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Marina Magalhães (@medbymarina) - P7 - unit Introdução: 🎔 é uma limitação do fluxo aéreo das vias aéreas inferiores, não reversível, provocada por uma resposta inflamatória a toxinas inalatórias. 🎔 o processo inflamatório crônico pode provocar alterações nos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). 🎔 o enfisema é um alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos secundário à destruição progressiva dos septos alveolares. Fatores de Risco: 🎔 Tabagismo: cerca de 15% dos fumantes desenvolvem DPOC. 🎔 Relações Laborais (ocupação): exposição nas indústrias de borracha, plásticos, couro, têxtil, moagem de grãos, produtos alimentícios, entre outros. 🎔 Genética: deficiência de alfa-1-antitripsina. Epidemiologia: 🎔 em 2003, a DPOC foi a quinta maior causa de internamento no sistema público de saúde no Brasil em maiores de 40 anos. 🎔 esta doença ocupa nos últimos anos entre a 4ª e 7ª posição entre as principais causas de morte em território nacional. 🎔 sua prevalência vem aumentando nas últimas décadas, especialmente no sexo feminino. 🎔 é caracteristicamente uma doença de adultos mais velhos, manifestando-se na quinta ou sexta décadas de vida. A preponderância no sexo masculino é explicada basicamente pela maior prevalência do tabagismo nos homens, porém esta diferença tem se reduzido pela maior proporção de mulheres fumantes. Fisiopatologia: 🎔 o processo é mediado pelo aumento da atividade da protease, liberadas pelos neutrófilos e outras células inflamatórias, e pela diminuição da atividade da anti-protease. As proteases pulmonares provocam a lise da elastina e do tecido conjuntivo no processo normal de reparação tecidual. 🎔 a atividade dessas proteases costuma ser balanceada por antiproteases, como alfa-1 antitripsina. Esse desbalanço entre as proteases e as antiproteases é o principal mecanismo do componente enfisematoso da doença, uma vez que causa hiperinsuflação e dificuldade de expiração. 🎔 a inflamação causa estreitamento e obstrução das vias respiratórias, além de hipersecreção de muco, espasmo brônquico, fibrose peribrônquica e destruição das pequenas vias respiratórias. 🎔 a exposição à toxinas de maneira crônica induz uma inflamação, também crônica, nas pequenas vias aéreas, com presença de linfócitos CD8+, macrófagos e neutrófilos. Essa inflamação crônica resulta na proliferação das células calicinais e hipertrofia das glândulas submucosas, causando assim hipersecretividade de muco e estreitamento das pequenas vias aéreas. 🎔 a maior resistência das vias respiratórias aumenta o trabalho de respiração. A hiperinsuflação pulmonar, embora diminua a resistência das vias respiratórias, também aumenta o esforço respiratório. A força expiratória depende em grande parte da elasticidade pulmonar, que está diminuída na DPOC. Esse fenômeno é conhecido como aprisionamento de ar e esse aprisionamento deve-se a degradação da elastina alveolar por proteases. 🎔 os espaços alveolares dilatados às vezes se fundem em bolhas, definidas como espaços aéreos ≥ 1 cm de diâmetro. 🎔 a troca gasosa está comprometida tanto pela lesão enfisematosa quanto pela lesão brônquica. Assim, os alvéolos ficam mal ventilados, porém, bem perfundidos (aumento do espaço morto pulmonar). 🎔 o centro respiratório desses pacientes passa a ser hipossensível ao CO2 e hipersensível à hipoxemia. Esses pacientes começam a reter CO2 de forma lenta e progressiva (acidose respiratória), sendo que o rim compensa retendo HCO3- (alcalose metabólica compensatória), aumentando o base excess na gasometria. Etiologia: 🎔 no enfisema pulmonar , as áreas mais acometidas pelo processo possibilitam a divisão do enfisema em diferentes subtipos, sugerindo assim a etiologia do processo. O enfisema centrolobular (ou acinar proximal) , é caracterizado pela dilatação dos bronquíolos e porção central do ácino. Esse padrão sugere lesão causada pelo tabagismo, ou exposição crônica à fumaça da queima de carvão. 🎔 o enfisema panacinar é caracterizado pela destruição e dilatação de todo o ácino, sendo uma característica da deficiência da alfa-1-antitripsina, mas também ocorre em alguns tabagistas. 🎔 o enfisema acinar distal (ou parasseptal) , ocorrendo a destruição dos ductos alveolares. Essa forma de enfisema é incomum de forma isolada, apresentando associação com a ocorrência de pneumotórax espontâneo. Manifestações Clínicas: 🎔 a tosse é o sintoma mais comum, podendo ser diária ou intermitente e pode preceder a dispneia ou aparecer junto com ela. A dispneia é o principal sintoma associado à incapacidade, redução da qualidade de vida e pior prognóstico. O terceiro sintoma cardinal da DPOC é a produção excessiva de escarro. 