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Glândula Adrenal - Endócrino

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GLÂNDULA ADRENAL 
O CORTICOTROFO 
Células endócrinas da adeno-hipófise, 
produzem o hormônio ACTH 
(corticotrofina), que age 
estimulando o córtex adrenal. O ACTH 
é sintetizado com parte de um pró-
hormônio maior, o POMC, e por isso os 
corticotrofos também podem se 
chamar células POMC. 
O ACTH circula como hormônio não 
ligado, possui meia vida curta e se liga 
ao receptor MC2R nas células do 
córtex adrenal. Esse hormônio 
aumenta a produção do cortisol e de 
androgênios adrenais por aumentar a 
expressão gênica de enzimas 
esteroidogênicas no córtex.. 
Um subgrupo de neurônios 
hipotalâmicos parvocelulares 
expressa o peptídeo pró-CRH 
(hormônio de liberação pró-
corticotrofina), que é processado até 
virar CRH. Este último estimula 
agudamente a secreção de ACTH e 
aumenta a transcrição do gene POMC. 
Sua secreção é pulsátil. 
 
O ACTH é estimulado por muitos tipos 
de estresse, tanto neurogênicos (como 
medo) quanto sistêmicos (como 
infecção), e os efeitos desse estresse 
são mediados por CRH e acetilcolina, 
através do SNC. 
o A resposta ao estresse intenso 
pode persistir apesar da 
retroalimentação negativa 
pelos altos níveis de cortisol, o 
que significa que o hipotálamo 
consegue alterar o ponto de 
ajuste do eixo HPA 
(hipotálamo-hipófise-adrenal). 
o A depressão crônica grave 
pode redefinir o eixo HPA pela 
hipersecreção de CRH. 
O cortisol exerce retroalimentação 
negativa sobre a hipófise, onde 
suprime a expressão do gene POMC e 
consequente secreção de ACTH, e 
sobre o hipotálamo, onde diminui a 
expressão do gene pró-CRH e 
liberação de CRH. 
 
 
 
 
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A GLÂNDULA ADRENAL 
Em adultos, estrutura endócrina que 
produz duas classes de hormônios: 
esteroides e catecolaminas. 
o Epinefrina (catecolamina) → 
agente de resposta rápida a 
estresses como hipoglicemia e 
exercício, regulando 
metabolismo energético e 
débito cardíaco. 
o Cortisol (esteroide) → de 
ação mais longa, regula o uso 
da glicose, a homeostasia 
imunológica e inflamatória, 
entre outros processos. 
o Aldosterona (esteroide) → 
regula a homeostasia de sais e 
volume. 
Ainda, secreta grande quantidade do 
precursor androgênico DHEAS, que 
sintetiza estrogênio fetoplacentário, e 
é substrato da síntese periférica de 
androgênios em mulheres. 
 
ANATOMIA 
As glândulas suprarrenais/adrenais 
são bilaterais e se localizam 
imediatamente acima dos rins. 
O córtex adrenal é composto de três 
zonas: 
1. Zona Glomerulosa → produz 
mineralocorticoides. 
2. Zona Fasciculada → produz 
glicocorticoides. 
3. Zona Reticular → produz 
androgênios adrenais. 
 
 
 
 
o O córtex secreta os hormônios 
esteroides (aldosterona, 
cortisol e DHEAS). 
A medula adrenal é composta por 
células cromafins, que são inervados 
por neurônios simpáticos pré-
ganglionares e podem sintetizar o 
neurotransmissor norepinefrina 
pela tirosina. Porém, os níveis de 
cortisol que chegam na medula pelo 
córtex induzem a expressão da 
enzima PNMT, que transfere um 
grupo metila para a norepinefrina, 
produzindo a epinefrina 
(catecolaminas). 
 
o As catecolaminas são liberadas 
no sangue e agem como 
hormônios. 
o Apenas 30% da norepinefrina 
circulante vem da medula 
adrenal. A maioria é liberada 
nas terminações nervosas 
simpáticas pós-ganglionares 
(que possuem mesma origem 
tecidual da medula). 
 
MEDULA DA SUPRARRENAL 
Síntese de Epinefrina 
Começa com o transporte do 
aminoácido tirosina para o 
citoplasma da célula cromafim, e 
subsequente hidroxilação desta pela 
 
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enzima tirosina hidroxilase, 
produzindo DOPA. A DOPA é 
convertida em dopamina e 
transportada para a vesícula secretora 
(ou grânulo cromafim). No interior 
desta, a dopamina é completamente 
convertida em norepinefrina pela 
dopamina β-hidroxilase. Na maioria 
das células medulares, toda a 
norepinefrina é difundida para fora da 
vesícula por transporte facilitado, e 
metilada pela enzima PNMT, 
formando a epinefrina. Ela, então, é 
transportada de volta para o grânulo 
para armazenamento. É liberada por 
exocitose regulada. 
 
