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ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCO AULA 1 Prof. Cleverson Luiz Pereira 2 CONVERSA INICIAL O crédito é um assunto de pauta para todos os momentos no mercado, uma vez que tanto os bancos quanto as empresas necessitam dele para canalizar seus recursos e desenvolver atividades comerciais. Desse modo, na disciplina de Análise de Crédito e Risco vamos buscar juntos compreender por meio de nossas aulas o conteúdo conceitual e prático que torne claro o entendimento sobre a concessão de crédito. É importante reforçar que crédito é confiança e que, para ele se tornar mais seguro, necessitamos implantar técnicas de avaliações capazes de reduzir os riscos inerentes à modalidade e atingir resultados esperados com a operação de crédito concedida. Jamais o risco será eliminado, no entanto, podemos identificá-lo e tomar medidas capazes de reduzi- lo para que fiquemos menos expostos a futuras situações de inadimplência e perdas. A exposição desnecessária está ligada diretamente ao não cumprimento na íntegra de uma premissa básica do crédito, a qual é o levantamento das informações sobre o tomador de crédito. CONTEXTUALIZANDO Na Antiguidade, houve um período de estruturação das tribos, no qual as pessoas tinham por hábito a prática do escambo ou troca. Logo, as necessidades de suas demandas de consumo os levavam a trocar de forma direta um produto por outro, ou seja, se uma família precisava de arroz para o consumo e tinha feijão em sobra procurava por outra família para obter a troca de arroz por feijão. No entanto, podemos perceber que a metodologia utilizada apresentava uma relação direta de pagamento, não necessitando de espera ou geração de confiança para pagamento futuro. Com o passar do tempo, por motivos diversos, como condições climáticas, êxodos de uma terra para outra, gerou-se às civilizações uma nova necessidade de troca com o pré-requisito de confiança, pois as pessoas recebiam o feijão antes para pagar com o arroz no futuro. Com o desenvolvimento das relações comerciais entre os povos ao longo do tempo, surgiu a necessidade de transações entre as pessoas envolvendo confiança. A partir daí, surge o conceito e a prática de confiança conhecidos como crédito. A palavra crédito origina-se do latim credit, que significa a confiança que se tem em algo. Segundo Schrickel (1998), crédito é todo o ato de 3 vontade ou disposição de alguém de destacar ou ceder, temporariamente, parte de seu patrimônio a um terceiro, com as expectativas de que essa parcela volte a sua posse integralmente, após decorrido o tempo estipulado. A partir da compreensão de que crédito e confiança estão unidos por uma só lógica, essa ideia se torna muito importante para estabelecer o incremento de negócios nas diversas transações comerciais da economia de um país. Por exemplo, no Brasil hoje o crédito bancário ao setor privado é superior a R$ 3 trilhões e equivale a 55% do PIB, segundo a Federação Brasileira dos Bancos (FEBRABAN). Fora os bancos, existe um fomento grandioso nas pequenas, médias e grandes empresas quanto à necessidade de vender as mercadorias a prazo gerando concessão de crédito a seus clientes, o que eleva ainda mais esses números e demonstra uma expansão potencial nas linhas de crédito por todos os setores da economia brasileira. Para fomentarem seus negócios, os setores da economia dependem cada dia mais das operações de crédito nos últimos anos. Logo, podemos concluir que o crédito tem como princípio básico a geração de confiança e a elevação da atividade produtiva da economia de um país. TEMA 1 – CONCEITOS E HISTÓRICOS DO CRÉDITO O conceito de crédito está claramente definido como o ato de conceder um total ou parte do patrimônio de um cedente para um cessionário (tomador de crédito) com a confiança de que este lhe devolverá ao longo de um período o valor total mais a correção. A partir desse conceito, encontramos também o fator de remuneração conhecido como juros, que é o valor cobrado pelo montante adquirido em crédito desde a concessão até o seu pagamento. A história demonstra diversos fatores interessantes sobre a