🎔 é comum que os sintomas não sejam constantes no decorrer de todo o dia. Muitos pacientes relatam piora dos sintomas (principalmente da tosse e expectoração) pela manhã, com melhora parcial no decorrer do dia. 🎔 a perda ponderal é um sinal de mau prognóstico em pacientes com DPOC. 🎔 a relação da sintomatologia com o prognóstico da doença está na tabela do MRC: 🎔 os sinais de DPOC incluem sibilos, uma fase expiratória prolongada da respiração; hiperinsuflação pulmonar que se manifesta pela atenuação dos sons cardíacos e pulmonares; e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax (tórax em barril). 🎔 a doença avançada se manifesta com sinais de esforço respiratório (lábios cerrados, uso de musculatura acessória, tiragem intercostal, batimento de asa do nariz), retração paradoxal dos espaços intercostais (sinal de Hoover) e cianose. os sinais de cor pulmonale incluem distensão das veias jugulares; desdobramento da segunda bulha cardíaca,com hiperfonese do componente pulmonar; sopro de insuficiência tricúspide; e edema periférico. Pink Puffers: corresponde aos pacientes enfisematosos. São magros, apresentam pletora e tórax em tonel. A dispneia é tipo expiratória e a ausculta pulmonar revela diminuição dos murmúrios vesiculares. Diagnóstico: 🎔 Avaliação espirométrica: A espirometria com obtenção da curva expiratória volume-tempo é obrigatória na suspeita clínica de DPOC, devendo ser realizada antes e após administração de broncodilatador, de preferência em fase estável da doença. Os parâmetros mais importantes avaliados são a capacidade vital forçada (CVF), o volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1) e a relação entre esses parâmetros (VEF1⁄CVF). A limitação permanente ao fluxo aéreo é definida quando esta relação é <0,70 pós broncodilatador. Essa limitação permanente é necessária para estabelecer o diagnóstico de DPOC. Uma outra alternativa de índice para avaliar limitação do fluxo aéreo é a relação FEV1/FEV6. Nessa relação, o que é avaliado é a relação entre o fluxo expiratório após 1 segundo e 6 segundos, respectivamente. As vantagens deste teste em relação ao teste clássico da FEV1/CVF é a maior reprodutibilidade, menor risco de síncope na realização do exame, não apresentando redução de sensibilidade ou especificidade em relação ao teste FEV1/CVF. 🎔 Avaliação radiológica: Útil para afastar outras doenças pulmonares, principalmente neoplasias e avaliar complicações em exacerbações da doença. Solicitar nas incidências póstero-anterior e perfil. A radiografia pode ainda identificar bolhas, com possível indicação cirúrgica. A sensibilidade da radiografia para detectar DPOC é bastante baixa, de apenas 50% para casos de DPOC moderada. A maioria dos achados característicos da DPOC se apresentam com a evolução da doença, e são: aumento da insuflação pulmonar, aumento da radiotransparência pulmonar, diminuição da trama vascular visível no pulmão e retificação do diafragma. A tomografia de tórax apresenta maior sensibilidade e especificidade para identificação da DPOC, principalmente nos pacientes enfisematosos. No entanto, não é um exame indicado para tentar estabelecer o diagnóstico da DPOC, ao invés disso, é muito útil na avaliação de complicações. 🎔 Avaliação gasométrica: A avaliação da oxigenação é realizada inicialmente pelo oxímetro de pulso. Se saturação <88% (algumas fontes recomendam se PO2 < 90%), redução do nível de consciência, ou presença de exacerbação aguda, está indicada a coleta da hemogasometria. Achados comuns na gasometria de pacientes com DPOC, são hipoxemia e hipercapnia. Acidose respiratória crônica é comum em virtude do aumento da pressão de CO2, e pode ser acompanhada de uma alcalose metabólica compensatória. ★ Pacientes sem diagnóstico de DPOC, que buscam auxílio médico com queixa principal de dispneia podem apresentar dúvida diagnóstica entre insuficiência cardíaca e DPOC (tendo em vista que muitas vezes esses pacientes apresentam fatores de risco para as duas doenças). Um exame importante na diferenciação das duas etiologias, é o BNP e NT-proBNP, que normalmente se encontram elevados em quadros de dispnéia por insuficiência cardíaca. Valores de NT-proBNP < 400 pg/ml indicam baixa probabilidade de dispneia por insuficiência cardíaca. ★ As avaliações eletro e ecocardiográfica estão indicadas nos casos em que há suspeita de hipertensão pulmonar e cor pulmonale. Classificação: 🎔 com base na espirometria uma das classificações pode ser feita da seguinte maneira: 🎔 o estadiamento da GOLD (da “Iniciativa Global Pela Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) classifica os pacientes em estágios que vão de 1 a 4. Uma vez que esse estadiamento é realizado a partir do resultado espirométrico, a GOLD recomenda realização de espirometria anual para guiar a terapia dos pacientes de acordo com a evolução da doença. 