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Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 Introdução: 🎔 cefaleias primárias são aquelas em que a cefaleia e suas manifestações associadas constituem o distúrbio em si. 🎔 frequentemente resulta em considerável incapacidade e redução da qualidade de vida do paciente. Migrânea X Cefaléias Primárias: 🎔 enxaqueca, ou migrânea, é uma cefaleia primária, e, portanto, não possui causa subjacente. Embora o termo “cefaleia vascular” tenha se popularizado, não há evidências de que a migrânea se origine em vasos sanguíneos intra ou extracranianos. 🎔 o que diferencia um indivíduo normal de um paciente que sofre da doença é a suscetibilidade anormal, no segundo, para o desenvolvimento de uma sequência de eventos que culmina com a manifestação do ataque de migrânea. Epidemiologia: 🎔 mais de 75% das mulheres e de 55% dos homens sentirão pelo menos um tipo de cefaléia intensa durante a vida. 🎔 as mais comuns são a migrânea e a cefaléia tipo tensão que são mais frequentes nos indivíduos do sexo feminino. 🎔 são mais comuns até os 50 anos. Fisiopatologia: 🎔 a percepção da dor é uma resposta fisiológica normal mediada pelo sistema nervoso saudável. Também pode ocorrer quando as vias de produção da dor do sistema nervoso periférico ou do central (SNC) são lesionadas ou excessivamente ativadas. 🎔 poucas estruturas cranianas geram dor; elas incluem o couro cabeludo, a artéria meníngea média, os seios durais, a foice do cérebro e os segmentos proximais das grandes artérias da pia-máter. 🎔 as principais estruturas envolvidas na cefaleia primária são: (1) os grandes vasos intracranianos e a dura-máter; (2) os terminais periféricos do nervo trigêmeo que inervam as estruturas anteriores; (3) a parte caudal do núcleo trigeminal, que se estende até os cornos dorsais da medula cervical superior e recebe impulsos das primeira e segunda raízes nervosas cervicais; (4) regiões rostrais de processamento da dor, como o tálamo ventro-posteromedial e o córtex; e (5) os sistemas moduladores da dor no cérebro que modulam o impulso dos nociceptores trigeminais em todos os níveis de vias de processamento da dor. 🎔 a inervação dos grandes vasos intracranianos e dura-máter pelo nervo trigêmeo denomina-se sistema trigeminovascular. 🎔 os sintomas cranianos autônomos, como lacrimejamento e congestão nasal, são proeminentes nas cefalalgias autonômicas do trigêmeo, como a cefaleia em salvas e a hemicrania paroxística, podendo ser também observados na migrânea. Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 🎔 vários fatores, como constitucionais, genéticos, ambientais, sexo, idade e condições outras de saúde, estão correlacionadas à ocorrência de cefaléia. 🎔 na migrânea, a gênese da dor decorre da ativação de nociceptores sediados nos grandes vasos cerebrais, vasos gliais, grandes seios venosos e na dura-máter, estruturas essas inervadas por ramos nervosos oriundos do gânglio de Gasser (o denominado sistema trigeminovascular) e de raízes sensitivas cervicais, que contém substância P (SP) e o peptídeo geneticamente relacionado à calcitonina (PGRC) e que são liberados quando o gânglio trigeminal é estimulado. No processo de estimulação do sistema trigeminovascular ocorre vasodilatação dos vasos cerebrais de grande calibre e um processo de inflamação neurogênica estéril que envolve a liberação de vários neuropeptídeos na parede vascular, especialmente a substância P (SP) e o PGRC. Disso resulta desgranulação dos mastócitos, anormalidades venulares e agregação plaquetária. Essas alterações são responsáveis pelas modificações na atividade da serotonina e pelo aumento de seus metabólitos na circulação. A concentração de PGRC na veia jugular externa é elevada durante a crise de enxaqueca. Essas anormalidades periféricas são devidas a ativações originadas no sistema nervoso central (SNC). A concentração da SP, do neuropeptídeo Y e do peptídeo vasoativo intestinal (PVI) na veia jugular é normal durante as crises de enxaqueca. Outras substâncias também se acumulam junto aos vasos, como íons K+, catecolaminas, histamina, serotonina e prostaglandinas, contribuindo para o processo inflamatório estéril e para a manutenção da dor. Em pacientes com enxaqueca sem aura os níveis de serotonina plaquetária são normais entre as crises, mas sofrem uma rápida redução de cerca de 40% durante os ataques, ocorrendo aumento da excreção do ácido 5-hidroxi-indol-acético que é o principal metabólito da serotonina. 