evolução do crédito por intermédio de produtos capazes de canalizar a concessão nas diversas áreas de atuação da economia brasileira. Dentre esses produtos, citamos os Títulos de Crédito, papéis que concedem ao seu comprador um direito creditício literal e autônomo conforme descrito no documento e devidamente registrado por vias jurídicas legais. Mais tarde, esses documentos ganharam forma e evolução gerando papéis conhecidos nos mercados atuais como letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, entre outros. É fundamental evidenciar que todos esses 4 papéis geram direitos creditícios: literal e autônomo aos seus compradores, pois, caso desejem repassar esse direito a outro comprador, podem realizar normalmente de acordo com a descrição oficializada no documento. Em uma história mais recente, deparamos com um produto de crédito envolvendo transações eletrônicas que revolucionaram o conceito de crédito no mercado econômico mundial. Em 1950, em Nova York, o executivo Frank MacNamara jantava com amigos em um restaurante quando perceberam que ao final do evento estavam sem dinheiro e talão de cheques para pagar a conta. Logo, o executivo se comprometeu a pagar no outro dia e, para isso, o dono do restaurante exigiu sua assinatura no relatório da conta apresentado. A partir do ocorrido, o executivo observou o potencial econômico que um cartão de crédito provocaria na economia mundial e naquele mesmo ano criou o primeiro cartão de crédito: o Diners Club Card. Saiba Mais Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://www.infoescola.com/economia/historia-do-cartao-de-credito/ TEMA 2 – CRÉDITO NA PRÁTICA Como compreendemos acima, a ideia de crédito vem do princípio de confiança, portanto o zelo é um dos fatores primordiais na hora de conceder crédito de uma pessoa a outra, seja ela física ou jurídica. O crédito na prática é aplicado por meio de técnicas de análise e gestão de riscos que reduzem, porém nunca eliminam possíveis perdas (default) e até mesmo inadimplências que geram dificuldades e desgastes ao processo. A prática demonstra também que o cedente de crédito visualiza a operação como uma entrega de um valor no presente com a promessa de pagamento no futuro, e que o cessionário (tomador de crédito) enxerga a situação como uma antecipação de consumo. Isso eleva o pensamento da concessão do crédito para a proposta de preocupação com o risco da operação, direcionando o estudo e a análise para três pontos fundamentais de coleta de informações, sendo eles: http://www.infoescola.com/economia/historia-do-cartao-de-credito/ 5 Passado: levantamento de dados que possam descrever em sua essência um histórico fundamentado do tomador de crédito capaz de produzir parâmetros de confiança para emprestar o valor desejado. Presente: Coletar a situação atual do tomador de crédito, seja ele pessoa física ou jurídica, e verificar o que ele cresceu profissionalmente, financeiramente, em patrimônio, conquista de mercado, promoção profissional, entre outros. Futuro: analisar e criar um cenário capaz de gerenciar os riscos que podem expor a operação de crédito para o pagamento futuro dela. É importante ressaltar a força do acompanhamento do crédito após sua concessão, uma vez que, ao acompanhar o tomador de crédito até o dia do pagamento, o cedente terá uma situação real a cada dia sobre sua capacidade de honrar com o valor no dia do pagamento. O segredo para realizar um bom estudo sobre a coleta das informações abordadas acima está na boa análise de crédito estruturada. Tanto os bancos como as instituições financeiras e as empresas em seus departamentos de crédito necessitam formalizardiretrizes de condução para analisar propostas de crédito. Essas diretrizes apresentam como começo a coleta de informações sobre o consumidor de crédito que busca o recurso a prazo. Na coleta de informações, a busca por dados que possam demonstrar ou desenhar um perfil do tomador de crédito pode significar uma proposta de crédito bem fundamentada e elaborada para a análise de um analista capacitado em levantar e diagnosticar possíveis exposições a riscos na operação. Logo, os bancos e as empresas