🎔 os pacientes no estádio 1 e 2 devem ser acompanhados pelo clínico generalista. Os pacientes no estádio 3 (pacientes com hipoxemia intensa, mas sem hipercapnia) devem ser acompanhados por especialista. Os pacientes no estádio 4 tem mau prognóstico, devido a apresentarem hipercapnia, ou sinais de insuficiência cardíaca ou ainda dispnéia incapacitante. 🎔 utilizam-se as escalas MRC ou escala CAT para avaliar quão limitantes são os sintomas do paciente. Tratamento: 🎔 Exacerbação: infecção respiratória é a principal causa de exacerbação da DPOC. É recomendado iniciar a terapêutica broncodilatadora inalatória em episódios de exacerbação aguda com o uso associado do brometo de ipratrópio a um β-2 de ação curta (como salbutamol ou fenoterol). Os corticoides reduzem a taxa de falha terapêutica e o tempo de permanência hospitalar. A medicação mais recomendada é a prednisona via oral 40 mg⁄dia ou metilprednisolona 0,5 mg⁄kg⁄dia por 05 dias a 14 dias. O suporte ventilatório não invasivo está indicado nas exacerbações com hipoventilação alveolar e acidemia. Ela reduz a necessidade de intubação traqueal. Se o paciente encontra-se sonolento e não colaborativo, a intubação traqueal e a ventilação mecânica devem ser consideradas, estando indicado em caso de rebaixamento do nível de consciência. Tratamento com oxigênio em alto fluxo buscando aumentar a pressão de O2 desses pacientes acima dos níveis previamente citados apresentaram correlação com maior mortalidade. Os pacientes com critérios para internação são os que apresentam as seguintes características: 🎔 Tratamento da DPOC estável: mudanças dos hábitos de vida desses pacientes são essenciais para controles dos sintomas e redução da progressão da doença. Alémdisso, é importante avaliar o estado nutricional desses pacientes, principalmente tendo em vista que os pacientes em estágios mais avançados frequentemente apresentam desnutrição. Os broncodilatadores são a base do tratamento sintomático das doenças pulmonares obstrutivas. A via de administração preferencial é inalatória. - B2-Agonista: atuam aumentando a ação do sistema simpático nas vias aéreas, abrindo os canais de potássio e aumentando o AMP cíclico. Os B2-agonistas de longa duração são mais eficazes (formoterol e salmeterol) em controlar os sintomas de pacientes fora dos períodos de exacerbações. - Anticolinérgicos: O brometo de ipratrópio é um antagonista específico dos receptores muscarínicos. O pico de ação é entre 30-90 minutos e o efeito dura entre 4 a 6 horas. - Xantinas: Tendo a aminofilina e teofilina como principais fármacos, são consideradas a última opção de terapia broncodilatadora. Seu efeito broncodilatador é inferior as outras drogas, além de causar efeitos adversos como náuseas, tremores e arritmias. Os corticoides inalatórios são recomendados em pacientes com VEF1 < 50% e que tenham tido exacerbação no ano anterior e que necessitou do uso de antibiótico ou corticoide oral. Porém, a associação dessas drogas com beta-agonistas de ação prolongada, mostra redução da mortalidade, das exacerbações e melhora a qualidade de vida desses pacientes. A oxigenoterapia tem se mostrado como o principal tratamento para melhorar a sobrevida de pacientes hipoxêmicos portadores de DPOC, com o objetivo de manter SaO2 ≥ 90%. As indicações de oxigenoterapia prolongada domiciliar de baixo fluxo seguem os seguintes achados: ★ PaO2 ≤55 mmHg ou saturação ≤88% em repouso; e ★ PaO2 entre 56 e 59 mmHg com evidências de cor pulmonale ou policitemia. Nos pacientes portadores de DPOC, é recomendada a vacinação antiinfluenza . Além disso, a reabilitação respiratória é uma terapêutica importante para melhorar a qualidade de vida desses indivíduos. 🎔 Antibioticoterapia: indica-se quando houver pelo menos duas das seguintes condições: (1) aumento do volume do escarro; (2) alteração do seu aspecto para purulento; (3) aumento da intensidade da dispneia. Outra indicação inclui pacientes com exacerbações graves, independente dos critérios acima (ex.: necessidade de suporte ventilatório invasivo). Referências: sanarflix, clínica médica da USP e medcurso.
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