Isso é agravado pela inexistência de serviços intermediários de assistência, 
como centros-dia, hospitais-dia e centros de convivência que poderiam reduzir a 
sobrecarga sobre o cuidador.
 
A omissão do estado é um fator plausível, haja vista que a violência a idosos é 
mais frequente nas famílias isoladas das redes de assistência. O estresse, uso 
de álcool e drogas por parte do cuidador, a dinâmica familiar e a dependência 
do idoso. 
Geralmente os que maltratam são os membros da família ou vivem com a 
pessoa idosa. Este idoso, incapaz de enfrentar o fato de ser maltratada por 
alguém tão próximo, nega ou releva o problema. Foi realizado um estudo que 
mostrou que quanto maior o nível de dependência do idoso, maior o tempo 
necessário de cuidado, menor a interação social dos cuidadores e maior os 
níveis de estresse e depressão dos cuidadores e isso concluiu que estes eram 
fatores potencialmente associados à negligência de cuidados com os idosos. 
Os padrões socioculturais podem induzir ou diminuir a tolerância frente à 
violência doméstica em geral e do idoso em particular. Falta de acesso a 
recursos, baixa renda, isolamento social, minoria social, baixo nível educacional, 
dependência funcional, mau uso de substâncias pelo idoso ou cuidador, história 
pregressa de violência familiar de ambos os lados, história de problemas 
psicológicos, sobrecarga do cuidador e distúrbios cognitivos do idoso são outros 
fatores que influenciam.
Perfil mais comum de vítima e agressor: Uma idosa de 75 anos de idade, 
viúva, física e/ou emocionalmente dependente, convivendo com um filho de 
meia idade, financeiramente dependente da vítima, muitas vezes com 
problemas mentais ou viciado em álcool e drogas.
Senilismo: Essa expressão foi definida como um processo de estereotipia 
sistemática e discriminação contra as pessoas idosas, semelhantemente ao que 
os termos racismoe sexismo indicam para a cor da pele e o gênero, 
respectivamente. 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 9
Consequências: A violência contra o idoso traz reflexos que interferem no seu 
convívio social, familiar e institucional, comprometendo sua qualidade de vida. 
As consequências podem ser manifestadas desde um pequeno sinal à situação 
mais complexa. Existe uma convergência entre fatores de risco e as 
consequências que muitas vezes constituem motivos de internação ou óbito.
Analisar os maus tratos em idosos no contexto da saúde pública 
Epidemiologia 
Na população acima de 60 anos no Brasil, atualmente, as seis primeiras causas 
gerais de mortalidade são pela ordem: (1) doenças do sistema circulatório 
(35,6%); (2) neoplasias (16,7%); (3) enfermidades respiratórias (14,0%); (4) 
doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais, particularmente as diabetes 
(7,9%); (5) enfermidades do sistema digestório (4,7%) e (6) causas externas: 
violências e acidentes (3,4%). 
Analisando se os dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e o 
Sistema de Administração Hospitalar (SIAH/SUS), impressiona a magnitude dos 
números: 24.669 pessoas idosas morreram em 2011 por violências e acidentes 
(68 óbitos por dia) e 169.673 deram entrada em hospital por quedas, traumas 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 10
de trânsito, envenenamentos, agressões, sufocações, tentativas de suicídio em 
2012. Do total, internaram se 15.342 homens (62,2%) e 9.325 mulheres (37,8%). 
Desse conjunto, 50,9% o foram por quedas; 19,2% por acidentes de trânsito; 
6,5% por agressões e 0,3% por lesões autoprovocadas. 
Em 2011, a taxa de morte por causas externas em homens foi de 166/100.000. 
Em mulheres, 81/100.000, menos da metade dos óbitos do grupo masculino. 
Para os dois sexos, a taxa média de mortes por causas externas foi de 
119/100.000 idosos, no referido ano. 
Desde 1996 até 2011, as duas principais formas de mortalidade de idosos são 
quedas e acidentes de transporte e, em seguida, homicídios. Os suicídios 
também são importantes nesse conjunto de agravos: representam hoje mais de 
8% do total das mortes violentas e mostram leve tendência de crescimento ao 
longo do tempo. Nesse caso, é também notória a sobremortalidade masculina. 
Estudos como os de Minayo e Cavalcante (2010) e de Cavalcante e Minayo 
(2012; 2015) mostram que a morte autoinfligida de pessoas idosas acaba sendo 
um indicador de falta de qualidade de vida: isolamento, negligências com sua 
situação social e de saúde, doenças graves, deficiências e transtornos mentais 
juntos formam as principais causas, seguidas de depressão, conflitos familiares 
e conjugais.
Problema de saúde pública 
A violência no Brasil constitui sério problema de saúde pública, 
provocando impacto significativo na morbidade e mortalidade da 
população idosa, embora esses registros não retratem a violência como 
causa. 
Essa subnotificação associa-se, muitas vezes, à solidão, ao isolamento, à 
tendência dos indivíduos idoso de não relatar sua adversidade e à omissão 
das pessoas que presenciam a violência. 
Deve-se também ao não reconhecimento por parte de alguns profissionais 
de saúde, muitas vezes despreparados para identificar o problema. 
A violência contra os idosos, se comparada ao mesmo evento em outras faixas 
etárias, foi a última a ser contemplada como um fenômeno político e uma 
questão de saúde pública. Um estudo realizado entre 1979 e 1994 no Rio de 
Janeiro utilizando dados secundários de causas externas de óbitos em 
indivíduos maiores de 60 anos indicou que as mortes violentas representavam a 
sexta causa de óbitos, com 70% concentrando-se nna região metropolitana. A 
faixa etária mais vitimada foi de 70 anos ou mais, e o sexo masculino 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 11
apresentou um excesso de mortalidade de até três óbitos para cada feminino. 
Destacou-se o significativo crescimento das mortes por afogamento e 
sufocação. No período estudado, 25,8% (ano 1980) a 33,7% (ano 1994) das 
mortes ocorridas por causas externas foram ocasionadas por lesões ignoradas, 
e, destas, 92,5% se concentravam na região metropolitana do Rio de Janeiro. O 
fenômeno da violência se expressa, também, com agressões sofridas no 
seio da própria família, abandono em asilos, perda de direitos próprios ao 
exercício da cidadania, preconceito e, em última instância, ostracismo e 
exclusão social.
Por causas externas, entendem -se as consequências da violência que 
aparecem sob forma de mortalidade por homicídios, suicídios e acidentes; 
e, também, de agravos provocados por lesões e traumas provenientes de 
agressões, quedas, tentativas de suicídio, acidentes de transporte, 
afogamentos, sufocamentos e envenenamentos. O termo “causas externas” 
não é sinônimo de violência. Ele é um recurso para classificar os vários tipos de 
abusos e maus -tratos.
Identificar o papel do profissional de saúde relacionado aos maus tratos 
 (identificar como proceder,caso tenha maus tratos...)
ABORDAGEM: 
• É fundamental considerar que o idoso está inserido num contexto familiar, 
social e institucional; 
• As relações entre o idoso e seu familiares são importantes no 
estabelecimento de uma rede de suporte e na manutenção de uma família 
estável; 
• A equipe deve apurar os fatos e fornecer soluções sem julgar a 
culpabilidade;
 