apresentam preocupações constantes com os fatores de levantamento das informações bem como a validação da veracidade delas. E, durante a expectativa de pagamento do crédito, acompanham e atualizam esses dados coletados para visualizar o andamento da situação do tomador de crédito quanto à geração de capacidade financeira para honrar com o compromisso, evitando assim possíveis perdas e inadimplências. Quando o levantamento dos dados de um tomador de crédito é realizado com eficiência, é possível quantificar os riscos inerentes ao tomador de crédito 6 e à operação. A estatística demonstra que, quando quantificamos claramente as informações, podemos trabalhar com probabilidades de situações aparentemente certas se transformarem em erradas. Enfim concluímos que, de posse de dados detalhados e verdadeiros, podemos fundamentar melhor uma proposta de crédito, fazer uma avaliação eficaz dos riscos envolvidos e tomar a decisão para a concessão ou não da referida proposta. A seguir, veremos um estudo sobre os riscos envolvidos na concessão de crédito seja para pessoa física ou pessoa jurídica. Saiba Mais Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://www.portaleducacao.com.br/contabilidade/artigos/19700/tecnica- de-coleta-de-dados-e-ficha-cadastral TEMA 3 – RISCO DE CRÉDITO Vamos pensar na seguinte situação: a compra de um carro importado dos sonhos zero Km, cujo valor de aquisição pode significar anos de trabalho duro e árduo. A decisão dessa compra será tomada após a avaliação de alguns parâmetros importantes quanto aos riscos expostos no negócio (compra do veículo). O principal deles é um risco de depreciação do valor do bem, que ocorre logo que tiramos da loja, e na sequência o risco de avarias e furtos a que estamos expostos ao sair na rua com o carrão. A partir desse raciocínio, vem a pergunta: compro ou não compro? A resposta para a questão será derivada de uma série de levantamentos de informações capazes de produzir de maneira verdadeira um cenário em que o comprador possa visualizar os riscos aos quais estará exposto com a aquisição do bem. Caso escolha comprar o carro, deverá, a partir daquele momento, estar atento aos riscos a que está exposto em virtude da compra. A situação acima demonstra um parâmetro de incerteza, pois constantemente estamos expostos a risco em quase todas as decisões que tomamos quando decidimos investir em algo. Já no crédito, a incerteza de pagamento do valor concedido gera riscos conhecidos como inadimplência e perda. http://www.portaleducacao.com.br/contabilidade/artigos/19700/tecnica-de-coleta-de-dados-e-ficha-cadastral http://www.portaleducacao.com.br/contabilidade/artigos/19700/tecnica-de-coleta-de-dados-e-ficha-cadastral 7 O que é, então, um risco de crédito? É a probabilidade de o tomador de crédito não pagar o cedente do crédito na data comprometida quando da contratação da operação. As empresas, quando realizam vendas a prazo aos seus clientes, avaliam o risco do cliente e do valor envolvida na transação, risco da operação. Já os bancos e instituições financeiras estão sujeitos a três principais riscos de crédito: risco do cliente, da operação e de concentração. O risco do cliente está diretamente ligado à sua capacidade ou vontade (caráter) de honrar com o crédito adquirido anteriormente na data futura de pagamento. Para gerenciar esse risco, é fundamental realizar uma coleta de dados com informações detalhadas e verídicas que possam apresentar parâmetros para avaliação do grau de exposição ao risco que o cliente possui no momento da contratação do crédito. É muito importante nessa avaliação aplicar a técnica de coleta de informações do passado, situação do presente e perspectivas futuras para gestão do risco. No Tema 4 da Aula 3 da disciplina, estudaremos os Cs do crédito que são utilizados como estrutura fundamental para analisar crédito no mercado. São eles: Caráter, Capacidade, Capital, Condições, Conglomerado e Colateral. Eles descrevem muitos elementos estatísticos que podem gerar uma análise probabilística sobre o risco do cliente para uma referida aquisição de crédito. Os bancos e instituições financeiras utilizam frequentemente