🎔 a cefaléia em salvas e as hemicranias paroxísticas, assim como a enxaqueca, devem sua dor também à ativação do sistema trigeminovascular, mas de uma maneira mais intensa, tanto assim que a dor é muito mais forte. Também se observa um aumento nos níveis de PGRC na veia jugular maior que os vistos na enxaqueca, além de níveis altos de PIV pela ativação autonômica. Nessas cefaléias trigêmino-autonômicas a ativação autonômica das vias parassimpáticas cranianas deve se fazer pelas conexões entre o núcleo espinal do trigêmeo e os núcleos salivatórios e lacrimal no tronco cerebral e também deve funcionar como um mecanismo de barragem que retroalimenta a dor gerada no sistema trigeminovascular. Alguns estudos verificaram uma predisposição genética na CTT crônica (CTTC), visto que os parentes próximos dos afetados têm um risco de desenvolvê-la duas a quatro vezes mais que a população geral. Classificação: 🎔 Migrânea: constitui a segunda causa mais comum de cefaleia e está entre as 20 principais causas de incapacidade no mundo inteirode acordo com a OMS. ✱ é uma síndrome recorrente de cefaleia, juntamente com sintomas de disfunção neurológica, como sensibilidade a estímulos sensoriais (luz, som, odores ou movimento); a cefaleia é frequentemente acompanhada de náuseas e vômitos. ✱ o cérebro na migrânea é particularmente sensível a estímulos ambientais e sensoriais; os pacientes com propensão à migrânea não se habituam facilmente a estímulos sensoriais. A cefaleia pode ser iniciada ou amplificada por vários deflagradores, incluindo luzes brilhantes, sons, odores ou outra estimulação aferente; fome, estresse ou o desligamento do estresse; esforço físico; condições meteorológicas de tempestade, altitude ou mudanças de pressão barométrica; flutuações hormonais durante a menstruação; falta ou excesso de sono; e Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 álcool ou outras substâncias químicas, como nitratos. ✱ as crises de dor não-tratadas ou tratadas sem melhora duram de quatro a 72 horas e apresentam, pelo menos, duas das seguintes características: localização unilateral, caráter pulsátil, intensidade moderada ou intensa, suficiente para limitar ou impedir atividades, e agravamento durante as atividades físicas. ✱ sintomas premonitórios (hiperatividade, depressão, irritabilidade, bocejos, déficit de memória, desejo de certos alimentos, hiperosmia, sonolência) ocorrem em 10 a 15% dos casos, horas ou dias, precedendo as crises. ✱ os mais comum dos tipos de enxaqueca é a sem aura (ou enxaqueca comum), em que a dor não é precedida ou acompanhada de sinais ou sintomas neurológicos. ✱ constituem as variantes da enxaqueca: enxaqueca retiniana (escotomas ou cegueira monocular com duração inferior a uma hora), enxaqueca hemiplégica familiar e esporádica (hemiparesia reversível como aura), síndromes periódicas da infância precursoras da enxaqueca (vertigem paroxística benigna da infância com vertigem, vômitos, desequilíbrio e nistagmo; vômitos cíclicos da infância; enxaqueca abdominal) e enxaqueca basilar (aura com anormalidades do tronco encefálico e do córtex occipital bilateral, alterações visuais bilaterais, disartria, vertigem, zumbidos, hipoacusia, diplopia, ataxia, paresia ou parestesias bilaterais, comprometimento da consciência). ✱ aura pode ser prolongada e durar mais que 60 minutos e menos que sete dias. Quando, após a crise de enxaqueca com aura, o déficit neurológico não regride em uma semana ou mais, pode-se evidenciar lesão isquêmica nos exames de imagem configurando infarto enxaquecoso ou não. ✱ Mecanismos Responsáveis pela Aura: fenômeno conhecido como “depressão alastrante” (DA), originalmente descrito pelo neurofisiologista brasileiro Aristides Leão, em 1944, é considerado como o substrato fisiopatológico da aura, seja ela visual, sensitiva, motora, afásica ou de qualquer outra natureza. Trata-se de um fenômeno de despolarização com excitação neuronal seguido de redução da atividade que se desloca pelo córtex a uma velocidade de 2-3 mm/min. Considerada até recentemente como uma onda que se alastra em todas as direções tal como ondas concêntricas que se espalham em uma superfície líquida, evidências recentes sugerem que seu alastramento pode ser em uma direção preferencial, o que pode justificar a variação dos sintomas neurológicos verificados durante a aura. A passagem da DA pelo córtex visual corresponde à percepção da anormalidade visual que, em correspondência, se alastra pelo campo visual. ✱ estado de mal enxaquecoso ou status migranosus caracteriza-se por crise de dor perdurando por mais de 72 horas, ou pela ocorrência de mais de uma crise com acalmia de menos de quatro horas. ✱ papel genético é preponderante nesta doença, fazendo que o risco relativo aumente duas vezes no caso da migrânea sem aura, e quatro vezes para a migrânea com aura, em pessoas que possuam pelo menos um parente de primeiro grau acometido. ✱ nas três formas conhecidas, mutações dos genes CACNA1A (MHF tipo 1, cromossomo 19p13, codifica o canal de cálcio CaV2.1 tipo P/Q), ATP1A2 (MHF tipo 2, cromossoma 1q23, codifica a subunidade α2 de uma bomba sódio-potássio), e SCN1A (MHF tipo 3, cromossoma 2q24, codifica a subunidade α1 do canal de sódio voltagem-dependente NaV1.1) produzem hiper-excitabilidade neuronal, o que também parece ser o caso nas formas mais comuns da doença. Estudo recente identificou 38 loci significativamente associados ao risco de migrânea no genoma humano. ✱ Complicações da Migrânea: estado migranoso, infarto migranoso (sintomas da aura persistem por mais de 60 minutos e são Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 associados a um infarto demonstrado no exame de neuroimagem) e migrânea crônica (aumento da frequência das crises até tornarem-se diárias ou quase diárias (>15 dias por mês com dor por mais de 3 meses)). 