Secreção das Catecolaminas 
É regulada principalmente por sinais 
simpáticos descendentes, em resposta 
a várias formas de estresse (como 
exercício, hipoglicemia e hipovolemia 
hemorrágica). 
O sinal químico para secreção das 
catecolaminas na medula suprarrenal 
é a acetilcolina (ACh), secretada por 
neurônios simpáticos pré-
ganglionares, e se liga a receptores 
nicotínicos nas células cromafins. 
 
Ações Fisiológicas das 
Catecolaminas 
Como a medula da suprarrenal é 
inervada diretamente pelo SNA, suas 
respostas são muito rápidas. Em 
muitos casos, a produção da 
epinefrina (que é majoritária) é 
coordenada com a liberação de 
norepinefrina pelos neurônios 
simpáticos pós-ganglionares. 
Contudo, dependendo do estímulo, a 
resposta pode ser mais adrenal ou 
mais simpática. 
O exercício, por exemplo, envolve 
maior resposta adrenal que simpática. 
O objetivo da epinefrina nesse 
momento é atender às maiores 
demandas energéticas da musculatura 
esquelética e cardíaca, além de manter 
um suprimento de oxigênio e glicose 
adequado para o encéfalo (promove 
glicogenólise nos músculos, 
glicogenólise e gliconeogênese no 
 
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fígado; estimulam secreção de 
glucagon e inibem a secreção de 
insulina). Para isso, a epinefrina 
também promove o relaxamento da 
musculatura lisa dos brônquios, 
facilitando as trocas gasosas, além de 
diminuir a necessidade energética 
onde há menos trabalho no momento, 
como trato GI e urinário. 
 
Metabolismo das Catecolaminas 
A MAO e a COMT são as duas enzimas 
primárias envolvidas na degradação 
de catecolaminas. 
o O destino predominante das 
catecolaminas adrenais é a 
metilação por COMT em 
tecidos não neurais. 
 
CÓRTEX DA SUPRARRENAL 
ZONA FASCICULADA 
É uma zona super importante, pois 
nela é produzida o hormônio cortisol, 
que é derivado diretamente do 
colesterol. 
Consiste em um tecido ativamente 
esteroidogênico, com células que 
apresentam citoplasma preenchido 
por gotículas lipídicas (ésteres de 
colesterol – CEs). Essas células 
produzem algum colesterol novo, mas 
principalmente importam do sangue 
na forma de lipoproteína de baixa 
densidade (LDL). 
o As partículas de LDL se ligam 
ao seu receptor (LDLR) na 
membrana das células, 
sofrendo endocitose. 
No interior dos endolisossomos, o 
colesterol livre (FC) é liberado dos CEs 
e transportado para fora deste pelas 
proteínas NPC. Então, esse colesterol 
livre é armazenado em gotículas 
lipídicas no citoplasma, após 
esterificação pela ACAT. 
O colesterol armazenado é 
continuamente transformado de volta 
em colesterol livre pela HSL, processo 
que aumenta em resposta ao ACTH. 
Toda a síntese de hormônios 
esteroidais começa nas mitocôndrias, 
onde a primeira enzima, CYP11A1, é 
fixada na membrana mitocondrial 
interna. 
A proteína StAR é responsável por 
transferir FC para a matriz 
mitocondrial interna. 
Na zona fasciculada, o colesterol é 
convertido sequencialmente em: 
pregnenolona → progesterona → 17-
hidroxiprogesterona → 11-
desoxicortisol → cortisol. 
Transporte e Metabolismo do 
Cortisol 
É transportado no sangue 
principalmente pela CBG (90%), mas 
também pode se ligar à albumina. 
O fígado é o principal local de 
metabolismo do cortisol, já que o 
inativa e conjuga seus esteroides 
ativos e inativos, para que sejam 
 
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excretados com maior rapidez pelos 
rins. 
Essa inativação converte o cortisol em 
cortisona, e é uma reação reversível. 
o A inativação é catalisada pela 
enzima 11β-HSD2, e ocorre 
em células que expressam o 
receptor de mineralocorticoide 
(MR). Essa conversão em 
cortisona impede que o cortisol 
se ligue ao MR nos rins, não 
deixando que ele roube a ação 
mineralocorticoide da 
aldosterona. 
o Essa reação é reversível 
porque a enzima 11β-HSD1 
convertea cortisona de volta 
em cortisol, e ocorre em 
tecidos que expressam 
receptor de glicocorticoide 
(GR), como fígado, tecido 
adiposo e SNC. 
Mecanismos de Ação do Cortisol 
Age basicamente pelo receptor de 
glicocorticoide. Normalmente, o GR 
está no citoplasma em um complexo 
estável com chaperonas. Com a 
chegada do cortisol, a ligação cortisol-
GR: 
1. Dissocia o GR das chaperonas; 
2. Transloca o complexo para o 
núcleo; 
3. Faz dimerização e ligação aos 
GREs (elementos de resposta 
aos glicocorticoides), próximo 
aos promotores basais de 
genes reguladores de cortisol; 
4. Recruta proteínas coativadoras 
e fatores de transcrição, 
aumentando ou diminuindo a 
transcrição dos genes alvos. 
 