essa técnica. Para subsidiá-los na tomada de decisões, os riscos do cliente são classificados em uma escala de risco de 1 a 4. Grau 1: Se todos os Cs forem fortes, o risco será baixo. Grau 2: Se muitos Cs forem fortes e poucos fracos, o risco Serpa será razoável. Grau 3: Se muitos Cs forem fortes e muitos fracos, o risco será duvidoso. Grau 4: Se todos os Cs forem fracos, o risco será alto. Vale ressaltar que a lógica aplicada pode variar de cliente para cliente consumidor de crédito. Já o risco da operação está ligado às características de contratação da modalidade de crédito. Os fatores como objetivo da contratação do crédito, prazo e garantia estão diretamente ligados à mensuração e à gestão dos riscos. 8 O C do Colateral aborda as garantias concedidas para a contratação de uma operação de crédito, e, de acordo com a garantia ofertada, o risco pode ser aumentado ou reduzido. Vejamos os tipos de garantias existentes: Reais: são aquelas em que o gestor de crédito leva em consideração os tópicos de avaliação (valor do bem), liquidez (facilidade de conversão), depreciação (perda de valor) e controle (tomada de posse), vinculando o bem ao cumprimento da obrigação adquirida, por exemplo hipoteca, penhor e alienação fiduciária. Pessoais ou não reais: são aquelas que não vinculam bem ao cumprimento da obrigação adquirida. Nos contratos de crédito, é mencionado um terceiro como garantia da operação de crédito. Por exemplo, aval e fiança. O acordo de Basileia II prevê a alocação de recursos para possíveis fraudes, roubos ou falhas processuais que também estão inseridos no risco da operação, pois as fraudes, os roubos e as falhas podem levar a perdas significativas dos bancos e instituições financeiras. E por fim o risco de concentração, que pode gerar perdas decorrentes da não diversificação do crédito, concentrando os valores em poucos setores da economia. Quando os bancos optam por trabalhar com carteiras de crédito concentradas em um segmento (varejo, middle e corporate), que permite centralizar concessões nas mãos de poucos clientes, podem ocorrer perdas devastadoras para as instituições financeiras em caso de default de crédito. Saiba Mais Para saber mais sobre o assunto, acesse: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbfin/article/viewFile/1419/1729 TEMA 4 – PERDA X DIVERSIFICAÇÃO A perda em uma concessão de crédito está caracterizada pelo não pagamento por parte do devedor, ou seja, inadimplência. A perda em crédito é considerada o fim da possibilidade de recebimento de um valor concedido, ou seja, é a fase do sinistro em que, mesmo com recebimento ao longo de alguns anos, estará evidenciada como prejuízo a parte cedente do crédito. Como evitar perdas? http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rbfin/article/viewFile/1419/1729 9 Essa é uma questão difícil de ser respondida quando é envolvido o fator risco em uma situação de crédito. As medidas para reduzir perdas estão diretamente relacionadas aos procedimentos de análise de crédito bem elaborados. Por isso, como já estudamos até aqui a coleta de dados e informações verídicas, a avaliaçãodos fatores de riscos e a inclusão de garantias podem gerar redução nas perdas ou sinistros de operações de crédito tanto em bancos quanto em empresas. Muitos bancos utilizam sistemas de tecnologia de informação, capazes de gerir dados de maneira a cruzá-los e produzir informações sobre o perfil financeiro e de caráter do cliente no mercado bancário e de consumo. De posse desses cruzamentos, os analistas de crédito podem tomar decisões assertivas e ter mais confiança nas concessões a serem realizadas. As instituições financeiras e empresas também optam por escolher certas modalidades de crédito que estarão menos vulneráveis a perda, ou seja, as conhecidas como carteiras de crédito fracas. Por exemplo, quando um banco vai realizar um desconto de duplicata para uma empresa tomadora de crédito, ele deve se atentar para os papéis creditórios que irá descontar. Caso os papéis sejam de boa liquidez e pulverizados, eles se tornam fortes e com poucas possibilidades de perda. Já quando os papéis são concentrados e de baixa