🎔 Cefaléia do Tipo Tensional: constitui a cefaleia primária mais comum, embora os pacientes raramente procurem a clínica devido ao baixo nível de incapacidade associada. ✱ caracteriza-se por um desconforto da cabeça bilateral, em aperto e semelhante a uma faixa, de intensidade leve a moderada. Em geral, a dor progride lentamente, flutua na sua intensidade e pode persistir de modo mais ou menos contínuo durante muitos dias. A cefaleia pode ser episódica ou crônica (presente em 15 dias ou mais por mês). ✱ pode correlacionar-se a anormalidades da coluna cervical e dos músculos mastigatórios. ✱ a variante crônica (aparece por 180 dias ao ano ou mais) apresenta pequena relação com fatores emocionais; o doentegeralmente acorda com dor ou essa surge após o despertar. ✱ seu pico de prevalência é na quarta década de vida. ✱ a dor pode melhorar com a atividade física, ao contrário da migrânea. ✱ por vezes, há hiperestesia e hipertonia da musculatura pericraniana que pode ser percebida com a palpação cuidadosa. 🎔 Cefaleias em Salva: é uma síndrome de cefaléia primária rara, com frequência de aproximadamente 0,1% na população, que afeta mais os homens do que as mulheres, em uma proporção de 3:1. ✱ a dor é profunda, habitualmente retro-orbital, frequentemente de intensidade excruciante, não flutuante e de qualidade explosiva. ✱ ocorre pelo menos uma das crises diárias de dor aproximadamente na mesma hora todos os dias para a duração de um surto de cefaleia em salvas. O início é noturno em cerca de 50% dos pacientes. O paciente típico com cefaleia em salvas apresenta episódios diários de uma ou duas crises de dor unilateral de duração relativamente curta por 8 a 10 semanas por ano; essas crises são habitualmente seguidas de um intervalo sem dor por um período médio de menos de 1 ano. ✱ os pacientes com cefaleia em salvas tendem a ser inquietos durante as crises e podem andar de um lado para outro, balançar ou esfregar a cabeça para obter alívio; alguns podem até mesmo se tornar agressivos durante as crises. ✱ provavelmente é um distúrbio que envolve neurônios marca-passos centrais na região hipotalâmica posterior, explicando, assim, a sua periodicidade. ✱ outras manifestações características da cefaleia em salvas incluem sintomas ipsilaterais de ativação craniana parassimpática autonômica: hiperemia conjuntival ou lacrimejamento, rinorreia ou congestão nasal ou disfunção craniana simpática, como ptose. ✱ quando presentes, a fotofobia e a fonofobia têm muito mais tendência a ser unilaterais e do mesmo lado da dor, em lugar de bilaterais, conforme observado na migrânea. ✱ a CS geralmente é primária, mas pode ser sintomática. Meningiomas parasselares, adenomas de hipófise, tumores do seio cavernoso e do clivo, aneurismas e angiomas encefálicos e fraturas craniofaciais podem causar sintomas similares; nesses casos, a cefaléia atípica não apresenta periodicidade e com dor basal entre as crises, sendo a resposta insatisfatória ao tratamento abortivo clássico e com déficits sensitivos evidenciáveis no território do nervo trigêmeo. É, portanto, recomendável a execução de RNM do crânio em todos os casos de cefaléia em salvas. 🎔 Cefaléia Crônica Diária: é definida como cefaléia que ocorre 15 dias ou mais por mês, durante três meses ou mais. Em aproximadamente 77% dos casos o tipo clínico de CCD é a enxaqueca transformada, e em mais de 80% ocorre abuso do uso de Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 analgésicos, ergotamínicos, triptanos ou cafeína. 🎔 SUNCT: ou cefaléia neuralgiforme unilateral de curta duração com hiperemia conjuntival e lacrimejamento, é definida por paroxismos ultracurtos de dor unilateral, em pontada ou pulsátil, geralmente intensa, localizada na região orbitária, supra-orbitária e/ou temporal durando de 5 a 240 segundos (geralmente 15 a 120 s) e ocorrendo de três até 200 vezes por dia; o ritmo e a periodicidade podem ser variáveis; em associação deve ocorrer pelo menos um dos sintomas autonômicos ipsolaterais (congestão conjuntival e/ou lacrimejamento), mas também pode aparecer congestão nasal, rinorréia, ptose (edema palpebral). Casos sem congestão nasal e lacrimejamento são descritos e denominados SUNA. Sudorese frontal subclínica e ipsolateral e bradicardia e aumento da pressão arterial sistólica também podem ser observados. Em alguns casos, há mecanismos de gatilho similares aos da neuralgia do trigêmeo ou mesmo superposição das doenças. 