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Estrito cumprimento do dever legal

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Introdução
O estrito cumprimento do dever legal é excludente expressamente prevista no art. 23, III, do Código Penal, consoante o qual:
Não há crime quando o agente pratica o fato em estrito cumprimento de dever legal.
Conceito:
Diferentemente do estado de necessidade e da legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal não tem definição prevista em artigo próprio, cabendo a doutrina a tarefa de conceitua-lo.
Nesse passo, o estrito cumprimento do dever legal é definido como excludente de antijuridicidade que contempla as situações onde o sujeito pratica um fato típico, decorrente de dever atribuído por lei, razão pela qual estará isento de ilicitude.
Note que, nesses casos, o agente tem o dever de agir, executando determinada ação provida de tipificação penal, posto tratar de obrigação imposta por comando legal inerente a sua profissão, cujo descumprimento pode acarretar a punição pelo crime de prevaricação, nos moldes do art. 319 do Código Penal.
Destarte, considerando o caráter unitário da antijuridicidade - já examinado em aula própria -, não há como se reconhecer a ilicitude de determinada obrigação, quando devidamente fixada mediante respaldo legal.
Em outras palavras, seria um contrassenso que, ao cumprir um dever legal, o sujeito também respondesse pela prática do fato típico, pois, sendo a ilicitude una, resta inviável que um comportamento imposto pelo ordenamento, também seja considerado contrário ao Direito.
Como exemplo, podemos citar a situação do policial que, para cumprir mandado de busca e apreensão, pratica o arrombamento da porta da residência de morador que não franqueou sua entrada no imóvel. Conforme se denota, o agente foi compelido a invadir o domicílio, como forma de atender ao comando contido na ordem judicial, não podendo, nesse caso, responder pelos delitos tipificados no art. 150 e no art. 163, ambos do Código Penal.
Requisitos:
Subjetivo
I - Funcionário público = a mencionada excludente se aplica unicamente para funcionários públicos ou pessoas no exercício de função pública, conforme definido no art. 327 do Código Penal;
Objetivos
II- Dever legal = obrigação compulsória atribuída por lei (aqui considerada em sentido amplo, compreendendo portarias, regulamentos, decretos, ordens judiciais), de caráter geral, uma vez dirigida àqueles que ocupem determinado cargo ou desempenhem determinada função (não se tratando, portanto, de ordem destinada a um funcionário específico).
III - Dentro dos limites = significa que o agente público não tem margem para abusos, devendo seguir de forma estrita (leia-se, à risca) o cumprimento do comanda, exatamente dentro dos limites estabelecidos pela lei.
Observações:
· Esta excludente não abarca delitos culposos, pois nenhuma lei determina que alguém atue culposamente (mediante imprudência, negligência ou imperícia) para cumprir determinada ordem;
· No caso de concurso de agentes, a excludente também deve se estender aos demais que, mesmo não ocupando função pública, atuem em conjunto com o destinatário para ordem, auxiliando-o na execução do comando.
Jurisprudência
"TORTURA. Imputação da prática de tortura a 17 (dezessete) funcionários da antiga FEBEM (art. 1, II, c.c. o § 4, I e II, da Lei n 9.455/97). Sujeição de 68 (sessenta e oito) adolescentes a intenso sofrimento físico e mental como forma de impor castigo pessoal e medida de caráter preventivo. Versão acusatória não demonstrada por elementos concretos de convicção. Laudos de exame de corpo de delito. Constatação de lesões de natureza leve. Negativa dos réus. Alegação de que agiram no estrito cumprimento do dever legal. Versão defensiva no sentido de que os internos resistiram violentamente à revista realizada nos alojamentos. Prova restrita a declarações pouco elucidativas por parte das vítimas. Relatos de agressões e lesões incompatíveis com as constatadas pela prova pericial. Reconhecimentos imprecisos. Insuficiência para a condenação. Consagração do princípio do in dubio pro reo. Absolvição confirmada. Apelo ministerial desprovido." (TJSP, Apelação 9000048-79.2002.8.26.0050, rel. Otávio de Almeida Toledo; Comarca: São Paulo; Órgão julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Data do julgamento: 15/03/2016; Data de registro: 21/03/2016).
Fonte Bibliográfica
NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016 - notas 111 e 111-A do art. 23;
NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1, págs. 485 a 486;

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