liquidez, é assumido um risco que pode gerar alta possibilidade de perda. A diversificação é uma metodologia muito utilizada para gerir e reduzir exposição a riscos de perdas em créditos e de ativos em aplicações e investimentos. Ao diversificar, a empresa ou banco pulveriza seus riscos e inibem a exposição ao risco de concentração em poucos ativos. Logo, a probabilidade de perda de crédito reduz, gerando perspectivas de resultados satisfatórios às concessões de crédito. Os bancos costumam diversificar suas carteiras operando em percentuais menores nas carteiras de alto risco de crédito, como são as operações com garantias não reais, e em percentuais maiores nas carteiras de baixo risco de crédito, como são as operações com garantias reais. Outro ponto importante da diversificação é pulverizar as operações em empresas, onde as situações econômicas do mercado podem gerar perdas de receitas significativas a elas. Uma economia volátil e em período de recessão pode interferir diretamente nos resultados de uma empresa que não está 10 consolidada na atuação de seu mercado. Logo, essa empresa poderá sofrer com as dificuldades de geração de caixa e não honrar com os créditos contratados junto aos bancos ou de outras empresas. Saiba Mais Para saber mais sobre o assunto, acesse: https://www.bcb.gov.br/pec/wps/port/wps191.pdf TEMA 5 – PROCESSO DE CRÉDITO: INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E EMPRESAS O processo de crédito em bancos, instituições financeiras e empresas parte da mesma linha de raciocínio de que é necessário criar uma excelente estrutura de dados capaz de subsidiar o analista com informações verdadeiras que possam facilitar o trabalho dele na tomada de decisão quanto a concessão do valor. Para isso, as instituições financeiras seguem as seguintes fases que também são utilizadas em sua maioria pelos departamentos de crédito das empresas, sendo elas: obtenção e verificação de informações, avaliação do risco do cliente, estruturação e decisão, monitoramento e recebimento. A Obtenção e verificação de informações abrange a coleta e checagem da veracidade de todas as informações que a instituição financeira ou empresa julgam importantes para avaliar o crédito. Dentre essas informações, citamos a parte documental como contrato social, balanços e demonstrações financeiras, entre outros no caso de uma pessoa jurídica; RG, CPF, declaração de renda, entre outros no caso de uma pessoa física. Avaliação do risco do cliente: são os procedimentos e as técnicas de análise adotados de acordo com a política ou diretrizes adotadas pelo cedente do crédito. É aqui que uma empresa ou banco, por exemplo, verificam quais são os riscos a que estão expostos em conceder o crédito ao tomador de crédito. A fase é de suma importância para identificar o risco, definir o seu grau de exposição e decidir se irá ficar exposto a ela diante da concessão do crédito. Dentre as ferramentas de avaliação de riscos, podemos citar uma muito utilizada no sistema bancário, o Score de Crédito ou Credit Score que indica, de maneira estatística, a probabilidade de inadimplência de determinado grupo ou perfil no https://www.bcb.gov.br/pec/wps/port/wps191.pdf 11 qual o tomador de crédito está inserido sem afirmar se ele esteve, está ou será inadimplente. Estruturação e decisão: engloba a decisão de negócio frente à caracterização do risco do crédito do cliente. A fase de estruturação é fundamental, como o nome já diz, pois a decisão será pautada a partir dos fundamentos bem elaborados e que descrevam e fortaleçam a ideia de que o valor deve ser concedido ao tomador de crédito. Para estruturar, é preciso de uma boa coleta de dados e informações verídicas, e de posse delas realizar uma avaliação qualitativa do risco de forma a ponderá-lo para acompanhamento e gestão dele. Monitoramento: após a liberação dos recursos, possíveis alterações no risco previamente atribuído ao cliente ou à operação. O ato de monitorar está ligado ao fator de acompanhamento na situação do tomador de crédito durante o período em que ele estiver com o crédito ativo, ou seja, ainda possuir fluxo de pagamentos do valor contratado