🎔 Hemicrania Paroxística: caracteriza-se por episódios de cefaleia unilaterais, graves, frequentes e de curta duração. Assim como a cefaleia em salvas, a dor tende a ser retro-orbital, mas pode-se senti-la em toda a cabeça, sendo associada a fenômenos autônomos como lacrimejamento e congestão nasal. As características essenciais da HP são: dor unilateral e muito intensa; crises de curta duração (2-45 min); crises muito frequentes (em geral, mais de cinco por dia); manifestações autonômicas acentuadas ipsilaterais à dor; curso rápido (menos de 72 h); e resposta excelente à indometacina. Diferente da cefaleia em salvas, que acomete predominantemente os homens, a proporção homens:mulheres na HP é quase de 1:1. A indometacina (25-75 mg 3x/dia), que pode suprimir completamente as crises de HP, é o tratamento de escolha. Diagnóstico: 🎔 as causas graves a serem consideradas consistem em meningite, hemorragia subaracnóidea, hematomas extradural ou subdural, glaucoma, tumor e sinusite purulenta. 🎔 um exame neurológico completo é a primeira etapa imprescindível na avaliação. Na maioria dos casos, os pacientes com exame anormal ou história de cefaleia de início recente devem submeter-se a uma TC ou RM. 🎔 como procedimento de triagem inicial para patologia intracraniana neste contexto, os métodos de TC e RM parecem ser igualmente sensíveis. 🎔 uma avaliação geral da cefaleia aguda pode incluir a investigação das funções cardiovascular e renal por meio de monitoramento da pressão arterial e um exame de urina; dos olhos, por fundoscopia, medição da pressão intraocular e exame da refração; das artérias cranianas, por palpação; e da coluna cervical, pelo efeito de movimentos passivos da cabeça e por examesde imagem. 🎔 o estado psicológico do paciente também deve ser avaliado, pois existe relação entre cefaleia e depressão. Muitos pacientes com ciclos diários de dor crônica tornam-se deprimidos, embora a depressão em si raramente seja causa de cefaleia. 🎔 Critérios de alerta: “Pior dor da vida”, primeira cefaleia intensa, piora subaguda ao longo de dias, exame neurológico anormal, febre, vômitos que precedem, dor que perturba o sono, dor em pessoas com mais de 50 anos ou menos de 5 anos, dor associada à hipersensibilidade local, dor associada a trauma e dor em indivíduos imunodeprimidos. 🎔 Diagnóstico da Migrânea: um diário da cefaleia muitas vezes ajuda a definir o diagnóstico; também é útil na avaliação da incapacidade e frequência do tratamento para crises agudas. 🎔 Diagnóstico de SUNCT: pode-se visualizar processos patológicos na fossa posterior e na Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 hipófise; isto exige investigação rotineira com RNM. Tratamento: 🎔 Tratamento da Migrânea: ✱ Tratamento Não-farmacológico : dieta saudável, exercícios regulares, padrões de sono regulares, exclusão de cafeína e álcool em excesso e prevenção de alterações agudas nos níveis de estresse. Como o estresse da vida diária não pode ser eliminado, é útil para muitos pacientes diminuir a resposta ao estresse por meio de diversas técnicas, como ioga, meditação transcendental, hipnose e técnicas de condicionamento como o biofeedback. ✱ Tratamento das Crises Agudas : crises com dor fraca a moderada podem ser abortadas com analgésicos comuns e antiinflamatórios não-hormonais (AAINH) por via oral (dipirona 500 mg, paracetamol 500 mg, aspirina 500 mg, diclofenaco 50 mg etc.). O uso desses medicamentos por via parenteral pode ser reservado a crises mais fortes ou pela vigência de vômitos (dipirona 500 mg EV, tenoxicam 20-40 mg EV/IM, diclofenaco 75 mg IM, cetoprofeno 100 mg EV/IM, piroxican 20-40 mg IM). Medicamentos antieméticos por VO, IM ou EV (metoclopramida 10 mg, bromoprida, tiaprida) ou VO (domperidona 10 mg) podem possibilitar o uso da via oral nessas eventualidades, além de melhorarem a gastroparesia que acompanha a enxaqueca. Medicamentos com combinação de analgésicos comuns, vasoconstritores (isometepteno) ou agonistas serotoninérgicos (ergotamina, diidroergotamina) e cafeína por via oral estão disponíveis em nosso mercado e são eficazes em crises fracas e moderadas. Cumpre ressaltar que a dose dos derivados de ergotamina não deve exceder 10-12 mg/semana, pelo risco de abuso e cefaléia-rebote. Os triptanos apresentam eficácia superior à ergotamina, talvez em razão da maior lipossolubilidade. Vertigens, tonturas, sensação de calor, fraqueza e aperto no peito, náuseas, vômitos e dispnéia são seus efeitos ad- versos. São contra-indicações para seu uso: doenças coronárias, insuficiência vascular periférica e hipertensão arterial grave. Os agonistas de serotonina devem ser evitados em indivíduos que apresentam anormalidades cardiocirculatórias ou cerebrovasculares, vasculopatias periféricas, insuficiência renal ou hepática, hipertensão arterial grave, hipertireoidismo ou porfiria, e durante a gestação. Os neurolépticos são úteis em crises refratárias e no status