A abordagem envolve necessariamente o assistente social, sempre que 
possível um psicólogo, e quando necessário a Delegacia do Idoso e o 
Conselho tutelar
 
→ Diante da suspeita de violência e maus tratos a equipe deve conversar 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 12
com o idoso e seu cuidador, juntos e separadamente. Pode conversar 
também com os vizinhos e outros familiares de modo reservado 
→ Deve indagar ao idoso, em caráter particular sobre a possível violência ou 
maus tratos, utilizando algumas perguntas norteadores, sem, contudo, deixar de 
observar a linguagem não verbal, como o olhar, o tom da voz, a expressão 
facial 
→ Ao conversar com o cuidador é necessário demonstrar compreensão das 
dificuldades que ele vem enfrentando 
→ Se for confirmada sobrecarga psíquica→oferecer apoio psicológico
AÇÃO: 
→ Curso para cuidadores de idoso→ensinar a família 
acuidardoidosoehaverámelhoradasrelações familiares; 
→ Grupo psicoterapêutico→cuidadores angustiados podem desabafar e 
receber apoio e reforço; 
→ Minimizar a sobrecarga do cuidador; 
→ Visitas domiciliares → permitirá detectar precocemente e encaminhar 
adequadamente demandas 
urgentes da família: a visita do enfermeiro para curativos, do médico para novas 
doenças agudas, o 
acompanhamento do psicólogo ou uma entrevista com o assistente social; 
→ O assistente social pode orientar sobre benefícios que o idoso tem direito, 
aumentado a renda da família; 
→ Oferta de algumas facilidades para o próprio cuidador→como a prioridade 
para realizar consultas e exames e adquirir medicamentos.
 