em empréstimo. Para muitos bancos, essa é a fase da prevenção, pois é aqui que medidas devem ser tomadas para ajustar a operação de crédito, quando necessário, antes que ocorra uma perda ou default. Recebimento: perspectiva de retorno do patrimônio concedido. É acompanhar o fluxo de pagamento do crédito contratado em suas diversas modalidades. Tomar medidas necessárias de cobrança, desde a amigável até judicial, em caso de inadimplência. Leitura Obrigatória Realizar leitura do capítulo 1 da obra: Rodrigues, C. M. Análise de crédito e risco. Curitiba: Ibpex, 2011, a fim de buscar mais informações sobre o conceito e a aplicação da concessão de crédito. Saiba Mais Você sabia que, quanto mais informações buscar em uma concessão de crédito, maior será o grau de confiança na hora de decidir sobre a liberação do valor ao cliente? Logo, a coleta de dados e a análise de risco estão diretamente ligadas à segurança da operação de crédito pleiteada. Por isso, pesquisar é encontrar resposta para aquilo que está duvidoso. 12 Para saber, pesquise. Para dúvidas sobre conceitos de crédito e risco, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=BEJcHhsAPaA TROCANDO IDEIAS O crédito apresenta características diferentes de uma empresa para outra, sejam bancos ou empresas comuns, no entanto sua essência, que é o fator segurança, será sempre a mesma para qualquer uma das instituições. Portanto, para conceder crédito, é fundamental buscar atingir um nível de confiança satisfatório que permita decidir pela concessão de maneira segura. A maioria das pessoas, ao estudar as premissas do crédito, entende o porquê de muitas empresas, principalmente bancos, exigirem diversas informações na hora da aprovação de um crédito, seja ele um cheque especial ou até mesmo para aquisição de um imóvel. Quanto mais informações verdadeiras o banco possuir sobre o tomador de crédito, mais seguro ele estará para conceder o crédito. Por isso, não podemos ocultar ou negar informações quando desejamos realmente adquirir o crédito junto aos bancos ou empresas. NA PRÁTICA As informações verídicas são fundamentais para o início de uma operação de crédito. De posse dessas informações, como podemos reduzir o risco de cliente? Resposta: O risco do cliente está exposto em grau de classificação quanto ao seu tamanho de exposição. Logo, para reduzir o risco do cliente, é fundamental encontrar nas informações a nota evidenciada aos Cs do caráter, capacidade, condição, capital e conglomerado, nos quais temos os seguintes intervalos: Grau 1: Se todos os Cs forem fortes, o risco será baixo. Grau 2: Se muitos Cs foremfortes e poucos fracos, o risco será razoável. Grau 3: Se muitos Cs forem fortes e muitos fracos, o risco será duvidoso. Grau 4: Se todos os Cs forem fracos, o risco será alto. https://www.youtube.com/watch?v=BEJcHhsAPaA 13 Lembrando que o C do Colateral está diretamente ligado ao risco da operação, uma vez que envolve garantias. SÍNTESE O conceito de crédito está ligado diretamente ao pressuposto de confiança e sua prática encontra-se focada em um bom levantamento de informações, compilação dessas informações e análise de riscos a que a modalidade pode estar exposta. Com base nessas premissas, os bancos e as empresas se estruturam de forma a atender às demandas por crédito e fazer isso de maneira segura para evitar possíveis perdas ou default. Dentre as atitudes tomadas por bancos para não se expor a perdas, estão os fatores de diversificação dos ativos, e tipos de operação de crédito para não se expor a riscos de concentração. REFERÊNCIAS 1º Congresso Internacional de Gestão de Riscos, Febraban. Disponível em: <http://www.febraban.org.br/7Rof7SWg6qmyvwJcFwF7I0aSDf9jyV/sitefebraban /antonio%20castrucci%20ADMINISTRANDO%20O%20RISCO%20DE%20CR %C9DITO%20-%20FEBRABAN%20-VFINAL.pdf>. Acesso em: 9 out. 2016. CROUHY, M.; GALAI, D.; MARK, R. Gerenciamento do risco: abordagem conceitual e prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. PACIEVITCH, T. História do cartão de crédito. Disponível em: <http://www.infoescola.com/economia/historia-do-cartao-de-credito/>. 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