migrainosus, particularmente quando ocorrem vômitos intensos e pode ser utilizada a clorpromazina (25 mg EV em 250 a 500 mL de soro fisiológico) ou o haloperidol (5 mg EV em soro fisiológico). Os corticóides são muito úteis na desintoxicação do abuso de analgésicos na enxaqueca crônica diária (dexametasona ou prednisona VO). Quando a dor se mantém, a associação de agentes como ergotamínicos IM/EV com antieméticos EV, AINHs EV/IM, corticosteróides EV/IM, neuroléptico EV e derivados de morfina pode ser necessária. Em casos de persistência de aura migranosa por mais de 60 minutos, é recomendável a não-utilização de agentes com ação vasoconstritora (ergotamínicos, Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 triptanos). Alguns recomendam medicar a aura prolongada com verapamil (5 a 10 mg IV), nifedipina (10 mg SL), nitrato de amila ou isoproterenol (0,25%) e hidratação endovenosa. ✱ Tratamento Profilático : as crises puramente perimenstruais podem ser prevenidas com o uso de estradiol por via transdérmica, VO ou implantes e AAINH ou naratriptano no período pré-menstrual; também se utilizam a piridoxina, a bromocriptina, o tamoxifeno e o danazol. 🎔 Tratamento da Cefaléia de Tensão: ✱ Fase Aguda : os AINH (ibuprofeno, naproxeno, cetoprofeno, cetarolaco, indometacina, dipirona) são os agentes de preferência. Os inibidores específicos da ciclo-oxigenase-2 (celecoxib, rofecoxib, parecoxib) parecem ser também eficazes e mais seguros que aqueles. ✱ Tratamento Profilático : consiste no uso de antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, maprotilina, miansierina, venlafaxina). ✱ Técnicas de Biofeedback : eletromiografia e relaxamento, intervenções cognitivo-comportamentais, programas de manejo do estresse e de medicina física, incluindo técnicas de adequação da postura e de ergonomia, estimulação elétrica transcutânea, aplicação de frio ou calor, alongamento, massoterapia e reabilitação da mastigação. 🎔 Tratamento das Cefaleias em Salva: visa ao controle das crises agudas e tem objetivo profilático. ✱ Tratamento das Crises : pode ser realizado com a inalação de O2 puro (5 a 10 L/minuto) com máscara, método que resulta em alívio da dor em 5 a 15 minutos em 60 a 70% dos casos. O tartarato de ergotamina (1-2 mg) por VO, SL ou VR é indicado em casos de dor prolongada;a diidroergotamina (0,5-1 mg por intranasal é eficaz em 50% das vezes. Em casos de persistência da sintomatologia, os triptanos são recomendáveis por via VO ou SC; o sumatriptano (6-12 mg SC) alivia a dor em aproximadamente 15 minutos em até 96% dos casos, sem causar tolerância e o zolmitriptano VO também pode ser eficaz. A instilação tópica IN de 1 mL de lidocaína a 4% estando o doente em posição supina com a cabeça virada 30 graus para trás e girada para o lado da dor ou bloqueio anestésico por punção do gânglio esfenopala- tino reduz a realimentação aferente do sistema trigeminovascular. O procedimento pode ser repetido por mais uma vez após 15 minutos. A instilação IN de solução de capsaicina e o uso de corticosteróides (dexametasona 8-12 mg IV, metilprednisolona 1g por via EV) são também eficazes. ✱ Tratamento Profilático : consiste no uso de vários agentes. A verapamila (240 mg-480 mg duas vezes ao dia) é eficaz, mas pode causar obstipação, fadiga e hipotensão arterial; o carbonato de lítio (níveis plasmáticos entre 0,7 e 1 mmol/L) é mais eficaz na forma crônica, e sua eficácia Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 reduz-se com o uso prolongado; a metisergida (3 a 4 mg/dia) é segura desde que seja interrompido seu uso a cada cinco ou seis meses, durante um mês, para evitar a instalação de fibrose retroperitonial; o tartarato de ergotamina é indicado especialmente em casos de crises noturnas; os corticosteróides em doses elevadas por três semanas são indicados na forma episódica; o pizotifeno, o valproato de sódio, a gabapentina e o topiramato são outras opções. Em alguns casos, a infiltração da região occipital com anestésicos locais e corticosteróides exerce efeito profilático. Em casos de CS crônica rebelde (1% dos doentes), ressecção, alcoolização ou crio ou termocoagulação do gânglio esfenopalatino e rizotomia com balão, radiofrequuência ou com glicerol do gânglio trigeminal é necessária. 🎔 Tratamento da Cefaléia Crônica Diária: ✱ Primeiro Passo : desintoxicação da medicação em uso abusivo (evitar suspensão abrupta para bloquear efeito rebote), o que pode requerer hospitalização. ✱ Resgate : AAINH por VO, IM ou EV, corticosteróides (dexametasona 12-16 mg/dia EV, IM, VO ou prednisona 20-40 mg VO), sumatriptano (6-12 mg/dia SC ou 100-200 mg/dia VO), diidroergotamina (0,5-1 mg EV 8/8 h), clorpromazina (12,5 a 25 mg EV 6/6 h/2 dias) e clonidina (0,1 mg em casos de dependência de opiáceos). ✱ Profilaxia : deve ser realizada simultaneamente ao tratamento. É instituída medicação profilática potente (antidepressivos e antiepilépticos) e suporte psicológico, pois é elevada a associação com comorbidades psiquiátricas (depressão, histeria, transtornos somatoformes e TOC). 