Ações Fisiológicas do Cortisol 
Sendo chamado de “hormônio do 
estresse”, o cortisol age justamente 
para diminuir os efeitos do estresse no 
corpo. 
Mantém a produção de glicose, facilita 
o metabolismo de gorduras, modula o 
sistema imune (ação 
imunossupressora e anti-
inflamatória) e nervoso, atua no 
metabolismo ósseo, muscular e renal. 
É um hormônio permissivo. 
Hormônio mais potente na capacidade 
de quebrar proteínas, e também pode 
inibir sua síntese. 
Transforma a glicose do fígado em 
glicogênio, mas também estimula a 
gliconeogênese, regulando assim a 
glicose sanguínea. 
Também aumenta a reabsorção óssea 
e inibem a formação do osso. Assim, o 
uso crônico de cortisol pode causar 
osteoporose. 
Ainda, o cortisol inibe a formação de 
colágeno e estimula o apetite. 
Regulação da Produção do Cortisol 
É feita pelo eixo hipotálamo-hipófise-
adrenal, envolvendo CRH, ACTH e 
cortisol. 
O cortisol faz feedback negativo no 
hipotálamo e na hipófise. 
Os estresses neurogênico e sistêmico 
estimulam a liberação de CRH, 
estimulando a liberação de ACTH e 
expressão do gene POMC, e então 
hipertrofia e proliferação de 
corticotrofos. O ACTH estimula 
receptores MC2R para produzir 
cortisol a partir do colesterol. 
 
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ZONA RETICULAR 
Começa a aparecer no córtex na faixa 
dos 5 anos de idade para produzir os 
androgênios adrenais. Esse período é 
conhecido como adrenarca, e 
contribui para o aparecimento de 
pelos axilares e púbicos. 
Síntese de Andrógenos 
Os principais produtos da zona 
reticular são a DHEA, DHEAS e 
androstenediona. Eles são 
importantes precursores de 
testosterona e di-hidrotestosterona 
(androgênios ativos). 
Metabolismo de DHEA e DHEAS 
O DHEAS pode ser convertido de volta 
em DHEA. DHEA e androstenediona 
podem ser convertidos em 
androgênios ativos perifericamente. 
Eles se ligam a proteínas do sangue 
como albumina, e são facilmente 
excretados pelos rins. 
Ações Fisiológicas dos Androgênios 
Nos homens essa ação é desprezível, 
enquanto que para a mulher é mais 
importante pois promove o 
crescimento de pelos e a libido. 
Regulação da Função da Zona R. 
O principal regulador dessa zona é o 
ACTH, através dos receptores MC2R. 
DHEA e androstenediona possuem o 
mesmo ritmo diurno do cortisol. Já o 
DHEA, por ter meia vida muito longa, 
não acompanha esse ritmo. 
 
 
 
 
ZONA GLOMERULOSA 
Produz o mineralocorticoide 
aldosterona, sendo regulada 
principalmente pelo sistema renina-
angiotensina, pelo potássio 
plasmático e pelo peptídeo natiurético 
atrial (ANP). 
A pregnenolona é convertida em 
progesterona e DOC pela CYP11B2. 
Um aspecto específico da zona 
glomerulosa é a expressão de 
CYP11B2, que codifica a enzima 
aldosterona sintetase (é exclusiva da 
zona glomerulosa, e assim só ela pode 
produzir mineralocorticoide). Esta 
catalisa as três últimas reações de DOC 
para aldosterona, a partir da 
progesterona: 
 
Transporte e Metabolismo da 
Aldosterona 
A aldosterona se liga à albumina e à 
proteína de ligação de 
corticoesteroides com baixa afinidade 
(meia vida curta). Praticamente toda 
ela é inativada no fígado, conjugada e 
então excretada pelos rins. 
 
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Mecanismo de Ação da Aldosterona 
Ela age muito como o cortisol no 
sentido de ser mediado pela ligação a 
um receptor intracelular específico 
ligado a chaperonas, o receptor de 
mineralocorticoide (MR). O complexo 
aldosterona-MR causa a dissociação 
das chaperonas, é translocado para o 
núcleo, onde regula a expressão de 
genes específicos. 
Principais Ações da Aldosterona 
É essencial para manter pressão: 
reabsorve sódio e água e excreta 
potássio nos túbulos renais, mantendo 
a homeostase. 
 
HIPERPLASIA ADRENAL 
CONGENITA 
É uma doença que começa intraútero, 
devido a uma deficiência em uma das 
enzimas que vão formar o cortisol, 
principalmente a 21 hidroxilase 
(CYP21). 
Como uma resposta a isso, a glândula 
vai ser estimulada ao máximo para 
funcionar (hiperprodução) e não vai 
conseguir dar conta, o que acarreta no 
seu aumento de tamanho 
(hiperplasia). 
Não tendo CYP21, há acúmulo de 17-
OH-progesterona, que vai se 
transformar em androstenediona e 
testosterona. Isso vai causar uma 
virilização grande nas meninas 
(crescimento da glande) e nos 
meninos (tamanho do pênis avançado 
para a idade). 
O tratamento é feito com cortisol.

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