OBS: o cuidador também tem que cuidar de sua própria saúde física e 
mental
 
→ Outros profissionais podem contribuir para resolver alguns problemas 
comuns como dor ou sangramento gengival, distúrbios de marcha, equilíbrio ou 
contraturas, dietas por sondas e gastrostomia, disfagia e aspiração de 
alimentos, e reabilitação na doença de Parkinson→redução da dependência do 
idoso→minimiza a sobrecarga do cuidador;
Maus tratos ao idoso (GT-5) 13
 
→ Institucionalização temporária do idoso→em alguns casos, caso o 
cuidador precise de férias; 
→ Institucionalização definitiva→caso de famílias completamente 
desestruturadas ou cuidadores inaptos por motivos como alcoolismo ou 
drogadição.
 
OBS: os profissionais devem priorizar as medidas preventivas, entendidas em 
seu sentido mais amplo, abrangendo aquelas inerentes à promoção da saúde 
e as voltadas a combater a violência, promovendo a recuperação, 
reabilitação e reinserção familiar e social do idoso.
Conhecer o Estatuto do idoso e as legislações em relação aos maus tratos
Art. 4.o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, 
discriminação, violência, crueldade ou opressão,e todo atentado aos seus 
direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. 
§ 1.o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos direitos do 
idoso. 
§ 2.o As obrigações previstas nesta Lei não excluem da prevenção outras 
decorrentes dos princípios 
por ela adotados. 
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de violência praticada contra 
idosos serão objetos de notificação compulsória pelos serviços públicos e 
privados à autoridade sanitária, bem como serão obrigatoriamente 
comunicados por eles a quaisquer dos seguintes órgãos: 
→ Autoridade policial; 
→ Ministério Público; 
→ Conselho Municipal do Idoso; 
→ Conselho Estadual do Idoso; 
→ Conselho Nacional do Idoso. 
§ 1.o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência contra o idoso 
qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe 
cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. 
§ 2.o Aplica-se, no que couber, à notificação compulsória prevista no caput 
Maus tratos ao idoso (GT-5) 14
deste artigo, o disposto na Lei no 6.259, de 30 de outubro de 1975. 
Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio da família natural ou 
substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, 
ainda, em instituição pública ou privada 
§ 1.o A assistência integral na modalidade de entidade de longa permanência 
será prestada quando verificada inexistência de grupo familiar, casa-lar, 
abandono ou carência de recursos financeiros próprios ou da família. 
§ 2.o Toda instituição dedicada ao atendimento ao idoso fica obrigada a 
manter identificação externa visível, sob pena de interdição, além de atender 
toda a legislação pertinente. 
§ 3.o As instituições que abrigarem idosos são obrigadas a manter padrões de 
habitação compatíveis com as necessidades deles, bem como provê-los com 
alimentação regular e higiene indispensáveis às normas sanitárias e com estas 
condizentes, sob as penas da lei. 
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são aplicáveis sempre que os direitos 
reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: 
I. Por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II. Por falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; 
III. Em razão de sua condição pessoal.
Notícias
Os casos aumentaram durante a pandemia 
Idoso morre dentro de casa e polícia suspeita de maus-tratos em Natal | Rio Grande 
do Norte | G1
Idosos sofriam maus-tratos em casa de repouso de R$ 4 mil na Freguesia Idosos 
sofriam maus-tratos em casa de repouso de R$ 4 mil na Freguesia | Rio de Janeiro | 
O Dia
https://www.notion.so/Idoso-morre-dentro-de-casa-e-pol-cia-suspeita-de-maus-tratos-em-Natal-Rio-Grande-do-Norte-G1-57ea967a25ec4b028123f053639c70e8
https://www.notion.so/Idosos-sofriam-maus-tratos-em-casa-de-repouso-de-R-4-mil-na-Freguesia-Idosos-sofriam-maus-tratos-em-05221b2dae2942259d2b32e7e618dd6e

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