🎔 Tratamento da SUNCT: inclui o uso de carbamazepina, indometacina, lítio, amitriptilina, verapamil, valproato e prednisona. Alguns casos melhoraram com a lamotrigina e gabapentina; casos intratáveis com medicamentos podem requerer rizotomia do trigêmeo por radiofrequuência ou compressão do gânglio de Gasser com microbalão. Tumores Cerebrais (Possíveis causas para alguns tipos de cefaleias): 🎔 Epidemiologia: os tumores gliais respondem por cerca de 60% de todos os tumores cerebrais primários, e 80% deles consistem em neoplasias malignas. Os meningiomas são responsáveis por 25%, os schwannomas vestibulares, por 10%, e os linfomas do sistema nervoso central (SNC), por cerca de 2%. 🎔 Fisiopatologia : os únicos fatores de risco estabelecidos consistem na exposição à radiação ionizante (meningiomas, gliomas e schwannomas) e imunossupressão (linfoma primário do SNC). As evidências de uma associação à exposição a campos eletromagnéticos, incluindo celulares, traumatismo cranioencefálico, alimentos contendo compostos N-nitroso ou fatores de risco ocupacionais, não têm comprovação. Uma pequena minoria de pacientes apresenta uma história familiar de tumores cerebrais. Alguns desses casos familiares estão associados a síndromes genéticas. Ocorre perda de genes supressores tumorais [p. ex., p53 e homólogo da fosfatase e tensina no cromossomo 10 (PTEN)] e amplificação ou hiperexpressão de proto-oncogenes, como o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) e o receptor do fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGFR). O sistema nervoso do adulto contém células-tronco neurais, que têm a capacidade de autorrenovação, proliferação e diferenciação em tipos distintos de células Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 maduras. Há evidências crescentes de que as células-tronco neurais ou células progenitoras relacionadas podem transformar-se em células-tronco tumorais e dão origem a tumores cerebrais primários, incluindo gliomas e meduloblastomas. Essas células-tronco parecem ser mais resistentes às terapias convencionais do que as próprias células tumorais e contribuem para a dificuldade na erradicação desses tumores. 🎔 Quadro Clínico : os sintomas gerais ou inespecíficos incluem cefaleia, dificuldades cognitivas, alteração da personalidade e distúrbio da marcha. Os sintomas generalizados surgem quando o tumor em crescimento e o edema circundante provocam aumento da pressão intracraniana ou compressão direta da circulação do líquido cerebrospinal (LCS), resultando em hidrocefalia. A cefaleia clássica associada a um tumor cerebral é mais evidente pela manhã e melhora durante o dia; todavia, esse padrão particular é observado, na verdade, em uma minoria de pacientes. A cefaleia pode ser acompanhada de náusea ou vômitos quando a pressãointracraniana está elevada. As cefaleias são frequentemente holoencefálicas, porém podem ser ipsilaterais a um tumor. Em certas ocasiões, a cefaleia constitui uma característica de enxaqueca típica, com dor latejante unilateral associada à escotoma visual. As alterações da personalidade podem incluir apatia e evitação social, simulando uma depressão. Os achados focais ou lateralizantes incluem hemiparesia, afasia ou defeito dos campos visuais. Os sintomas lateralizantes, como hemiparesia, são subagudos e progressivos. Com frequência, o paciente não percebe a existência de um defeito do campo visual, e a sua presença só pode ser revelada quando causa algum prejuízo, como, por exemplo, acidente automobilístico em consequência do campo visual cego. As dificuldades de linguagem podem ser interpretadas incorretamente como confusão. As crises convulsivas constituem uma apresentação comum dos tumores cerebrais e ocorrem em cerca de 25% dos pacientes com metástases cerebrais ou gliomas malignos, porém podem constituir o sintoma inicial em até 90% dos pacientes com gliomas de baixo grau. 🎔 Tipos : ✱ Astrocitomas : trata-se de tumores infiltrativos com suposta origem a partir de células gliais. A OMS classifica os astrocitomas em quatro graus prognósticos, com base nas suas características histológicas: grau I (astrocitoma pilocítico, astrocitoma subependimário de células gigantes); grau II (astrocitoma difuso); grau III (astrocitoma anaplásico); e grau IV (glioblastoma). Os graus I e II são considerados astrocitomas de baixo grau, e os graus III e IV, astrocitomas de alto grau. Astrocitomas Grau I : ocorrem predominantemente em crianças e adultos jovens. Os astrocitomas pilocíticos (grau I da OMS) constituem o tumor mais comum da infância. Em geral, ocorrem no cerebelo, mas também podem ser encontrados em outros locais no neuroeixo, incluindo nervos ópticos e tronco encefálico. Com frequência, aparecem como lesões císticas com nódulo mural contrastado. São potencialmente passíveis de cura quando podem ser ressecados por completo. Os astrocitomas subependimários de células gigantes são habitualmente encontrados na parede ventricular de pacientes com esclerose tuberosa. Com frequência, não exigem intervenção, mas podem ser tratados cirurgicamente ou com inibidores do alvo de mamífero da rapamicina. Astrocitomas Grau II : ocorrem predominantemente em crianças e adultos jovens. Trata-se de tumores infiltrativos que manifestam-se habitualmente por crises convulsivas em adultos jovens. Aparecem como tumores não contrastados, com sinal aumentado em T2/FLAIR. Quando possível, os pacientes devem ser submetidos a ressecção cirúrgica máxima, embora a ressecção completa raramente seja possível, Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 devido à natureza invasiva do tumor. A radioterapia mostra-se útil, porém não há nenhuma diferença na sobrevida global entre a radioterapia administrada no pós-operatório ou tardiamente, por ocasião da progressão do tumor. Existem evidências crescentes de que certos agentes quimioterápicos, como a temozolomida, um agente alquilante oral, podem ser úteis em alguns pacientes. Astrocitoma de Grau III (anaplásico) : responde por cerca de 15 a 20% dos astrocitomas de alto grau. Em geral, surgem na quarta e na quinta décadas de vida como tumores de contraste variável. O tratamento é igual ao do glioblastoma e consiste em ressecção cirúrgica máxima segura, seguida de radioterapia, com administração concomitante e adjuvante de temozolomida ou com radioterapia e temozolomida adjuvante isoladamente. Astrocitoma de Grau IV (glioblastoma) : responde pela maioria dos astrocitomas de alto grau. Em geral, os pacientes desenvolvem glioblastoma na sexta e sétima décadas de vida, com cefaleia, crises convulsivas ou déficits neurológicos focais. Os tumores aparecem como massas contrastadas em anel, com necrose central e edema circundante. Trata-se de tumores altamente infiltrativos, e as áreas de sinal T2/FLAIR aumentado circundando a massa tumoral principal contêm células tumorais invasoras. O tratamento consiste em ressecção cirúrgica máxima, seguida de radioterapia com feixe externo de campo parcial (6.000 cGy em trinta frações de 200-cGy), com administração concomitante de temozolomida, seguida de 6 a 12 meses de terapia adjuvante com temozolomida. A sobrevida mediana com esse esquema aumentou para 14,6 meses, em comparação com apenas 12 meses com radioterapia isoladamente, e a sobrevida de 2 anos aumentou para 27%, em comparação com 10% com radioterapia apenas. Apesar do tratamento ótimo, os glioblastomas sempre sofrem recidiva. As opções de tratamento para doença recorrente podem incluir reoperação, discos de carmustina e esquemas quimioterápicos alternados. A administração repetida de radiação raramente é útil. O bevacizumabe, um anticorpo monoclonal humanizado contra o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), possui atividade no glioblastoma recorrente, aumentando a sobrevida livre de progressão e reduzindo o edema peritumoral e o uso de glicocorticoides. Gliomatose Cerebral : raramente, o paciente pode apresentar um tumor sem contraste e altamente infiltrante, que acomete mais de dois lobos. Esses tumores não se qualificam para o diagnóstico histológico de glioblastoma, porém comportam-se de modo agressivo e exibem um desfecho também sombrio. O tratamento consiste em radioterapia e quimioterapia com temozolomida. ✱ Meningiomas : são begninos e diagnosticados com frequência cada vez maior à medida que um maior número de pessoas realiza examesde neuroimagem para várias indicações. Na atualidade, constituem o tumor cerebral primário mais comum, responsáveis por aproximadamente 32% do total. A sua incidência aumenta com a idade. Tendem a ser mais comuns em mulheres e em pacientes com neurofibromatose tipo 2. Ocorrem também mais comumente em pacientes com história pregressa de irradiação craniana. Os meningiomas surgem a partir da dura-máter e são compostos de células meningoteliais (cobertura aracnóidea) neoplásicas. Localizam-se mais comumente nas convexidades cerebrais, particularmente adjacentes ao seio sagital, mas também podem ocorrer na base do crânio e ao longo do dorso da medula espinal. Os meningiomas são classificados pela OMS em três graus histológicos de agressividade crescente: grau I (meningiomas benignos), grau II Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 (meningiomas atípicos) e grau III (meningiomas malignos). Pode manifestar cefaleias, convulsões ou déficits neurológicos focais. Nos exames de imagem, exibem uma aparência característica, que consiste, em geral, em um tumor extra-axial de contraste denso e parcialmente calcificado, que surge a partir da dura-máter. Em certas ocasiões, podem apresentar uma cauda dural, constituída de dura-máter contrastada e espessada, que se estende como uma cauda a partir da massa. Deve-se proceder à ressecção cirúrgica das lesões sintomáticas mais volumosas. Se for efetuada uma ressecção completa, o paciente é curado. Os tumores com ressecção incompleta tendem a sofrer reci- diva, embora a taxa de recidiva possa ser muito lenta com os tumores de grau I. Os tumores que não podem ser ressecados ou que só podem ser parcialmente removidos podem beneficiar-se do tratamento com radioterapia de feixe externo ou radiocirurgia estereotáxica (SRS). ✱ Schwannomas : são tumores benignos que se originam das células de Schwann das raízes nervosas cranianas e espinais. Os schwannomas mais comuns, denominados schwannomas vestibulares ou neuromas do acústico, surgem a partir da divisão vestibular do oitavo nervo craniano e são responsáveis por aproximadamente 9% dos tumores cerebrais primários. Os pacientes com neurofibromatose tipo 2 apresentam uma alta incidência de schwannomas vestibulares, que frequentemente são bilaterais. Os schwannomas que se originam de outros nervos cranianos, como o nervo trigêmeo (nervo craniano V), ocorrem com muito menos frequência. A neurofibromatose tipo 1 está associada a uma incidência aumentada de schwannomas das raízes dos nervos espinais. Os schwannomas vestibulares podem ser detectados incidentalmente em exames de neuroimagem ou podem manifestar-se com perda auditiva unilateral progressiva, tontura, zumbido ou, menos comumente, sintomas que resultam da compressão do tronco encefálico e do cerebelo. Na RM, aparecem como lesões densamente contrastadas, aumentando o meato acústico interno e estendendo-se, com frequência, no ângulo pontocerebelar. As lesões mais volumosas devem ser tratadas com cirurgia ou radiocirurgia estereotáxica. O tratamento ideal irá depender do tamanho do tumor, dos sintomas e da preferência do paciente. Em pacientes com schwannomas vestibulares pequenos e audição relativamente intacta, a intervenção cirúrgica precoce aumenta a probabilidade de preservar a audição. 🎔 Diagnóstico : a RM craniana constitui o exame complementar preferido para qualquer paciente com suspeita de tumor cerebral e deve ser efetuada com a administração do contraste gadolínio. A TC deve ser reservada para pacientes que não podem realizar uma RM (p. ex., portadores de marca-passo). Em geral, os gliomas de baixo grau não exibem captação de gadolínio e são mais bem visualizados em imagens de RM com recuperação de inversão atenuada por líquido (FLAIR). Os meningiomas exibem uma aparência característica na RM, visto que têm base dural, com uma cauda dural e comprimem o cérebro, porém sem invadi-lo. Quando há forte suspeita de tumor, a biópsia pode ser obtida como corte congelado intraoperatório antes da realização de uma ressecção definitiva. A RM funcional é útil no planejamento pré-cirúrgico e na definição do córtex sensorial eloquente, motor e da linguagem. A tomografia por emissão de pósitrons (PET) é útil para determinar a atividade metabólica das lesões observadas na RM; a perfusão por RM e a espectroscopia podem fornecer informações sobre o fluxo sanguíneo ou a composição tecidual. Essas técnicas podem ajudar a diferenciar a progressão de um tumor da presença de tecido necrótico em consequência de Marina Magalhães (@medbymarina) - unit - P7 tratamento com radioterapia e quimioterapia, ou identificar focos de tumor de alto grau em um glioma aparentemente de baixo grau. O exame de neuroimagem é o único exame necessário para o diagnóstico de tumor cerebral. Os exames laboratoriais raramente são úteis, embora pacientes com doença metastática possam exibir elevações de um marcador tumoral no soro, refletindo a presença de metástases cerebrais (p. ex., gonadotrofina coriônica humana [hCG] do câncer testicular). 🎔 Tratamento : a terapia de qualquer neoplasia maligna intracraniana exige tratamento tanto sintomático quanto definitivo. O tratamento definitivo baseia-se no tipo específico de tumor e consiste em cirurgia, radioterapia (RT) e quimioterapia. Entretanto, os tratamentos sintomáticos aplicam-se a qualquer tipo de tumor cerebral. Os glicocorticoides são altamente efetivos na redução do edema perilesional e na melhora da função neurológica, frequentemente dentro de poucas horas após a sua administração.A dexametasona tem sido o glicocorticóide de escolha, em virtude de sua atividade mineralocorticoide relativamente baixa. As doses iniciais são de 12 a 16 mg/dia em doses fracionadas por via oral ou IV (ambas equivalentes). Ocorre doença tromboembólica venosa em 20 a 30% dos pacientes com gliomas de alto grau e metástases cerebrais. Por conseguinte, os anticoagulantes devem ser usados de modo profilático durante a hospitalização e em pacientes não ambulatoriais. Referências: Neurologia Clínica de Harrison, Protocolo Nacional para Diagnóstico e Manejo das Cefaleias, Clínica Médica da USP, Tratado de Neurologia de Merritt e Tratado de Neurologia da Academia Brasileira de Neurologia.
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